FOLHA DE SP - 24/03
Seria ótimo se a seleção utilizasse a mesma estratégia do Corinthians ou do Atlético-MG
A Itália teve muito mais chance de ganhar, nos dois tempos. Júlio César foi o melhor da seleção. No gol de Balotelli, o goleiro percebeu que outro atacante penetrava para receber a bola e, corretamente, se adiantou. Os erros foram de Oscar, que errou o passe, e dos zagueiros, encostados à grande área, observando Balotelli conduzir a bola desde quase o meio-campo.
O Brasil teve alguns bons momentos, como o belíssimo gol de Oscar. O time jogou com Hulk e Oscar, pelos lados, e Neymar, como segundo atacante. Aí é seu lugar. Se atuasse pela esquerda, teria de marcar o lateral. Neymar foi destaque, facilitado pelo avanço dos armadores da Itália, que deixaram muito espaço entre eles e os zagueiros.
Além da ausência de um craque no meio-campo, nem no nível dos armadores italianos, falta ao Brasil um centroavante que saia da área para trocar passes e que deixe
espaços para outro jogador se infiltrar e finalizar. Foi o que fez Balotelli durante toda a partida.
Após a derrota para a Inglaterra, Felipão disse que defensores não podem ficar desprotegidos. Com um volante mais marcador (Fernando), que atuou bem, a defesa foi pior.
Seria absurdo se a base da seleção fosse com a maioria dos jogadores do Corinthians ou do Atlético-MG. Mas seria muito bom se o time brasileiro utilizasse a estratégia, o sistema tático, o rigor e a disciplina de Corinthians ou Atlético-MG.
PAÍS DOS LOBISTAS
O presidente do Sport, Luciano Bivar, disse que pagou propina a um lobista para conseguir a convocação do volante Leomar, em 2001. No STJD, negou. É mais boquirroto.
O assunto merece reflexões. No futebol, na política e em outros setores, quase não se faz nada sem a presença de intermediários e lobistas. Um clube, para contratar um jogador, não conversa diretamente com outro clube nem com o atleta.
Todos os treinadores, incluindo o da seleção, e todos os atletas, desde as categorias de base, possuem empresários. Muitas vezes, técnicos e jogadores de um mesmo clube são agenciados pela mesma pessoa. É óbvio que isso pode gerar conflito de interesses, que vão desde a influência silenciosa, como um olhar, até a pressão explícita.
Nem sempre o jogador que o técnico quer contratar ou escalar é o que interessa ao clube, como negócio. Os treinadores são pressionados por todos os lados. Dizer que todos sabem separar uma coisa da outra é desconhecer a desmedida ambição humana.
As redes de interesses são inúmeras. Muitos profissionais honestos nem percebem. É muito difícil ser totalmente independente. Dizem que não existe almoço grátis. No futebol, nem a gentileza é grátis.
Além da troca de favores, uma instituição, uma praga nacional, há muitas evidentes falcatruas no futebol brasileiro.
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