Investimentos que dependem de obras públicas são lentos, mas há outros que poderiam ser tocados pelo setor privado
O trem-bala é uma decisão de investimento que mira o futuro. Embora seja um projeto polêmico devido ao seu elevado custo, não há dúvida que as duas megalópoles brasileiras vão precisar de um meio de transporte rápido de passageiros que seja uma opção para a ponte aérea entre os aeroportos Santos Dumont e Congonhas. Mas há outras questões relacionadas à infraestrutura de transporte que não podem esperar. Mesmo com a economia crescendo a um ritmo morno, os acessos rodoviários às grandes cidades brasileiras viraram um pesadelo. Perdem-se horas em engarrafamento e desperdiça-se energia inutilmente (de que adianta usar óleo diesel menos poluente, como o novo S-10, se os caminhões tiverem de andar a 10 quilômetros por hora?). A remontagem de parte dessa infraestrutura depende de obras públicas e recursos municipais, estaduais e federais. O resultado dessa equação infelizmente é uma lentidão exasperante (haja vista o prometido Arco Metropolitano na Baixada Fluminense ou o tempo que levou para se duplicar um trecho de pouco mais de 20 quilômetros da rodovia federal Rio-Santos). Entretanto, existem vários outros investimentos igualmente importantes que só dependem de autorização governamental, pois a execução ficará por conta de consórcios privados. É o caso, por exemplo da construção de novos trechos da Via Dutra ou da nova subida da Serra de Petrópolis.
Chega a ser um mistério da meia-noite porque o governo não toma logo decisão em relação a isso. O calendário está passando e à medida que vai chegando o ano eleitoral de 2014 tudo fica mais complicado.
Imposto com vida própria
Os autos de infração de empresas petrolíferas no Rio de Janeiro já rondam a casa de R$ 1 bilhão. Só o advogado Gustavo Brigagão, do escritório Ulhoa Canto, está com a incumbência de defender clientes com autos de infração que beiram R$ 300 milhões. A razão para isso é que existe uma "zona cinza" entre as fases de exploração e produção dos campos de petróleo. Equipamentos importados para uma das duas fases ficam temporariamente isentos de imposto, mas o fisco estadual não tem a mesma interpretação para a "zona cinza". Os recursos administrativos contra os autos de infração têm se acumulado sem que haja uma solução para o problema.
Sonho com o mar
O Túnel da Grota Funda viabilizou alguns empreendimentos imobiliários no segmento luxo na área do Recreio dos Bandeirantes. O alvo de incorporadores - como é o caso da XMN - são profissionais liberais e empresários bem-sucedidos de bairros tradicionais da Zona Oeste (Campo Grande, Santa Cruz, parte de Jacarepaguá) que tinham o sonho de morar perto da praia, mas não queriam se aventurar a passar horas do dia no trajeto de casa para o local onde trabalham. Logo no lançamento do primeiro prédio, com preços de 10% a 20% acima dos valores médios da região, o ex-executivo financeiro Paulo Cezar Ximenes, que antes de se tornar incorporador passou um bom tempo como corretor de imóveis de alto luxo, ficou surpreso com o número de interessados (46 candidatos para 20 unidades) e se animou em explorar mais esse filão na praia do Recreio. O chamariz está em oferecer varandões e opções de lazer antes disponíveis apenas em grandes condomínios fechados.
O trânsito deve continuar terrível ainda por alguns anos na direção da Barra e da Zona Sul, mas no lado oposto, com Túnel da Grota Funda e o BRT TransOeste, já houve uma razoável melhora. Daí a clientela alvo ser exatamente a que hoje está nesse lado oposto ao da Barra.
Histórias do petróleo
Jorge Camargo, hoje consultor de empresas, testemunhou, como técnico e executivo, profundas mudanças que ocorreram na Petrobras e na indústria do petróleo como um todo. Ele resumiu essa experiência em "Cartas a um jovem petroleiro", que faz parte de uma série endereçada a estreantes em várias profissões. O livro de Camargo é daqueles que se consegue ler em uma tarde de sábado ou em uma noite qualquer em que o sono tarda a chegar. Resume muito bem as transformações e os novos desafios do setor. Tenho uma relação meio sentimental com o petróleo (minha primeira reportagem de economia, em 1969, no extinto "Correio da Manhã", foi sobre a compra pela Petrobras da primeira plataforma de exploração no mar). Talvez por causa dessa antiga relação ainda escrevo com entusiasmo quando o tema é petróleo. Mas mesmo para quem, como eu, não é um jovem petroleiro, o livro de Camargo é de fácil leitura.
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