quinta-feira, março 21, 2013

FICA FELICIANO!

Contra o histerismo facebookiano, contra a tralha de vagabundos do politicamente correto,  FICA FELICIANO!

Mais BNDES - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 21/03

Eike Batista, além da ampliação da participação do sócio alemão E.ON, atua para que o BNDES também aumente sua fatia no capital da MPX Energia, que passa por dificuldades.

No ano passado, o banco estatal já tinha ampliado de 2,6% para 11,7% sua fatia na elétrica.

A ponte
Aliás, o que se diz no mercado é que a aproximação de Eike Batista com Lula se deu, em grande parte, graças ao trabalho de Amaury Ferreira Pires Neto, diretor de assuntos institucionais do grupo carioca.

É o tal que fez lobby para que o governo federal pressionasse o estaleiro Jurong, de Cingapura, a transferir sua base do Espírito Santo para o Porto do Açu, de Eike.

Por falar em Eike...
Guilherme Guimarães, o famoso estilista de alta costura, fechou um acordo com Eike Batista.

Vizinho do Hotel Glória, que está sendo ampliado pelo empresário, Guilherme vive atormentado pela obra, principalmente depois que uma viga caiu na sua casa.

Agora, quando o barulho fica infernal, ele se muda para um hotel. As diárias são bancadas por Eike.

Fica Rangel!
Um manifesto assinado por cineastas, entre eles Cacá Diegues, Walter Salles, Selton Mello e Luiz Carlos Barreto, defende a recondução de Manoel Rangel para um terceiro mandato à frente da Ancine.

Há uma briga de foice por esta cadeira.

Vida longa para ela
De Nana Caymmi, 71 anos, para a coleguinha Léa Penteado, ontem, no velório de Emílio Santiago:

— Estão morrendo tantos amigos que, quando eu morrer, não vai ter ninguém para ir ao meu velório.

Melhor que seja argentino
Não é só o teólogo Leonardo Boff que deu graças a Deus que o cardeal Dom Odilo Scherer não foi eleito Papa.

A líder feminista Hildete Pereira de Mello diz que “temia que um Papa brasileiro fosse a volta da inquisição, por causa da política que a Igreja Católica defende para as mulheres”.

Éque...
Com um Papa local, segundo Hildete, “a pressão seria maior contra as demandas do movimento como aborto, pílulas e orientação sexual”.

É. Pode ser.

Basco solto
Lembra do espanhol Joseba Gotzón Vizán, acusado de pertencer ao ETA, o grupo terrorista basco, e preso no Rio em flagrante por uso de documentos falsos?

A Segunda Turma do TRF-Rio concedeu, em parte, o habeas corpus pedido. Vizán será solto, mas terá de usar tornozeleira eletrônica.

Peles de animais
Ativistas estão na porta do São Paulo Fashion Week panfletando contras as marcas que desfilam peles de animais.

Polêmica à vista
Depois de quatro anos e meio de pesquisa, Paulo Herkenhoff, crítico e curador do Museu de Arte do Rio, lança finalmente o livro sobre o escultor Ascânio MMM.

Em mais de 400 páginas, Herkenhoff levanta a polêmica de que Ascânio influenciou a obra de outro importante escultor, Sérgio Camargo, e não o contrário como quis o “marketing camarguiano”.

Médico fora da lei
A Delegacia Fazendária enviou para o Ministério Público o inquérito que indicia o neurocirurgião Adão Orlando Crespo Gonçalves e mais sete médicos por crime contra a administração pública.

Nesse processo, ele é acusado de contratar médicos para dar plantão em seu lugar no hospital.

Segue...
Gonçalves já responde a inquérito por omissão de socorro, por ter faltado ao plantão no dia de Natal no Hospital Salgado Filho, no Méier, deixando a menina Adrielly dos Santos, de 10 anos, esperando oito horas por uma cirurgia.

Tarde de protesto
Domingo, agora, um grupo de artistas, entre eles a querida atriz Marieta Severo, vai ler depoimentos sobre vítimas da ditadura, às 16h, na Praça São Salvador, em Laranjeiras.

O movimento, que vai reunir membros da Comissão da Verdade, é para celebrar o Dia Internacional do Direito à Verdade, instituído pela ONU.

Dia de fúria
A 14ª Câmara Cível do Rio determinou que um porteiro de Copacabana seja indenizado por dois moradores em R$ 6 mil.

É que o funcionário interfonou, às 8h, para o casal avisando sobre a chegada da empregada. A atitude enfureceu os réus, que o agrediram com socos, pontapés, além de dizer que o coitado do trabalhador era usuário de drogas.

Fugir de casa - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 21/03

Hoje, depois de 50 anos, vendo "A Busca", senti o que foi a dor de meus pais quando eu fugi de casa


ANTES DE mencionar "A Busca", de Luciano Moura, eu devo me declarar impedido: por razões anteriores e exteriores ao filme, serei parcial.

Primeiro. Tenho uma tremenda admiração pela roteirista do filme, Elena Soarez -ela criou, com Cao Hamburger, o seriado "Filhos do Carnaval" (HBO), que ainda me força a ficar acordado quando esbarro numa reprise noturna.

Segundo. Desde "Central do Brasil", de Walter Salles, sou especialmente sensível às corridas território brasileiro adentro, atrás de um pai de verdade (eventualmente, marceneiro).

Terceiro e mais importante. Como o jovem Pedro no filme de Moura e com a mesma idade dele, eu fugi de casa.

Por que Pedro foge? Difícil dizer. Talvez seja por causa da recente separação dos pais. Talvez seja porque o pai (Wagner Moura) não enxerga mais o filho, que está crescendo e tem paixões próprias. Ou talvez seja porque fugir de casa, algum dia, é necessário para todos -e tanto faz que isso aconteça realmente ou de maneira figurada.

Por que eu fugi? Mesma perplexidade: uma namorada distante, a vontade de cruzar fronteiras por minha conta, a ambição de provar que podia sobreviver sem a ajuda de ninguém... As razões que eu enumeraria naquela época e que poderia enumerar hoje não me bastam. Quanto mais me esforço para encontrar uma resposta, menos entendo: eu gostava dos meus pais e do lar no qual crescia com eles.

Ou seja, Pedro não me explicou minha fuga. Em compensação, pela primeira vez depois de 50 anos, num cinema da Gávea, eu senti o que deve ter sido a dor de meus pais, quando eu sumi. No desespero do pai de Pedro correndo atrás do filho, Brasil afora, vi o drama do meu pai. A comoção foi um arrependimento? Não pelo que fiz e que faria de novo, mas, sim, pela dor que causei, embora talvez fosse inevitável.

Lembrei-me claramente de uma manhã muito cedo, em Londres, quando meu pai, cansado, bateu na porta do apartamento que eu dividia com um amigo e do qual ele tinha conseguido o endereço numa penosa investigação entre meus conhecidos, em Milão.

Não houve nenhum abraço especial. Ele pediu que eu voltasse, porque, disse, minha mãe não aguentava minha ausência e a falta de notícias. Ele nem mencionou seu próprio sofrimento. E não perguntou por que eu tinha fugido de casa.

Aceitei voltar para tranquilizar minha mãe. Mas prometi que eu fugiria de novo, assim que pudesse. E foi o que aconteceu: fui para casa e fugi de novo.

Muitos meses depois, quando voltei de vez, tampouco conseguimos falar das razões do que tinha acontecido -talvez porque, no fundo, não houvesse razões, além da banalidade do processo de crescer, de destacar-se dos pais, de encontrar uma voz própria, fora do coro.

Nesse processo, aliás, surgem motivações genéricas suficientemente poderosas para que mal seja necessário procurar "causas" na singularidade dos pais ou dos filhos. Dois exemplos.

1) Os pais nunca nos dão tudo (nem quando são loucos a ponto de querer nos fartar). Mesmo assim, durante um tempo absurdamente longo, o que temos e esperamos vem só deles. Na adolescência, começamos a desejar coisas que eles não conseguiriam nos dar nem se quisessem nos ver eternamente satisfeitos. No entanto, como eles sempre foram responsáveis por nossas satisfações, agora eles nos parecem ser responsáveis por nossas frustrações.

2) Stanley Cavell, um grande filósofo norte-americano, num ensaio de 1987, observou que todos nós sempre resistimos a deixar que os outros nos transformem, e isso acontece, ele propôs, porque temos uma memória viva (e talvez ressentida) de quanto fomos transformados por alguns outros no começo de nossa vida.

Essa intuição de Cavell pressupõe uma mágoa para com os pais pelo próprio peso que eles tiveram na nossa infância -uma mágoa fundamental, só por eles terem criado e moldado a gente.

Obviamente, essa mágoa, que animaria a rebeldia adolescente, é, de fato, mais uma marca dos pais. Pois mesmo os pais mais invasivos nunca deixam de sonhar com a autonomia dos filhos. Hostilizamos os pais e fugimos deles porque ELES mesmos querem nos ver livres e não gostam que se prolongue a influência que eles tiveram e têm sobre nós.

