FOLHA DE SP - 24/12
BRASÍLIA - Em comum, Dilma Rousseff e Fernando Haddad gostam de exibir cifras grandiloquentes, na casa das dezenas de bilhões, forjadas à base de somas heterodoxas e previsões generosas.
Talvez por isso tenham caído nas graças de Lula, outro amante dos números bombásticos, que escolheu uma e outro para improváveis candidatos vitoriosos do partido, respectivamente, ao Palácio do Planalto e ao comando da maior cidade brasileira.
Entre as diferenças, Dilma colecionou recordes de popularidade e, mesmo após algumas avarias, ainda ostenta 41% de aprovação, segundo o Datafolha --enquanto Haddad encerra seu primeiro ano de mandato considerado bom ou ótimo por apenas 18% dos paulistanos.
Ainda que as pretensões de opulência econômica tenham escorrido entre seus dedos, a presidente dispõe de um legado a preservar, cultivado nos tempos das vacas gordas. Anos de fartura de dólares em exportações e de reais em impostos permitiram tornar o país mais resistente às intempéries internacionais, menos pobre e menos desigual.
O prefeito precisa formar seu capital político a partir do zero, em tempos de dinheiro escasso. Com o ruidoso fracasso de seu aumento do IPTU, resta contar com os cofres aliados do governo federal --aposta arriscada, uma vez que Dilma mal tem dado conta de suas próprias obras.
Já o terceiro poste de Lula, Alexandre Padilha, disputará o governo paulista contra um legado de duas décadas. Graças ao providencial socorro financeiro do governo FHC nos anos 90, os tucanos equacionaram as contas do Estado e puderam vender a imagem de gestores responsáveis. Sem ser associado a feitos emocionantes, Geraldo Alckmin tem hoje a mesma aprovação de Dilma.
Não por acaso, prepara-se uma renegociação da impagável dívida da prefeitura paulistana com a União. Haddad, contudo, prometeu gastos bilionários, não austeridade.
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