O GLOBO - 26/03
Imagine uma carne que chegue à sua mesa com a garantia de que não vem de uma fazenda que praticou trabalho escravo ou grilou terra em unidade de conservação e área indígena. Ou seja, quando seu garfo e sua faca se cruzarem cortando o filé ou o assado você não terá o amargo sabor de estar participando da velha cadeia de crimes que sempre existiu na pecuária brasileira.
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) assinou ontem em Brasília o acordo com a Procuradoria Geral da República se comprometendo a mobilizar seus associados de todo o país a exigir a informação sobre a origem da carne. O frigorífico terá que provar que não pratica - nem seu fornecedor - crime ambiental, fundiário e trabalhista. Estiveram juntos nos quatro meses de negociações o Pão de Açúcar, Walmart, Carrefour e o chileno Cencosud.
Em 2009, já foi assinado um acordo assim e não foi adiante. Por que desta vez daria certo?
- Participam de reuniões conosco desde o ano passado as grandes redes de supermercado, isso dá mais força ao acordo. E agora ficará claro que os supermercados que comprarem carne de produtores que praticam ilegalidades podem ser responsabilizados - diz o procurador Daniel Azeredo, do MPF do Pará
A Abras não tem poder sobre os associados. Fernando Yamada, presidente da associação, disse que o Ministério Público vai fornecer uma lista de todos os fornecedores que estão cumprindo a lei, e a Abras vai sensibilizar as 27 associações estaduais a seguir o que foi assinado:
- Nosso mercado é competitivo e dinâmico e quem souber a origem da carne informará isso ao consumidor. E o consumidor poderá escolher.
Alguns dos maiores frigoríficos brasileiros já foram flagrados comercializando carne de boi criado em fazendas instaladas em unidades de conservação ou terra indígena e até, em alguns casos, onde houve trabalho escravo. Eles serão chamados novamente para assinar um acordo com o MP, mas com eles será diferente porque é Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e há como multar e até processar por não cumprimento.
Houve muitos avanços desde que, quatro anos atrás, começou o trabalho do MP de ajuizar ações e propor negociações com as empresas que fazem parte dessa cadeia de suprimento. Na época, descobriu-se um número impressionante de frigoríficos e produtores com flagrantes de crimes ambientais e trabalhistas, os supermercados chegaram a suspender por 40 dias as compras dos frigoríficos que estavam com processos. Tudo isso levou à assinatura de TACs em que os fornecedores se comprometeram a mudar a prática. Uma forte campanha publicitária e institucional, a carne legal, popularizou o tema. A campanha ganhou o prêmio GreenBest.
Azeredo admite que depois houve uma desmobilização, em parte porque quando os frigoríficos assinaram os TACs os supermercados entenderam que o problema estava resolvido.
- Os supermercados têm comprado pelo menor preço, sem olhar a origem da carne, por isso voltamos a chamar a Abras - disse Azeredo.
O BNDES é sócio importante dos maiores frigoríficos do país e, portanto, o governo tem a obrigação de usar o seu poder para a mudança de atitude conivente com o crime ambiental e trabalhista na cadeia da carne.
Yamada disse que alguns supermercados se prepararam para dar ao consumidor cada vez mais visibilidade da origem da carne, exigindo rastreabilidade.
O frigorífico terá que provar como agem seus fornecedores da pecuária. Se a cadeia produtiva for vigilante; o Ministério Público, rigoroso; o consumidor, exigente; a carne chegará à sua mesa sem a culpa dos crimes que tem carregado.
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) assinou ontem em Brasília o acordo com a Procuradoria Geral da República se comprometendo a mobilizar seus associados de todo o país a exigir a informação sobre a origem da carne. O frigorífico terá que provar que não pratica - nem seu fornecedor - crime ambiental, fundiário e trabalhista. Estiveram juntos nos quatro meses de negociações o Pão de Açúcar, Walmart, Carrefour e o chileno Cencosud.
Em 2009, já foi assinado um acordo assim e não foi adiante. Por que desta vez daria certo?
- Participam de reuniões conosco desde o ano passado as grandes redes de supermercado, isso dá mais força ao acordo. E agora ficará claro que os supermercados que comprarem carne de produtores que praticam ilegalidades podem ser responsabilizados - diz o procurador Daniel Azeredo, do MPF do Pará
A Abras não tem poder sobre os associados. Fernando Yamada, presidente da associação, disse que o Ministério Público vai fornecer uma lista de todos os fornecedores que estão cumprindo a lei, e a Abras vai sensibilizar as 27 associações estaduais a seguir o que foi assinado:
- Nosso mercado é competitivo e dinâmico e quem souber a origem da carne informará isso ao consumidor. E o consumidor poderá escolher.
Alguns dos maiores frigoríficos brasileiros já foram flagrados comercializando carne de boi criado em fazendas instaladas em unidades de conservação ou terra indígena e até, em alguns casos, onde houve trabalho escravo. Eles serão chamados novamente para assinar um acordo com o MP, mas com eles será diferente porque é Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e há como multar e até processar por não cumprimento.
Houve muitos avanços desde que, quatro anos atrás, começou o trabalho do MP de ajuizar ações e propor negociações com as empresas que fazem parte dessa cadeia de suprimento. Na época, descobriu-se um número impressionante de frigoríficos e produtores com flagrantes de crimes ambientais e trabalhistas, os supermercados chegaram a suspender por 40 dias as compras dos frigoríficos que estavam com processos. Tudo isso levou à assinatura de TACs em que os fornecedores se comprometeram a mudar a prática. Uma forte campanha publicitária e institucional, a carne legal, popularizou o tema. A campanha ganhou o prêmio GreenBest.
Azeredo admite que depois houve uma desmobilização, em parte porque quando os frigoríficos assinaram os TACs os supermercados entenderam que o problema estava resolvido.
- Os supermercados têm comprado pelo menor preço, sem olhar a origem da carne, por isso voltamos a chamar a Abras - disse Azeredo.
O BNDES é sócio importante dos maiores frigoríficos do país e, portanto, o governo tem a obrigação de usar o seu poder para a mudança de atitude conivente com o crime ambiental e trabalhista na cadeia da carne.
Yamada disse que alguns supermercados se prepararam para dar ao consumidor cada vez mais visibilidade da origem da carne, exigindo rastreabilidade.
O frigorífico terá que provar como agem seus fornecedores da pecuária. Se a cadeia produtiva for vigilante; o Ministério Público, rigoroso; o consumidor, exigente; a carne chegará à sua mesa sem a culpa dos crimes que tem carregado.
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