A sucessão de Chávez não obedece à velha regra das monarquias hereditárias: rei morto, rei posto. Nicolás Maduro foi ungido pelo próprio Chávez e será quase certamente eleito no pleito que se realizará em trinta dias. Porém falta-lhe carisma e peso na mente do povo venezuelano. Por isso, mesmo que confortavelmente eleito, ainda terá que construir sua imagem e consolidar seu poder em face de outros importantes personagens do chavismo.
A médio prazo, o perigo para Maduro está em que, se não forem bem dosadas as dificeis medidas econômicas que a economia venezuelana requer, urgentemente, ventos fortes se levantarão contra ele. O pai do povo tudo podia, mas agora ele se foi. Seus sucessores não têm o mesmo poder nem sua intransferível estatura. Maduro poderá protelar estas ações, mas os problemas só podem agravar-se. Poderá radicalizar, como já começou a fazer, falando em complô americano para matar Chávez e aprofundando a marcha para o "socialismo bolivariano", o que quer que isto signifique. De todo modo, ele não tem a voz forte de Chávez, porque isto não se herda. É na inevitável turbulência que seu poder será testado e a janela de oportunidade pode se abrir para seus concorrentes, como Diosdado Cabello, Rafael Ramírez (ministro do Petróleo), Jorge Giordani (ministro das Finanças) ou mesmo Adam Chávez, irmão do falecido.
Enfim, a morte de um presidente autoritário e centralizador como Chavez deixa um grande vácuo e a política não aceita vácuos. Ele passou o seu tempo no poder impedindo o surgimento de rivais e equilibrando as diversas correntes de sua base, mas reservando para si próprio a arbitragem final. Os herdeiros de Chávez calcularam toda a coreografia da sucessão, mas há imponderáveis que não podem ser manipulados e a essência do poder foi-se com Chávez. A coesão do chavismo será agora duramente posta à prova.
Talvez agora eles venham a socorrer-se dos irmãos Castro, malgrado o fracasso patente da medicina cubana. Estes teriam tudo a perder se a Venezuela mudasse de rumo e farão o possível para teleguiar Nicolás Maduro, seu preferido, no sentido revolucionário. Os cubanos já mostraram sua influência e agora vão tentar multiplicá-la.
Em todo caso, pode-se dizer que a sociedade venezuela, em sua maioria, acreditava em Chávez por efeito, em parte, do realismo mágico latino-americano. Acreditará na infalibilidade dos herdeiros? Não é a mesma coisa, diria o Barão de Itararé, impedioso e jocoso analista político de nossa terra. Mas, em conclusão, eu diria que só os videntes talvez pudessem decifrar o futuro do chavismo, e que a história ensina que, depois de reis-sol, como dizia Luiz XIV, resta o dilúvio.
A médio prazo, o perigo para Maduro está em que, se não forem bem dosadas as dificeis medidas econômicas que a economia venezuelana requer, urgentemente, ventos fortes se levantarão contra ele. O pai do povo tudo podia, mas agora ele se foi. Seus sucessores não têm o mesmo poder nem sua intransferível estatura. Maduro poderá protelar estas ações, mas os problemas só podem agravar-se. Poderá radicalizar, como já começou a fazer, falando em complô americano para matar Chávez e aprofundando a marcha para o "socialismo bolivariano", o que quer que isto signifique. De todo modo, ele não tem a voz forte de Chávez, porque isto não se herda. É na inevitável turbulência que seu poder será testado e a janela de oportunidade pode se abrir para seus concorrentes, como Diosdado Cabello, Rafael Ramírez (ministro do Petróleo), Jorge Giordani (ministro das Finanças) ou mesmo Adam Chávez, irmão do falecido.
Enfim, a morte de um presidente autoritário e centralizador como Chavez deixa um grande vácuo e a política não aceita vácuos. Ele passou o seu tempo no poder impedindo o surgimento de rivais e equilibrando as diversas correntes de sua base, mas reservando para si próprio a arbitragem final. Os herdeiros de Chávez calcularam toda a coreografia da sucessão, mas há imponderáveis que não podem ser manipulados e a essência do poder foi-se com Chávez. A coesão do chavismo será agora duramente posta à prova.
Talvez agora eles venham a socorrer-se dos irmãos Castro, malgrado o fracasso patente da medicina cubana. Estes teriam tudo a perder se a Venezuela mudasse de rumo e farão o possível para teleguiar Nicolás Maduro, seu preferido, no sentido revolucionário. Os cubanos já mostraram sua influência e agora vão tentar multiplicá-la.
Em todo caso, pode-se dizer que a sociedade venezuela, em sua maioria, acreditava em Chávez por efeito, em parte, do realismo mágico latino-americano. Acreditará na infalibilidade dos herdeiros? Não é a mesma coisa, diria o Barão de Itararé, impedioso e jocoso analista político de nossa terra. Mas, em conclusão, eu diria que só os videntes talvez pudessem decifrar o futuro do chavismo, e que a história ensina que, depois de reis-sol, como dizia Luiz XIV, resta o dilúvio.
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