O GLOBO - 21/09
A decisão das grandes empresas de petróleo dos Estados Unidos e da Inglaterra de não participar da licitação do Campo de Libra, a primeira do pré-sal no novo marco regulatório de partilha, em vez de concessão, reflete um receio de como funcionarão as novas regras, com a atuação da estatal PPSA com poder de veto nas decisões de produção.
Há várias dúvidas: sobre como atuará a nova estatal, que não tem nem mesmo a direção nomeada; como a indústria brasileira vai responder à demanda de material local; e até mesmo quanto à capacitação da mão de obra. Esse receio, no entanto, é menosprezado pelas empresas que entraram na licitação, como a espanhola Repsol, cujo representante me disse considerar "uma burrice" não entrar agora.
Em consórcio com a chinesa Sinopec, com quem já atua em conjunto no Brasil, a Repsol pretende até mesmo enfrentar com criatividade a exigência de conteúdo nacional. Como estão encontrando dificuldades para essa produção no Brasil, querem que empresas brasileiras possam comprar estaleiros na Europa que estão sem serviço para suprir a demanda brasileira.
A impressão é que as grandes empresas ficaram de fora para acompanhar como as coisas andarão, e, se tudo caminhar bem, provavelmente estarão no próximo leilão, que deve se realizar somente em 2015, pois no próximo ano, eleitoral, não haverá licitação. Certamente essas empresas estão também aguardando o resultado da eleição para saber com quem terão que negociar.
Nestes cinco anos em que não houve licitação no Brasil, o país que tirou mais proveito foi a Colômbia, atraindo capitais para investimento. A indústria do petróleo é muito globalizada e padronizada, não há margem para muita invenção. A empresa vai para onde há mais garantias e potencial. O potencial do pré-sal do Brasil é gigantesco, mas o governo tem de dar condições para se desenvolver a produção, alegam : executivos da área.
O petróleo é uma commoditie que tem uma demanda crescente, a economia dos Estados Unidos está se recuperando e há indicação de que haverá nos próximos 30 anos uma demanda sustentável no mundo, e as companhias terão de trabalhar muito para oferecer o petróleo de que o mundo precisará.
A Agência Internacional de Energia diz que o consumo atual de 85 milhões de barris/dia chegará a mais de 100 milhões e demandará para tanto a aplicação de cerca de US$ 25 trilhões nesse período.
A área a ser licitada tem cercá de 1,5 mil quilômetros quadrados. A Petrobras descobriu, além de Libra, outros campos, como o de Franco. A indicação com o poço que foi feito é maravilhosa, qualquer petroleiro fica extasiado com o resultado. Mas daí a afirmar que toda a área de Libra vai ter o mesmo resultado é de difícil comprovação, existe um risco. Quando a ANP diz que o volume de petróleo recuperável do Campo de Libra deverá oscilar entre oito bilhões e 12 bilhões de barris, está jogando com 50% de margem.
A exploração exige muito dinheiro. O Ministério de Minas e Energia estima entre 15 e 18 módulos de produção. Cada um deles tem um grande navio produtor que se conecta com os poços, e todo esse conjunto de exploração está estimado em US$ 6 bilhões cada. Só de investimento, fica em torno de US$ 100 bilhões. Mais os R$ 15 bilhões para o bid dos 70% do campo (a Petrobras tem 30% no mínimo), e há o custo operacional.
É um projeto que pode chegar até a US$ 200 bilhões, com recuperação a longo prazo. Há todo o período de estudos geológicos até a perfuração dos poços. Só depois de ter certeza da capacidade do campo, é que o projeto de concepção pode ser efetivamente detalhado. Tudo isso pode levar de sete a nove anos, e por volta de 2020-2022 começa a render frutos, a partir do quê, as empresas terão cerca de 20 anos para recuperar o investimento.
A PPSA provoca insegurança nas companhias operadoras. Há certos custos que podem ter caráter subjetivo e ficarão sujeitos ao crivo dessa estatal. Em todo o mundo existe um documento chamado JOA (Joint Operating Agreement), que é quase padrão. Ali estão definidas as regras, e as empresas sabem como se decidem brigas, conflitos, qual é o papel de cada um, o que faz o operador, o que fazem os sócios, tudo já está definido há 50 anos.
