sexta-feira, janeiro 25, 2013

Os ecos do discurso de Dilma Rousseff - RICARDO GALUPPO

BRASIL ECONÔMICO - 25/01


A presidente Dilma Rousseff, no pronunciamento da última quarta feira, fez o que dela se esperava - e talvez a falta de surpresas tenha sido o ponto mais positivo do discurso.

Dilma assegurou que as tarifas da energia serão reduzidas na proporção prometida em setembro passado, garantiu que não há risco de apagão e afirmou que o país conta com a eletricidade necessária para crescer "neste e nos próximos anos".

Segundo Dilma, a capacidade instalada de geração (que é de 121 mil megawatts) será duplicada nos próximos 15 anos. E que neste ano entrarão em operação 7,5 mil novos quilômetros de linhas de transmissão.

Talvez a presidente tenha pecado por exagero ao afirmar que o Brasil tem um dos sistemas elétricos mais seguros do mundo porque trabalha com diversas matrizes de produção. O país, depois da crise de 2001, ampliou as fontes de energia e reduziu sua dependência da matriz hidrelétrica. Muito embora essa afirmação não possa ser contestada, nada impede que ela seja discutida.

Apesar de a sensação das pessoas diante dos constantes cortes no fornecimento de eletricidade não confirmar o otimismo da presidente, existe a percepção de que algo está sendo feito. Também é inegável que o problema está sendo enfrentado com determinação.

A mesma determinação que Dilma demonstrou diante dos juros bancários. Talvez a mudança viesse de uma forma menos tensa se a presidente se dispusesse a conversar um pouco mais com os agentes envolvidos.

E se ampliasse ainda mais o debate em torno da questão das tarifas, criando para os estados compensações financeiras que justificassem uma redução do ICMS na conta de luz. Mas, como esse tipo de diálogo não combina com o estilo do atual governo, pode se dizer que o cenário de hoje é o melhor que se poderia esperar.

Muitas vezes, o que falta aos debates sobre as questões sensíveis do país (e a eletricidade, sem dúvida, é uma delas) é bom senso. E nem sempre a falta desse ingrediente se dá por responsabilidade exclusiva dos órgãos diretamente envolvidos com a questão da energia.

Muito embora a dependência da matriz hidrelétrica tenha se reduzido, os principais investimentos que contribuirão de forma mais expressiva para a duplicação da oferta de que falava a presidente ainda exploram a força dos rios. E dependem das chuvas.

É preciso ampliar a diversificação e estudar com seriedade os investimentos em energia térmica a partir do gás do pré-sal e (por que não?) na matriz nuclear.

Também ajudaria muito se todos os órgãos do Estado (incluindo aí o Ibama, a Funai e o Ministério Público) se pusessem de acordo com relação à necessidade de não deixar o país às escuras. Mas isso talvez seja impossível.

A redução das tarifas de energia é um avanço. Mas é preciso avançar mais.

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