Ironia: quem deseja que fujamos de casa são nossos pais. E fugindo, realizamos um desejo deles.

Claro, o outro desejo deles seria que ficássemos em casa para sempre.

Crianças proibidas de ver - FERNANDO REINACH

O Estado de S.Paulo - 21/03

Muito otimistas, os seres humanos associam a palavra novo à palavra melhor. Gostamos de descrever as mudanças na nossa vida como "o progresso da humanidade".

Mas o novo não é sempre melhor. A redescoberta dessa afirmação óbvia é uma das novidades deste início de século e tem aumentado nosso interesse pelo modo de vida nas sociedades ditas primitivas. Você segue a dieta do caçador ou é vegetariano? Que tal corrermos descalços? Educar em casa ou na escola? E o colchão, não deveria ser mais duro?

Nosso passado é longo. Os ancestrais do Homo sapiens surgiram 1 milhão de anos atrás. Durante os primeiros 800 mil anos viveram coletando o alimento de cada dia, todo dia, o dia todo. Vagavam pelas estepes e florestas africanas, fugindo dos predadores. Nós, os Homo sapiens, surgimos faz aproximadamente 200 mil anos e somos descendentes dos indivíduos que sobreviveram a esta intensa seleção natural que durou 800 mil anos.

Nestes últimos 200 mil anos, ainda passamos 185 mil deles vivendo em pequenos grupos, coletando raízes, caçando, pescando, nos espalhando por diversos continentes. Os nossos antepassados que sobreviveram a esse tipo de vida descobriram a agricultura e domesticaram os animais faz 15 mil anos. Neste período, passamos 10 mil anos em pequenas vilas. Faz talvez 5 mil anos que nos organizamos em cidades maiores e somente há 200 anos ocorreu a Revolução Industrial.

Nesta história de 1 milhão de anos, o passado recente não é a Revolução Francesa ou a locomotiva a vapor, como insistem os currículos escolares. O ontem é o fim da Idade da Pedra, a organização social de tribos nômades e o modo de vida dos primeiros agricultores. O carro e a internet surgiram faz alguns segundos.

O novo livro de Jared Diamond, The World Until Yesterday (O Mundo Até Ontem, em tradução livre), é sobre esse ontem e sobre o que ele pode nos ensinar. São 500 páginas de observações fascinantes. Aqui vai um aperitivo para aguçar seu apetite.

Nas sociedades tradicionais, as crianças, antes de aprenderem a andar, são carregadas pelas mães. Em todas as culturas tradicionais, logo que a criança consegue firmar o pescoço, ela é transportada na posição vertical. Pode ser nas costas ou na frente da mãe, seja com o auxílio dos braços ou utilizando dobras das roupas ou artefatos construídos para esse fim.

Nessa posição, o campo visual da criança é aproximadamente o mesmo da mãe. Ela olha para a frente e pode observar todo o ambiente em sua volta praticamente do mesmo ângulo e da mesma altura da mãe. O horizonte, as árvores, os animais e seus movimentos são observados pela criança da mesma maneira que a mãe observa seu ambiente. Quando um pássaro canta e a mãe vira a cabeça para observar, a criança também tem uma chance de associar o canto do pássaro à sua plumagem. A criança observa o trabalho de coleta de alimento da mãe, como ela prepara a comida, o que a assusta, o que provoca o riso ou a tristeza na mãe. Carregar uma criança na posição vertical faz parte do processo de educação.

Isso era ontem. E como é hoje? Inventamos o carrinho de bebê. As crianças menores são transportadas deitadas de costas, olhando para o céu (ou para a face da mãe). A criança não compartilha a experiência visual da mãe, não consegue associar as expressões faciais da mãe a objetos e sentimentos. Os sons ouvidos pela criança dificilmente podem ser associados a experiências visuais, atividades ou sentimentos. Deitadas, as crianças modernas só observam o teto (dentro de edifícios) ou o céu (ao ar livre).

Como o céu é claro e incomoda a vista, muitos desses carrinhos possuem uma coberturas de pano, o que restringe ainda mais o campo de visão e empobrece a experiência visual da criança. Não é de espantar que um bebê, cujos ancestrais foram selecionados para aprender a observar o meio ambiente desde o início de sua vida, fique entediado. Mas para isso temos uma solução moderna: uma chupeta que simula o bico do seio da mãe. Hoje, carregar uma criança é considerado um estorvo, mas nossa nova solução distancia fisicamente a criança da mãe e não permite que elas compartilhem experiências sensoriais. Transportar uma criança deixou de fazer parte do processo educacional.

Hoje sabemos que o desenvolvimento do córtex visual, a parte do cérebro que processa imagens, não termina durante a vida fetal, mas continua após o nascimento e depende do estímulo visual constante para amadurecer. Os carrinhos de bebê de hoje são mais novos, mas será que são melhores?

É incrível, mas hoje, numa época em que educar para o futuro é o lema de toda escola, numa época em que tentamos alfabetizar as crianças cada vez mais cedo, abandonamos o hábito milenar de permitir que as crianças olhem para a frente e compartilhem as experiências vividas por suas mães.

Me dê motivo.. - SONIA RACY

O ESTADÃO - 21/03

Mesmo depois da conversa com Aécio, Serra não mudou seus planos. Manteve compromisso na Universidade de Princeton, para onde parte este fim de semana. Portanto, não comparecerá à palestra que o candidato à presidência do PSDB fará na segunda-feira, na sua estreia em São Paulo.

…pra ir embora…
Serra foi convidado a discursar na homenagem ao superotimista Albert Hirschman – morto em dezembro –, promovida pela universidade.

A exemplo de FHC, o ex-governador é fã do economista.

…estou vendo a hora…
Quem foi Hirschman? Seu livro mais conhecido é Exit, Voice, and Loyalty. Na essência, segundo o NYT, ele examina por que algumas pessoas se mantêm leais a uma instituição insatisfatória enquanto outras optam por ir embora.

…de te perder
A aliados, Serra não confirmou as três horas com Aécio, segunda à noite. A conversa, “anódina”, teria durado apenas uma hora e meia.

Avançando
Entrou na pauta o acordo bilateral com os EUA, anteontem, durante o fechado Fórum de Altos Executivos Brasil-Estados Unidos. Incluindo contratação de consultorias como FGV e McKinsey – que analisarão o impacto da iniciativa no Brasil.

No Chile, por exemplo, o PIB cresceu somente 1,5% por causa do acordo de livre comércio assinado em 2003.

Sem bola nas costas
Aldo Rebelo saiu de Zurique, onde foi recebido por Joseph Blatter e Jérôme Valcke, com agenda nova.

Vai cobrar governadores e prefeitos das cidades-sede do Mundial de 2014 e afinar o discurso – antes de Blatter desembarcar no Brasil, em junho.

Atrás…
Passa de dez mil o número de assinaturas da petição online pela libertação do missionário brasileiro José Dílson da Silva. Ele e a assistente estão presos desde novembro no Senegal.

O abaixo-assinado, proposto pela ONG Rio de Paz, está na plataforma Change.org.

…das grades
O pai de um dos jovens atendidos acusa Silva de ter convertido seu filho ao cristianismo – o país é de maioria sunita.

Nosso lar
Luciana Temer, da Assistência Social, lança projeto-piloto de novos albergues em SP. Sua secretaria reformou casa no Belém para abrigar 20 famílias. A ideia é que as pessoas deixem o lugar em menos de um ano – já com emprego e filhos em creches e escolas.

Há, hoje, apenas um abrigo para famílias no município. E 15 mil moradores de rua.

Às mães
Ingressos praticamente esgotados para a série de shows no começo de maio, Roberto Carlos decidiu: fará apresentação extra no Dia das Mães, às 18h.

Assunto sensível
Julia Bacha, cineasta brasileira premiada por documentários sobre o conflito Israel-Palestina, avisa que Obama encontrará muitas manifestações pacíficas na Cisjordânia e em Jerusalém.

“Os ativistas estão preocupados com os rumores de que ele visitará modelo do Second Temple – espaço sagrado para os judeus.”

Bem temperado
Fernanda Lima foi a grande estrela do desfile da Forum, anteontem, no segundo dia de SPFW, na Bienal. A apresentadora e ex-modelo conversou com a coluna no backstage, antes de subir à passarela. Na primeira fila, o marido (e fã), Rodrigo Hilbert.

Fala-se que esta será a última temporada de Amor & Sexo. Quais os planos futuros?

Quem falou que vai acabar? Não tenho informações sobre isso. Espero que não acabe.

Pensa em voltar às novelas?

Eu, não! Só me criticavam!

Como é relembrar os velhos tempos de modelo?

É muito legal rever os amigos e vir para São Paulo, uma cidade que eu adoro. Mas, tenho de confessar: fico com frio na barriga, mais nervosa do que quando vou apresentar um programa ou atuar.

Seu marido estreou programa novo de receitas no GNT. E em casa, ele cozinha?

Sempre. O tempero do Rodrigo é maravilhoso.

E vocês estão pensando em aumentar a família?

