FOLHA DE SÃO PAULO -10/09
BRASÍLIA - Há uma mensagem por trás da dianteira folgada de Celso Russomanno (PRB) em São Paulo, dos ótimos desempenhos de Ratinho Junior (PSC) em Curitiba e de Manuela D'Ávila (PC do B) em Porto Alegre e até da vice-liderança de Marcelo Freixo (PSOL) no Rio.
São candidatos de legendas pequenas, sem apoio da máquina local nem destaque na propaganda de TV. Em teoria, deveriam desidratar.
Porém, cada um com seu alcance, os quatro aproveitam a onda geral de descrédito que alcança partidos e políticos. Pegam embalo no cansaço ou revolta do eleitor. Distinguem-se pela dissociação da imagem tradicional de quem pede voto. Como resumiu Russomanno à Folha: "Não sou político. Sou artista".
O voto desgarrado, indignado ou irreverente não é inédito na curta história democrática do país. Basta lembrar de Collor, Enéas e Tiririca.
Mas há uma novidade neste ano: a ausência de um contraponto político clássico, de figuras de referência.
Os medalhões da redemocratização evaporaram com o tempo. O tucano José Serra é a exceção -ou não, conforme apontam as pesquisas.
Nenhum partido se distingue. O PMDB é um condomínio decadente de coronéis. O PSB e o PSD, projetos de um só. O PSDB e o DEM espreitam a dispersão, a fusão ou outro "ão" igualmente desolador.
Sigla bem estruturada e operosa, o PT poderia ocupar o território. Mas não parece tão interessado.
Desperdiçou uma chance em 2006, na ressaca do mensalão. Expulsou Delúbio Soares, apeou José Genoino, privatizou José Dirceu e colocou João Paulo Cunha na geladeira. Mas logo desistiu da "refundação" e reabilitou todos os acusados.
E desperdiça outra chance agora: contra os fatos e o bom senso, afaga novamente os réus e qualifica o STF como instrumento "golpista".
O partido pode até colher vitórias em outubro. Mas o "novo" o eleitor passou a procurar noutro lugar.
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