segunda-feira, setembro 09, 2013

Baile dos mensaleiros - RUBEM AZEVEDO LIMA

CORREIO BRAZILIENSE - 09/09
O Correio Braziliense de sábado 31 de agosto fez a melhor das manchetes da imprensa brasileira, sobre o escândalo mencionado acima. Aliás, uma denúncia do falecido jurista Clovis Ramalhete (1912-1995) completa o que lhe pareceu outro escândalo: a política indigenista admitida na revisão da Constituição de 1988, mantida em 1995.Ramalhete, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal e da Corte Permanente de Arbitragem de Haia, denunciou em artigo no extinto Jornal do Brasil, lembrado, agora, no boletim da Solidariedade Ibero-americana. Sua denúncia, na revisão constitucional de 1995, sustentou que "a organização do país, sua integridade e desenvolvimento foram sectários, radicais e antinacionais".
Ramalhete achou que "ninguém lera a Constituição de 1988". "Agora, (1995), para apenas 240 mil índios, destinam-se 793 mil quilômetros quadrados. E o lavrador sem terra!" Para ele, "ali, onde havia tanto índio, na Amazônia, pululam mais de 30 Orgs financiadas por organizações não-governamentais, mas pelo capital estrangeiro". "Essa minha denúncia dirige-se ao Congresso", disse Ramalhete, ao morrer, pouco depois.

Josemar Dantas, editor do suplemento Direito&Justiça, do Correio Braziliense, profissional excelente, não poderia solicitar a um de seus colaboradores que reabrisse a questão levantada por Clovis Ramalhete? Este seu amigo, advogado que não advoga, apreciaria, como todo leitor, ver o assunto debatido pelo atualSupremo Tribunal Federal, de alto mérito, como ficou demonstrado no julgamento dos mensaleiros. No STF, esse seria um processo como os Due scandali politici: Pro Murena + Pro Sestio, de Cícero. Os atuais ministros do STF fariam debates brilhantes, como os do mensalão. A revisão constitucional de 1995 foi comandada por um gaúcho do PMDB, que admitiu ter feito, ele mesmo, mudanças pessoais, que Ramalhete não chegou a ver.

O Correio Braziliense deu bom exemplo. O jornal abriu-se para os leitores se manifestarem. O Globo arrepende-se, por ora, do passado, de 1925, para chegar a 1964, com honestidade, até na vida política do Brasil, na ditadura Bernardes, no levante do Forte de Copacabana; no de São Paulo, em que Friendereich, o maior futebolista do Brasil, lutou contra Vargas, em 1932; este quis apoiar a marcha de Prestes, que recebeu dinheiro do governo, mas não apoiou Vargas. O Globo, até agora, dos debates na Câmara dos Deputados, não viu a pequena oposição que defendeu a liberdade de imprensa, nos anos 1925 do Rio e em todos os jornais do país. Assis Chateaubriand destacou esse líder, o que impediu o governo a fazer isso.

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