A grande questão em relação a esse resultado é que todos sabem que ele não vai se repetir neste trimestre, então, o melhor a fazer é estudá-lo cuidadosamente para saber onde foi que o país acertou para repetir em outros momentos.
O governo, até o ano passado, achava que bastava incentivar bastante o consumo que a oferta viria depois. Desta vez, o consumo das famílias cresceu só 0,3% e o investimento 3,6% em relação ao trimestre anterior. Mas o país tem investido menos do que deveria. O governo não tem cumprido os investimentos do orçamento, e as empresas enfrentam o intervencionismo excessivo nos setores regulados. O que a lição do segundo trimestre deixa nessa área é que é preciso encontrar formas de estimular mais o investimento e realizá-los. Afinal, com todo o salto na área — que representa 9% em comparação com o mesmo período de 2012, a taxa de investimento ainda é de apenas 18,6% do PIB. Muito distante da taxa de 24% que se convencionou considerar como o desejável. A alta do investimento do primeiro trimestre estava muito concentrada em vendas de caminhões; o do segundo trimestre tem compra de máquinas e equipamentos e construção. É um dado mais sólido.
A agricultura puxou o primeiro e o segundo trimestre. Os dados de ontem (crescimento de 3,9% em relação ao primeiro trimestre e de 13% na comparação com o mesmo período de 2012) mostram que, mesmo tendo um
peso pequeno no PIB, a agropecuária será responsável por pelo menos um terço do crescimento deste ano. A MB Associados calcula que, se for considerada toda a cadeia produtiva que o setor puxa, é bem possível que metade da elevação do PIB de 2013 pode ser responsabilidade da agropecuária.
A indústria cresceu 2% em relação ao primeiro trimestre, e 2,8% na comparação com o ano passado. Teve um desempenho menos brilhante, mas há muito tempo ela é que tem reclamado mais dos efeitos da crise, portanto, o resultado foi considerado bom e é o melhor desde o segundo trimestre de 2010. O ministro Guido Man-tega, em entrevista coletiva, disse que é conseqüência das desonerações que tornaram alguns setores mais competitivos. Se for desoneração permanente — como a que recai sobre a folha salarial — faz sentido a comemoração. Se for resultado das reduções temporárias de impostos para incentivar alguns setores, o desempenho não tem fôlego para ir adiante.
É natural que o governo comemore porque o número foi acima do que se esperava e trouxe várias boas surpresas. É forçado, no entanto, dizer, como fez Mantega, que "anualizado" é um crescimento de 6%, só menor do que o da China. Esse cálculo parte de uma improbabilidade: que todos os trimestres crescessem neste mesmo ritmo. O primeiro período foi de 0,6%, e não se espera no terceiro e no quarto a repetição do 1,5% do segundo.
O crescimento do ano deve ficar mesmo em torno de 2%. Mas algumas consultorias, ontem mesmo, já estavam recalculando o PIB do ano com base nos dados do segundo trimestre, acrescentando alguns pontos após a vírgula. O mais importante é — evitando comparações asiáticas ou pessimismos prévios — analisar os pontos em que o país acertou para buscar novos bons números.
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