FOLHA DE SP - 24/07
SÃO PAULO - Em meio a um fogo cruzado com os médicos, o Ministério da Saúde comemora amanhã 60 anos. Um dos marcos na sua história foi a criação do SUS, há 25 anos, que tornou o Brasil o único país com mais de 100 milhões de habitantes a ter um sistema gratuito e universal de saúde.
Inspirado no modelo inglês, o SUS sempre sofreu com o subfinanciamento. Enquanto a Inglaterra coloca 10% do PIB no sistema de saúde, o Brasil destina 3,5%.
Há unanimidade entre especialistas de saúde de que a União precisa investir mais na área (10% do PIB). Hoje, os Estados devem colocar 12% do Orçamento em saúde, e os municípios, 15%. Já a União permanece com a regra antiga, de aplicar de acordo com a variação nominal do PIB.
Mas o problema não é só esse. O pouco dinheiro que se tem é mal aplicado. As propostas de melhorias no modelo de gestão não decolam.
Uma das razões é a dificuldade de encontrar uma saída que contemple um gerenciamento com agilidade, lisura e eficiência sem tocar nos princípios vitais do SUS, como universalidade, gratuidade, equidade, controle e participação social.
Na assistência, os desafios são enormes. O país luta contra doenças tropicais como malária e dengue ao mesmo tempo em que lida com o crescente aumento de males crônicos, como diabetes e hipertensão. Isso tudo aliado a uma pressão pela incorporação de novas tecnologias.
É uma pena que, diante de tantas demandas urgentes na saúde, não haja sinal de trégua nessa briga em torno do programa Mais Médicos, e a população continue pagando o pato.
Ontem, médicos protestaram em várias regiões do país contra as recentes medidas do governo federal.
Em Curitiba (PR), o lavrador Sebastião dos Santos, 71, com o pé machucado e má circulação na perna, tinha consulta marcada no HC, mas teve de voltar para casa sem assistência. Chorando de dor.
Parabéns, Ministério da Saúde, nesta data pouco festiva.
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