Gente influente
RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 29/08/11
RIO DE JANEIRO - Todo ano, a revista americana "Forbes" elege as mulheres mais influentes do mundo. O critério é difuso. Varia do número de pessoas que uma mulher lidera ao tamanho do dinheiro que outra controla, até a capacidade de ainda outra de "definir as questões de nosso tempo". Assim, não admira que a chanceler alemã Angela Merkel e a secretária de Estado americana Hillary Clinton garantam a ponta -um espirro delas pode provocar um tufão na economia ou abalar um ditador.
Da mesma forma, a espetacular escalada da presidente Dilma, do 95º lugar na lista de 2010 para o terceiro lugar neste ano, se explica por ela ter assumido um país com tanta gente e, incrível, tão próspero. Dizer que tal influência é circunstancial e não advém dos méritos pessoais de Dilma não vale -porque, sem a Alemanha ou os EUA, Angela e Hillary, com todo o seu valor, também estariam pilotando uma mesa ou em casa, fritando bolinhos.
Surpreendente na lista da "Forbes" é a cantora Lady Gaga em 11º lugar. Sim, ela é famosa, mas sua influência só pode estar na produção mundial de organdi ou na compra e venda de artigos de cabeleireiro. Assim como a estrela Angelina Jolie, em 29º. Dizem que, por sua causa, cresceu o uso de botox.Milhões de mulheres estariam se injetando para ganhar uma boca como a dela -embora, em muitos casos, o resultado lembre mais a boca dos bonecos de "Muppets".
O que me espanta é a rainha Elizabeth em 49º, à beira do rebaixamento. Desde que me entendo, nenhuma mulher parecia tão incontornável. Sob seu chapéu, estendia-se o gigantesco Império Britânico. Mas, à medida que esse império encolheu, também diminuiu a sombra de seu chapéu -que, hoje, mal deve lhe proteger as orelhas.
Essa relatividade é cruel e atinge também os homens. Lula, por exemplo, é hoje muito menos Lula do que há um ano. Ou se faz disso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário