domingo, setembro 16, 2012

"Lula era o chefe" - CARTA AO LEITOR

REVISTA VEJA 

Seis semanas depois de iniciado o julgamen­to pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o escândalo do mensalão, que Lula e o PT tentaram dissimular como sendo uma “farsa da oposição” ou “invenção da imprensa golpista”, mostrou-se de uma realidade absoluta e incontes­tável. As primeiras condenações à prisão já foram lavradas pelos ministros do tribunal e outras ainda virão até o veredicto final, o que deve ocorrer em meados de novembro. O Brasil e os brasileiros, portanto, já ganharam o ano com a demonstração de maturidade e independência da Justiça e com a certeza de que a nação conta com uma imprensa livre, corajosa e obcecada pela busca da verdade, cujo trabalho desencavou o escândalo e o mante­ve vivo com constantes revelações até que os cul­pados fossem confrontados com seu destino pe­rante o tribunal.

VEJA se orgulha de ter desempenhado um pa­pel fundamental em mais esse processo de depura­ção da vida política nacional. Foram os repórteres da revista que captaram os primeiros sinais da doença que tomava conta de Brasília ao publica­rem o vídeo em que um diretor dos Correios em­bolsava uma propina em dinheiro vivo. A partir daí, VEJA foi puxando o fio da meada até constatar que, ao que tudo indicava, a podridão havia su­bido a rampa do Palácio do Planalto e se instalado nas imediações e até no próprio gabinete presiden­cial. Em sua edição de 13 de julho de 2005, VEJA colocou na capa os resultados de uma pesquisa nacional de opinião pública dando cònta de que para 45% dos entrevistados o então presidente Lula na­da sabia do mensalão, enquanto para 39% ele sa­bia mas não se tenvolvera diretamente na operação e para 16% Lula sabia e tivera participação direta nas malfeitorias. Depois, a revista revelou que em pelo menos cinco situações Lula fora alertado so­bre o que se passava a sua volta. Em outra reporta­gem de capa, VEJA trouxe a primeira forte evi­dência de que os 16% ouvidos na pesquisa esta­vam certos: Lula sabia e se envolvera. Os repórte­res da revista informavam que o pivô financeiro do escândalo, o publicitário mineiro Marcos Valério, estava a ponto de procurar a Justiça e contar tudo sobre o envolvimento de Lula em troca do alívio da pena pelo mecanismo da delação premiada. “Vocês vão se ferrar. Avisa ao barbudo que tenho bala contra ele”, disse Valério a João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e hoje réu já condenado no processo do mensalão pelo STF. VEJA relatou a bem-sucedida operação do PT pa­ra acalmar Valério, oferecendo-lhe proteção.

Uma reportagem exclusiva desta edição do editor Rodrigo Rangel, da sucursal de Brasília, feita com base em revelações de Marcos Valério a parentes, amigos e associados, reabre de forma incontornável a questão da participação do ex-presidente no mensalão. “Lula era o chefe”, vem repetindo Valério com mais frequência e amargura agora que já foi condenado pelo STF, podendo, no fim do julgamento, ver sua pena che­gar a mais de 100 anos de reclusão. Valério não quis dar entrevista sobre as acusações diretas do envolvimento de Lula que ele vem fazendo. Mas não desmentiu nada.

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