Não sei qual é a opinião de vocês, mas eu, sinceramente, achei essas Trump Towers que foram anunciadas para revitalizar a Zona Portuária de uma cafonice ímpar. A ideia de a cidade retomar uma parte degradada de sua área é boa e antiga. O prefeito Eduardo Paes merece todos os elogios por estar levando adiante uma velha reivindicação da população. Mas, quanto mais a gente conhece os projetos arquitetônicos desenhados para a região, mais a gente se pergunta se não é melhor deixar como está. O Museu do Amanhã é uma boa notícia. Mas o píer em Y é outra bola fora. Pior: um anula a visão do outro. O Rio, bonito por natureza, está dando um jeito de se enfeiar.
Enquanto a cidade assiste à cafonização da Zona Portuária, outras áreas abandonadas e de fácil recuperação continuam ao Deus dará. Por quanto tempo mais nossas administrações vão deixar a Rua do Passeio, um local naturalmente aprazível, sem função? Quantas promessas já garantiram a reutilização dos prédios do Automóvel Clube e do Cine Metro Boavista? E eles continuam ali. Abandonados.
O ano de 2012 chegou ao fim com duas boas notícias para a cidade na área de revitalizações. A primeira foi a reabertura do Imperator, no Méier, com ares de centro cultural. A segunda foi a utilização de outro prédio que há anos pede por uma restauração — o do Cine Vitória, na Rua Senador Dantas —, agora transformado em megalivraria de quatro andares. Se foi possível fazer com eles, o que impede ainda a devolução à vida útil do Automóvel Clube e do Metro Boavista?
O Rio tem mania de abandonar suas tradições. O que aconteceu com o Canecão é inacreditável. Durante décadas, a UFRJ brigou para ter de volta a casa de shows mais famosa do país. Quando conseguiu realizar seu intento na Justiça, simplesmente deixou o espaço se deteriorar sem a menor previsão de que um dia seja reaberto.
Tem mais. Alguém pode explicar por que demora tanto a reforma da Sala Cecília Meireles? Em abril de 2011, a secretária estadual de Cultura, Adriana Rattes, posou bonita e sorridente para reportagem do Segundo Caderno na qual anunciou que, a um custo de R$ 12 milhões, a sala seria reaberta no primeiro trimestre de 2012. Duvido que o orçamento continue sendo esse. E duvido também que a reabertura aconteça no fim do próximo do trimestre, quando se completa um ano de atraso.
Tem ainda o Teatro Villa-Lobos. Bem, aí a secretária não tem culpa. O teatro estava quase inteiramente reformado, prontinho para ser reaberto, quando pegou fogo. Tudo bem. Fatalidades acontecem. Mas quais são os planos para o lugar? Qual é o projeto de reconstrução? A cidade receberá o Villa-Lobos de volta?
Há quem comemore a inauguração, enfim, da Cidade da Música, agora em janeiro, com o musical “Rock in Rio”. Não fico tão animado. O gestor do espaço já explicou, aqui mesmo na revista, que será um soft opening. Em bom português, isso significa que não será uma abertura para valer. Apenas uma das salas será utilizada no complexo. E para quando a prefeitura prevê que a Cidade da Música esteja funcionando a todo vapor?
Pode ser acrescentada à lista das coisas que nunca acontecem a reabertura do Teatro Municipal. O quê? O Municipal já foi reaberto? Nem percebi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário