O Estado de S.Paulo - 01/05
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) queixa-se de que o Paraguai, nos últimos meses, tem atraído para o seu território diversas multinacionais brasileiras, cuja produção substitui, em parte, bens até agora produzidos no Brasil. Trata-se de fábricas que empregam muita mão de obra e que buscam salários inferiores aos do Brasil e, especialmente, menos encargos sociais.
Durante muitos anos o Brasil também estimulou empresas norte-americanas e europeias a se instalarem aqui - a produção de carros é o caso mais notório -, e isso deveria ser levado em conta pela Federação. Além disso, a Fiesp deveria convencer-se de que essa migração de fábricas representa uma oportunidade para a indústria brasileira.
É preciso considerar, em primeiro lugar, que novas fábricas que empregam muita gente, como as da indústria têxtil, as de peças para automóveis, de sapatos, etc., geram aumento da renda nacional, isto é, do poder aquisitivo paraguaio, o que deve favorecer a importação de bens mais sofisticados. E o Brasil não pode perder essa oportunidade, levando em conta sua participação no Mercosul, desde que se prepare para produzir bens com maior grau de inovação e a um preço que os torne acessíveis.
Certamente, no entanto, maior oportunidade surge da possibilidade de fornecer ao Paraguai máquinas e equipamentos, cujo valor acrescido é muito superior ao da produção de simples componentes, que serão agora fabricados naquele país. Existem, portanto, oportunidades que não devem ser desperdiçadas e para as quais devemos nos preparar, até com a compra de know-how no exterior. Isso ainda nos torna mais aptos para fornecer essas máquinas a todos os países do Mercosul. E não se pode esquecer de que uma multinacional brasileira é mais aberta para importar equipamentos produzidos no Brasil.
Existem outros aspectos importantes, na medida em que o Paraguai nos poderá fornecer componentes mais baratos do que os até agora produzidos no Brasil. Poderemos, com isso, reduzir os preços dos bens mais sofisticados que já produzimos.
Finalmente, como investidores, teremos direito a lucros e dividendos, que nos ajudarão a garantir a saúde financeira de nossas empresas no exterior. Porém, há que ter consciência de que uma política desse tipo não se improvisa e procurar tirar proveito de fenômenos como esse, que acompanham a globalização da economia.
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