Quando em lugar do JOA se põe uma empresa estatal que não investe um centavo, mas tem poder de muda totalmente a conversa. Na Noruega, há uma empresa do governo que participa, mas até agora não criou problemas para ninguém. As companhias querem saber como se comportará a nossa estatal do pré-sal.
Há várias dúvidas: sobre como atuará a nova estatal, que não tem nem mesmo a direção nomeada; como a indústria brasileira vai responder à demanda de material local; e até mesmo quanto à capacitação da mão de obra. Esse receio, no entanto, é menosprezado pelas empresas que entraram na licitação, como a espanhola Repsol, cujo representante me disse considerar "uma burrice" não entrar agora.
Em consórcio com a chinesa Sinopec, com quem já atua em conjunto no Brasil, a Repsol pretende até mesmo enfrentar com criatividade a exigência de conteúdo nacional. Como estão encontrando dificuldades para essa produção no Brasil, querem que empresas brasileiras possam comprar estaleiros na Europa que estão sem serviço para suprir a demanda brasileira.
A impressão é que as grandes empresas ficaram de fora para acompanhar como as coisas andarão, e, se tudo caminhar bem, provavelmente estarão no próximo leilão, que deve se realizar somente em 2015, pois no próximo ano, eleitoral, não haverá licitação. Certamente essas empresas estão também aguardando o resultado da eleição para saber com quem terão que negociar.
Nestes cinco anos em que não houve licitação no Brasil, o país que tirou mais proveito foi a Colômbia, atraindo capitais para investimento. A indústria do petróleo é muito globalizada e padronizada, não há margem para muita invenção. A empresa vai para onde há mais garantias e potencial. O potencial do pré-sal do Brasil é gigantesco, mas o governo tem de dar condições para se desenvolver a produção, alegam : executivos da área.
O petróleo é uma commoditie que tem uma demanda crescente, a economia dos Estados Unidos está se recuperando e há indicação de que haverá nos próximos 30 anos uma demanda sustentável no mundo, e as companhias terão de trabalhar muito para oferecer o petróleo de que o mundo precisará.
A Agência Internacional de Energia diz que o consumo atual de 85 milhões de barris/dia chegará a mais de 100 milhões e demandará para tanto a aplicação de cerca de US$ 25 trilhões nesse período.
A área a ser licitada tem cercá de 1,5 mil quilômetros quadrados. A Petrobras descobriu, além de Libra, outros campos, como o de Franco. A indicação com o poço que foi feito é maravilhosa, qualquer petroleiro fica extasiado com o resultado. Mas daí a afirmar que toda a área de Libra vai ter o mesmo resultado é de difícil comprovação, existe um risco. Quando a ANP diz que o volume de petróleo recuperável do Campo de Libra deverá oscilar entre oito bilhões e 12 bilhões de barris, está jogando com 50% de margem.
A exploração exige muito dinheiro. O Ministério de Minas e Energia estima entre 15 e 18 módulos de produção. Cada um deles tem um grande navio produtor que se conecta com os poços, e todo esse conjunto de exploração está estimado em US$ 6 bilhões cada. Só de investimento, fica em torno de US$ 100 bilhões. Mais os R$ 15 bilhões para o bid dos 70% do campo (a Petrobras tem 30% no mínimo), e há o custo operacional.
É um projeto que pode chegar até a US$ 200 bilhões, com recuperação a longo prazo. Há todo o período de estudos geológicos até a perfuração dos poços. Só depois de ter certeza da capacidade do campo, é que o projeto de concepção pode ser efetivamente detalhado. Tudo isso pode levar de sete a nove anos, e por volta de 2020-2022 começa a render frutos, a partir do quê, as empresas terão cerca de 20 anos para recuperar o investimento.
A PPSA provoca insegurança nas companhias operadoras. Há certos custos que podem ter caráter subjetivo e ficarão sujeitos ao crivo dessa estatal. Em todo o mundo existe um documento chamado JOA (Joint Operating Agreement), que é quase padrão. Ali estão definidas as regras, e as empresas sabem como se decidem brigas, conflitos, qual é o papel de cada um, o que faz o operador, o que fazem os sócios, tudo já está definido há 50 anos.
Quando em lugar do JOA se põe uma empresa estatal que não investe um centavo, mas tem poder de muda totalmente a conversa. Na Noruega, há uma empresa do governo que participa, mas até agora não criou problemas para ninguém. As companhias querem saber como se comportará a nossa estatal do pré-sal.
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