O GLOBO - 21/09
Nas preliminares do julgamento de Collor, coube ao então ministro Paulo Brossard desempatar os votos do STF numa determinada questão fundamental, mantendo expectativa semelhante à de agora, de Celso de Mello, no mensalão.
Ciente do bom relacionamento meu com essa figura respeitada e admirada da República, o jornal me escalou para obter antecipadamente o voto de Brossard. Marquei, para a casa do próprio, um lauto café da manhã, tipo colonial, desses servidos em Gramado — a amizade permitia tal exigência.
Açodado, mal sentara na cadeira, perguntei de chofre como ele votaria.
— Ponha-se daqui para fora, seu insolente!
Tentei argumentar, mas ele:
— Ponha-se daqui para fora, antes que eu lhe dê voz de prisão, por desacato! Juiz só fala pelos autos!
O Têmpora! O Mores!
Graças a Deus, juiz hoje fala em todas as mídias. Só não vai ao Faustão porque o grande comunicador sabe que isso não dá ibope.
Show
Contei a história ao lado por causa da retórica de Celso de Mello de que o STF deve ficar imune às pressões das ruas e ater-se apenas à tecnicidade das leis.
Ora, juiz que, às vésperas j do voto, se expõe em declarações dúbias sobre decisão da, hoje, mais respeitada casa política do país; que legisla sobre matérias omissas do Legislativo; briga com o Executivo; e tem como presidente um popstar, que desfila, nos seus merecidos descansos, pelos calçadões de Ipanema, aplaudido por onde passa, não pode afirmar que ignora a opinião pública.
Pergunte a qualquer estudante se ele conhece Mercadante, e a resposta será "não" E não é só porque Mercadante não dá expediente no ministério.
Agora, Lewandowski, a garotada, ao contrário de mim, até o nome escreve, sem consultar ninguém.
Perfil
Já que falei em Brossard, no seu livro de memória, há uma pérola que poucos ou quase nenhum dos 11 ministros da Suprema Corte pode se vangloriar. Trata-se de um conselho, em forma de carta, ao então presidente Itamar:
"Ninguém, por mais eminente que seja, tem direito de postular o cargo, que não se pleiteia, e aquele que o fizer, a ele se descredencia; seu provimento é entregue à integridade, descortino e senso de responsabilidade do presidente da República, sujeito apenas ao praz-me do Senado Federal"
Comovido, Itamar, também em carta, disse que faria do conselho de Brossard uma regra de governo.
E o fez. Às avessas! Nomeou, para a vaga do próprio Brossard, seu amigo de farra, samba e carnaval Maurício Correia.
"Didi Mocó"
Registro para a História: coube única e exclusivamente ao ministro Mercadante o desembarque : antecipado de Eduardo Campos do governo.
Honra
A modéstia me impede de dizer que fui convidado para abrir o Fórum Internacional sobre os 25 anos da Constituição Brasileira.
(Se eu disser que vai ser em Cuiabá, e que seu organizador é o meu ex-assessor Gilmar Mendes, as más-línguas vão dizer que é festa de comadres.
Mas não. Eu vou falar a juristas do mundo todo sobre o papel de Ulysses Guimarães no reordenamento jurídico institucional do país.
Consideração
Antes de devolver os cargos ao governo, Eduardo Campos avisou Jarbas Vasconcelos.
Fisioiogismo
Crise institucional: os presidentes do Senado e da Câmara quase foram aos tapas na disputa do ministério que era de Eduardo Campos.
Sem máscaras
Dilma deve estar dando gargalhadas por conta da nota acima.
Esses dois arautos defendem a redução do número de ministérios.
Espionagem
Recebi e-mail da Casa Branca contendo arquivos de fotos da Mariana Ximenes aos abraços com Zuenir Ventura em NY.
Obama, La Ximenes não é Dilma, não!
Ela pode apelar para a Lei Carolina Dieckmann, que garante a privacidade na internet. E ao Marco Regulatório do Molon.
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