sexta-feira, junho 08, 2012

O cinismo de Ronaldinho Gaúcho - RUTH DE AQUINO


REVISTA ÉPOCA


RUTH DE AQUINO  é colunista de ÉPOCA raquino@edglobo.com.br (Foto: ÉPOCA)
Não sei se foi a perda precoce do pai, afogado na piscina de casa quando o garoto Ronaldinho driblava as cadeiras e tinha 8 anos. Não sei se foi a influência calculista do irmão Assis, dez anos mais velho, que se tornou seu empresário e o verdadeiro dono de seu passe. Mas o grande Ronaldinho Gaúcho se apequena quando fala sobre suas trapalhadas. Sempre foi assim. Ele não vai mudar. “O Flamengo faz parte do passado”, diz o atacante que já encantou o Brasil e o mundo.
Para quem critica a entrevista que ele deu ao Fantástico depois de rescindir o contrato com o clube, é bom saber que Ronaldinho Gaúcho apenas repetiu sua performance. O rapaz é um santo. Nunca houve problemas no Flamengo com treinadores, colegas. Nunca faltou a seus compromissos. Nunca dormiu mais que os outros. Nunca bebeu na véspera de um jogo ou comemorou com festança uma derrota. Nunca levou mulher para a concentração. Sempre deu seu melhor. Ele teria sido mais honesto se tivesse feito como o bicheiro lobista Cachoeira e o senador Demóstenes Torres: “Nada a declarar”.
Conversei com Ronaldinho em sua casa no subúrbio de Paris, em 2002. Ele estreava na Europa pelo PSG (Paris Saint-Germain). Tinha deixado em Porto Alegre uma torcida enfurecida com ele, a do Grêmio. Na entrevista, disse que seria gremista “para o resto da vida”. Seus únicos problemas tinham sido “as mentiras da direção do clube”.
Falava como autômato. “Nunca tive problemas fora de campo. Nunca fui vaiado em boate.” Os gremistas criaram um site chamado “Dentuço Pilantra”. Sobre o técnico Vanderlei Luxemburgo, que não o escalara para um jogo alegando que estava gordo, afirmou: “Grande treinador. Tenho uma amizade grande por ele”.
O camisa 10 tinha 22 anos, começava a deixar o cabelo comprido e já não assumia vontades ou desafetos. Não olhava no olho, mas para baixo. Parecia um autista. Quando perguntei quanto ganhava no PSG, respondeu sem piscar: “Mamãe é que sabe. Não me preocupo com dinheiro”. Pensei: é muita cara de pau. Talvez fosse o sucesso meteórico na tenra idade. Muito dinheiro, endeusado antes do tempo. Tem atleta que lida bem com isso. Outros não.
Agora, o Flamengo – depois de se omitir passando a mão na juba do ex-craque, ignorando a indisciplina extracampo e a preguiça em campo – quer proibi-lo de jogar em outro clube. E briga na Justiça para não pagar os R$ 40 milhões devidos até o fim do contrato, em dezembro de 2014 (eu também brigaria). Os atrasados se referem especialmente a direitos de imagem. Qual é mesmo a imagem que Ronaldinho Gaúcho reforçou no Flamengo? A de baladeiro feliz e craque decadente.Não sou flamenguista, mas entendo como a torcida se sente. O cara parou o Rio em Janeiro do ano passado. Vinte mil torcedores se espremeram em ônibus, trens e metrôs para saudá-lo na Gávea. Ele proclamou: “Tô realizado. Vivendo um sonho”. No Carnaval, deu seu único espetáculo.
O clube com mania de megalomania (“o maior do mundo”) prepara um dossiê e quer exibir tudo o que já tinha mas abafava. Vídeo da noite do jogador com uma mulher no hotel em Londrina, na concentração em janeiro (ooohhh...). Exame de sangue com álcool. Depoimentos de colegas e de Luxemburgo desmascarando a cantilena de bonzinho injustiçado. É uma baixaria só. 
Ronaldinho saiu do Flamengo porque nunca entrou. Mesmo indisciplinado, se tivesse decidido as partidas, o clima não azedaria assim. Demitiu um técnico, passou a ser vaiado, deixou de ser atraente para patrocinadores. O clube fingia que pagava, ele fingia que jogava. E o torcedor se sentia vítima de bullying duplo: do Flamengo e de Ronaldinho.
O irmão Assis deu uma de esperto. Roubou camisas do R10 da loja do Flamengo, na Gávea, antecipando-se à revolta da torcida. Agora, rubro-negros colam esparadrapo em cima do nome do ex-ídolo. Há um vídeo na blogosfera ensinando a descolar da camisa as letras do nome de Ronaldinho, com ajuda de álcool. O autor sugere que os torcedores usem cachaça. “Para os milhares de brasileiros que, como eu, tinham vergonha de envergar o manto sagrado por estar com o nome de Ronaldinho abaixo do 10 que um dia foi de Zico, de Pet e mesmo de Adriano”, diz o torcedor.
Ronaldinho, não deve ser bom deixar ódio para trás. Você saiu por onde não queria sair. Pela porta dos fundos. Esses 505 dias na Gávea podem já fazer parte do passado para você, que agora beija a camisa do Atlético-MG. Mas nosso passado nos condena ou nos redime.
Não é preciso ser jogador de futebol para saber que problemas dentro e fora de campo transformam um ídolo em vilão. Um médico estrela, um executivo estrela, um político estrela, um jornalista estrela. Quanto mais competente, mais visado é. Não dá para atrasar, dormir no ponto, beber demais, causar problemas na equipe, violar regras de conduta, não brilhar no expediente. E achar que só os outros têm culpa.

