O ano de 2013 dos políticos promete. Não por causa das previsões do governo, de uma economia mais robusta, um produto interno bruto (PIB) mais rechonchudo ou algo parecido. O que torna este ano especial é o fato de governadores, a presidente Dilma Rousseff e a oposição chegarem à segunda semana de janeiro com ares de quem deseja mostrar serviço ao eleitor. Tudo para, em 2014, ou emplacar mais um mandato ou fazer o sucessor.
Vejamos o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Pegou um governo redondinho de Mário Covas, morto em 2001. Reelegeu-se em 2002. Em 2006 passou o bastão paulista para José Serra, seu aliado, mas nem tanto. Retomou o bastão em 2010. Agora, no meio de seu segundo mandato inteiro à frente do governo, faltando dois anos para concorrer à reeleição, se prepara para encher o estado de obras que deixou de fazer nos períodos anteriores.
Da parte do governo federal, a mesma coisa. Dá-lhe obras para ampliar a agenda de inaugurações no ano que vem. No Orçamento da União, a previsão de investimentos é maior que a do ano passado em relação ao PIB. De 19% para 27%. São R$ 176 bilhões para investir, dos quais R$ 110 bilhões virão das empresas estatais. Se o país aplicar parte dos R$ 31 bilhões previstos para os portos até 2015 e conseguir levar o empresariado a colocar em prática os projetos do setor privado estaremos num ambiente pra lá de promissor. No caso da iniciativa privada, há mais R$ 100 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disponíveis para empréstimos.
Nas áreas da saúde e da educação, não é tão simples assim. Dilma fez um gol com o projeto Ciência sem Fronteiras. O programa “pegou”. É comum, hoje, ver grupos de jovens conversando entre si sobre perspectivas de estudar fora ou buscando informações sobre cursos em universidades estrangeiras. Mas as escolas públicas ainda deixam a desejar, daí as críticas à reserva de vagas das universidades a alunos oriundos do ensino público. Sinal de que os governos federal, estaduais e municipais estão longe de ter um caminho totalmente seguro para conquistar o coração do eleitor nesse quesito.
Na saúde não é diferente. A cada imagem de corredor de hospital cheio de gente, naquele sufoco, esperando atendimento, surgem pontos a menos nas intenções de voto, seja do prefeito (reeleito), seja do governador, seja da presidente Dilma. Só não afeta o prefeito que acabou de assumir o cargo. Esse último grupo, aliás, tem se esmerado em mostrar os estragos encontrados para, lá na frente, dizer que arrumou a bagunça.
Enquanto isso, nos partidos…
Aqueles que colecionam projetos realizados em anos anteriores planejam caravanas. Entram nessa batida o senador Aécio Neves, de Minas Gerais, disposto a embalar o PSDB dentro de uma campanha presidencial, mostrando para isso o que fez como governador de estado. O de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, também projeta andanças pelo Brasil. Está rouco de tanto dizer que não é candidato a presidente e que não trata de 2014. Mas os socialistas querem Eduardo exibindo os projetos pernambucanos pelo Brasil afora da mesma forma que Aécio apresentará os mineiros. E ainda vem Marina Silva, correndo por fora das legendas já registradas no Tribunal Superior Eleitoral.
… as contas vão chegando
Pelo cálculos feitos do PSB ao DEM, as andanças de Aécio, Eduardo e Marina devem começar logo depois do carnaval. Afinal, diz o dito popular, quem chega primeiro bebe água limpa. No meio político, embora Dilma seja considerada hoje imbatível, há um receio de que, no afã de mostrar serviço ao eleitor, o governo acabe colocando os pés pelas mãos na área econômica, que já não está aquela maravilha toda, e parte da população começa a perceber problemas.
O fantasma da inflação é comentado aos quatro cantos nos supermercados e nas conversas entre as donas de casa que acompanham o preço dos alimentos. O poder de compra da classe C continua movimentando o comércio, mas o endividamento também está bastante elevado. Se continuar assim, uma hora a conta não vai fechar.
Tudo que o governo não quer é que essa conta exploda antes da eleição ano que vem. Por isso, fará o que estiver ao seu alcance para mostrar que o país está num ritmo satisfatório. E, com Dilma, cada governador tentará se superar para fazer valer o clima de que “estamos muito bem”, apesar dos pesares. Esse é o nome do jogo. Os governantes querendo mostrar serviço e seus opositores garantindo que fariam melhor. Parte deles chegará ao fim do ano com mais legitimidade para bradar “esse cara sou eu”. É isso que faz de 2013 o melhor dos quatro anos de um governo. Bom para o contribuinte. Acompanhemos.
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