sábado, novembro 05, 2011

PLÁCIDO FERNANDES VIEIRA - Anistia a mensaleiros



Anistia a mensaleiros
PLÁCIDO FERNANDES VIEIRA
CORREIO BRAZILIENSE - 05/11/11

O Brasil é mesmo um país difícil de ser levado a sério. Veja só o que ocorre agora na Câmara dos Deputados. Um projeto de autoria de Ernanes Amorim (PTB-RO) concede anistia aos envolvidos no mensalão, escândalo de corrupção que abalou o governo Lula e derrubou do Planalto o então todo-poderosíssimo ministro José Dirceu, depois levado à cassação, quando já estava na planície, na condição de parlamentar.

O caso é tão grave e escabroso que o então procurador-geral da República se convenceu de que se tratava de uma quadrilha, apontou Dirceu como chefe da organização criminosa que assaltava os cofres públicos e pediu a abertura de processo no Supremo Tribunal Federal. Os 40 acusados de integrar o bando, emblemático número, tornaram-se réus.

Pois bem, a proposta de anistia entrou na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Outro dado desse bizarro enredo é que a CCJ é presidida, sabe por quem? Acreditem: João Paulo Cunha (PT-SP), um dos réus no processo do mensalão a ser julgado ano que vem pelo Supremo Tribunal Federal.

O argumento para a anistia também é surreal: como parte da quadrilha, conforme denominou o procurador-geral da República, acabou vergonhosamente absolvida pela própria Câmara, o projeto defende que o chefão Dirceu seja igualmente perdoado dos “malfeitos”. Se for, pode até voltar ao Congresso sem que receba um único voto.

Basta que o PT consiga aprovar a reforma política que tira dos brasileiros o direito de eleger diretamente seus representantes. Aí, eles vão apresentar uma lista de cascas-grossas, e a gente apenas põe um xis embaixo. Ah, a gente também vai pagar a conta da campanha. Legal, não é? Cuidado: se disser que é contra essa reforma, você corre o risco de ser chamado de reacionário.

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