No momento, não. Mas, quem sabe no futuro…/SOFIA PATSCH

Herança maldita da Petrobrás - EDITORIAL O ESTADÃO

O Estado de S.Paulo - 21/03

O plano de negócios da Petrobrás para o período 2013-2017, apresentado na terça-feira aos investidores e ao público em geral, reitera a tentativa da diretoria presidida por Maria das Graças Foster de corrigir erros de planejamento, na maioria de inspiração política, cometidos na gestão anterior e que ainda afetam duramente os resultados da empresa. É sua herança maldita.

Algumas características do plano anunciado em 2012, marcado por forte contenção de despesas de custeio e dos investimentos, permanecem no novo. Nos próximos cinco anos, a companhia pretende investir US$ 236,7 bilhões, praticamente o mesmo valor previsto para o período 2012-2016. A austeridade continua sendo a palavra mais frequente no discurso da presidente e dos diretores da empresa. Os investimentos continuarão concentrados na área de exploração e de produção, em particular o pré-sal.

Mas outras medidas aprovadas pelo Conselho de Administração da Petrobrás para os próximos cinco anos constituem o reconhecimento implícito das perdas causadas por decisões impostas à empresa pelo governo Lula e procuram, na medida do possível, reduzir novas perdas no futuro. Isso é notável na revisão da programação da empresa para a área de refino.

O caso mais notório de mau investimento nessa área é o da refinaria de Pasadena, no Texas. Como foi revelado no ano passado pelo "Broadcast", serviço em tempo real daAgência Estado, essa refinaria foi comprada em 2006 por uma trading belga por US$ 42,5 milhões. No ano seguinte, a Petrobrás, presidida por José Sérgio Gabrielli, comprou-a por US$ 1,18 bilhão. Como esses números sugerem, a refinaria não tinha condições de gerar receita suficiente para assegurar a rentabilidade do negócio em prazo razoável.

Por isso, ela foi incluída na lista dos ativos no exterior que a Petrobrás venderia para obter recursos de que ela necessita para executar seu programa de investimentos. Mas o valor da refinaria no mercado era obviamente muito menor do que o esperado pela empresa brasileira.

Depois de o Tribunal de Contas da União ter iniciado investigação sobre essa compra, a Petrobrás retirou a refinaria da lista dos ativos à venda, lançou uma baixa contábil de R$ 464 milhões referente à refinaria de Pasadena em seu balanço do quarto trimestre e, como reconhece Graça Foster, será necessário investir dinheiro nela, para torná-la rentável. Se isso der certo, a Petrobrás reduzirá suas perdas com esse negócio nebuloso.

Outras refinarias, decididas de acordo com o interesse político do ex-presidente Lula, continuam a render problemas para a Petrobrás. A cada nova revisão de sua situação, a Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, fica mais cara. No novo plano, seu custo foi estimado em US$ 17,35 bilhões, US$ 250 milhões mais do que no plano anterior. Fruto de um acordo de Lula com o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, cujo governo deveria responder por 40% do projeto, essa refinaria teve seu custo inicial estimado em US$ 2,5 bilhões. Ou seja, já está custando cerca de 600% mais do que o previsto, sem que a parte venezuelana tenha injetado um único centavo na obra.

As duas refinarias do Nordeste, a Premium 1, no Maranhão, e a Premium 2, no Ceará - também decididas no governo anterior, por interesse político de Lula -, estiveram nos planos de negócios anteriores da Petrobrás. Desta vez, porém, não há mais nenhuma garantia de que elas serão construídas. A empresa esclareceu que seu destino será decidido até julho deste ano.

O motivo do congelamento, ainda que temporário, desses projetos é muito simples: não há certeza de que essas refinarias são rentáveis. "O desafio agora é viabilizar essas refinarias para que elas sejam competitivas em nível internacional", justificou a presidente da estatal. Em outras palavras, é preciso demonstrar que elas são viáveis técnica e economicamente, o que, pelo visto, não era certo quando o governo Lula decidiu construí-las.

Com esses problemas, a capacidade de refino da Petrobrás crescerá mais devagar, obrigando-a a continuar importando derivados. A correção dos preços internos dos combustíveis deve reduzir as perdas da empresa e melhorar seus resultados.

A economia brasileira em ritmo de festa - RODRIGO SIAS

BRASIL ECONÔMICO - 21/03

No artigo da semana passada, escrevi sobre como o atual governo tem lançado mão de diversos artifícios para manter a inflação sob controle. Muito do que tem sido feito não é novo.

Ao contrário, a economia brasileira presenciou uma cota bastante elevada de pirotecnias econômicas para conter a inflação nos anos 1980, que no fim, resultou em uma hiperinflação inédita, desabastecimento, perda de competitividade, desemprego e até uma moratória unilateral da dívida externa.

Infelizmente, o saudosismo do atual governo não para por aí. Em diversas áreas, há muitas semelhanças com a "década perdida".

Aproveitou-se a crise de 2008 para justificar medidas conjunturais que, na verdade, tornaram-se permanentes. O uso dos bancos públicos para irrigar a economia com crédito e incentivar o consumo era justificável em 2009 e teve efeitos contra-cíclicos importantes, ajudando na rápida recuperação econômica.

Mas a estratégia de crédito frouxo tornou-se de longo prazo. Por um lado, se aposta no consumo com endividamento das famílias para manter a economia aquecida. Por outro, usa-se o BNDES para distribuir subsídios sem foco, criando-se dívida pública e distorções permanentes.

As seguidas capitalizações feitas pelo Tesouro nada mais são que a reedição disfarçada da "conta movimento". Pior ainda é a intenção do governo de criar um fundo para financiar a infraestrutura, que seria repassado aos bancos privados.

O mesmo governo que usa os bancos públicos para forçar a queda dos juros no setor privado, agora pretende oferecer funding e projetos garantidos pelo Tesouro para o mesmo setor.

A pressão do governo sobre o empresariado para que repasse as desonerações imediatamente lembra muito o relacionamento estabelecido pelo extinto Conselho Interministerial de Preços e mostra que a intervenção não tem limites.

Por outro lado, as estatais, forçadas a segurar preços, estão sendo debilitadas da mesma forma que na década de 1980, prejudicando sua capacidade de investimento. Levou-se mais de uma década para saneá-las no passado.

Já o caso da Petrobrás é sintomático: a adoção do modelo de partilha parece querer emular o antigo monopólio da empresa.

Algumas medidas são positivas, como a criação da Embrapii. Mas a enxurrada de incentivos e planos de política industrial - que lembram muito a série de pacotes anti-inflacionários no passado - mostram certo desespero na área.

E a mudança constante desestimula o investimento. Um grande exemplo são as tarifas de importação, usadas para proteger a indústria num primeiro momento e, num segundo, usadas para ameaçá-la.

Na verdade, não se trata propriamente de saudosismo, mas sim, da volta de uma visão de mundo calcada na desconfiança na capacidade do mercado de produzir prosperidade, no pouco apreço pela iniciativa privada e na insistência em creditar ao Estado a responsabilidade de ser o motor e centro não só da economia, mas da sociedade.

Muita gente sente saudades dos anos 1980. Por isso, eventos como as "festas Ploc" fazem sucesso. Entretanto, ninguém sente saudades da hiperinflação ou de congelamentos de preços. Hoje, a economia brasileira está em ritmo de festa Ploc. O grande problema é que, quando a festa acabar, quem irá dançar seremos nós.


Um cartel na política brasileira? - PEDRO FLORIANO RIBEIRO

Valor Econômico - 21/03

Em 1995, os cientistas políticos Richard Katz e Peter Mair propuseram o conceito de "partido cartel" para descrever as transformações dos sistemas políticos contemporâneos. Eles destacavam que os grandes partidos europeus já não eram capazes de sustentar vínculos sólidos com a sociedade, ao mesmo tempo em que a política se profissionalizava, e os custos de campanha explodiam. Nesse contexto, as fontes de sobrevivência das legendas se deslocavam da sociedade para o Estado, por meio do repasse direto ou indireto de recursos públicos, e do emprego do aparato estatal como espaço de sobrevivência para militantes e líderes partidários. Os grandes partidos, superando diferenças ideológicas e as fronteiras governo/oposição, passaram a cooperar para garantir sua posição privilegiada de acesso aos recursos públicos, e para aumentar os montantes desses recursos, formando uma espécie de cartel.

Apesar de suas fragilidades teóricas e empíricas, o modelo ajuda a iluminar alguns processos atuais da política brasileira. À diferença da Europa, a dependência estatal não é nenhuma novidade no Brasil: desde os luzias e saquaremas da época imperial, os grandes partidos sempre giraram ao redor da órbita estatal. Nesse sentido, a colonização da máquina pública (patronagem) talvez seja a fonte mais tradicional de sustento dos partidos brasileiros, e que ainda possui um peso considerável: só no governo federal há cerca de 22 mil cargos de livre nomeação, à disposição de bancadas e partidos. Em segundo lugar, cálculos da Receita Federal estimam que a renúncia fiscal às empresas de rádio e televisão, como ressarcimento pela exibição das propagandas eleitorais e partidárias (gratuitas aos partidos), custou aos cofres públicos mais de R$ 600 milhões em 2012, e quase R$ 1 bilhão em 2010.

