Ayn Rand alcançou fama com o livro "The Fountainhead" (1943). Foi com "A revolta de Atlas" (1957), porém - segundo livro mais influente depois da Bíblia e o 33º mais vendido pela Amazon em 99 -, que Rand se consagrou como precursora do objetivismo: que rejeita o coletivismo e apoia o capitalismo. Se estivesse viva, o que diria sobre a pusilânime economia brasileira?
Depois de 10 anos sem fortalecimento das instituições democráticas, Rand não se surpreenderia com os frutos que o Brasil vem colhendo. Reafirmaria o que escrevera em seus livros e ainda constataria certa esquizofrenia nas escolhas do governo. Se por um lado o intervencionismo vem tomando fôlego, por outro, anuncia um programa (liberal) de concessões. O governo, assim, confunde os agentes econômicos, que respondem a incentivos, sejam estes corretos ou não.
Exemplos não faltam. O governo quer ter uma indústria forte, mas investe pouco; anseia reduzir o Custo Brasil com desonerações, mas cria distorções ao escolher os beneficiados; é arguto em perceber a importância da poupança pública, mas cogita criar o 40º ministério; anela reduzir os preços de energia elétrica, mas destrói valor de empresas que, se quebrarem, serão socorridas com dinheiro público; defende o programa Bolsa Família, mas o valor da bolsa empresário já o supera e muito (com repasses do Tesouro ao BNDES em mais de R$ 354bi desde 2008); aspira ser uma potência no pré-sal, mas impõe política de conteúdo nacional; fomenta o consumo de veículos, mas não investe em rodovias; faz a Petrobras importar derivados caros, congela o preço da gasolina e desorganiza a indústria de etanol; por fim, deseja concessionar empresas, mas impõe taxa de retorno pouco atrativa.
O resultado desta miscelânea de escolhas é que, mesmo com juro baixo, o investimento não decola. A falta de agendas micro e macroeconômica claras; a ausência de informações transparentes e de fácil acesso; as seguidas alterações nas regras; o diagnóstico incorreto do que vem ocorrendo; são fatores que afugentam os investidores. E sem investimento e com pleno emprego, aumentar a produtividade virou uma necessidade que não tem sido lograda. Não por menos o PIB brasileiro crescerá aquém de seus pares latinos (Chile, Colômbia, Peru e México), que apresentam: inflação menor, taxa de investimento maior, ambiente de negócios melhor e carga tributária mais branda.
A mudança na política econômica do tripé para algo indefinido, as medidas que manipulam a taxa de inflação e a contabilidade criativa nas contas públicas não têm trazido benefícios. A sinalização está confusa e o microgerenciamento faz o país dar marcha ré.
Apesar da revolta deste cenário, Dilma se elegerá em 2014. O pleno emprego e o Bolsa Família dão a ela uma popularidade de 60%. Espera-se, pois, que este governo não entenda ser capaz de fazer escolhas melhores do que a iniciativa privada.
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