FOLHA DE SP - 09/09
BRASÍLIA - Cada um é livre para fazer aquilo que considera mais adequado, mas quando se está, de fato, a serviço de uma causa, é bom refletir um pouco sobre o resultado e a eficácia de suas ações.
Se o desejo é, realmente, chacoalhar a classe política e forçá-la a sair da zona de conforto, os protestos de Sete de Setembro mostraram que os manifestantes se perderam no caminho desde junho.
Faltou gente na rua, sobrou baderna. A fantasia junina deu lugar à raiva e ao medo. Mistura que pode até estimular arruaceiros, mas serve exatamente à classe política que eles dizem querer combater.
Seguindo nesta toada, as ruas ficarão cada vez mais vazias. E o coro em defesa da repressão aos baderneiros só aumentará. De novo, algo que só presta aos donos transitórios de palácios, acostumados a este tipo de jogo, no qual se perpetuam.
Talvez por isso seja o momento de tirar as máscaras dos mascarados. Não de todos, mas de alguns, que se intitulam defensores de causas genéricas e estão mais preocupados em causar em causa própria.
Por sinal, o uso da máscara nos protestos, que de início serviu para animar o conjunto de alegorias e fantasias dos manifestantes, tornou-se símbolo do medo e do desejo de depredar camufladamente.
Defendê-las pode ter um sentido carnavalesco e descompromissado, mas, neste momento, serve aos que já não estão mais servindo a um movimento que tendia a ser higienizador da nossa velha classe política.
Desde muito a máscara serviu, na maior parte das vezes, aos que não têm coragem de enfrentar a luz do dia. Precisam se esconder para dar sequência a seus atos. Nada a ver com aquele sentimento de heróis mascarados dos quadrinhos.
O fato é que os nossos mascarados de hoje estão fazendo um jogo que acaba interessando aqueles que, pretensamente, seriam seus alvos. Fica a pergunta: exatamente a favor de quem eles estão?
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