SÃO PAULO - O Brasil melhorou muito nos últimos 20 anos. Uma sociedade antes obcecada por tablitas, gatilhos e rendimento diário da poupança hoje discute e age para ampliar e melhorar a infraestrutura dos próximos 30 anos.
Enquanto essa transformação ocorria na superfície visível das relações econômicas, um outro fenômeno alterava a configuração de nossa população -a queda acentuada nos nascimentos de bebês.
Cada 100 brasileiras concebem, na média, 170 filhos durante a vida. A fertilidade aqui ficou menor que no Reino Unido (190), na França (200) e nos EUA (200).
Taxas abaixo de 200 filhos por 100 mulheres são vetores de declínio populacional à frente. Preconizam, antes disso, a queda da população em idade de trabalhar.
Nesse ritmo, é provável que a massa de trabalhadores brasileiros comece a cair, em termos absolutos, em meados da próxima década -enquanto os EUA devem registrar expansão até o meio do século. Num cenário otimista, em 15 anos o Brasil terá tempo de elevar a renda per capita dos atuais US$ 12 mil para o nível de hoje dos gregos em crise (US$ 24 mil).
Ainda muito distante do americano (US$ 50 mil), do japonês (US$ 47 mil) e do alemão (US$ 43 mil) de hoje, o trabalhador brasileiro da próxima década terá de ser obsessivamente produtivo para contrariar a tendência histórica e preservar um ritmo razoável de alta na renda nacional.
A impressão é a de que o Brasil se converte, cedo demais, numa sociedade fria em desenvolvimento demográfico. Uma das vantagens dos EUA, no cotejo com as outras nações ricas, é terem se mantido ativos no crescimento populacional, em razão da fertilidade das mulheres e da imigração.
Mais imigrantes e mais bebês para o Brasil. Eis um bom debate, a ser travado já, numa sociedade que aos poucos reaprende a olhar para o futuro.
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