FOLHA DE SP - 07/02
Brasileiros e estrangeiros aficionados por futebol que se cuidem. Não se exclui que a Copa de 2014 seja prejudicada por uma crise digital, diante da dificuldade do país de se preparar para o pico na demanda por telecomunicações.
O tráfego de dados pela internet explodiu em anos recentes. Estima-se que a cada mês de 2012 tenha circulado pela rede mundial conteúdo equivalente a mais de 8 bilhões de DVDs. Menos de 4% disso foi enviado por aparelhos móveis, como celulares e tablets, mas o volume de bits transferido por eles deverá mais que decuplicar nos próximos cinco anos.
No Brasil, como em muitos países engolfados tardiamente por essa avalanche digital, a disseminação da banda larga se dá principalmente por meio da telefonia móvel. Conjugada com o fator Copa do Mundo, essa tendência engendra um quadro preocupante.
O país está atrasado na matéria. Afoba-se para pôr no ar a quarta geração (4G), mas não faz funcionar direito nem a anterior (3G) -um serviço caro e péssimo, hoje.
A continuar o ritmo atual de expansão da base de usuários em descompasso com a infraestrutura de transmissão (como seu número insuficiente de antenas), as deficiências se agravarão. E ficarão mais evidentes ainda na Copa de 2014, quando o tráfego de dados crescerá de forma exponencial.
Zelar para que tais gargalos sejam evitados ou desfeitos é atribuição da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que só recentemente passou a fazer pressão mais decidida sobre as operadoras de telefonia celular. A julgar por um relatório de 2012 do Tribunal de Contas da União (TCU), contudo, há receio de que a agência esteja desprevenida para a Copa.
De acordo com o TCU, a Anatel teria realizado só uma fração dos investimentos em projetos exigidos pelo Comitê Gestor da Copa 2014. A agência reguladora diz que tem adotado todas as providências e que os investimentos previstos se realizaram; admite, porém, que 8 dos 31 projetos estão fora do prazo.
Teme-se que a agência chegue ao Mundial desaparelhada para fiscalizar se as operadoras estarão utilizando corretamente as frequências designadas. É algo decisivo para impedir interferências que prejudiquem a transmissão dos jogos pela TV.
Claro está que não só na Copa a Anatel precisa funcionar. Mas é um grande momento para a agência não falhar.
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