FOLHA DE SÃO PAULO - 14/05/09
SÃO PAULO - Todo político é ladrão, diz a sabedoria popular -e não apenas no Brasil. Lembro até hoje que meu avô italiano resmungava constantemente "piove, governo ladro", sem que eu entendesse o que tinha a ver a chuva com o fato de o governo ser ladrão.
A generalização é injusta, como quase todas. Mas os políticos do mundo todo fazem um baita esforço para dar razão a ela. Pegue-se o que está acontecendo no Reino Unido: faz seis dias, o "Daily Telegraph" publica a versão local do escândalo das "verbas indenizatórias", que tão bem conhecemos.
Os "honoráveis membros do Parlamento" pedem reembolso por gastos em suas segundas casas. Vão de comida para cachorro a filme pornô, passando pelos gastos com a faxina da casa do primeiro-ministro, Gordon Brown (a segunda casa, não a que morava como responsável pelo Tesouro ou como premiê, ambas em Downing Street).
Mas, antes que o brasileiro acomodado e conformista absolva nossos "honoráveis", comparemos reações. Lá, Brown pediu publicamente desculpas em nome de toda a classe política. Aqui, Luiz Inácio Lula da Silva desculpa todos a partir da teoria de que "todos fazem", logo, não há que o condenar.
Lá, o presidente da Câmara dos Comuns disse que os gastos passarão a ser auditados por um organismo independente. Aqui, ataca-se a única e precária auditoria externa, que é a mídia.
Aqui, os pais da pátria acomodam as coisas com a alegação de que não é ilegal o uso, por exemplo, de passagens aéreas, mesmo que seja para parentes etc. Lá, Michael Martin, o Michel Temer deles, diz: "Trabalhar de acordo com as regras não é o único que se espera dos honoráveis membros; é importante que se imponha também o espírito do que é correto".
Trambiques, portanto, há em todo lado. Mas em alguns lados ainda se sente vergonha.
SÃO PAULO - Todo político é ladrão, diz a sabedoria popular -e não apenas no Brasil. Lembro até hoje que meu avô italiano resmungava constantemente "piove, governo ladro", sem que eu entendesse o que tinha a ver a chuva com o fato de o governo ser ladrão.
A generalização é injusta, como quase todas. Mas os políticos do mundo todo fazem um baita esforço para dar razão a ela. Pegue-se o que está acontecendo no Reino Unido: faz seis dias, o "Daily Telegraph" publica a versão local do escândalo das "verbas indenizatórias", que tão bem conhecemos.
Os "honoráveis membros do Parlamento" pedem reembolso por gastos em suas segundas casas. Vão de comida para cachorro a filme pornô, passando pelos gastos com a faxina da casa do primeiro-ministro, Gordon Brown (a segunda casa, não a que morava como responsável pelo Tesouro ou como premiê, ambas em Downing Street).
Mas, antes que o brasileiro acomodado e conformista absolva nossos "honoráveis", comparemos reações. Lá, Brown pediu publicamente desculpas em nome de toda a classe política. Aqui, Luiz Inácio Lula da Silva desculpa todos a partir da teoria de que "todos fazem", logo, não há que o condenar.
Lá, o presidente da Câmara dos Comuns disse que os gastos passarão a ser auditados por um organismo independente. Aqui, ataca-se a única e precária auditoria externa, que é a mídia.
Aqui, os pais da pátria acomodam as coisas com a alegação de que não é ilegal o uso, por exemplo, de passagens aéreas, mesmo que seja para parentes etc. Lá, Michael Martin, o Michel Temer deles, diz: "Trabalhar de acordo com as regras não é o único que se espera dos honoráveis membros; é importante que se imponha também o espírito do que é correto".
Trambiques, portanto, há em todo lado. Mas em alguns lados ainda se sente vergonha.
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