A 12 mãos - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 08/06

Pelo menos seis ministros vão se sentar nesta sexta em Brasília para alinhavar o discurso de Dilma na Rio+20.

À la Zózimo

E o Loco Abreu, hein? Foi assaltado em sua cidade, Montevidéu, no Uruguai. Deve ser terrível viver num lugar... você sabe.

O PT e os blogs

O PT inaugura dia 1, de julho em Brasília um escritório virtual para dar suporte aos candidatos do partido. Serão contratados blogueiros profissionais aliados ao partido para ajudar os aspirantes a prefeitos e vereadores sem intimidade com a internet.

É grave a crise

A Europa, em chamas econômicas, afeta o Brasil. A Unidos da Tijuca pretende celebrar a Alemanha no carnaval do ano que vem. Mas sua a camisa para conseguir patrocínio de empresas alemãs.

Cena carioca

Veja o sucesso de “Avenida Brasil”, a trama sem mocinhos das 21h na TV Globo. Quarta de manhã, num ônibus 456 (Méier-Praça General Osório), bem frente à Uerj, começou a tocar no celular de um rapaz o tema kuduro da abertura da novela. Na hora do “oi, oi, oi”, vários passageiros formaram um coro animadíssimo.

@falacaetano
Caetano Veloso, nosso grande artista que faz 70 anos dia 7 de agosto, aderiu ao Twitter. Começou, na quarta, a postar em @falacaetano. A ideia é enviar fotos pessoais exclusivas, vídeos de ensaios, participações em shows etc.

QUANDO SETEMBRO vier, o carioca terá finalmente de volta, todo restaurado por Eduardo Paes, este prédio magnífico, tombado pelo Inepac. Trata-se da vetusta Escola Municipal Marechal Hermes, fincada desde 1910 na Rua Capistrano de Abreu, em Botafogo. O prédio foi interditado em setembro de 2009, e os alunos levados para um outro colégio, ali perto. Mas as obras, orçadas em cerca de R$ 3 milhões, demoraram a sair do papel, o que levou a turma da coluna a reclamar aqui neste espaço em outubro de 2010. Melhor assim.

Fé na estrada
A Casa da Palavra lança ainda este mês “Fé na estrada”, livro em que Dodô Azevedo e a fotógrafa Luiza Leite refazem a viagem pelos EUA que inspirou Jack Kerouac a escrever o clássico “On the road”. Dodô conta que seu inglês precário levou-o a confundir “hitchhiking” (pegar carona) com “highjacking” (sequestrar aviões), num papo com policiais americanos. Acabou detido.

A propósito...

O prefácio do livro é de Walter Salles, que, como se sabe, levou “On the road” para as telas.

