Alargamento do horizonte
CELSO MING
O ESTADO DE SÃO PAULO - 27/03/11
O Banco Central já avisou que não contará com a inflação na meta até final de setembro. A partir daí, a inflação começará a convergir para lá - avisa a última ata do Copom.
Essa ideia poderá vir a ser mais bem explicada no Relatório de Inflação, a ser editado nesta quinta-feira. Em todo o caso, fica claro que o horizonte com que o Banco Central trabalhará não será, ao menos desta vez, o ano calendário, mas um ponto qualquer lá no meio de 2012. É o que o Banco Central chama, algo empoladamente, de "alongamento do horizonte relevante da meta de inflação".
Primeiramente, é preciso entender o que está por trás dessa decisão. E, em segundo lugar, avaliar algumas de suas consequências.
No seu depoimento à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, na última terça-feira, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, citou as novas incertezas geradas por acontecimentos que ninguém previra. Entre eles, a esticada dos preços das commodities agrícolas, especialmente dos alimentos, que no período de 12 meses terminado em fevereiro subiram nada menos que 55%. Mas apontou também o avanço, este previsível, do crédito, de 20,3%, no período de 12 meses terminado em janeiro. Não falou que a virulência da inflação foi provocada mais pela escalada das despesas públicas do que por esses dois fatores juntos. Mas isso agora é leite derramado.
Tombini provavelmente dirá que, se fosse para enfiar a inflação para dentro da meta ainda em 2011, seria necessário aplicar uma quimioterapia de juros. E que, apesar de toda a sua autonomia à frente do Banco Central e tal, um novo choque de juros agora seria inadmissível. Daí porque a saída foi estender, ao menos provisoriamente, o prazo de convergência.
Convém perguntar se esse aumento do prazo será suficiente para controlar o atual empuxo da inflação. E há um punhado de dúvidas sobre isso. A primeira delas está no próprio efeito desse alongamento. Será mais inércia inflacionária produzindo efeitos sobre a inflação futura. Não está claro se os modelos do Banco Central estão devidamente carregados com essa pressão e o que virá com ela.
A segunda dúvida é uma enorme omissão. Em nenhum dos seus documentos, o Banco Central avalia o impacto inflacionário que será produzido pelo reajuste do salário mínimo em 2012, que será ao menos de 13,9%, um preço já contratado pela Lei 12.382, de 25 de fevereiro de 2011.
O Banco Central fala do câmbio estimado para 2011, do que espera de resultado das contas públicas e do comportamento futuro dos preços da energia elétrica, dos combustíveis e do gás de cozinha. Mas, misteriosamente, ignora a paulada do mínimo e o efeito que exerce antecipadamente sobre os preços da economia.
O terceiro fator de inflação é o crédito. O Banco Central tomou as tais medidas macroprudenciais destinadas a desacelerar o crédito. E lá mesmo no Senado mostrou gráficos indicando o seu encarecimento e a redução do número de prestações nas operações de financiamento. O problema é que o comércio segue vendendo como antes e, o crédito, crescendo, até porque o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal (bancos oficiais) ignoram a determinação de limitar o crescimento do crédito em apenas 15%.
As enormes dificuldades que o Banco Central vem encontrando para afinar as expectativas do mercado têm tudo a ver com as dúvidas aqui apontadas.
Resíduos tóxicos
Ao contrário do que afirmam dirigentes da CTNBio (organismo que regula o setor), o Idec adverte que já foi verificada a existência de mais resíduos de agrotóxicos nas plantações transgênicas do que nas de cultura convencional.
Riscos à saúde
O Idec também não aceita o que dizem autoridades brasileiras da área: há, afirma, risco à saúde. O transgênico pode causar resistência a antibióticos e aumento de alergias.
Ignorância sobre o assunto
Também discorda das conclusões de pesquisa do Instituto Ipos, que aponta que 74% dos brasileiros não sabem o que é transgenia e não poderiam rejeitar o produto a partir de aviso em rótulo. Pesquisa do Ibope, diz o Idec, mostrou que mais de 90% das pessoas querem saber se o alimento é transgênico ou não.
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