Quanto aos recursos diretos, os partidos garantiram em 1995 um aumento substancial do fundo partidário (Lei 9.096), fonte mais estável de financiamento das legendas: de R$ 7 milhões transferidos às cúpulas partidárias em 1995, ele passou para R$ 130 milhões no ano seguinte, superando os R$ 220 milhões em 2010 (valores corrigidos). Para 2011, partidos governistas e de oposição costuraram um acordo que elevou o montante total em cerca de R$ 100 milhões; com isso, o fundo atingiria R$ 350 milhões em 2012. Assim como na distribuição do tempo de propaganda, o critério de divisão do fundo privilegia a força parlamentar. Desde 2007, 5% dos recursos do fundo são divididos igualmente, e 95% são distribuídos proporcionalmente à votação do partido na última eleição para a Câmara - um critério menos favorável aos grandes partidos do que as regras vigentes entre 1996 e 2006, que concentravam praticamente todo o fundo partidário nas mãos das oito ou nove maiores legendas. Esses recursos representam, em média, mais de 80% da arrecadação dos partidos brasileiros nos anos não eleitorais; em ano de eleição, a dependência estatal diminui, principalmente para os maiores partidos, que obtêm grandes montantes de doações privadas.

Dependência dos recursos públicos e redução das diferenças na distribuição desses recursos (o que minimiza os custos de derrotas eleitorais); diminuição das distâncias ideológicas; políticas de alianças "ecléticas"; estabilização dos mesmos atores no tabuleiro político, por período de tempo inédito na história brasileira; e indícios de cooperação entre os maiores partidos, superando trincheiras entre governo e oposição. A política brasileira caminharia a passos largos para um processo de cartelização?

Na verdade, há outras variáveis a serem consideradas. As barreiras de entrada no sistema e de acesso aos recursos públicos são frágeis, tornando improvável a formação de um cartel fechado e estável: as brechas previstas e ratificadas pela Justiça para que os políticos possam mudar de partido sem perder o mandato, e a ausência da cláusula de barreira (derrubada em 2006 pelo STF), são fatores que facilitam a formação de novos partidos. Além disso, a fragmentação do atual sistema e o presidencialismo de coalizão colocam algum poder de barganha nas mãos dos partidos de porte médio, que assim conseguem enfrentar eventuais cartéis entre as maiores forças. Se somarmos a isso a possibilidade de coligação para as eleições legislativas (que permitem aos pequenos partidos eleger algum representante), temos um cenário em que mesmo os partidos minúsculos recebem fatias generosas dos recursos públicos, e no qual é possível quebrar um cartel com a formação de uma nova legenda (algo evidenciado pelo PSD de Kassab). Cabe considerar ainda que os recursos públicos, ao invés de impulsionarem o processo de cartelização, talvez estejam atuando em sentido inverso: se a política brasileira fosse financiada apenas com recursos privados, os grandes partidos (especialmente PMDB, PSDB e PT) provavelmente consolidariam uma posição cada vez mais dominante no sistema, na medida em que possuem as organizações mais robustas e uma maior capacidade de atração de doações e de lançamento de candidaturas competitivas por todo o país.

Em suma: o financiamento público das atividades partidárias não está entre os maiores problemas atuais da democracia brasileira, na medida em que ajuda a mantê-la mais arejada, competitiva e plural, abrindo espaço para atores, posições e vozes dissonantes. Assim, qualquer tentativa de reforma do sistema político não pode perder de vista o que se salva do atual estado de coisas: a democracia tem seus custos e, ao contrário da máxima de Tiririca, nada é tão ruim que não possa piorar.


Crise na confiabilidade do setor elétrico - ADILSON DE OLIVEIRA

Valor Econômico - 21/03

A confiabilidade no suprimento de energia é componente essencial das economias industriais. Incertezas quanto à capacidade de o sistema elétrico atender o consumo de energia paralisam decisões de investimentos que propiciam o crescimento econômico. A brutal queda no ritmo de crescimento (3%) no início da década passada, provocada pelo racionamento de energia, nos ensinou de forma dramática essa realidade. Para evitar nova situação como essa, o governo adotou medidas operacionais (garantia de lastro para as centrais térmicas), introduziu incentivos para o investimento na expansão do sistema (leilões para fornecimento de longo prazo com preços indexados) e criou novas instâncias institucionais para monitorar a situação do suprimento elétrico (Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico).

Passados alguns anos, a realidade indica que essas medidas não foram suficientes para garantir a confiabilidade no sistema. As dúvidas quanto à capacidade de o sistema elétrico suprir a demanda de energia ressurgem sempre que os níveis dos reservatórios ficam baixos e a pluviometria mostra-se desfavorável, como ocorre atualmente. As autoridades insistem em afirmar que essas dúvidas são infundadas. Elas confiam que as chuvas de verão farão os reservatórios voltarem a patamares adequados, afastando o risco de racionamento. Porém, a série sucessiva de apagões regionais dos últimos meses é sintoma claro de que a sistemática de gestão da confiabilidade do sistema elétrico necessita profunda e urgente revisão. Aliás, o próprio governo indica essa necessidade ao anunciar sua intenção de sinalizar o risco de esgotamento dos reservatórios com bandeiras que ditarão adicionais tarifários para convocar os consumidores a reduzirem seu consumo de energia.

É muito preocupante a informação veiculada na mídia da existência de erro "oculto" (sic) nos modelos computacionais utilizados na gestão da confiabilidade do sistema elétrico. Erros nesses modelos corrompem a precificação da energia no mercado livre, componente importante dos custos da base da cadeia produtiva. Essa credibilidade é crucial, particularmente no momento atual, quando o governo procura estimular o consumo de energia (e consequentemente o crescimento econômico), reduzindo tarifas elétricas para o parque produtivo.

A sistemática de gestão da confiabilidade do sistema elétrico em uso foi herdada do período em que o sistema elétrico da região Sudeste operava isolado, contava com vastos reservatórios hidrelétricos e o crescimento era ditado pela economia dessa região. Os reservatórios hidrelétricos eram, então, capazes de oferecer horizonte plurianual para a confiabilidade do suprimento da região. Nessa situação, o sistema era operado com o objetivo de reduzir custos operacionais, minimizando o uso de combustíveis nas centrais termelétricas. Dificuldades no suprimento elétrico de outras regiões não afetavam o suprimento elétrico da região Sudeste, tampouco a precificação da energia nessa região.

A situação atual do sistema elétrico é radicalmente distinta da descrita no parágrafo anterior. A interligação dos sistemas elétricos regionais e a inexistência de condições ambientais para a construção de novos reservatórios tornaram os reservatórios hidrelétricos do Sudeste o eixo central da confiabilidade do suprimento de todas as regiões do país. Inexorável e paulatinamente, a capacidade de esses reservatórios garantirem a confiabilidade do suprimento elétrico vem declinando.

O núcleo gerador das dúvidas quanto à confiabilidade do suprimento elétrico reside nesse declínio e, infelizmente, a regulamentação atual do mercado elétrico oferece incentivos perversos para que ele seja acentuado. Ela autoriza as centrais a comercializarem uma quantidade pré-especificada de energia, independentemente da quantidade de energia que elas efetivamente geram (garantia física!).

A responsabilidade de garantir que o conjunto de centrais produza a somatória das garantias físicas dos geradores para atender a demanda dos consumidores é retirada das centrais e repassada para o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Dessa forma, os geradores são estimulados a postergar investimentos necessários para evitar a redução de sua capacidade de geração, ditados por mudanças nas condições operacionais das centrais, tais como o assoreamento de reservatório ou a deterioração de equipamentos. Ela também induz a negligência com a redução na capacidade de geração de energia das centrais hidrelétricas, decorrentes de mudanças no regime hidrológico e da ampliação do uso da água para atender outras necessidades da sociedade. Esses problemas são especialmente relevantes no suprimento energético da região Nordeste, onde a escassez de água é problema recorrente, de dimensões acentuadas.

A recuperação da confiabilidade no suprimento elétrico exige reconhecer que a sistemática de gestão dos reservatórios herdada do século passado é inadequada para o Brasil atual. O papel das centrais térmicas na confiabilidade do suprimento elétrico será crescente, tornando pouco significativos os ganhos econômicos de curto prazo com a redução no uso de combustíveis. Por outro lado, as perdas econômicas de longo prazo provocadas pelo risco de racionamento serão crescentes, com a redução progressiva do horizonte de esgotamento dos reservatórios hidrelétricos. A renovação das concessões oferece oportunidade única para o governo revisar a sistemática de gestão dos reservatórios, eliminado a garantia física para a comercialização de energia das centrais elétricas.

SALA AO LADO - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 21/03

A Prefeitura de SP reúne hoje representantes de cinco sindicatos ligados à educação para discutir o que considera um dos principais problemas da rede municipal: a falta de professores justificada por motivos de saúde. Foram 903 mil ausências no ano passado, numa média de 30 por professor.

