FOLHA DE SÃO PAULO - 20/11/09
É natural que se pense que o presidente Lula esteja alinhado a Tarso Genro no caso Cesare Battisti
"NÃO ME TRAGA problemas, só me traga soluções." Durante anos, convivi com um diretor de Redação que mantinha uma plaquinha com essa frase sobre sua mesa de trabalho.
Era do tipo explosivo, e vira e mexe um urro vindo de sua direção desviava a minha atenção da tela do computador para uma cena bastante comum, a imagem do diretor brandindo a placa feito um punhal de sacrifício sobre a cabeça de algum repórter mais incauto.
Imagino que o presidente Lula seja o tipo de chefe que teria de bom grado essa mesma plaquinha sobre a mesa em que despacha no Palácio do Planalto. Acho que já deu tempo de aprendermos que Lula não gosta de problemas, que foge da contrariedade e que prefere sempre deixar os pepinos de casca mais espessa para outros descascarem.
É fato que ele não ficou nem um pouco feliz com seu ministro da Justiça, quando o atual titular da pasta inventou um conflito absolutamente evitável com a Itália na questão da extradição do terrorista italiano Cesare Battisti.
Qualquer um que tenha um pouco de intimidade com o temperamento e o modus operandi do nosso presidente, sabe que o "imbroglio" deve tê-lo deixado fulo da vida.
É bem verdade que qualquer calouro do Instituto Rio Branco teria passado ao léu do desgaste diplomático. Pois, já pensou, meu dileto leitor, o que alguém com o jogo de cintura e a habilidade política de Lula não deve ter achado dessa confusão toda?
E, agora que a decisão terminou no colo do presidente, eu não gosto nem de pensar nas cobras e lagartos que devem estar bolindo a respeito do ministro da Justiça na intimidade do Palácio da Alvorada.
É natural que se pense que Lula esteja alinhado a Tarso Genro no caso Battisti. Além do maniqueísmo generalizado que opõe duas ideologias como num clássico do Maracanã, fazendo supor que o mundo se divida na vida real como na cabeça de Chico Alencar, Ivan Valente e Eduardo Suplicy, o ministro da Justiça, afinal de contas, é de Lula e foi o presidente quem o colocou lá.
Logo após o Supremo Tribunal Federal decidir por delegar a decisão final sobre a extradição de Battisti a ele, foi também o presidente quem acionou a AGU (Advocacia Geral da União) para dar a impressão de que estaria buscando uma saída jurídica que conseguisse manter o italiano em solo tapuia.
Mas, veja bem: se Lula optar pela permanência do italiano, ele agradará a Marilena Chauí, Antonio Candido, Maria Victoria Benevides e a mais dois ou três gatos pingados da facção mais retrógrada do seu próprio partido. Mas desagradará à opinião pública de seu país, à Europa inteira e, sobretudo, criará uma situação inédita de tensão e rancor entre o Brasil e a Itália.
Conhecendo nosso presidente "sombra e água fresca", o que você, meu nobre leitor, acha que ele fará?
Sou capaz de apostar um caminhão refrigerado de picolés de limão como Lula irá enrolar o máximo que puder para fazer crer que tentou manter o facínora por aqui e que, no fim das contas, Cesare Battisti acabará cantando o "Sole Mio" lá na terra dele. Que assim seja!
Era do tipo explosivo, e vira e mexe um urro vindo de sua direção desviava a minha atenção da tela do computador para uma cena bastante comum, a imagem do diretor brandindo a placa feito um punhal de sacrifício sobre a cabeça de algum repórter mais incauto.
Imagino que o presidente Lula seja o tipo de chefe que teria de bom grado essa mesma plaquinha sobre a mesa em que despacha no Palácio do Planalto. Acho que já deu tempo de aprendermos que Lula não gosta de problemas, que foge da contrariedade e que prefere sempre deixar os pepinos de casca mais espessa para outros descascarem.
É fato que ele não ficou nem um pouco feliz com seu ministro da Justiça, quando o atual titular da pasta inventou um conflito absolutamente evitável com a Itália na questão da extradição do terrorista italiano Cesare Battisti.
Qualquer um que tenha um pouco de intimidade com o temperamento e o modus operandi do nosso presidente, sabe que o "imbroglio" deve tê-lo deixado fulo da vida.
É bem verdade que qualquer calouro do Instituto Rio Branco teria passado ao léu do desgaste diplomático. Pois, já pensou, meu dileto leitor, o que alguém com o jogo de cintura e a habilidade política de Lula não deve ter achado dessa confusão toda?
E, agora que a decisão terminou no colo do presidente, eu não gosto nem de pensar nas cobras e lagartos que devem estar bolindo a respeito do ministro da Justiça na intimidade do Palácio da Alvorada.
É natural que se pense que Lula esteja alinhado a Tarso Genro no caso Battisti. Além do maniqueísmo generalizado que opõe duas ideologias como num clássico do Maracanã, fazendo supor que o mundo se divida na vida real como na cabeça de Chico Alencar, Ivan Valente e Eduardo Suplicy, o ministro da Justiça, afinal de contas, é de Lula e foi o presidente quem o colocou lá.
Logo após o Supremo Tribunal Federal decidir por delegar a decisão final sobre a extradição de Battisti a ele, foi também o presidente quem acionou a AGU (Advocacia Geral da União) para dar a impressão de que estaria buscando uma saída jurídica que conseguisse manter o italiano em solo tapuia.
Mas, veja bem: se Lula optar pela permanência do italiano, ele agradará a Marilena Chauí, Antonio Candido, Maria Victoria Benevides e a mais dois ou três gatos pingados da facção mais retrógrada do seu próprio partido. Mas desagradará à opinião pública de seu país, à Europa inteira e, sobretudo, criará uma situação inédita de tensão e rancor entre o Brasil e a Itália.
Conhecendo nosso presidente "sombra e água fresca", o que você, meu nobre leitor, acha que ele fará?
Sou capaz de apostar um caminhão refrigerado de picolés de limão como Lula irá enrolar o máximo que puder para fazer crer que tentou manter o facínora por aqui e que, no fim das contas, Cesare Battisti acabará cantando o "Sole Mio" lá na terra dele. Que assim seja!
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