País asteca vira o jogo em cima do Brasil, e pode beneficiar-se ainda mais com as reformas para abrir a economia propostas pelo novo presidente, Peña Nieto
Em 2009, a economia mexicana teve contração de 6,5% devido à crise financeira mundial e, principalmente, à desaceleração dos EUA, que absorvem 83% das exportações do país. O Brasil saiu-se melhor, com recuo de apenas 0,2% do PIB. O ano seguinte foi de crescimento excepcional do Brasil, 7,5%, enquanto o México conseguiu se recuperar, mas com um índice mais modesto, de 5,6%. A partir daí, o país azteca virou o jogo: em 2011, cresceu 3,9% contra 2,7% do Brasil. Este ano, a diferença se acentua: a Cepal prevê 4% para o México, enquanto nosso país deverá se contentar com 1% ou pouco mais.
A situação surpreende o Brasil atolado em falhas de política econômica, como intervencionismo estatal, demora na decolagem dos investimentos em infraestrutura e esgotamento do ciclo de crescimento pela via dos incentivos ao consumo. Diante das perspectivas que se abrem para o México, o Brasil pode ser superado na atração de investimentos externos.
O México completou um ciclo. Com a posse de Enrique Peña Nieto, encerram-se 12 anos de governo do PAN. O novo presidente é um político jovem, de 46 anos, mas seu partido é o velho PRI, que governou por 71 anos até 2000. Ainda está por ser respondida a pergunta se é um novo PRI ou mais do mesmo — uma enorme burocracia que monopolizou a política mexicana na maior parte do século XX.
Peña Nieto começou prometendo reformas que podem acelerar o crescimento. Ele apresentou o Pacto pelo México, para o qual obteve o apoio dos principais líderes da oposição. Um dos pontos centrais é o aumento de eficiência da petrolífera estatal Pemex com a abertura da empresa e do setor ao investimento privado, o que exige emenda constitucional. O objetivo declarado é criar competição em refino, petroquímica e transporte de óleo e gás. Segundo o novo presidente, não há intenção de privatizá-la (algo como aconteceu no Brasil). O documento cita também a intenção de estimular a competição na fechada economia mexicana.
As medidas propostas por Peña Nieto beneficiarão o México, embora este ainda precise cauterizar a chaga do narcotráfico — segundo o governo, 70 mil pessoas morreram nos últimos seis anos por causas ligadas ao crime organizado. A estratégia é dar ênfase à prevenção e criar unidades especiais para combater sequestros e extorsões, como uma Guarda Nacional. Em princípio, as tropas do Exército mobilizadas por Calderón, o presidente que saiu, continuarão nas ruas.
A violência cobra dos mexicanos alto preço social e econômico. Ainda assim, um banco japonês arriscou-se a prever que, em 2022, a economia mexicana superará a brasileira. Para que isto não aconteça, o Brasil precisa fazer o dever de casa. O país já passou por um bem-sucedido período de reformas, que dão sinais de esgotamento. É preciso iniciar um novo ciclo.
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