A dor do pai

Dilma enviou coroa de flores para Ana Maria Niemeyer, a filha do arquiteto, enterrada ontem no São João Batista, no Rio. O pai chorou muito ao saber da morte. Ficou à base de tranquilizantes.

O pioneiro
Eliezer Batista, 88 anos, receberá segunda esta escultura de Carlos Vergara, das mãos de Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira e Paulo Skaf, no Forte de Copacabana, na Rio+20. É uma homenagem da Firjan e da Fiesp ao “pioneiro na adoção e defesa do desenvolvimento sustentável no Brasil”.

Lula e Moacyr Góes

Lula Vieira e Moacyr Góes farão a campanha de Aspásia Camargo (PV) à prefeitura do Rio. Reeditarão a parceria da campanha de Gabeira, em 2008.

Acabou em samba

Otavio Leite será lançado pelo PSDB candidato a prefeito domingo no Cordão da Bola Preta.

Tropa de elite
 
Wagner Moura vai à convenção do PSOL, que lançará Marcelo Freixo para prefeito, segunda.

Rocinha é cultura

A Biblioteca Parque da Rocinha abriu terça e já registrou 761 usuários, 145 livros emprestados e 172 carteirinhas de sócios.

No Recife, petistas atacam Lula e cúpula - BRIGA NA QUADRILHA


O Estado de S.Paulo - 08/06



Aos gritos de "Ô, Lula, decepção, no Recife você não manda não!" e "O povo quer, o povo gosta, nosso prefeito é João da Costa", cerca de 150 militantes petistas receberam o prefeito do Recife, João da Costa, no seu desembarque, ontem, no aeroporto dos Guararapes. Com faixas e cartazes, demonstraram indignação com a Executiva Nacional do PT, que impôs o nome do senador Humberto Costa como candidato à prefeitura recifense. O prefeito concedeu rápida entrevista, sem antecipar como reagirá. "Não tive nenhum convencimento político para o ato tomado", disse ele, que vai se reunir com seu grupo político para tomar uma decisão. Entre as alternativas, está a de recorrer à Justiça comum, pelo direito de disputar a reeleição. "O caso não está encerrado", disse o presidente do PT municipal, Oscar Barreto. Já o senador manteve o discurso de conciliação e disse que falará com João da Costa "o mais rápido possível" para pedir apoio. / ÂNGELA LACERDA

Horário do mensalão - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 08/06




Os petistas têm a partir de 21 de agosto, quando começa a propaganda na TV, o maior desafio eleitoral dos últimos tempos: se apresentar como uma opção nos minutos seguintes aos informes dos telejornais sobre o julgamento do mensalão do PT

O que era para ser apenas mais uma campanha municipal em que o PT iria carregar Luiz Inácio Lula da Silva pelo Brasil afora em busca de votos — como sempre fez — acaba se transformar numa travessia perigosa para os petistas. O julgamento do escândalo de caixa dois conhecido como o mensalão do Partido dos Trabalhadores em agosto surge como algo embalado para presente nas mãos dos adversários do partido de Lula. E por mais que os petistas se dediquem a quebrar a cabeça no sentido de tentar encontrar um antídoto para usar em suas campanhas, o estrago à imagem do partido é considerado inevitável.

Quem se dispuser a analisar friamente a situação do PT como fazem alguns de seus próprios militantes mais serenos conclui logo que o partido sempre esteve à reboque de Lula. A voz do ex-presidente nos palanques e seu talento para conquistar simpatias e aliados pelo Brasil serviram de alavanca para o PT ao longo de sua história. E isso enquanto o partido empunhava a bandeira de avesso a práticas heterodoxas de financiamento de campanha e era mais restritivo no quesito alianças. Eram os tempos das vacas magras, quando os próprios militantes costuravam suas bandeiras e arrecadavam recursos passando o chapéu em festas e rodas de amigos e simpatizantes.

Hoje, as bandeiras costuradas à mão são coisa do passado. O PT é o partido que mais arrecada mesmo fora do ano eleitoral. Está rico, mas a imagem de mocinho se foi na esteira das denúncias sobre o mensalão, e deslumbramento de alguns nos primórdios do governo Lula. Obviamente, o então presidente guardou distância regulmentar desses malfeitos, de forma a não se deixar levar na enxurrada. Demitiu quem poderia comprometê-lo na caminhada, voltou-se para as viagens e falas diretas ao povo, apostou tudo nos programas sociais e sua propaganda, soltou a voz nas ruas e nos palanques. O resultado: mais quatro anos de mandato.

