Termômetro
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 21/05/11
A base aliada estava preocupada ontem com a perspectiva de enfrentar mais uma semana monopolizada pela crise envolvendo o ministro Antonio Palocci. Parlamentares que, esta semana, saíram em defesa de Palocci dizem que vão mergulhar, temendo ser surpreendidos por novos fatos. Na Câmara, a polêmica deve paralisar, mais uma vez, as comissões, nas quais a oposição tenta aprovar requerimento para ouvir o ministro.
Em alerta com o PMDB
O governo está de orelha em pé com a possibilidade de os senadores dissidentes do PMDB assinarem o requerimento da oposição para criar uma CPI contra Palocci. No Senado, são necessárias 27 assinaturas. O senador Pedro Simon (PMDB-RS), que faz parte desse grupo, disse ontem, no entanto, que o pedido é precipitado. Ele defendeu que se espere a manifestação do procurador- geral da República, Roberto Gurgel. “No meu tempo, CPI era coisa séria. Hoje tem sido blá-blá-blá”, afirmou Simon, que pretende procurar Gurgel na segunda-feira. O senador Eduardo Suplicy (PTSP) também disse achar prudente esperar a PGR.
"Somos cobrados, então temos que fazer o gesto político” — Álvaro Dias, líder do PSDB no Senado, sobre a tentativa de criar uma CPI contra Palocci, mesmo sem a oposição ter número suficiente de assinaturas.
PASSIVO DEMOCRÁTICO. O governo quer votar na Câmara, logo após o Código Florestal, a criação da Comissão da Verdade. O ministro Nelson Jobim (Defesa), na foto, almoçou anteontem com parlamentares do DEM para discutir o assunto. Pelo PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já deu sinal verde, mas Jobim ainda vai conversar com as bancadas tucanas. A expectativa é que a comissão sistematize os documentos já revelados sobre a ditadura, verifique as contradições e lacunas, e faça uma prestação de contas à sociedade.
Brasil-China
● O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e o ministro de Comércio da China, Chen Deming, acertaram, segunda-feira, a
criação de uma câmara bilateral para agilizar investimentos. As reuniões ocorrerão a cada dois meses.
Vacas magras
● O Ministério da Justiça desistiu de construir, neste ano, o quinto presídio federal em Brasília. Com o corte de R$ 1,5 bilhão em seu orçamento, a pasta está pechinchando até para contratar uma consultoria para melhorar sua gestão.
Jogando a toalha
● Sem maioria no Congresso, os ambientalistas já jogaram a toalha na votação do Código Florestal e vão começar a pressionar a presidente Dilma Rousseff para vetar artigos incluídos no texto pelos ruralistas. Tudo o que o Palácio do Planalto não quer é ficar com esse ônus. Por isso, estica ao máximo as negociações, que já paralisam a Câmara dos Deputados há três semanas, sem sinal de entendimento.
Rompendo a polarização
Em meio à queda de braço entre o ex-governador de São Paulo José Serra e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), tucanos de outros estados tentam romper a polarização entre Minas e São Paulo e garantir um lugar na nova Executiva. Argumentam que o PSDB precisa virar um partido nacional. Os tucanos não têm deputados federais em oito estados, precisam se fortalecer no Nordeste e se reestruturar no Rio. A convenção nacional será no próximo dia 28.
SINCERIDADE 1. Ao apresentar seu secretárioexecutivo, Carlos Gabas, em audiência no Senado, quarta-feira, o ministro peemedebista Garibaldi Alves (Previdência) disse que, quando assumiu, ficou preocupado em ter um adjunto do PT.
SINCERIDADE 2. E prosseguiu: “Logo no primeiro encontro eu disse a ele que, se ele tinha vindo para me vigiar, porque era do PT, eu tinha trazido do meu estado dois para vigiá-lo”, disse o ministro, em tom de brincadeira.
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