O ESTADO DE S. PAULO - 21/12
A economia americana está em recuperação, ganhará impulso nos próximos dois anos, o desemprego continuará em queda e os estímulos monetários serão retirados gradualmente a partir de janeiro, segundo o informe distribuído na quarta-feira pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). A decisão, sensata e cautelosa, valeu como um presente de Natal aos condutores de política econômica da maior parte dos países. O cenário de 2014 ficou um pouco mais claro e menos ameaçador. Ministros de Finanças e autoridades monetárias poderão planejar seus roteiros e trabalhar com j mais segurança, porque agora dispõem de novos marcos para balizar suas decisões. No Brasil, dirigentes do Banco Central (BC) aproveitaram o momento e anunciaram sua política de câmbio para os próximos seis meses, contribuindo para aliviar, pelo menos por um lado, as tensões no mercado financeiro.
Houve ansiedade em todo o mundo - e muita especulação nos mercados - a partir de maio, quando os dirigentes do Fed anunciaram a intenção de iniciar, dentro de alguns meses, a retirada dos estímulos à recuperação econômica. O banco central americano vinha injetando US$ 85 bilhões nos mercados, mensalmente, por meio da compra de títulos do Tesouro e de papéis lastreados em hipotecas. A primeira resposta a esse anúncio foi uma corrida ao dólar e a denominados em moeda americana. Isso afetou o câmbio em todo o mundo e desvalorizou o real, intensificando as pressões inflacionárias.
Novas ondas de agitação surgiram nos meses seguintes, enquanto os operadores do mercado tentavam adivinhar quando começaria a mudar a política do Fed. Para atenuar a instabilidade no câmbio, o BC passou a intervir regularmente no mercado, oferecendo volumes previamente definidos de dólares. As oscilações foram limitadas e foi possível evitar uma sangria de reservas. As intervenções continuarão nos próximos seis meses e envolverão valores menores, se a distensão nos mercados se confirmar.
Mas os motivos de preocupação permaneceram. Ninguém podia dizer com segurança como ficariam os mercados, quando o Fed começasse a reduzir os estímulos. Como era previsível, o sistema financeiro se antecipou à mudança e o crédito se tornou, em pouco tempo, menos acessível e mais caro.
Dirigentes e economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendaram com insistência, nos últimos meses, muita cautela na execução das mudanças. A recomendação era dirigida, em princípio, também ao Banco Central Europeu e ao da Inglaterra, igualmente empenhados em políticas de estímulos monetários. Mas o grande fator de preocupação era mesmo a expectativa de uma política menos frouxa nos Estados Unidos. Os sinais vitais da economia americana vinham melhorando muito mais velozmente que os indicadores dos demais países desenvolvidos. Logo, caberia ao Fed tomar a dianteira na adoção de uma política menos expansionista.
A mudança anunciada pelo BC americano atende amplamente a necessidades de gradualismo e moderação. A injeção de recursos no mercado passará de US$ 85 bilhões para US$ 75 bilhões a partir de janeiro. Não há motivo para se esperar grande impacto. Novos cortes poderão ocorrer em cada uma das reuniões do Fed previstas para 2014. Nesse caso, os estímulos serão extintos até o fim do ano. Mas isso dependerá dos indicadores de crescimento econômico e de emprego, como deixou claro o presidente do Fed, Ben Bernanke. No fim de janeiro ele deverá ser substituído no posto por Janet Yellen, também diretora do Fed e conhecida por sua moderação.
Se os dirigentes do Fed indicassem a disposição de mudar a política de forma abrupta, os brasileiros teriam motivos especiais para se preocupar. Com as contas públicas frágeis, a inflação elevada e o balanço de pagamentos esburacado, a economia brasileira é mais vulnerável que a maior parte das emergentes a turbulências internacionais. O governo deveria deixar de bravatas e tomar o rumo da seriedade. A decisão do Fed elimina só um fator de tensão. Os fatores internos permanecem.
Houve ansiedade em todo o mundo - e muita especulação nos mercados - a partir de maio, quando os dirigentes do Fed anunciaram a intenção de iniciar, dentro de alguns meses, a retirada dos estímulos à recuperação econômica. O banco central americano vinha injetando US$ 85 bilhões nos mercados, mensalmente, por meio da compra de títulos do Tesouro e de papéis lastreados em hipotecas. A primeira resposta a esse anúncio foi uma corrida ao dólar e a denominados em moeda americana. Isso afetou o câmbio em todo o mundo e desvalorizou o real, intensificando as pressões inflacionárias.
Novas ondas de agitação surgiram nos meses seguintes, enquanto os operadores do mercado tentavam adivinhar quando começaria a mudar a política do Fed. Para atenuar a instabilidade no câmbio, o BC passou a intervir regularmente no mercado, oferecendo volumes previamente definidos de dólares. As oscilações foram limitadas e foi possível evitar uma sangria de reservas. As intervenções continuarão nos próximos seis meses e envolverão valores menores, se a distensão nos mercados se confirmar.
Mas os motivos de preocupação permaneceram. Ninguém podia dizer com segurança como ficariam os mercados, quando o Fed começasse a reduzir os estímulos. Como era previsível, o sistema financeiro se antecipou à mudança e o crédito se tornou, em pouco tempo, menos acessível e mais caro.
Dirigentes e economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendaram com insistência, nos últimos meses, muita cautela na execução das mudanças. A recomendação era dirigida, em princípio, também ao Banco Central Europeu e ao da Inglaterra, igualmente empenhados em políticas de estímulos monetários. Mas o grande fator de preocupação era mesmo a expectativa de uma política menos frouxa nos Estados Unidos. Os sinais vitais da economia americana vinham melhorando muito mais velozmente que os indicadores dos demais países desenvolvidos. Logo, caberia ao Fed tomar a dianteira na adoção de uma política menos expansionista.
A mudança anunciada pelo BC americano atende amplamente a necessidades de gradualismo e moderação. A injeção de recursos no mercado passará de US$ 85 bilhões para US$ 75 bilhões a partir de janeiro. Não há motivo para se esperar grande impacto. Novos cortes poderão ocorrer em cada uma das reuniões do Fed previstas para 2014. Nesse caso, os estímulos serão extintos até o fim do ano. Mas isso dependerá dos indicadores de crescimento econômico e de emprego, como deixou claro o presidente do Fed, Ben Bernanke. No fim de janeiro ele deverá ser substituído no posto por Janet Yellen, também diretora do Fed e conhecida por sua moderação.
Se os dirigentes do Fed indicassem a disposição de mudar a política de forma abrupta, os brasileiros teriam motivos especiais para se preocupar. Com as contas públicas frágeis, a inflação elevada e o balanço de pagamentos esburacado, a economia brasileira é mais vulnerável que a maior parte das emergentes a turbulências internacionais. O governo deveria deixar de bravatas e tomar o rumo da seriedade. A decisão do Fed elimina só um fator de tensão. Os fatores internos permanecem.
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