Por falar em mandato…
Nos seus últimos anos, Lula não se dedicou a construir nomes fortes no PT, capazes de alavancar a imagem do partido ou criar um detergente capaz de extinguir a mancha do mensalão sem esgarçar a bandeira petista. Lula se concentrou em construir Dilma, que não é vista no seio petista como preocupada em lustrar a estrela ou tirar as manchas da bandeira vermelha. O foco de Dilma — corretamente, é bom que se diga — é o seu governo. Do PT, que cuidem os petistas mais orgânicos.

Embora o ex-presidente tenha dito há dois anos que o partido precisava jogar firme nos meios de comunicação disponíveis para mudar a imagem de mensaleiro, ele próprio não trabalhou nesse sentido ao longo dos últimos dois anos. Primeiro, precisava absorver o fato de estar for a do Planalto, algo nada fácil. Depois, foi cuidar da saúde, que deve ser a prioridade sempre que o corpo pede e alma necessita.

Agora, o PT chega ao período eleitoral em meio ao julgamento, Lula sem tanta facilidade de soltar à voz por conta dos cuidados pós-câncer na laringe e, de quebra, candidatos sem aquele charme eleitoral, à primeira vista com muita dificuldade de seduzir o eleitor. Fernando Haddad, por exemplo, surge como um “BV” eleitoral, sigla que os adolescentes usam para se referir a coleguinhas sem qualquer experiência de namoro. E, por jamais ter concorrido a uma eleição, Haddad precisava de uma imagem partidária tinindo como aquele carro vermelho da velha “jovem guarda”, onde se dispensava o espelho para pentear os cabelos.

Por falar em imagem…
Em Recife, a segunda mais populosa das sete capitais administradas pelo PT, a confusão interna soaria pequena se a imagem do partido fosse positiva. Mas a divisão interna, somada ao escândalo do mensalão de caráter nacional, enfraquecerá mais ainda a legenda num momento decisivo. Por isso, o que vem pela frente para os petistas seja talvez o maior desafio eleitoral dos últimos tempos: se apresentar como um partido ético, trabalhador e com bons candidatos no horário eleitoral. E não dá para esquecer que a propaganda na TV que atinge maior Ibope é sempre à noite e no início da campanha. Esse desfile de candidaturas chegará na casa do eleitor logo depois dos telejornais em que diariamente será martelada a expressão “julgamento do mensalão do PT”.

Dilma descarta redução da meta fiscal - CLAUDIA SAFATLE

VALOR ECONÔMICO - 08/06

A presidente Dilma Rousseff resistiu e descartou, por ora, qualquer mudança na meta de superávit primário das contas públicas para aumentar os investimentos. O diagnóstico do Palácio do Planalto, neste momento, é outro: não faltam recursos. O dinheiro existe e está parado no Tesouro Nacional. O que falta é competência para gastar, asseguram fontes da presidência. Reduzir a meta de superávit primário, nesse caso, seria ocioso e temerário, já que é o esforço fiscal que dá sustentação à política de corte dos juros básicos da economia, a taxa Selic.

O debate sobre um eventual afrouxamento fiscal - mediante o abatimento de R$ 25 bilhões em gastos com investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - esquentou no governo a partir de três constatações preocupantes: o investimento público está em queda contínua desde o ano passado; o setor privado também não investe; e a atividade econômica está praticamente de estagnada. Portanto, cabe ao governo acelerar seus investimentos para estimular o setor privado a fazer o mesmo.

No primeiro trimestre deste ano o crescimento foi de apenas 0,2% sobre o último trimestre de 2011 e a economia está reagindo muito lentamente aos estímulos já concedidos. Mesmo contando com uma aceleração da atividade no segundo semestre, as expectativas dos agentes econômicos convergem para uma expansão muito modesta do PIB este ano, de 2%. Nos dois primeiros anos da gestão Dilma, portanto, a performance do crescimento pode ser comparável ao padrão do governo Fernando Henrique Cardoso.

