FOLHA DE SP - 31/01
RIO DE JANEIRO - É entre fraldas, chupetas e muitos problemas que o dono da Delta tem passado os dias.
O empresário Fernando Cavendish, 49, está sendo estimulado a publicar a "única verdade que conhece". Escreveu um livro, mas ainda não decidiu se vai publicá-lo.
Foi depois da queda de um helicóptero que levava amigos para sua festa de aniversário na Bahia, em junho de 2011, que se tornou uma figura conhecida. Na ocasião, morreram sete pessoas, entre elas a mãe de seus dois filhos gêmeos, de dois anos, e ficou exposta a amizade com Sérgio Cabral, governador do Rio, Estado que tem vários contratos com a Delta.
Mas foi só com a CPI do Cachoeira -que investigou as ligações do banqueiro do jogo do bicho com políticos, empresários e órgãos públicos, no ano passado- que seu mundo começou a ruir. Em especial com a revelação das ligações do diretor Cláudio Abreu, acusado de ser parceiro de Cachoeira. No livro, Cavendish distancia-se de Cachoeira, diz que não ia a Goiás havia cinco anos e que seu estilo sempre foi o de delegar poder.
Demitiu 22 mil funcionários. Hoje, são 6.500. A Delta, considerada inidônea, está atolada em dívidas.
O empresário narra sua história. O pai, pernambucano, tinha uma empresa pequena. Em 94, Cavendish montou uma sala no Rio. Ambicioso, queria fazer a empresa acontecer. Percebeu que o meio era recheado de vícios, e cresceu na contramão, aceitando ganhar menos.
Bate na tecla de que o complicado no seu ramo de negócio é que, a cada dois anos, tem campanha eleitoral, e o cliente tem necessidade de "apoio empresarial".
Mas o que pode ser mais explosivo -e que resiste a colocar em detalhes no livro- é sua avaliação de que a CPI acabou porque bateu no lugar errado, as grandes empresas.
"Ou acabava o Brasil e fechava para balanço. Ou acabava a CPI", costuma falar. O que restará no livro?
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