O GLOBO - 28/12/11
Nada mais lamentável em termos institucionais do que assistir neste fim de ano ao bateboca entre desembargadores, juízes e ministros de tribunais de várias instâncias, inclusive a suprema, num autêntico barraco, que é a palavra que o preconceito usa para definir brigas de baixo nível nas favelas, nunca num espaço nobre onde deveriam reinar o bom senso e a serenidade. Houve lances nessa lavagem de roupa suja em que os ânimos se exaltaram tanto que se temeu o pior, que pudessem levar a vias de fato. Às vésperas do recesso e provavelmente estressados pelo excesso de trabalho, suas excelências perderam a estribeira, para empregar uma metáfora indevida.
Historicamente avesso à transparência, o Judiciário começou a entrar em crise quando a corregedora do Conselho Nacional de Justiça,Eliana Calmon, denunciou com incômoda franqueza a existência de “bandidos escondidos atrás das togas”, causando surpresa mais pela contundência da forma do que pelo conteúdo. Se não bastasse, o CNJ ordenou inspeções na folha de pagamento dos servidores do Judiciário em SP, onde encontrou movimentações “atípicas” em muitas contas e onde se descobriu que 45% dos desembargadores do estado não apresentavam suas declarações de bens e rendimentos. Caiu mal também a revelação de que dois ministros do STJ teriam recebido auxíliosmoradia milionários — um de R$ 700 mil e outro de R$ 1 milhão —, que, embora legais, mais parecem bolsas-moradia.
Como revide corporativo, as três principais associações de magistrados pediram providências à Procuradoria-Geral da República e recorreram ao STF, que, além de suspender as investigações, concedeu liminar que esvazia na prática os poderes do CNJ, órgão criado justamente para exercer fiscalização e controle externo sobre o Judiciário. A crise teve pelo menos o mérito de lançar um pouco de luz sobre a mais fechada e indevassável das instituições brasileiras. Como lembrou o colunista Ilimar Franco, o movimento pela ética chegou a várias instâncias — aos governadores, à polícia e até ao Congresso, que aprovou a Lei da Ficha Limpa. Menos entre juízes e desembargadores, onde o “processo de limpeza” está enfrentando toda essa resistência. Diante disso, corrige-se o início do artigo, que fica assim: nada como um desagradável barraco para abrir uma pequena brecha na caixa-preta do Judiciário.
Em matéria de balada e confusão, Adriano é o Edmundo dos anos 2000, com mais resistência. Encarar quatro poposudas depois de uma noitada revela uma disposição que, se ele a empregasse dentro de campo, seria imbatível. A propósito, que PM é esse que, além de permitir excesso de lotação no carro que dirigia (seis pessoas), deixa sua pistola ao alcance dos outros?
Nada mais lamentável em termos institucionais do que assistir neste fim de ano ao bateboca entre desembargadores, juízes e ministros de tribunais de várias instâncias, inclusive a suprema, num autêntico barraco, que é a palavra que o preconceito usa para definir brigas de baixo nível nas favelas, nunca num espaço nobre onde deveriam reinar o bom senso e a serenidade. Houve lances nessa lavagem de roupa suja em que os ânimos se exaltaram tanto que se temeu o pior, que pudessem levar a vias de fato. Às vésperas do recesso e provavelmente estressados pelo excesso de trabalho, suas excelências perderam a estribeira, para empregar uma metáfora indevida.
Historicamente avesso à transparência, o Judiciário começou a entrar em crise quando a corregedora do Conselho Nacional de Justiça,Eliana Calmon, denunciou com incômoda franqueza a existência de “bandidos escondidos atrás das togas”, causando surpresa mais pela contundência da forma do que pelo conteúdo. Se não bastasse, o CNJ ordenou inspeções na folha de pagamento dos servidores do Judiciário em SP, onde encontrou movimentações “atípicas” em muitas contas e onde se descobriu que 45% dos desembargadores do estado não apresentavam suas declarações de bens e rendimentos. Caiu mal também a revelação de que dois ministros do STJ teriam recebido auxíliosmoradia milionários — um de R$ 700 mil e outro de R$ 1 milhão —, que, embora legais, mais parecem bolsas-moradia.
Como revide corporativo, as três principais associações de magistrados pediram providências à Procuradoria-Geral da República e recorreram ao STF, que, além de suspender as investigações, concedeu liminar que esvazia na prática os poderes do CNJ, órgão criado justamente para exercer fiscalização e controle externo sobre o Judiciário. A crise teve pelo menos o mérito de lançar um pouco de luz sobre a mais fechada e indevassável das instituições brasileiras. Como lembrou o colunista Ilimar Franco, o movimento pela ética chegou a várias instâncias — aos governadores, à polícia e até ao Congresso, que aprovou a Lei da Ficha Limpa. Menos entre juízes e desembargadores, onde o “processo de limpeza” está enfrentando toda essa resistência. Diante disso, corrige-se o início do artigo, que fica assim: nada como um desagradável barraco para abrir uma pequena brecha na caixa-preta do Judiciário.
Em matéria de balada e confusão, Adriano é o Edmundo dos anos 2000, com mais resistência. Encarar quatro poposudas depois de uma noitada revela uma disposição que, se ele a empregasse dentro de campo, seria imbatível. A propósito, que PM é esse que, além de permitir excesso de lotação no carro que dirigia (seis pessoas), deixa sua pistola ao alcance dos outros?
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