O Banco Central devolveu a bola para o governo federal. Na Atado Copom divulgada quinta-feira passou o recado de que o problema da economia brasileira não é falta de consumo; é falta de oferta, que não se resolve com mais afrouxamento monetário (política de juros). Esta é tarefa do governo; não do Banco Central.
Falta saber se esse diagnóstico é partilhado pelo resto do governo Dilma, especialmente pelas autoridades do Ministério da Fazenda, os turbinadores do consumo. Mesmo se não for, é necessário ainda verificar que pauzinhos o governo Dilma poderia mexer para reaquecer a oferta de bens e serviços, que continua exasperadamente modorrenta.
Antes de verificar quais políticas podem ser acionadas pelo governo para garantir um PIB mais alentado em 2013 e 2014, é preciso sublinhar que o Banco Central se recusa a desempenhar dupla função: a de combater a inflação e, ao mesmo tempo, a de garantir o aumento do emprego e da produção. E isso contraria o que têm pedido setores importantes do governo federal. (Não faz mesmo sentido tentar engajar o Banco Central num projeto de ampliação de postos de trabalho, num ambiente que já é de pleno emprego.)
O Banco Central adverte para a necessidade de restabelecer a confiança (parágrafo 26 da Ata) com o que fica admitido que não há confiança suficiente na condução da política econômica e que isso emperra o setor produtivo.
Em termos gerais, o roteiro é o mesmo dos SSS apontados pela presidente Dilma no dia 18, em São Julião, Piauí: é garantir "crescimento sério, sustentável e sistemático". Como se faz isso é que são elas...
A primeira coisa é passar a firmeza de que o governo vai controlar suas finanças com rédea curta. Despesas soltas demais, como aconteceu em 2012, não passam firmeza. Somente puxam o consumo, que aquece demais a economia, produz inflação e puxa as importações. Nessas condições, o investidor se retrai por que identifica na inflação e na alta dos seus custos sintomas de deterioração dos fundamentos da economia.
As autoridades da área da Fazenda vêm agindo e recomendando o contrário. Querem aumento das despesas públicas para que operem como "política anticíclica". No entanto, não está funcionando a atual estratégia, de complementar uma política fiscal expansionista (mais despesas), com boa dose de paciência até que chegue a tão esperada virada do jogo.
A presidente Dilma terá agora de bater o martelo sobre o caminho a seguir: se aceita a nova recomendação do Banco Central ou se continua a fazer o jogo de sua equipe de desenvolvimentistas, que, além de não entregar o PIB vigoroso insistentemente prometido, ainda propõe mais consumo, que cria mais inflação.
Apenas austeridade fiscal é pouco. Não basta intensificar o plano de concessões em portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, energia elétrica e petróleo. Será preciso convencer. E o convencimento passa pela implantação de nova agenda: recomposição da capacidade de produção da Petrobrás; retirada das restrições ao investimento estrangeiro; remoção da burocracia que bloqueia a rápida imigração de mão de obra especializada e a retomada das reformas: tributária, das leis trabalhistas e reforma do Judiciário. A ver.
Otimismo
Na economia internacional, paira no ar inesperado otimismo. Há uma clara melhora do mercado imobiliário nos Estados Unidos, onde a crise começou. E, na área do euro, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, prevê recuperação ainda no segundo semestre deste ano. Falta saber quando os problemas de fundo serão revertidos.
Antes de verificar quais políticas podem ser acionadas pelo governo para garantir um PIB mais alentado em 2013 e 2014, é preciso sublinhar que o Banco Central se recusa a desempenhar dupla função: a de combater a inflação e, ao mesmo tempo, a de garantir o aumento do emprego e da produção. E isso contraria o que têm pedido setores importantes do governo federal. (Não faz mesmo sentido tentar engajar o Banco Central num projeto de ampliação de postos de trabalho, num ambiente que já é de pleno emprego.)
O Banco Central adverte para a necessidade de restabelecer a confiança (parágrafo 26 da Ata) com o que fica admitido que não há confiança suficiente na condução da política econômica e que isso emperra o setor produtivo.
Em termos gerais, o roteiro é o mesmo dos SSS apontados pela presidente Dilma no dia 18, em São Julião, Piauí: é garantir "crescimento sério, sustentável e sistemático". Como se faz isso é que são elas...
A primeira coisa é passar a firmeza de que o governo vai controlar suas finanças com rédea curta. Despesas soltas demais, como aconteceu em 2012, não passam firmeza. Somente puxam o consumo, que aquece demais a economia, produz inflação e puxa as importações. Nessas condições, o investidor se retrai por que identifica na inflação e na alta dos seus custos sintomas de deterioração dos fundamentos da economia.
As autoridades da área da Fazenda vêm agindo e recomendando o contrário. Querem aumento das despesas públicas para que operem como "política anticíclica". No entanto, não está funcionando a atual estratégia, de complementar uma política fiscal expansionista (mais despesas), com boa dose de paciência até que chegue a tão esperada virada do jogo.
A presidente Dilma terá agora de bater o martelo sobre o caminho a seguir: se aceita a nova recomendação do Banco Central ou se continua a fazer o jogo de sua equipe de desenvolvimentistas, que, além de não entregar o PIB vigoroso insistentemente prometido, ainda propõe mais consumo, que cria mais inflação.
Apenas austeridade fiscal é pouco. Não basta intensificar o plano de concessões em portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, energia elétrica e petróleo. Será preciso convencer. E o convencimento passa pela implantação de nova agenda: recomposição da capacidade de produção da Petrobrás; retirada das restrições ao investimento estrangeiro; remoção da burocracia que bloqueia a rápida imigração de mão de obra especializada e a retomada das reformas: tributária, das leis trabalhistas e reforma do Judiciário. A ver.
Otimismo
Na economia internacional, paira no ar inesperado otimismo. Há uma clara melhora do mercado imobiliário nos Estados Unidos, onde a crise começou. E, na área do euro, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, prevê recuperação ainda no segundo semestre deste ano. Falta saber quando os problemas de fundo serão revertidos.
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