CORREIRO BRAZILIENSE - 24/02
Da mesma forma que o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves, tenta quebrar a aliança que Lula construiu em torno de Dilma Rousseff, a presidente Dilma busca formas de arrefecer a largada do tucano em Minas Gerais. Ela tem plena consciência, hoje, de que só assim terá uma campanha mais confortável daqui a um ano e meio e, antes mesmo do discurso de Aécio da última quarta-feira, em que ele listou o que considera as mazelas do governo petista, ela já se dedicava a essa tarefa.
Um dos primeiros sinais desse movimento de Dilma foi dado na conversa com a cúpula do PR, quando discutiu o reingresso do partido no governo. Primeiro, a presidente sugeriu que o PR ficasse com o Ministério dos Transportes e levantou a hipótese de o ministro Paulo Sérgio Passos receber status de nome indicado pelo partido. O PR, obviamente, aceitou de bom grado o Ministério, mas descartou a permanência do atual ministro. Foi então que Dilma, muito delicadamente, perguntou se havia algum nome de Minas Gerais que o partido pudesse lhe apresentar.
O gesto não deixa dúvidas: a presidente fará o que estiver ao seu alcance para tentar reduzir a vantagem de Aécio entre os mineiros. E vai começar pela tentativa de lhe tirar potenciais aliados, caso do PR.
Obviamente, o governo jamais admitirá o uso minirreforma ministerial para segurar ao seu lado políticos simpáticos ao senador Aécio. Afinal, o PR estava há tempos disposto a retomar o seu lugar na base do governo federal. O mesmo raciocínio vale para o PMDB de Minas Gerais. Cansados de esperar a recompensa pelo apoio a Patrus Ananias na eleição de Belo Horizonte, os peemedebistas se aproximaram do PSDB de Aécio e do governador Antonio Anastasia. Agora, receberam acenos do governo da mesma forma que o PR.
Para contemplar o PMDB de Minas no primeiro escalão, talvez Dilma tenha que adiar o projeto de levar o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) para o governo ainda este ano. Afinal, os peemedebistas de São Paulo têm a vice-presidência da República, com Michel Temer. A decisão, entretanto, não está tomada.
Enquanto isso, em São Paulo…
Daqui para frente, tudo o que for feito será com um olho no governo e outro na eleição de 2014. Nessa seara, entretanto, é de se estranhar a quietude dos petistas em relação ao governo de São Paulo. Há um elenco de pré-candidatos discretíssimos. Especialmente os ministros Aloizio Mercadante, da Educação; Alexandre Padilha, da Saúde; Marta Suplicy, da Cultura; e José Eduardo Cardozo, da Justiça.
O comportamento deles difere totalmente daquele adotado no plano nacional, onde a campanha começou cedo. Essa discrição toda é porque, como diz o ditado, gato escaldado tem medo de água fria. Ninguém quer se expor demais e terminar sendo constrangido a desistir da empreitada porque o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu outro nome, como ocorreu na sucessão paulistana. Ali, vários petistas se apresentaram para disputar uma prévia e Lula mandou que acabassem com a história porque o candidato seria Fernando Haddad. Antes que se diga que o partido não se movimenta porque existe a perspectiva de entregar a cabeça de chapa ao PMDB, vale registrar que os petistas paulistas rechaçam essa ideia . Eles acreditam que, se levaram a prefeitura com Haddad, podem perfeitamente tirar Geraldo Alckmin do governo. Basta, para isso, que o prefeito mostre serviço até a eleição estadual.
Em outras praças, entretanto, o PT não adota a mesma postura dos paulistas. No Rio de Janeiro, o partido já começou a trabalhar a campanha de Lindebergh Farias. Em Minas, a perspectiva é que o candidato seja o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel. Dos três maiores colégios eleitorais, só falta São Paulo.
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