O governo Temer não empolga, nem tem rejeição extremada. Nessa estação do meio em que o país está, com uma administração interina, o resultado da pesquisa de popularidade reflete sentimentos mistos em relação ao governo. Uma parte da população prefere esperar para ver o que vai dar, com muita cautela. As expectativas, embora hesitantes, estão melhores.
Na economia o país também está nesse sentimento mediano. Alguns indicadores começam a melhorar. A produção industrial mostrou estabilidade, depois de dois meses de recuperação, produzindo o melhor trimestre desde 2012. O desemprego permanece alto, mas a última pesquisa do IBGE captou uma desaceleração das demissões. A confiança das empresas e consumidores tem tido discretas melhoras. Na economia o clima é, igualmente, de esperar para ver, com um certo pé atrás.
Na pesquisa CNI/Ibope, o grupo que aponta o governo como ótimo ou bom é mínimo, como era no governo Dilma. Ficou em 13%, quando o dela era 10%. Mas a rejeição é bem menor. Dos entrevistados, 69% definiram o governo Dilma como ruim e péssimo, um recorde de rejeição. A série estatística da pesquisa mostra que o ex-presidente José Sarney, no fim de governo e auge da hiperinflação, chegou a 60% de ruim e péssimo. Fernando Collor, no caminho do impeachment, estava com 59%. Os dois tiveram taxas de rejeição menores do que a presidente afastada. Temer com um mês e meio de governo está com 39%, bem menos. Ele não teve lua de mel. É natural, pois não saiu de uma eleição. Mas, para um pouco mais de um terço, 36%, está, ainda, em observação. Para eles, é um governo regular.
O país vive em sobressalto, temendo uma nova piora. Quando se pergunta sobre os fatos lembrados do governo Temer, aparece em destaque a demissão de três ministros. Para 40% dos entrevistados as notícias são desfavoráveis ao governo. Em março, o número era 76%. Quem deu algum crédito ao governo, desaprova vários dos seus atos. Na última semana mesmo, senadores governistas criticaram a aprovação dos aumentos salariais do Judiciário. A conclusão de muitos é que não era hora. Está se pedindo sacrifícios demais à população, onde há 11 milhões e 400 mil desempregados. O governo recebeu um enorme buraco fiscal, mas não pode continuar cavando.
Quem vive no Rio, passa por uma dose dupla de aflições. Na quinta-feira, último dia de junho, os salários do mês foram pagos ao Judiciário e Ministério Público, enquanto policiais, médicos, enfermeiros, e outras categorias do Executivo não tinham recebido a segunda parcela do salário de maio. O estado aguarda a chegada dos visitantes das Olimpíadas com uma parte do coração em alarme.
Não é tempo de comemoração, mas quando se compara com a terra arrasada em que se vivia nos dias terminais de Dilma Rousseff houve melhora em alguns indicadores e discreta subida da avaliação da ação do governo. Só 31% aprovam a maneira de Temer governar, mas eram apenas 14% em março, quando a presidente era Dilma. Só 27% confiam no presidente, mas antes eram 18%.
Se a política deixar, a economia pode começar a se recuperar no fim do ano, para crescer no ano que vem. A recuperação será magra, e vai repor apenas uma parte dos mais de sete pontos percentuais do PIB que o Brasil está perdendo entre 2015 e 2016.
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