SALA 2
O diagnóstico inicial da Secretaria de Educação, comandada por Cesar Callegari, é que os professores, dando aula em mais de uma escola, têm que percorrer distâncias muito grandes entre uma e outra, fazendo com que muitas vezes desistam no meio do caminho. Os sindicatos ficaram inquietos com a divulgação da notícia e querem discutir as alternativas para sanar o problema.

CONSENSO
E a prefeitura pretende adotar o kit anti-homofobia para a rede municipal. A ideia esteve no centro de uma polêmica na eleição do ano passado que envolveu o pastor Silas Malafaia e o então candidato José Serra (PSDB-SP). O tucano atacava o que chamava de "kit gay" em estudo no MEC na gestão de Fernando Haddad (PT-SP). Até que se descobriu que o governo de São Paulo distribuiu aos professores material semelhante quando Serra era governador.

SÍMBOLO
A Unesco convidou o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, para dar uma palestra no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. O evento ocorrerá em San José, na Costa Rica, entre 2 e 4 de maio.

SÍMBOLO 2
E também a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) convidou o ministro para ser um dos palestrantes do congresso internacional da entidade. Em pauta, as relações entre fontes e jornalistas no Judiciário. O encontro está marcado para outubro, no Rio.

MANIFESTO
Carta assinada por mais de 50 cineastas foi enviada ontem à ministra Marta Suplicy, da Cultura, pedindo a permanência de Manoel Rangel na presidência da Ancine. A recondução dele para um terceiro mandato enfrenta resistências. Fernando Meirelles, Hector Babenco, Walter Salles, Selton Mello, Luiz Carlos Barreto, Arnaldo Jabor e Andrucha Waddington endossam o manifesto.

AMIGO DO PEITO
O diretor de TV Nilton Travesso fechou parceria com a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente). Ele assumirá a direção artística do próximo Teleton e desenvolverá plataforma multimídia para a instituição.

DESABROCHANDO
Neta de Gilberto Gil, Flor Gil, 4, entrou para o elenco da Way Models. É a única criança representada pela agência, que cuida da carreira da angel Alessandra Ambrósio. Ela vai estrelar campanha da Versace Kids.

SÓ PRA RETORNAR
O primeiro show aberto ao público do Só Pra Contrariar com Alexandre Pires de volta aos vocais será em 9 de maio, no Jaguariúna Brahma Country Festival.

O grupo retorna com a formação original na turnê "SPC 25 Anos" e tocará na abertura do Campeonato Brasileiro de Montaria em Touros.

REDE À MESA
A chef Bel Coelho, que coleta assinaturas para ajudar na fundação da Rede, novo partido da ex-ministra Marina Silva, planeja fazer jantar no restaurante Dui, nos Jardins, em São Paulo.

A ideia é homenagear Marina e também difundir a campanha para a criação da legenda.

MUDANÇA PROVISÓRIA
Giancarlo Civita assumiu o comando interino do Grupo Abril. Substitui seu pai, Roberto Civita, que está internado no Sírio-Libanês, em São Paulo, recuperando-se de cirurgia abdominal.

ATÉ GERAR O SOM
O fim de semana em São Paulo contou com shows de Djavan, no Credicard Hall, e de Gilberto Gil, no Auditório Ibirapuera

CASAL 20
Fernanda Lima desfilou pela Forum no segundo dia da São Paulo Fashion Week, anteontem. O modelo Rodrigo Hilbert, marido da apresentadora, estava na primeira fila. Também no evento, o estilista Ronaldo Fraga apresentou sua nova coleção. A atriz Lucy Ramos e a produtora Julia Petit circularam pela Bienal.

SÓ NO CARÃO
A top americana Lindsey Wixson foi a homenageada da festa promovida pela grife Ellus, anteontem, no Cine Joia. A modelo Aline Weber circulou pelo clube da Liberdade. A hostess Maria Eugenia Suconic recebeu os convidados.

CURTO-CIRCUITO
O cartunista Angeli, da Folha, assistirá à estreia da peça "Parlapatões Revistam Angeli" no Festival de Teatro de Curitiba, no dia 27.

O Museu da Língua Portuguesa terá entrada gratuita às terças durante três meses, a partir do dia 2.

O Fórum de Cultura e Educação será instalado hoje durante seminário no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, às 9h30.

Carlos Jereissati Filho promove coquetel em homenagem a Oskar Metsavaht, hoje, no bar Número.

Os coniventes - LUIS FERNANDO VERISSIMO

O Estado de S.Paulo - 21/03

O ex-deputado estadual e ex-marido da Dilma, Carlos Araújo, não é um ex-ativista político, pois recentemente voltou à militância partidária no PDT, apesar de limitado pela saúde. Quando militava na resistência à ditadura foi preso, junto com a Dilma, e os dois foram torturados. Depondo diante da Comissão Nacional da Verdade, esta semana, sobre sua experiência, Araújo lembrou a participação de empresários na repressão, muitas vezes assistindo à ou incentivando a tortura. Que eu saiba, foi a primeira vez que um depoente tocou no assunto nebuloso da cumplicidade do empresariado, através da famigerada Operação Bandeirantes, em São Paulo, ou da iniciativa individual, no terrorismo de Estado.

O assunto é nebuloso porque desapareceu no mesmo silêncio conveniente que se seguiu à queda do Collor e a revelação do esquema montado pelo PC Farias para canalizar todos os negócios com o governo através da sua firma, à qual alguns dos maiores empresários do País recorreram sem fazer muitas perguntas. A analogia só é falha porque não há comparação entre o empresário que goza vendo tortura ou julga estar salvando a pátria com sua cumplicidade na repressão selvagem e o empresário que quer apenas fazer bons negócios e se submete ao esquema de corrupção vigente. Mas a impunidade é comparável: o Collor foi derrubado, o PC Farias foi assassinado, mas nunca se ficou sabendo o nome dos empresários que participaram do esquema. Nunca se fez a CPI não dos corruptos mas dos corruptores, como cansou, literalmente, de pedir o senador Pedro Simon. No caso da repressão, talvez se chegue à punição, ou no mínimo à identificação, de militares torturadores, mas o papel da Oban e da Fiesp e de outros civis coniventes permanecerá esquecido nas brumas do passado, a não ser que a tal Comissão da Verdade siga a sugestão do Araújo e jogue um pouco de luz nessa direção também.

A comparação nossa com a Argentina é quase uma fatalidade geográfica, somos os dois maiores países da América do Sul com pretensões e vaidades parecidas. Lá, o terrorismo de Estado foi mais terrível do que aqui e sua expiação - com a condenação dos generais da repressão - está sendo mais rápida. Mas a rede de cumplicidade com a ditadura foi maior, incluindo a da Igreja, e dificilmente será julgada. Olha aí, pelo menos nessa podemos ganhar deles.

Ueba! Suco de maçã Ardes! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 21/03

E ninguém colocou o hino do Corinthians? Não, corinthiano não sabe escrever! Nem o hino!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Festival de Piadas Prontas! Campo Grande News: "Cinema pornô fecha definitivamente e deixa clientes na mão". Vão pra internet! Rarará!

"Prédio do SPC no Rio deve R$ 300 mil e tem nome sujo na praça!" O SPC entrou pro SPC! Bem feito! E mais esta: "Ministério Público de Rondônia investiga empresas fantasmas no ramo funerário". E esta outra ainda: "Ministra Cármen Lúcia veta o veto do Congresso ao veto da Dilma". Veta o veto ao veto? Isso é um trava línguas!

E tem uma foto da Cristina Kirchner e a Dilma abraçadas. E um amigo colocou assim a legenda: "Ivete Sangalo e Claudia Leitte"! Rarará!

E as redações do Enem? Adorei! Um colocou receita de Miojo e outro escreveu o hino do Palmeiras. O que colocou a receita de miojo ganhou nota 560. E o que escreveu o hino do Palmeiras ganhou nota 500. Ou seja, como diz o tuiteiro Reinaldo Junior: "O Miojo deu uma goleada no Palmeiras". Até o Miojo ganha do Palmeiras. Rarará! Miojo 1 X Palmeiras 0!

E Enem quer dizer: Eu Não Estudo Mais! E MEC quer dizer: Melhor Estudar em Casa! E, se o cara tivesse escrito uma receita de Miojo INÉDITA, eu dava mil!

E ninguém colocou o hino do Corinthians? Não, corinthiano não sabe escrever! Nem o hino! Rarará!

E o site Sensacionalista: "Professor que corrigiu redação do Enem diz que tinha bebido Ades de maçã. E o professor que corrigiu a prova com receita de Miojo diz que não deu zero porque a receita era muito boa". Rarará!

E a Ades? Ops, Adeus! Ops, ARDES! A Ardes está lançando um novo suco: Soja Cáustica! Rarará! Vou tomar uma soja cáustica da Ardes! E corre na internet uma fotomontagem da Claudia Raia injetando suco de maçã Ades na seringa assassina! Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é duro, mas desce!

