Folha de S. Paulo - 10/09
Algo vai muito errado quando a sucessão no comando de uma repartição pública chamada Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada frequenta o noticiário da imprensa sobre negociações de cargos e verbas do varejo político.
Menos mal que o economista Marcelo Neri, escolhido para presidir o órgão, não seja militante partidário e tenha uma reputação acadêmica a defender. Mas há um caminho a ser percorrido para reverter o retrocesso institucional dos últimos anos.
Em 2007, o órgão foi incorporado à estrutura da Presidência da República e à cota do PT na administração federal, embora abrigado na Secretaria de Assuntos Estratégicos, agora nas mãos do PMDB.
A mudança respondeu antes a interesses do partido que do Estado. Próximo ao núcleo do governo, o Ipea poderia, nessa reconfiguração de organograma, ser monitorado com mais atenção a fim de evitar desencontros.
No primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, economistas do instituto participaram da elaboração de um programa de ajuste fiscal de longo prazo. O plano incomodou e foi abortado pelas alas do governo defensoras da expansão do gasto público.
Não foi coincidência, assim, que, na gestão de Marcio Pochmann, hoje candidato a prefeito de Campinas pelo PT, as pautas do Ipea tenham acompanhado a agenda do segundo mandato de Lula.
Tampouco foi por acaso que a corrente mais estatista, a que se filia Pochmann, tenha experimentado particular prestígio no instituto. Pesquisadores mais próximos da doutrina liberal, por outro lado, acabaram marginalizados.
É nessa chave que devem ser lidas teses promovidas pelo Ipea nesse período, como a expansão do funcionalismo público e a adoção de cotas raciais.
A guinada ideológica rendeu mais danos à credibilidade do Ipea do que influência sobre o pensamento e a agenda nacionais. A reputação de autonomia e excelência técnica que o órgão havia conquistado precisa agora ser restaurada.
Com orçamento de R$ 305 milhões no ano passado (cerca de 25% do que tem a Universidade de Brasília, com seus 24 mil alunos), o instituto tem 256 pesquisadores. A remuneração oferecida, de R$ 13 mil a R$ 18,5 mil, é suficiente para atrair quadros da elite acadêmica.
Órgão de Estado, não de governo, o Ipea precisa ter a independência inerente à sua função.
Menos mal que o economista Marcelo Neri, escolhido para presidir o órgão, não seja militante partidário e tenha uma reputação acadêmica a defender. Mas há um caminho a ser percorrido para reverter o retrocesso institucional dos últimos anos.
Em 2007, o órgão foi incorporado à estrutura da Presidência da República e à cota do PT na administração federal, embora abrigado na Secretaria de Assuntos Estratégicos, agora nas mãos do PMDB.
A mudança respondeu antes a interesses do partido que do Estado. Próximo ao núcleo do governo, o Ipea poderia, nessa reconfiguração de organograma, ser monitorado com mais atenção a fim de evitar desencontros.
No primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, economistas do instituto participaram da elaboração de um programa de ajuste fiscal de longo prazo. O plano incomodou e foi abortado pelas alas do governo defensoras da expansão do gasto público.
Não foi coincidência, assim, que, na gestão de Marcio Pochmann, hoje candidato a prefeito de Campinas pelo PT, as pautas do Ipea tenham acompanhado a agenda do segundo mandato de Lula.
Tampouco foi por acaso que a corrente mais estatista, a que se filia Pochmann, tenha experimentado particular prestígio no instituto. Pesquisadores mais próximos da doutrina liberal, por outro lado, acabaram marginalizados.
É nessa chave que devem ser lidas teses promovidas pelo Ipea nesse período, como a expansão do funcionalismo público e a adoção de cotas raciais.
A guinada ideológica rendeu mais danos à credibilidade do Ipea do que influência sobre o pensamento e a agenda nacionais. A reputação de autonomia e excelência técnica que o órgão havia conquistado precisa agora ser restaurada.
Com orçamento de R$ 305 milhões no ano passado (cerca de 25% do que tem a Universidade de Brasília, com seus 24 mil alunos), o instituto tem 256 pesquisadores. A remuneração oferecida, de R$ 13 mil a R$ 18,5 mil, é suficiente para atrair quadros da elite acadêmica.
Órgão de Estado, não de governo, o Ipea precisa ter a independência inerente à sua função.
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