CORREIO BRAZILIENSE - 10/01
Mais do que os candidatos para presidente da Câmara, quem percorre estados e municípios em busca de votos em janeiro são os candidatos a líder do PMDB, em especial, Eduardo Cunha, do Rio de Janeiro, e Sandro Mabel, de Goiás. Estão no páreo ainda Osmar Terra (RS) e Danilo Forte (CE). As apostas dos peemedebistas recaem mais hoje para um segundo turno entre Eduardo Cunha e Sandro Mabel. Tão polêmico quanto Mabel, Cunha tem a vantagem de estar há mais tempo no partido. Mabel ingressou há menos de dois anos, depois de ser expulso do PR por disputar a presidência da Casa contra o petista Marco Maia (PT-RS), que à época tinha o apoio do PMDB. A eleição está prevista para 3 de fevereiro. Isso mesmo! Domingão. E o PMDB em votação.
O que está na cabeça dos integrantes do partido é buscar o nome que mais se adeque ao perfil de comandar os peemedebitas na situação de relógio correndo contra o tempo. O partido está convencido de que não tem caminho senão ao lado do governo da presidente Dilma Rousseff. Além disso, acredita que, embora uma situação plenamente favorável à chefe do Executivo não lhes beneficie tanto, sabe que um fracasso será prejudicial. Ou seja, o sucesso do governo é, ainda que indiretamente, a chave para o futuro dentro do PMDB.
Nessa perspectiva, a ideia dos peemedebistas é escolher um líder que lhes credencie a participar mais do governo. Não propriamente no sentido de liberar uma emendinha aqui outra acolá — sistema que Dilma tem usado para manter os aliados mais calmos, irrigando as bases a conta-gotas, com destaque para os restos a pagar. Mas que exerça o papel de forma a fazer com que o partido seja ouvido. Assim como os petistas, os peemedebistas têm saudades dos tempos do governo Lula, em que as medidas a serem adotadas pelo presidente da República e sua equipe eram discutidas previamente dentro do Conselho Político. Hoje, muitos reclamam que são chamados apenas quando está tudo fechado. E nada é debatido, apenas comunicado. E, nesse sentido, os peemedebistas, assim como todos os integrantes da base, têm se sentido escanteados. Nessa perspectiva, não há dúvidas de que o PMDB escolherá um líder que tenha como característica estudar os assuntos, apoiar o governo e, na hora do “vamos ver”, optar pelo partido. Daqui até 3 de fevereiro, vamos ver quem os peemedebistas indicarão para substituir Henrique Eduardo Alves. Por enquanto, a bolsa de apostas do segundo turno pende para Eduardo Cunha.
Enquanto isso, no Planalto…
Dilma voltou ciente dos desafios econômicos, que potencializam os problemas políticos que ela terá daqui para frente, diante do relógio que não cobra mais propostas, e sim resultados. Afinal, já passou da metade do mandato e a hora é de mostrar o que os programas estão proporcionando ao país neste terceiro ano de governo. Na economia, ela segue com os olhos nos números domésticos, mas também não desvia a atenção dos preparativos para o Fórum Econômico de Davos, que discute as perspectivas do mundo sob a ótica ocidental. Lá, o documento entitulado Riscos globais 2013, divulgado esta semana, considerou que a instabilidade na Zona do Euro vai continuar e, sendo assim, todas aquelas medidas dos europeus, inclusive cambiais, que Dilma listou como prejudiciais à economia dos países emergentes, devem continuar. Logo, o Brasil terá que encontrar meios de se equilibrar sozinho, sem a ajuda de fora.
Com a economia nacional em situação delicada, Dilma terá que se desdobrar na política. O próprio PMDB não será tão dócil se não tiver participação na condução do governo, independentemente do líder que escolher. Em Minas Gerais, por exemplo, a bancada se mostra disposta a apoiar a candidatura de Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República. Para completar, o PSB vem crescendo, exigindo espaço e, até aqui, não se vislumbra um posto de destaque para dar aos aliados de Eduardo Campos, porque os que existem estão distribuídos entre PT e PMDB. E, em termos de bancada na Câmara, os socialistas são menores do que os peemedebistas. Além disso, existe o acordo PT-PMDB fechado lá atrás, quando da eleição de Marco Maia. Ou seja, se Dilma decidir jogar seu peso fora desse barco, os problemas serão maiores. Afinal, se ela acha que está ruim com o PMDB, pior ficará sem ele. Daí a importância da primeira disputa.
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