Compras do governo terão margem de preferência

O superávit primário acumulado no primeiro quadrimestre - de R$ 45,02 bilhões - correspondeu a 3,31% do PIB e representou 46,5% da meta de superávit consolidado do ano. Foi um desempenho acima do necessário justamente num ano de eleições, quando os gastos públicos se concentram no primeiro semestre, salientam fontes oficiais.

As metas fiscais, no entanto, estão sendo cumpridas da pior maneira possível: as despesas de custeio crescem acima do PIB e caem os investimentos. Esta, porém, não é uma peculiaridade do atual governo. Tem sido assim desde sempre, com raras exceções.

Quando assumiu, em janeiro de 2011, o governo Dilma encontrou R$ 32,15 bilhões em investimentos públicos acumulados em 12 meses (dados que incluem as inversões financeiras). Essas cifras foram crescentes até janeiro de 2011, quando atingiram R$ 45,9 bilhões. De lá para cá, inverteram o sinal e passaram a cair sistematicamente.

Em meados do segundo semestre de 2010, o Tesouro Nacional inaugurou uma nova contabilidade, passando a incluir os gastos com subsídios ao programa Minha Casa Minha Vida como investimento público. Ao somar a despesa com subsídios aos investimentos, mascarou-se a queda do investimento stricto sensu, tal como era definido na Lei 4.320, alterada este ano para acolher a mudança.

Assim, para investimento total de R$ 41,3 bilhões acumulado em 12 meses até abril, quase R$ 13 bilhões foram de subsídios ao programa habitacional. Os demais investimentos, as obras de melhoria da infraestrutura e logística, caíram para R$ 28,5 bilhões, cifra bem inferior aos R$ 45,9 bilhões de janeiro de 2011.

O quadro de precária execução das obras públicas associado à percepção de que o crescimento este ano será baixo levou a presidente, na segunda-feira, a convocar uma reunião de emergência com nove ministros, tanto os responsáveis pelo caixa da União quanto os gestores e os encarregados das obras. Foi uma reprimenda só.

O problema, porém, é mais complexo. O Estado brasileiro há muitos anos perdeu a capacidade de investir. Ao contrário do período em que havia órgãos de planejamento setorial, como a Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes (Geipot), extinta no início dos anos 90, o Estado hoje não tem projetos nem técnicos aptos a elaborá-los. Os que aparecem das licitações são de baixa qualidade, feitos por mão-de-obra terceirizada e sem especialização contratada pelas empresas de engenharia. A isso se misturam irregularidades, superfaturamento, corrupção e as obras vão parar nos escaninhos do Tribunal de Contas da União. Foi isso que ocorreu, por exemplo, com os projetos de recuperação de 30 mil quilômetros de rodovias licitados pelo DNIT.

A saída para a paralisia no investimento público é recorrer às concessões, admitem fontes oficiais. Fala-se, no governo, em ampliar o regime de concessão inclusive para a área de saneamento básico. O difícil é trocar a visão doutrinária pelo pragmatismo.

Para estimular o investimento privado, o governo decidiu começar a agir. Vai ampliar e acelerar as compras governamentais, com margens de preferência para empresas brasileiras (independentemente da origem do capital) de até 25%. Atualmente as compras governamentais com margem de preferência para os preços das mercadorias estão sendo usadas de forma bastante restrita, como é o caso da aquisição de uniformes para os oficiais da Defesa. A comissão interministerial criada para cuidar das compras públicas está finalizando as propostas e em breve sairão decretos com essa finalidade.

Serão cerca de R$ 10 bilhões em compras governamentais com margem de preferência nas áreas de tecnologia da informação e comunicação, de equipamentos médico-hospitalares, de tecnologia mais complexa para o Ministério da Defesa e para as grandes de compra do PAC.

Só com a compra de 400 motoniveladoras e de duas mil retroescavadeiras o governo gasta cerca de R$ 1 bilhão por ano, o que corresponde a 20% desse mercado em encomendas. Com a aplicação da margem de preferência nos pregões de compras públicas, o valor do lance será menor do que o do último pregão e haverá estímulo à concorrência, garantem técnicos do governo.

Discute-se, também, um possível adiamento do recolhimento de impostos para nutrir o caixa das empresas por até 60 dias, liberando recursos para novos investimentos.

