FOLHA DE SP - 28/12
RIO DE JANEIRO - Milhares de pessoas foram multadas por alcoolismo e centenas presas pelo mesmo motivo, apenas no RJ e em SP, nesses feriados. Multiplique isto por dois ou três, e você terá uma ideia do número de vidas poupadas, por acidentes de carros que deixaram de acontecer graças à nova versão da lei seca -que não mais se limita ao bafômetro para aferir a quantidade de álcool no sangue de quem dirige nessas condições.
Os estudiosos estimam que 15% da população da maioria dos países têm propensão genética para o alcoolismo, e que, destes, pelo menos 10% desenvolvem a doença. Dito assim parece um número confortável. Não quando você o transfere para populações como a dos EUA, da Rússia e do Brasil -não por acaso, países com índices de alcoolismo acima da média.
Quinze por cento dos 195 milhões de brasileiros que o IBGE anunciou em 2012 significam 29 milhões com propensão para o alcoolismo. Dez por cento desses seriam 2, 9 milhões que já desenvolveram a doença. Mas um estudo da Universidade de Washington, publicado na revista "The Lancet", acusou a existência de 5, 6 milhões de alcoólatras ativos no Brasil -quase o dobro do "normal". Donde não surpreendem nossos índices de violência doméstica, mortes por intoxicação aguda e acidentes fatais de trânsito.
E por que não? Este é um país em que a empresa de maior valor de mercado é uma fábrica de cerveja, superando as de petróleo e gás, de mineração e os bancos. Deve nos valer também o título de país onde mais se urina e se dá descargas em mictórios, além de nos garantir também a supremacia mundial em barrigas.
Com tal exposição ao álcool, ao alcance de qualquer bolsa, sem limite de horário e, sabemos nós, de idade, só espanta que os índices de alcoolismo não sejam ainda mais altos no Brasil. Mas vamos esperar.
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