FOLHA DE SÃO PAULO - 22/05/09
SÃO PAULO - O que há de mais interessante na informação de que Thomas Shannon será o novo embaixador norte-americano no Brasil é o fato de que não provoca a menor emoção. Sinal de que as relações Brasil/ Estados Unidos amadureceram o suficiente para reduzir o peso do embaixador para aperfeiçoá-las (ou danificá-las, o que ocorria bem mais raramente).
Na verdade, o amadurecimento vem de algum tempo e apoia-se também (ou principalmente, não sei) na chamada diplomacia presidencial, ou seja, na ligação direta entre os presidentes.
Ligação que foi ótima com Fernando Henrique Cardoso e Bill Clinton, azedou algo com FHC/ George W. Bush, voltou a aprumar com Bush e Luiz Inácio Lula da Silva e tende a ser ainda melhor com Lula e Barack Obama.
Feita essa ressalva fundamental, Shannon é uma indicação feliz. Tem no currículo o mérito nada trivial de ter amortecido os ímpetos belicistas da administração Bush em relação a líderes latino-americanos da estirpe de Hugo Chávez. Antes dele, cheguei a ouvir queixas de Otto Reich, um dos neocons que assolou o governo Bush, sérias restrições ao chanceler brasileiro Celso Amorim por um suposto esquerdismo exagerado. Tudo bem que os neocons brasileiros parecem achar a mesma coisa, mas não é sério, certo?
Se foi assim com um radical como Bush, é razoável supor que Shannon seja o homem certo no lugar certo para uma administração como a de Barack Obama, que troca o confronto pelo diálogo até com os antes inimigos e que se diz disposto a aprender sobre uma região marginal nas prioridades dos EUA. O Brasil é, hoje, o lugar certo para esse aprendizado pelo papel de liderança que lhe é natural, mas que hesitava antes em exercer mais abertamente.
SÃO PAULO - O que há de mais interessante na informação de que Thomas Shannon será o novo embaixador norte-americano no Brasil é o fato de que não provoca a menor emoção. Sinal de que as relações Brasil/ Estados Unidos amadureceram o suficiente para reduzir o peso do embaixador para aperfeiçoá-las (ou danificá-las, o que ocorria bem mais raramente).
Na verdade, o amadurecimento vem de algum tempo e apoia-se também (ou principalmente, não sei) na chamada diplomacia presidencial, ou seja, na ligação direta entre os presidentes.
Ligação que foi ótima com Fernando Henrique Cardoso e Bill Clinton, azedou algo com FHC/ George W. Bush, voltou a aprumar com Bush e Luiz Inácio Lula da Silva e tende a ser ainda melhor com Lula e Barack Obama.
Feita essa ressalva fundamental, Shannon é uma indicação feliz. Tem no currículo o mérito nada trivial de ter amortecido os ímpetos belicistas da administração Bush em relação a líderes latino-americanos da estirpe de Hugo Chávez. Antes dele, cheguei a ouvir queixas de Otto Reich, um dos neocons que assolou o governo Bush, sérias restrições ao chanceler brasileiro Celso Amorim por um suposto esquerdismo exagerado. Tudo bem que os neocons brasileiros parecem achar a mesma coisa, mas não é sério, certo?
Se foi assim com um radical como Bush, é razoável supor que Shannon seja o homem certo no lugar certo para uma administração como a de Barack Obama, que troca o confronto pelo diálogo até com os antes inimigos e que se diz disposto a aprender sobre uma região marginal nas prioridades dos EUA. O Brasil é, hoje, o lugar certo para esse aprendizado pelo papel de liderança que lhe é natural, mas que hesitava antes em exercer mais abertamente.
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