Os Predestinados! Mais dois para a minha série Os Predestinados! No meio dessa quebradeira toda, sabe como se chama o presidente do Banco Central de Chipre? PANICOS. Panicos Demetriades! E esta: "Itaú convida para palestra com a chef de culinária portuguesa Lola Vinagre". Culinária portuguesa não seria melhor Lola Azeite? Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Tiro no pé - EDUARDO HALPERN

O GLOBO - 21/03

Em diversas declarações à imprensa, autoridades brasileiras vêm reafirmando a sua disposição para coibir eventuais tentativas da rede hoteleira de aumentar abusivamente o preço das suas diárias durante a realização dos grandes eventos previstos para acontecer no Brasil até 2016. Durante a Rio+20, os hotéis já haviam sido pressionados a reduzir os preços cobrados para as delegações estrangeiras que viriam para o evento. Em ambos os casos, foi manifestada uma preocupação de não permitir que o Rio fosse considerado uma cidade cara.

A leitura de tais notícias reforça a impressão de que as empresas brasileiras pretenderiam, malandramente, tirar proveito para aumentar seus lucros de forma indevida. No entanto, basta uma rápida pesquisa para se constatar que tal prática está longe de ser uma invenção nacional ou carioca.

A BBC, por exemplo, constatou um aumento médio de 315% no preço das diárias da rede hoteleira durante as Olimpíadas de Londres. O "The Telegraph" mostrou que as diárias em Pequim chegaram a ser aumentadas em dez vezes durante os Jogos locais. Surpreendente? Mais surpreendente ainda é constatar a reação das autoridades locais diante de tais aumentos. O que elas fizeram? Nada! Aparentemente consideraram que a realização de eventos de grande porte representava uma oportunidade rara para que as empresas locais faturassem mais, pagassem mais impostos e contratassem mais. Foi isso que as fez batalhar tanto para atrair tais eventos! A constatação é importante quando se reconhece que empresas do setor de serviços costumam operar com pequena rentabilidade em períodos de baixa demanda, em função da sua maior capacidade ociosa. Assim, o aumento de preços em períodos de alta demanda é uma ação fundamental para garantir sua sustentabilidade econômica.

É importante que a posição das autoridades brasileiras em relação ao tema seja repensada, já que não teremos eventos de tal magnitude novamente em horizonte de tempo tão curto. Se nossas empresas e nossa sociedade não puderem se beneficiar economicamente das oportunidades proporcionadas pela aproximação da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, estaremos dando um tiro em nossos próprios pés! l 

Amnésia quase coletiva - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 21/03

A festejada proposta de acordo nos royalties, feita pelo governador Eduardo Campos (PE), não sensibilizou o governador Sérgio Cabral (RJ). O que se diz na sua equipe é que "não cola" esta prática de "um dia fazer uma coisa e no outro dizer outra coisa". No Palácio das Laranjeiras está bem vivo na memória que "Eduardinho" foi um dos maiores defensores da lei que prejudica os estados produtores.

Resistência e opinião pública
A cúpula da Câmara e a maioria dos deputados esperam que, nos próximos dias, o presidente da Comissão de Direitos Humanos, o polêmico Marco Feliciano (PSC-SP), renuncie. Mesmo perdendo o aval de sua bancada, Feliciano tem o apoio da direção de seu partido para resistir e defender suas posições religiosas, mesmo que elas desagradem a parcela da opinião pública. Por lá, avalia-se que existe uma opinião pública "cristã e evangélica" que aplaude suas posições. Um dirigente resumiu: "Quem tá chiando não vota no PSC". E previu: "ele vai arrebentar de votos" nas eleições do ano que vem. Estes dizem que Feliciano só sai "por vontade própria".

Arrumando a casa
O candidato do PSDB, Aécio Neves, definiu que Orjan Olsen (Instituto Brasil) cuidará da área de pesquisas. O marqueteiro Renato Pereira já está produzindo as inserções comerciais e o programa de TV dos tucanos que vão ao ar em maio.

Na corrida
O nome do presidente do PSDB mineiro, deputado Marcus Pestana, está sendo trabalhado para ser candidato à sucessão do governador Antonio Anastasia. Consta que tem a simpatia de Aécio Neves, mas não está só. O vice-governador Alberto Pinto Coelho (PP) está no páreo, caso seu partido não apoie a reeleição da presidente Dilma.

Ação e chuvas previsíveis
O ITV acusa, com razão, o governo federal de ter histórico ruim nessas calamidades. Petrópolis padeceu de estragos e mortes nos anos de 86, 87, 88, 94, 98, 99, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 e agora.

Serra não se considera fora do jogo
O ex-governador tucano José Serra (SP) mandou um recado ontem: não desistiu de concorrer ao Planalto. No Twitter, baseado em crítica distribuída, no dia anterior, pelo Instituto Teotônio Vilela, atacou o governo Dilma: "Cadê as 6 mil casas prometidas para Petrópolis em 2011? Apenas quatro obras de contenção foram entregues. Há recursos que ainda estão retidos".

É palmo a palmo
Atenta à possibilidade de o PTB deixar sua aliança eleitoral com o PSDB em direção ao governador Eduardo Campos (PSB), a presidente Dilma chamou seus líderes amanhã no Planalto, para tratar da participação do PTB no governo.

À procura de uma porta de saída
O prefeito Arthur Virgílio anunciou que deixará o PSDB se o partido votar a favor da unificação do ICMS. A lei prejudicaria a Zona Franca de Manaus. Ele já recebeu convite do governador Eduardo Campos para se transferir para o PSB.

OS PETISTAS não gostaram da pressão do presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), para que a CCJ vote a Lei do Orçamento impositivo.

Catraca livre - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 21/03

O governo fecha detalhes de um novo pacote de desonerações, desta vez na área de transporte público, para evitar alta de tarifas de ônibus e metrô que impactem a inflação. Depois de anunciar corte de impostos da cesta básica e redução na conta de luz, Dilma Rousseff pode lançar no Dia do Trabalho as novas medidas, que incluem corte de PIS/Cofins para óleo diesel, desoneração da folha de pagamento de empresas de ônibus e metrô e cortes de tributos de pneus e maquinário.

Mãozinha Um dos potenciais beneficiários da medida seria Fernando Haddad, que postergou para junho o impopular reajuste de ônibus que deveria fazer no início de seu mandato. A passagem está congelada há dois anos.

Pedal Criticado por dizer que as faixas exclusivas para bicicletas deveriam se restringir a vias secundárias, o prefeito paulistano aceitou receber até amanhã comissão de cicloativistas em seu gabinete. A negociação foi intermediada pelo filho de Haddad, Frederico, 20 anos.

Solidários... Petistas querem dividir a fatura eleitoral da seca em Pernambuco com Eduardo Campos. Entendem que aliados do governador tentam atribuir a responsabilidade exclusiva pelos problemas decorrentes da estiagem a Dilma Rousseff.

... na crise O deputado federal e ex-prefeito de Recife João Paulo (PT) afirma que a estiagem é um "fenômeno" que afeta os governos estadual e federal e que a pasta responsável pelo setor, a Integração Nacional, é dirigida por Fernando Bezerra (PSB).

Cofre aberto Atentos ao movimento, Campos e Bezerra anunciaram ajuda extra de R$ 228 milhões para as cidades atingidas. O dinheiro sairá do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Municipal.

Panela... O governador Eduardo Campos (PSB) estreia neste sábado no tradicional cozido que o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) promove em sua casa na praia do Janga para políticos pernambucanos.

... da paz O convite vai selar publicamente a reaproximação entre os dois, que foram adversários por 20 mais de 20 anos. A aliança com o peemedebista irrita o PT.

Liberdade Peemedebistas apostam que Natan Donadon (PMDB-RO) não será preso mesmo após publicação do acórdão de sua condenação pelo STF. A relatora do processo, Cármen Lúcia, não explicitou em sua decisão a perda de mandato, o que preservaria o foro privilegiado.

Em casa O caso deverá ser levado ao plenário da Câmara, que deliberará pela cassação ou não. O deputado foi condenado em 2010 por participação em esquema de desvio de R$ 8,4 milhões da Assembleia de Rondônia.

Oremos De um oposicionista, diante da presença de Aloizio Mercadante (Educação) na comitiva que foi a Roma em meio a mais um imbroglio com o Enem: "O ministro deve ter ido pedir ao papa Francisco perdão por tantas falhas no exame''.

Caminho suave Apesar da alegada tolerância com erros de grafia em redações do Enem de 2012, o Inep estabelecia como exigência para as provas "domínio da norma padrão da língua escrita".

Anistia A Embratur quer que o Itamaraty negocie com a Argentina a suspensão da nova taxa cobrada para viagens ao exterior ao menos durante a Jornada Mundial da Juventude, em julho.

