FOLHA DE SP - 24/04
Na dúvida, Felipão deve preferir os jogadores que atuam no Brasil, para cativar o torcedor na Copa
O Bayern, em casa, em um ritmo alucinante e com talento, anulou e goleou o Barcelona, por 4 a 0. Em vez de recuar e de fechar os espaços na defesa, como fazem quase todas as equipes que enfrentam o Barcelona, o Bayern marcou por pressão e manteve o time catalão longe de seu gol. Dois gols foram ilegais, o que não diminui a superioridade da equipe alemã. O Barcelona mostrou novamente suas deficiências.
Talvez a melhor solução para o Brasil ganhar a Copa do Mundo, em casa, ainda mais que há seleções melhores que a nossa, será repetir o ritmo alucinante e a marcação por pressão, sem deixar o adversário pensar e trocar passes, como fizeram o São Paulo, contra o Atlético-MG, e o Palmeiras, contra o Libertad, faz o Galo, no Independência, e fez o Bayern, contra o Barcelona.
Para isso, é necessário criar fortes laços afetivos entre a torcida e os atletas. Felipão terá uma dura tarefa. Ele vai esticar a corda para um lado, e Marin, para o outro.
Marcar por pressão e tentar sufocar o outro time, pelo menos em parte do jogo, é cada dia mais comum na Europa. Evidentemente, cada país tem suas particularidades. Não é também novidade.
Nos anos 1960, quando jogava contra Grêmio e Inter, em Porto Alegre, raramente, recebia uma bola livre. A Holanda, no Mundial de 1974, o Milan, com o treinador Arrigo Sacchi, no fim dos anos 1980, e o Barcelona atual, em seus melhores momentos, são alguns exemplos de grandes times que marcam muito bem por pressão.
Na entrevista ao repórter Martín Fernandez, da Folha, Felipão disse que volante goleador só é bom para a imprensa. Hoje, os melhores times e seleções possuem volantes que marcam, dão bons passes e avançam para continuar as jogadas.
Mesmo os mais marcadores são jogadores de meio-campo. Não atuam plantados atrás, apenas para proteger zagueiros e laterais. Os dois volantes e os dois laterais avançam alternadamente.
O futebol compartimentado e com grandes espaços entre setores é uma das grandes deficiências do futebol brasileiro, que Mano Menezes tentava corrigir na seleção.
Felipão, que trabalhou muitos anos na Europa, disse que conversa com os melhores técnicos estrangeiros (deveria conversar também com Tite e Cuca) e assiste a todos os grandes jogos pela TV.
Mas, como muitos profissionais, de todas as áreas, mesmo os bem informados, Felipão confia e acredita mais na experiência pessoal e no que acha que deu certo do que na ciência e no que é reconhecido como referência de excelência. É a onipotência do pensamento, frequente no ser humano.
Muitos treinadores agem como se tivesse apenas uma maneira de vencer e como se não houvesse erros nas vitórias e acertos nas derrotas. O que deu errado é jogado para debaixo do tapete.
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