O GLOBO - 01/03
O PIB de 2013 surpreendeu positivamente no último trimestre, mas investimentos perderam força e mesmo desempenho poderá não se repetir em 2014
O desempenho da economia brasileira no último trimestre de 2013 acabou surpreendendo positivamente, pois o IBGE registrou um crescimento de 0,7%, enquanto muitas estimativas apontavam até mesmo para um recuo, o que poderia caracterizar recessão (retração da produção por dois trimestres consecutivos). O desempenho do último trimestre fez com que o Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado se expandisse em 2,3%, segundo este levantamento preliminar. Os destaques foram a agropecuário e os serviços, pois a indústria evoluiu apenas 1,3% no ano.
O IBGE assinalou que essa expansão do PIB foi o terceiro maior crescimento entre as principais economias do mundo (atrás de China e Coreia do Sul), fazendo com que o PIB do Brasil se mantivesse na sétima colocação, superado por cinco países desenvolvidos (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França e Reino Unido) e pela emergente China, hoje a número dois do planeta.
Diante do ambiente pessimista que se formou em torno da conjuntura econômica brasileira, o PIB de 2013 de fato trouxe uma sensação de alívio, pois o país deu mostras que, apesar dos problemas, tem algum fôlego para crescer. Entretanto, os números do PIB não removeram os sinais de alerta que tanto preocupam os que acompanham mais de perto a trajetória da economia brasileira. Os investimentos reagiram em 2013, mas não sustentaram o mesmo ritmo no último trimestre. Além disso, a recuperação foi pontual, pelo incremento na produção de caminhões com motores mais modernos, adaptados ao consumo de óleo diesel menos poluente, e também na de tratores e implementos agrícolas. Ambos os casos impulsionados por uma safra recorde. Não foram máquinas para fábricas que puxaram a expansão.
Embora esteja prevista mais uma boa safra, talvez esse desempenho não se repita em 2014. É possível também que os investimentos atrelados aos novos contratos de concessão nas áreas de transporte e petróleo somente se reflitam mais para o fim do ano. Como o consumo das famílias está desacelerando, em parte por efeito da elevação das taxas básicas de juros, a economia praticamente só contaria com a alavanca das exportações, cujo desempenho no início de 2014 não foi dos melhores.
Desse modo, a sensação de alívio trazida pelos resultados do PIB em 2013 não permite que o governo afrouxe as rédeas. O Brasil continua dependendo de uma melhora nos fundamentos macroeconômicos, decorrentes de uma política fiscal mais responsável, que contribua para queda da inflação e da necessidade de financiamentos externos.
2014 será o ano que o Brasil precisará provar que não merece ser considerado um dos “frágeis” no mundo. O PIB de 2013 ajudará a mudar a sensação de que o país está condenado ao baixo crescimento. Mas isso só não basta para que se chegue a um bom resultado este ano.
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