Habite-se Movimentos de sem-teto planejam invadir hoje a Secretaria de Habitação de São Paulo. Querem protestar contra Antonio Amaral, indicado por Paulo Maluf para dirigir a CDHU.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio
"Ao se hospedar num hotel de luxo com toda a sua comitiva, dá para ver que Dilma não aprendeu nada com o papa franciscano."
DO LÍDER DO PPS NA CÂMARA, RUBENS BUENO (PR), sobre os gastos da comitiva da presidente em Roma para acompanhar a posse do papa Francisco.

contraponto


Quem ri por último


Assim que foi convidado para assumir a Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco marcou jantar com Michel Temer e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na sexta-feira passada. O líder peemedebista na Câmara brincou com o novo ministro no momento em que agendava o encontro:

-A noite será por sua conta!

Moreira Franco, contudo, chegou antes ao restaurante e combinou com o maître que a fatura caberia a Cunha.

No dia seguinte, durante a posse do correligionário no Planalto, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) relatou o episódio a Dilma Rousseff, que caiu na gargalhada.

O grande teste do PT - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 21/03

Nas fotos, Dilma Rousseff e Michel Temer nunca foram tão felizes. Mas se alguém for avaliar como vai o casamento de fato, verá um poço de problemas nos estados. Os exemplos são inúmeros. Recentemente, os jornais de Mato Grosso do Sul abriram a temporada de notícias sobre a sucessão do governador André Puccinelli com declarações do senador Delcídio Amaral, do PT, a respeito de palanque único para a presidente Dilma Rousseff em seu estado. Foi o suficiente para que desandassem os ensaios de reaproximação entre petistas e peemedebistas por ali.

O PMDB de Mato Grosso do Sul há duas eleições concorre como aliado dos tucanos. Apoiaram Geraldo Alckmin em 2006 e José Serra em 2010. Agora, entretanto, esse casamento parecia ter chegado aos estertores. Mas a nova aposta dos peemedebistas em direção à presidente Dilma e à campanha reeleitoral está a um passo de naufragar, porque o PT não abre mão da candidatura própria nem planeja ter dois palanques para Dilma.

Essa história serve apenas para ilustrar um cenário que promete se repetir por vários estados brasileiros, onde os petistas terão que escolher: ou fecham um palanque próprio e jogam a campanha presidencial para o “seja o que Deus quiser” ou então dividem os espaços ou cedem a candidatura ao principal aliado, de modo a deixar clara a prioridade de manter o governo federal.

Até o momento, apenas em Sergipe e no Distrito Federal a convivência entre PT e PMDB é considerada como da maior lealdade. Em São Paulo, as perspectivas de acordo são grandes, mas, nos outros estados, ou Lula entra para resolver ou o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ou mesmo o tucano Aécio Neves pescarão aliados, como já vêm fazendo entre os sul-matogrossenses.

A avaliação geral é a de que, dado o adiantado das conversas para 2014 na seara política, ou Lula e o vice-presidente Michel Temer entram logo em campo para acalmar os ânimos dos demais jogadores ou a confusão vai crescer a ponto de paralisar a partida ou tornar impossível a busca de acordos de cavalheiros.

Enquanto isso no Planalto...

Embora a pesquisa CNI/Ibope apontando a alta popularidade do governo tenha sido positiva para a presidente Dilma, há a certeza de que nem ela nem o PT estão hoje nadando de braçada em berço esplêndido, para dispensar aliados ou impor sua vontade em todos os estados. Afinal, ela concorrerá contra dois jeitosos, forjados na arte da política de agregar, Aécio e Eduardo. (Ok, há ainda Marina Silva na pista da pré-campanha presidencial, mas ela não conseguiu formalizar seu partido, portanto, não pode ser colocada no mesmo patamar).

Até o momento, Dilma tratou de ajeitar apenas a situação das cúpulas partidárias — faltam ainda o PR, a ser recebido hoje, e o PTB, partido que o PT adoraria fechar ao lado de Dilma para cortar os laços dos petebistas com Eduardo Campos e Aécio.

O PT, por enquanto, está mais dedicado à sua eleição interna do que aos palanques estaduais, deixando tudo correr meio frouxo. Inclusive Lula não entrou de vez porque acredita que Eduardo, por exemplo, desistirá em prol de um projeto futuro com o apoio dos petistas, o que, cá entre nós, leitor, é sonho de uma noite de verão.

No fundo, os petistas sabem que todos os partidos que se sentirem prejudicados poderão terminar jogando suas estruturas em favor de outros candidatos. Portanto, da mesma forma que começaram a dividir o governo com o PMDB, terão que cuidar dos palanques. E reza o ditado, é melhor prevenir do que remediar. A hora de agir é agora.

Nos balcões do governo - CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O GLOBO - 21/03

Só no ano passado, os brasileiros pagaram nada menos que R$ 61 bilhões na conta de telefone. Reparem: é só o imposto pago diretamente pelo consumidor. Ainda tem o das empresas


Para estimular o investimento privado nas redes de fibra ótica, o governo federal vai conceder isenção de impostos (IPI e PIS/Pasep e Cofins). Para isso, a empresa interessada só precisa cumprir algumas condições, como adquirir equipamentos e serviços de produção nacional, em percentuais que variam conforme o projeto.

Coisa simples, por exemplo: em projetos de telefonia 3G e 4G, as empresas terão de gastar 50% em equipamentos, sendo 70% deles fabricados de acordo com o PPB e 20% do total de gastos com tecnologia nacional.

Não sabe o que é o PPB? Trata-se do Processo Produtivo Básico, conjunto de normas de outros três ministérios, que definem as etapas da produção fabril. Ainda não entendeu? Bom, simplificando: se a empresa está no PPB, isso é um carimbo dizendo que ela fabrica coisas de verdade.

Assim, tendo um projeto que respeita todas as condições, a companhia pede ao Ministério das Comunicações sua qualificação para o Regime Especial de Tributação do Programa Nacional de Banda Larga — pode chamar de REPNBL.

Estando tudo OK, ainda não acabou. A empresa passa então ao balcão do Ministério da Fazenda, que concede (ou não, é claro) a habilitação final para o REPNBL.

Tudo dando certo, o governo acredita que as teles farão investimentos de uns R$ 16 a 18 bilhões, isso até 2016. Nesse mesmo prazo, o governo deixaria de arrecadar algo como R$ 6 bilhões.

É muito ou é pouco?

Façam as contas: só no ano passado, os brasileiros pagaram nada menos que R$ 61 bilhões na conta de telefone. Reparem: esse é só o imposto pago diretamente pelo consumidor. Além disso, as companhias recolhem outros impostos em suas atividades, como, por exemplo, na instalação de redes. É só aqui que as elas terão a isenção tributária parcial do REPNBL/PPB.

Não seria mais simples, e justo, reduzir a conta do consumidor? É verdade que, dos R$ 61 bilhões pagos pelo usuário, R$ 33 bilhões vão para os governos estaduais na forma de ICMS. O governo federal pode dizer que não tem nada com isso, mas não é assim. Se o programa é nacional, Brasília deveria liderá-lo. Além disso, tem muito imposto federal que permanece na conta.

Também não seria mais simples uma isenção horizontal para investimentos, sem toda aquela burocracia? Terá o Ministério das Comunicações estrutura para avaliar seriamente e a tempo todas aquelas condições? Não é muito balcão de passagem?

Mas o governo gosta de um bom pacote. Ainda na semana passada, lançou outro, o Inova Empresa, que vai financiar ou dar dinheiro para projetos de inovação. São R$ 32,9 bilhões, para dois anos. O pessoal do setor estranhou. Isso porque, em 2009, o governo federal havia lançado a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, para financiar investimentos de R$ 75 bilhões em quatro anos. Não se sabe bem quanto foi efetivamente aplicado, mas parece coisa requentada, não parece?

A novidade nesse programa foi a criação de mais uma estatal, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), para fazer o meio de campo entre instituições públicas de pesquisa e companhias privadas. Também vai centralizar as demandas e a distribuição dos recursos. Por isso, a nova estatal deverá ser enxuta e ágil. Ou seja, seu comitê gestor será formado por apenas quatro ministérios e uma secretaria.

Mais enxuto ao menos do que o conselho de seis ministros também criado recentemente para fazer uma lista de produtos de consumo essenciais.

O governo está atacando em outra frente nesse setor das telecomunicações. Nas licitações para a construção e operação ferrovias (10 mil km) e rodovias (7,5 mil), vai exigir que os concessionários construam redes de fibra ótica ao longo das vias, por dutos subterrâneos.

Essas redes serão obrigatoriamente entregues à Empresa de Planejamento e Logística (EPL), estatal que decidirá quem e como poderá utilizá-las. Outro balcão. Nada se disse se a estatal vai pagar por isso ou se vai tudo para o custo do construtor.

Essa EPL foi criada recentemente para cuidar do trem-bala, no que, aliás, terá outro balcão. A empresa estrangeira que trouxer a tecnologia terá que transferi-la integralmente para a EPL. Esta depois decidirá quais companhias brasileiras terão acesso.

Um balcão parecido aparece nas concessões de ferrovias. Outra estatal, a Valec, vai comprar toda a oferta de carga das novas vias e depois vender para as transportadoras. A mesma Valec que, no passado, andou comprando dormente a preço de trilho e que, recentemente, ficou sem trilho para suas obras.

