FOLHA DE SP - 25/01
Setor de cruzeiros volta a reduzir oferta no país
Pelo segundo ano consecutivo, o mercado brasileiro de cruzeiros marítimos vai navegar na direção de um encolhimento.
Depois que as companhias do setor ofereceram um volume de leitos cerca de 15% inferior na temporada de 2012/2013, a queda deve se aprofundar em 17% em 2013/2014, segundo a Abremar (associação do setor).
"O Brasil tem recebido marcas de qualidade e cresceu muito nos últimos anos, mas agora está andando para trás", diz Ricardo Amaral, presidente da entidade.
Apesar da grande demanda, os altos custos de operação e os impostos praticados no país fazem com que os roteiros estrangeiros sejam mais interessantes para as empresas, segundo Amaral.
"Enquanto isso, os nossos vizinhos de Buenos Aires cresceram 27% na temporada de 2012/2013", afirma.
O custo para a circulação dos cruzeiros no Brasil pode ficar até 35% mais caro para as operadoras, segundo as estimativas de Amaral.
"Isso pode ser transmitido ao cliente. Se o custo é elevado, acaba passando para o preço", afirma.
"Todos perdem. A geração de emprego cai e a movimentação da economia nas escalas também", diz.
Enquanto o mercado brasileiro perde competitividade, o setor procura outros destinos na Ásia, na Austrália e no Caribe.
BANCO INDEPENDENTE
Nouriel Roubini, professor da Universidade de Nova York, que ficou conhecido por ter previsto o início da crise, disse no Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça) que o atual Banco Central brasileiro é menos independente do que a gestão anterior.
"Não acho que jogaram fora o sistema de metas de inflação no Brasil [como ocorreu em outros países], mas, certamente, a nova gestão do Banco Central brasileiro é, de certa forma, menos independente que a anterior", afirmou à Folha.
"Com certeza, foi impelida pelo sistema político a tomar medidas mais agressivas de política monetária como uma forma de impulsionar a atividade econômica", acrescentou.
Há também a preocupação com a excessiva apreciação da moeda, lembrou.
"Talvez tenha legítimos argumentos para cortar juros, mas, por outro lado, há a alegação de que o Brasil não está crescendo como poderia porque não está fazendo as reformas macroeconômicas estruturais."
Ele enumerou algumas reformas, de "uma longa lista", que precisam ser feitas: a trabalhista, a da Previdência, a tributária... "Você sabe, reformas para tornar o país mais competitivo."
Para Roubini, "são coisas que estão acontecendo mais lentamente do que deveriam".
"Talvez estejam fazendo estímulos excessivos considerando a inflação, que não fariam normalmente", disse. "Estímulos podem eventualmente ser excessivos. Talvez, em vez de estímulos, o que o Brasil precisaria fazer é acelerar as reformas estruturais."
CEVICHE EM DAVOS
Um dos almoços do Fórum Econômico Mundial foi patrocinado, quem diria, pelo Peru. Sinal dos tempos.
O crescimento econômico peruano ultrapassou as expectativas do mercado pelo segundo mês.
Em novembro, o PIB peruano aumentou 6,83% em comparação com o ano anterior, enquanto o mercado projetava expansão um pouco menor, de 6,4%.
PARCERIA
Luciano Coutinho, presidente do BNDES, destacou ontem em jantar do Fórum Econômico Mundial que o ponto-chave a ser seguido pelos governos é estabelecer uma criativa e produtiva parceria com o setor privado.
"Uma parceria com previsibilidade é o único caminho para promover investimentos. Um ciclo virtuoso é criar esses incentivos para os dois, os setores público e privado", disse em painel sobre crescimento na América Latina.
"E também inspirar, ouvir o setor privado para promover esse ciclo de investimentos de modo a alcançar crescimento e fortalecer a sociedade", acrescentou.
No jantar, que teve também como palestrantes os ministros das Finanças e da Fazenda da Colômbia, do Chile, do México e do Peru, sobraram referências à disciplina fiscal.
Luís Miguel Castilla Rubio, do Peru, ainda exaltou o crescimento de seus país e colocou o Brasil em um segundo time, ao lado da Argentina.
Ao mencionar as diferenças nas taxas de PIB dos países latinos, afirmou que "há os que crescem mais, como o próprio Peru, e os que crescem menos, como o Brasil e a Argentina."
IMPOSTO PERDIDO
Mesmo batendo o recorde histórico de gastos no exterior -mais de R$ 22,2 bilhões em 2012-, os turistas brasileiros diminuíram a quantidade de restituições de impostos sobre produtos comprados fora do país.
Os dados são da Global Blue, empresa que presta serviços de devolução de tributos para turistas em várias cidades do mundo.
Entre outubro e dezembro de 2012, o Brasil diminuiu a quantidade de restituições em comparação ao mesmo período de 2011. Situação bem diferente da China, que aumentou em 46% as recuperações feitas pelos turistas.
Segundo a Global Blue, mais de 84 milhões de chineses viajaram para fora da Ásia em 2012. O turismo internacional da população teve aumento de 25% no último trimestre do ano passado.
A pesquisa da empresa aponta que o chinês gasta em média € 11 mil por viagem.
O país com maior crescimento nas devoluções de taxas foi a Tailândia, alta de quase 70%. Rússia e Malásia vêm logo atrás, com pouco mais de 30% de aumento nas recuperações dos turistas.
Nas araras... A marca de roupas infantis Carinhoso, do grupo LMG, entra no setor de varejo nesta semana com a inauguração de sua primeira loja, no shopping Ibirapuera, em São Paulo.
...infantis A empresa pretende abrir outras unidades neste ano. O grupo LMG produz cerca de 600 mil peças por mês e tem 1.250 funcionários.
Sapateado A fabricante de sapatos para crianças Pimpolho fechou contrato para exportar para Turquia, África do Sul, Egito e Omã. Hoje a empresa vende para cerca de 40 países.
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