FOLHA DE SP - 31/01
BRASÍLIA - Apesar de não ter feito campanha ostensiva (tinha mais a esconder do que a mostrar?), o senador Renan Calheiros será lançado como fato consumado hoje para ser eleito e empossado amanhã na presidência do Senado.
Mesmo que não houvesse nada ilegal contra Renan, ele deveria desistir dessa aventura que custa caro a ele e ao Senado e custará ainda mais com a posse: se insistir, ele será alvo diário de suspeitas e até de agressões.
A "denúncia consistente" da Procuradoria-Geral da República ao Supremo, por exemplo, pairará todo o tempo sobre Renan, principalmente enquanto os jornalistas -e, portanto, os cidadãos- não descobrirem qual é exatamente o crime a que se refere. Ontem, a pressão já era enorme.
Fora do Congresso, nos gramados, manifestantes instalaram 81 kits de limpeza, cada um representando um senador, para protestar contra a volta de Renan à presidência do Senado -de onde ele saiu pelos fundos, há cinco anos, por denúncias.
Dentro, Renan era jogado ao mar pelo PSB, aliado ao Planalto, e pelo PSDB, que liberou a bancada, enquanto senadores "independentes" se reuniam em torno de Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon (ambos PMDB), Pedro Taques (PDT) e Randolfe Rodrigues (PSOL), buscando um candidato único de oposição.
Renan, porém, continuava franco favorito, num clima em que o senador Romero Jucá tenta se agarrar desesperadamente ao osso da liderança do governo, quatro mensaleiros acumulam o mandato de deputado com condenações no Supremo e Afif Domingos (PSD) espana o terno para cumular a posição de vice-governador do tucano Alckmin com um ministério da petista Dilma.
Rui Falcão (PT) diz que a imprensa desqualifica a política e isso já levou ao nazismo e ao fascismo. Há controvérsias, colega. Quem está detonando a política e o Congresso, remetendo você para momentos históricos tão dramáticos? A imprensa ou os próprios políticos e o Congresso?
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