Diz o governo que está ajudando as empresas a evitar o risco de mercado. Eles acham que os balcões do governo não têm risco.

Sucessão de encrencas - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 21/03

A questão dos royalties do petróleo já é uma encrenca enorme e pode se tornar maior ainda.

Convém, primeiro, resumir o que está em jogo. A Constituição Federal (art. 20, § 1.º) prevê o pagamento de uma "compensação financeira" a Estados e municípios produtores de recursos minerais, entre os quais estão petróleo e gás.

Essa compensação passou a ser conhecida pela expressão inglesa royalty, plural royalties. O governo Dilma entendeu que, no caso do pré-sal, esses royalties deveriam ser pagos não só aos Estados e municípios onde se localizam os poços produtores, mas que fossem estendidos a todos os Estados e municípios.

Sob o argumento de que as riquezas do subsolo são da União, e não dos Estados e municípios onde estão os poços produtores, o Congresso mudou o projeto de lei e foi ainda mais radical: reconheceu o direito de todos os Estados e municípios aos royalties provenientes não apenas das novas áreas do pré-sal, mas também de todas as áreas de exploração de petróleo e gás. Sob o argumento de que essa decisão do Congresso atropela um direito adquirido dos Estados e municípios produtores, a presidente Dilma vetou essa extensão. No entanto, há duas semanas, o Congresso derrubou o veto. Com isso, os royalties de toda a produção de petróleo e gás (e não só do pré-sal) teriam de ser distribuídos a todos os Estados e municípios.

Na segunda-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu liminar aos Estados do Rio, Espírito Santo e São Paulo, os principais produtores, que se sentiram lesados em seus direitos constitucionais, e suspendeu a redistribuição dos royalties até que o mérito da questão seja julgado.

Alguns deputados criticaram o Supremo por "judicializar a política" e atropelar decisão tomada pela maioria do Congresso. É grave equívoco. O que está sendo garantido pela liminar do STF são direitos constitucionais, que se sobrepõem a eventuais decisões dos políticos. O primeiro deles é o respeito ao que já estava contratado, consubstanciado em perdas de receitas por parte dos Estados e municípios produtores que, conforme algumas projeções, podem atingir até R$ 27 bilhões até 2020.

O Supremo pode entender que não basta respeitar os contratos já existentes. E que será preciso atender à Constituição quando define o caráter compensatório dos royalties devidos a Estados e municípios produtores de minerais, por perdas e transtornos causados pela exploração. Assim, toda a lei nova do rateio dos royalties ficaria prejudicada e que abriria espaço para a volta do regime antigo, de pagamento apenas aos Estados e municípios de onde são extraídos os minerais.

Esse ponto de vista já foi externado pela ministra do STF, Cármen Lúcia (foto), na sentença que concedeu a liminar. Foi o bastante para que alguns políticos sentissem ameaçada a sua galinha de ovos de ouro e já se dispõem a elaborar projeto de lei de emenda à Constituição que muda o conceito de royalty e lhe tira o tratamento de "como compensação".

É tamanha a fome por royalties que, aparentemente, uma emenda dessas poderia garantir enorme mobilização dos políticos e alcançar a maioria qualificada de dois terços para sua aprovação. Mas isso levaria tempo e poderia atrasar ainda mais as novas licitações de exploração de petróleo e gás. Não seria apenas uma encrenca; seria uma sucessão de encrencas.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 21/03

Volta de térmicas a carvão pode liberar R$ 6 bi em projetos
Cerca de R$ 6 bilhões em projetos poderão ser desengavetados se o governo federal permitir que usinas térmicas movidas a carvão participem do próximo leilão de energia, a ser realizado no segundo semestre deste ano.

Na terça, o ministro de Minas e Energias, Edison Lobão, sinalizou que a fonte deverá ser contemplada no próximo edital.

O último leilão que autorizou a participação das usinas a carvão foi realizado em 2008. Questões ambientais e de mercado (a energia de termelétricas é mais cara) foram responsáveis por excluí-las das disputas seguintes.

A volta do carvão ocorreria para garantir uma maior segurança energética e evitaria sustos em decorrência do nível dos reservatórios de água.

Hoje, a fonte gera 1,4% da matriz energética do país -a capacidade instalada é de 1.752 MW, segundo a Associação Brasileira do Carvão Mineral.

"Outros 2.452 MW, cujos projetos demandarão cerca de R$ 6 bilhões, estão aptos a participar de leilões, pois já têm licença ambiental prévia", diz o presidente da entidade, Luiz Fernando Zancan.

Um dos empreendimentos será o da Usitesc, das empresas Carboníferas Criciúma e Metropolitana, além do fundo de investimentos Energia PCH.

"Desde 2009 estamos aguardando. Chegamos a estar qualificados para o leilão de 2009, que foi cancelado", diz Kaioa Gomes, responsável pelo projeto de R$ 1,6 bilhão.

"Era inviável implantarmos a usina para operarmos no mercado livre, onde os preços são muito baixos."

A empresa MPX, de Eike Batista, também tem projetos já licenciados.

EM ALTA NA CRISE
O grupo paranaense Ouro Verde, especializado em locação e terceirização de carros e máquinas, investirá R$ 50 milhões para ampliar sua frota de veículos pesados.

Serão comprados cerca de mil equipamentos utilizados nos segmentos industrial e de mineração, como empilhadeiras e retroescavadeiras.

O setor da empresa que trabalha com essas máquinas registrou expansão de 97% no ano passado.

"No momento de dificuldade econômica, o empresário prefere alugar um equipamento do que investir na aquisição. Por isso, nos beneficiamos dessa incerteza de mercado e crescemos", afirma o presidente da empresa, Karlis Kruklis.

Para este ano, o executivo espera um aumento de cerca de 70% do segmento.

As máquinas industriais, ao lado de equipamentos para o setor sucroalcooleiro, como colheitadeiras e tratores, correspondem a dois terços do faturamento da companhia, que no ano passado foi de R$ 510 milhões.

A área agrícola, porém, não registrou crescimento em 2012. A previsão é que haja uma expansão de 20% neste ano.

A frota de veículos leves do grupo também será ampliada -receberá um aporte de aproximadamente R$ 200 milhões até dezembro.

R$ 510 MILHÕES
foi o faturamento em 2012

5.850
será o número de veículos pesados no final deste ano

20.000
será o total de veículos leves em dezembro

VIAGEM SEGURA
Parceria entre a operadora de turismo Agaxtur e a Interface Seguros (Ifaseg) possibilitará aos turistas a cobertura total do preço pago por pacotes.

Com o novo seguro, o cliente não precisará pagar multas de hotéis e voos e poderá cancelar a viagem dias antes, mesmo sem motivo grave.

O produto será lançado na próxima semana e vai valer para pacotes com destino a Bariloche na temporada de inverno 2013. O seguro sairá por R$ 59,90 (cobertura de R$ 2.000) com opções para atender valores maiores.

"Esperamos aumento de 30% na venda de pacotes, o seguro tira a insegurança do cliente", afirma Aldo Leone, dono da Agaxtur.

SUPERAVIT DE ESCRITÓRIOS
A oferta de escritórios e salas comerciais de alto padrão e alto luxo em Alphaville encerrou 2012 com uma taxa de disponibilidade de 43,5%, segundo um levantamento da Colliers International.

O volume locável no bairro aumentou aproximadamente 47% na comparação com 2011. Foram mais de 265 mil metros quadrados disponíveis em 2012 ante os 181 mil metros quadrados existentes em 2011.

"A tendência é que a absorção das unidades ocorra de forma lenta nos próximos anos", diz Sandra Ralston, vice-presidente da Colliers.

A escassez de mão de obra na região de Alphaville e os novos empreendimentos em São Paulo, como em Jurubatuba e Barra Funda, são alguns dos motivos da preferência de empresas pela capital, segundo Ralston.

PREÇO E ALGO MAIS
A maioria dos brasileiros leva em conta a confiabilidade das empresas e o preço dos produtos ao comprar on-line. Os resultados são de uma pesquisa da Rakuten, empresa que oferece serviços de internet, realizada em 12 países.

Pelo estudo, confiabilidade (59,50%) e preço baixo (56,10%) são as características mais importantes para o comprador virtual do Brasil.

"Ainda que o preço seja importante, os consumidores procuram mais. Querem marcas confiáveis que proporcionem boas experiências de compra", diz Alessandro Gil, da Rakuten Brasil.

E o varejo vai... Jean-Charles Naouri, CEO do Casino, controlador do Grupo Pão de Açúcar, foi eleito o melhor CEO no setor de varejo de alimentos na Europa, segundo o ranking da Institutional Investor de 2012.

...para os franceses Pela primeira vez, o grupo Casino entrou na lista das "mais respeitadas empresas europeias". Cerca de 3.000 gestores de fundos e analistas escolheram os melhores executivos em 36 setores.

Beleza A multinacional francesa L'Oréal irá expandir sua fábrica do Rio de Janeiro neste ano. A expectativa da empresa é dobrar sua capacidade de produção no local. O investimento será de aproximadamente R$ 14 milhões.