FOLHA DE SP - 26/01
O PT prepara uma extensa programação para lembrar os 50 anos do golpe de 1964. O roteiro inclui um grande ato político em Brasília, para o qual serão convidados o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff. A data escolhida pelos petistas foi 1º de abril, Dia da Mentira. Os militares detestam a coincidência e situam a efeméride em 31 de março, dia em que o Exército começou a se rebelar contra o governo Jango. O ato ocorrerá a seis meses do primeiro turno da eleição.
Os arquivos Pesquisadores da Fundação Perseu Abramo têm se debruçado sobre documentos secretos que mostram como a ditadura vigiava os passos de líderes do PT. Os primeiros informes são de 1977, três anos antes de o partido ser registrado.
Os infiltrados Os papéis revelam que o Dops infiltrava agentes em reuniões com a participação do então líder sindical Luiz Inácio da Silva. Ele era seguido, fotografado e tinha as falas gravadas em todo o Estado de São Paulo.
O moderado Em 15 de março de 1981, a polícia monitorou visita de Lula a uma fábrica e um centro comunitário em Franca. O relatório atesta, com certa decepção, que seu discurso foi "comedido e sem ataques pessoais às autoridades constituídas".
Os suspeitos A ficha registra detalhes como as placas dos carros dos petistas. Lula viajou de Opala. Atrás, num Fusca amarelo, vinham "três desconhecidos com características de hippies". "Estes elementos foram fotografados", escreveram os tiras.
Antídoto Mais novos que Dilma, os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) não combateram o regime. Mas vão explorar na campanha a imagem de seus avôs, Tancredo Neves e Miguel Arraes, que foram adversários dos militares.
Pátria de fraldas Campos batizará o quinto filho com o nome do avô. Após anunciar a gravidez da mulher, Aécio ligou para ele e avisou: "Miguel que se prepare, porque Tancredo vem aí!".
Nem pensar Ao ouvir a conversa do marido, a modelo Leticia Weber foi rápida: "Tancredo? Tancredo, não!". O tucano já é pai de Gabriela, fruto do primeiro casamento.
Nos outros... A PM de São Paulo reforçou o estoque de spray de pimenta. Pregão realizado em dezembro comprou 85 mil frascos por R$ 5,87 milhões. Um lote de 5.000 é de "sprays coletivos", com carga sete vezes maior.
... é refresco A prefeitura de Fernando Haddad (PT) comprou "50 granadas explosivas de pimenta" para a Guarda Civil. Cada uma saiu, em novembro, por R$ 246,95. Sem licitação.
Até no trem A CPTM, empresa estadual que administra os trens paulistas, também se preparou para possíveis manifestações no ano da Copa. Comprou 206 sprays de pimenta por R$ 44,7 mil. Cada um pode disparar 35 jatos.
Eu ajudeiO governo Geraldo Alckmin (PSDB) começa hoje uma nova campanha em rádio e TV. O objetivo é divulgar o repasse de R$ 536 milhões dos cofres de São Paulo para as Santas Casas.
Eu também O tucano tem criticado o governo federal por deixar as entidades à míngua. Não por acaso, o ministro Alexandre Padilha (Saúde), pré-candidato do PT a governador, anunciou no mês passado mais de R$ 100 milhões para filantrópicas.
Rali Aposta do PSDB, o técnico Bernardinho pode disputar o eleitorado do Rio com outra figurinha carimbada do vôlei. Radamés Lattari, que também comandou a seleção masculina, filiou-se ao PSB em outubro.
TIROTEIO
"Haddad quer a recuperação dos viciados, mas critica a polícia quando ela tenta tirar a droga das ruas. É a lógica eleitoral do PT."
DO DEPUTADO ESTADUAL CAUÊ MACRIS (PSDB-SP), sobre a crítica do prefeito da capital paulista à ação da Polícia Civil na cracolândia, na quinta-feira.
CONTRAPONTO
O candidato que autografava dinheiro
No início da campanha presidencial de 1994, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi pedir votos em Santa Maria da Vitória, cidade pobre do interior da Bahia. Ao sair do carro, viu-se cercado pela multidão, que agitava notas recém-lançadas de um real. Um homem desdentado se aproximou com uma cédula e pediu um autógrafo.
Acho que pode ser ilegal... --advertiu um assessor.
Não, não... Não é ilegal, porque a minha assinatura já está nelas! --devolveu o então ministro da Fazenda.
Empolgado, FHC assinou a nota. A euforia do real, que "valia mais que o dólar", o ajudaria a vencer a eleição.
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