FOLHA DE SP - 09/05
BRASÍLIA - Os governos, tanto o federal quanto os estaduais, tiveram um bom exemplo ontem do que pode ocorrer até a Copa --não necessariamente durante a própria Copa.
Os sem-teto pintaram, bordaram e acabaram recebidos por Dilma em São Paulo. Motoristas e cobradores em greve no Rio, com ataques a mais de 450 ônibus. Sem-terra e servidores municipais sacudiram Salvador. Uma manifestação por melhorias disso e daquilo parou parte de Belo Horizonte. Uma outra, por melhores moradias, tumultuou Curitiba.
Tudo isso num clima contaminado por atrasos nas obras em aeroportos e estádios e de mobilidade urbana. E com mais uma morte de operário, ontem, num acidente.
E ainda falta mais de um mês para o início da Copa do Mundo, quando milhares de turistas virão e milhões de telespectadores/ouvintes/leitores estarão atentos aos campos e ao que ocorrerá em torno deles.
Várias categorias já estão se organizando ou ameaçam se mobilizar para, digamos, dar um susto nos governantes. Já imaginaram os profissionais do setor elétrico parando durante a Copa? E os motoristas de ônibus e táxis? E aeronautas e aeroviários? E médicos e enfermeiros?
Sem falar que, assim como surpreenderam o país em junho de 2013, manifestantes de todas ou de nenhuma causa podem estar esquentando as chuteiras para gritar "fora Fifa" ou "abaixo a Copa", ou "cadê a saúde e a educação?", enquanto os craques estiverem suando nos gramados.
A presidente, porém, desfila em solenidades, jantares, reuniões e twitter com um ar confiante. Ou a disciplinada Dilma vestiu a fantasia alegre que Lula e os marqueteiros impuseram, ou ela tem informações seguras dos serviços de inteligência e de seus arapongas de que tudo não passa de ameaças. Ou ambos.
A turma estaria só usando a Copa para pedir aumentos e vantagens e, no fim, todo mundo vai curtir a festa, torcer pela seleção, ver os gols do Neymar e se orgulhar do Brasil. Será?
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