Eleito para comandar a maior cidade do Brasil pelos próximos quatro anos, o petista Fernando Haddad sequer completou o primeiro mês no cargo e já deu uma péssima sinalização aos paulistanos.
Na última semana, a poucos dias do aniversário de 459 anos de São Paulo, celebrado nesta sexta-feira (25), o prefeito recebeu em seu gabinete o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dele ouviu, assim como 11 de seus secretários municipais, nada menos que dez "diretrizes" sobre como governar a megalópole.
O que se viu, na verdade, foi uma ingerência inadmissível de um ex-presidente da República na administração municipal, como se Lula tivesse autoridade para determinar o que deve ser feito em São Paulo por Haddad e sua equipe.
Entre as "instruções" dadas por Lula, segundo a imprensa, estão a necessidade de acertar parcerias com o governo do estado e priorizar áreas como habitação e transporte nos convênios firmados com o governo federal, além de monumentais obviedades como a preocupação em não deixar obras incompletas ou exigir o cumprimento de metas.
Tudo didaticamente explicado a Haddad e aos secretários de Governo, dos Transportes, da Saúde, do Planejamento e das Finanças, entre outros.
Ao aceitar o lamentável papel de mero cumpridor das determinações do ex-presidente, o prefeito se esquece do lema inscrito no brasão da cidade que administra: "Non ducor, duco", em latim, que significa "Não sou conduzido, conduzo".
Conduzir São Paulo de forma altiva e independente é tarefa que não permite hesitações. A vergonhosa reunião no gabinete do prefeito deixou claro que, nas atuais circunstâncias, Haddad é conduzido, não conduz.
Como se não bastasse exercer o papel interventor na prefeitura da maior cidade do país, Lula mostra que seu apego ao poder não tem limites e pretende tutelar também a presidente Dilma Rousseff. Segundo a imprensa, ele deve encontrá-la nesta sexta-feira para discutir a gestão do governo federal e a estratégia do PT para a eleição presidencial de 2014.
Na última segunda-feira (21), Lula já havia sido a grande estrela de um encontro promovido por seu instituto que contou, inclusive, com a presença dos ministros Celso Amorim, da Defesa, e Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência.
Nunca antes neste país, para usar expressão ao gosto lulista, um ex-presidente fez tanta questão de esbanjar poder e influência, intrometendo-se em administrações das quais se considera fiador.
Acuado por denúncias que vão do chamado "Rosegate" às acusações de Marcos Valério sobre o mensalão, Lula voltou aos holofotes justamente para tentar sair das cordas. Tutelando Haddad e Dilma, o ex-presidente ajuda a desviar o foco do noticiário, criando factoides e fugindo das explicações que deve à nação.
Agindo assim, pode até beneficiar a si próprio momentaneamente, mas diminui a estatura política do prefeito de São Paulo e da presidente da República.
Haddad e Dilma não deveriam aceitar essa intervenção tão escandalosa que envergonha a nação, constrange e mancha ainda mais o PT e deixa perplexos os brasileiros.
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