FOLHA DE SP - 14/03
Em mais um exemplo de uso ilegítimo de verbas públicas, recursos de propaganda institucional são destinados à promoção eleitoral disfarçada
Nada como um dia depois do outro, diz a sabedoria popular; em situações pré-eleitorais, o velho ditado recebe comprovação literal.
Abra-se, por exemplo, a edição da Folha de terça-feira. Nela, o pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, dava sinais de impor ritmo mais agressivo às suas declarações.
Estaria passando, conforme os analistas, a personalizar seus ataques contra a antiga aliada, Dilma Rousseff. "O país não aguenta mais quatro anos" sob a administração da petista, afirmou o governador de Pernambuco, que também foi ministro do governo Lula.
Campos mirou, ademais, a conhecida imagem de autossuficiência e de aspereza que cerca a presidente. "Quem acha que sabe de tudo não sabe é de nada."
De outra coisa ficou sabendo o leitor da Folha no dia seguinte. A par da nova agressividade do presidente do PSB, tomou conhecimento de fatos que deveriam colocar o governador de Pernambuco numa embaraçosa atitude defensiva.
Faltando menos de um mês para deixar seu posto, Eduardo Campos conclui licitação que aumentará as despesas com publicidade de seu governo em 42,9%.
Não é exclusividade sua usar o pretexto da "utilidade pública" ou da necessidade de "prestar contas" para veicular autoelogios. O governo federal sem dúvida age desse modo a cada inauguração.
A administração de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo, por sua vez, dobrou as verbas mensais de publicidade em 2014. Argumenta que, sendo vetado tal tipo de divulgação nos seis meses anteriores ao pleito, as cifras para esse fim se mantêm em igual patamar. Dá no mesmo, portanto --mas a frase admite mais de um sentido.
No fundo, o que se faz é tornar inócua a proibição de gastos, bombardeando o público com um esforço promocional às suas custas. Campanhas de real utilidade --como as que informam sobre mutirões de vacinação infantil ou a necessidade de economizar água - não se confundem com o habitual discorrer de feitos oficiais.
Pior ainda: o dinheiro do contribuinte não serve só para custear a promoção eleitoral sorrateira, mas também para beneficiar agências publicitárias que depois também farão o marketing dos candidatos.
É o caso da Link Bagg, encarregada da propaganda do governo pernambucano, que tem a sua frente o publicitário de Eduardo Campos, também coordenador da campanha eleitoral do prefeito do Recife, Geraldo Júlio, do mesmo PSB.
Para repetir a frase de Campos, pode bem ser que o eleitor não aguente mais quatro anos de Dilma na Presidência. Resta saber se aguenta o período, bem mais longo, em que convive com esse uso ilegítimo do dinheiro público.
Abra-se, por exemplo, a edição da Folha de terça-feira. Nela, o pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, dava sinais de impor ritmo mais agressivo às suas declarações.
Estaria passando, conforme os analistas, a personalizar seus ataques contra a antiga aliada, Dilma Rousseff. "O país não aguenta mais quatro anos" sob a administração da petista, afirmou o governador de Pernambuco, que também foi ministro do governo Lula.
Campos mirou, ademais, a conhecida imagem de autossuficiência e de aspereza que cerca a presidente. "Quem acha que sabe de tudo não sabe é de nada."
De outra coisa ficou sabendo o leitor da Folha no dia seguinte. A par da nova agressividade do presidente do PSB, tomou conhecimento de fatos que deveriam colocar o governador de Pernambuco numa embaraçosa atitude defensiva.
Faltando menos de um mês para deixar seu posto, Eduardo Campos conclui licitação que aumentará as despesas com publicidade de seu governo em 42,9%.
Não é exclusividade sua usar o pretexto da "utilidade pública" ou da necessidade de "prestar contas" para veicular autoelogios. O governo federal sem dúvida age desse modo a cada inauguração.
A administração de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo, por sua vez, dobrou as verbas mensais de publicidade em 2014. Argumenta que, sendo vetado tal tipo de divulgação nos seis meses anteriores ao pleito, as cifras para esse fim se mantêm em igual patamar. Dá no mesmo, portanto --mas a frase admite mais de um sentido.
No fundo, o que se faz é tornar inócua a proibição de gastos, bombardeando o público com um esforço promocional às suas custas. Campanhas de real utilidade --como as que informam sobre mutirões de vacinação infantil ou a necessidade de economizar água - não se confundem com o habitual discorrer de feitos oficiais.
Pior ainda: o dinheiro do contribuinte não serve só para custear a promoção eleitoral sorrateira, mas também para beneficiar agências publicitárias que depois também farão o marketing dos candidatos.
É o caso da Link Bagg, encarregada da propaganda do governo pernambucano, que tem a sua frente o publicitário de Eduardo Campos, também coordenador da campanha eleitoral do prefeito do Recife, Geraldo Júlio, do mesmo PSB.
Para repetir a frase de Campos, pode bem ser que o eleitor não aguente mais quatro anos de Dilma na Presidência. Resta saber se aguenta o período, bem mais longo, em que convive com esse uso ilegítimo do dinheiro público.
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