Começa hoje o 18º Congresso do Partido Comunista Chinês, que realizará até o dia 14 a primeira transição de sua cúpula em dez anos.
A grande incógnita é se a coreografada ascensão de Xi Jinping, 59, à liderança máxima trará indicações sobre como o novo governo vai enfrentar temas difíceis como reformas na política e na economia. Xi é tido como modernizador.
Sob a liderança de Hu Jintao e Wen Jiabao, a China conseguiu avanços extraordinários na década. O país saltou de sexta para segunda economia mundial e se tornou o maior parceiro comercial de vários países, como o Brasil.
No entanto a recente desaceleração do crescimento, a desigualdade explosiva e os negócios escusos envolvendo membros da cúpula tornam cada vez mais tênue o equilíbrio entre avanços econômicos e estabilidade política.
Na origem desses problemas está o que na própria China se chama de "interesses constituídos": os de altos funcionários do governo ou de empresas estatais e grandes empresários do setor imobiliário que acumulam poder e fortuna com o "capitalismo autoritário".
Quem perde são centenas de milhões de chineses que não têm meios para reagir contra desapropriações forçadas de suas casas, são alijados dos bons empregos por falta de conexões políticas e sofrem com a degradação ambiental.
O indicador mais decisivo para aquilatar o ímpeto das reformas políticas e econômicas será a nova configuração do Comitê Permanente, colegiado que, de fato, governa o país. Atualmente com nove membros, deve ser reduzido a sete, o que em princípio facilitaria o controle de Xi sobre o órgão (já pavimentado com o expurgo do popular antirreformista Bo Xilai).
As duas alas, pró e contra uma correção de rota na China, são bem representadas pelos candidatos Li Yuanchao, que estudou nos EUA e é visto como defensor de alguma abertura, e Liu Yunshan, que controla o Departamento de Propaganda e a censura cada vez mais rígida.
Espera-se que Xi esclareça sua posição sobre a agenda reformista nos próximos dias. Ele é arrolado nas facções mais abertas a mudanças, mas sua família foi apontada em reportagem da agência Bloomberg como possuidora de US$ 376 milhões, obtidos por meio de empresas favorecidas pelo Estado.
Para ele e vários outros integrantes da cúpula, atacar os "interesses constituídos" pode significar um corte doloroso na própria carne.
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