FOLHA DE SP - 17/11
BRASÍLIA - Quando Dilma Rousseff foi eleita presidente, em 2010, o publicitário João Santana vaticinou antes da cerimônia de posse que ela ocuparia a "cadeira da rainha", vazia há muito tempo no imaginário do brasileiro. Somos um país com poucas heroínas veneradas.
Pois Dilma Rousseff está prestes a completar quase dois anos de mandato. Pode até desfrutar desse benefício de ser a primeira mulher a comandar o Planalto. Só que é uma rainha sem imagem bem definida.
Pior. A marca mais saliente foi empurrada para Dilma: a de faxineira que colocou na rua mais de meia dúzia de ministros encrencados. Essa turma foi expelida apenas após a mídia publicar suas estripulias.
O governo demonstra perseguir a construção de dois símbolos. Primeiro, o de ter acabado com a miséria extrema. Segundo, o de impor um ritmo desenvolvimentista ao país, que garanta o crescimento da economia num patamar elevado e estável.
Do ponto de vista eleitoral, o que mais importa é o bem-estar geral da população. E nesse aspecto há sinais amarelos acendendo a cada dia nos controles do Planalto.
Tudo poderá talvez ser mitigado se a economia de fato crescer em 2013, como se espera, acima de 3%. Mas esse tipo de desempenho será suficiente a ponto de Dilma criar uma marca para si própria? "A presidente que fez o Brasil crescer 3%"? Ou 4%, vá lá. No último ano do governo Lula, o PIB subiu acima de 7%.
Aeroportos estrangulados. Estradas ruins. Transporte público nas grandes metrópoles em estado de depauperação. Saúde pública com os problemas de sempre. E agora, como se não bastasse, a criminalidade em alta em várias localidades.
Muitos desses gargalos não têm nada a ver com o governo federal. Mas quem paga o pato é sempre o presidente. Dilma, mesmo sentada na cadeira da rainha, tem poucos resultados palpáveis para seus súditos. Fica um governo sem cara.
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