O governo quer salvar o PIB de 2012. Quem sabe, chegar a uma expansão próxima a 3% no ano. Mas essa é uma tarefa muito difícil, praticamente impossível.

Duas maneiras para deter Lula - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 08/06


O homem descompensou de vez, é incontestável; o supremo São Marco Aurélio está aí que não deixa mentir



FANTÁSTICAS AS voltas que a vida dá. Está certo que ficar em casa assistindo Íbis x Moto Club do Maranhão é duro. Se nem mesmo o Schumacher, casado com um peixão, conseguiu se aposentar, que dirá nosso ex-presidente?

Fato é que Lula perdeu a "trebi­sonda", como se diz em italiano, "he's lost it", diriam lá em Kansas City. Camaradinha perdeu o rumo.

Não acerta uma desde a remissão do câncer -graças a Deus está cura­do, que o bom Senhor o mantenha em santa saúde- mas o homem des­compensou de vez, é incontestável. Supremo São Marco Aurélio está aí que não deixa mentir.

Não há nada que o detenha em seu messianismo que, pelo visto, vol­tou renovado e turbinado. Lula lembra Ayrton Senna, naquele epi­sódio em Mônaco, em que o cam­peão bateu no "guardrail" depois de alegar ter tido uma conversinha com Deus. Sair vivo desse namoro involuntário com a morte parece ter conferido ao ex-presidente ga­rantias ilusórias.

Tudo indica que estamos diante de "Lula, o invencível".

A descompensação é visível. ("Que coisa feia, Barbara, o homem acabou de sair de meses duríssi­mos, como ousa julgar?") Pois é, te­nho muito dó, mas, infelizmente, não estamos falando do meu vizi­nho ou de um brasileiro qualquer. Se Sarney não é, porque Lula seria?

Agora que se sente de novo em plena forma e mais vivo do que nunca, vemos que Lula não se mi­rou no exemplo de perseverança e humildade de seu cão fiel, Delúbio, que amargou calvário mudo e amarrado no quintal. O forte de nosso ex-presidente nunca foi a disciplina. Liberado para a vida normal, depois de meses cumprin­do regime rigoroso imposto pelos médicos, agora é que ninguém con­segue mais lhe impor limites.
Seu mundo é equidistante ao de Dilma, que fez seu "CPOR" na mar­ra, atrás das grades, em uma idade em que a sua geração estava dan­çando o iê-iê-iê.

Inclusive Marta Suplicy, que é a quem eu queria chegar quando co­mecei falando nas viradas da vida.
Quem se lembra de Marta na TV, com olhos de desenho animado, pronta a estrangular a eleitora? Aquela figura descontrolada e exausta de tanto pontificar e que­rer que sua maneira prevalecesse. No fim das contas, acabou fazendo uma prefeitura razoável -os CEUs são espetaculares, inclusive em termos de mudança de cultura.

Marta agora virou a voz da razão, do "Eu não avisei?" de que Serra se tornaria um Maluf 2.0, concorren­do ad eternum à prefeitura.

E os olhos do Homer Simpson, quem diria, foram parar na cara do Lula. Visivelmente escangalhado emocionalmente, ainda assim, ele se crê apto a costurar politicamen­te uma CPI (alô, Lula! Que tal man­dar o Cachoeira para uma prisão na Guiana Francesa?), sente-se no di­reito de manipular o destino do mensalão e pretende comandar as eleições. Só.

Não sei como João Santana viu sua performance no Ratinho. Colo­cou Haddad no mapa? Lula é intui­tivo e coisa e tal, mas foram tantos os absurdos a partir da primeira en­trevista pós recuperação que vejo apenas duas maneiras de lidar: 1) Dilma deve chamá-lo para uma conversinha "amiga" de dedo em riste, como as que usa para entreter seus ministros até as lágrimas. Se necessário, pode aplicar no traseiro do antecessor algumas palmadas usando, em vez de a mão, as pesqui­sas com os índices de popularidade de seu mandato e 2) Marta que dei­xe os ressentimentos de lado e co­loque urgentemente à disposição o telefone de sua amiga psicanalista, Eleonora Rosset.

Já para o divã, presidente!

Rio+20 e o setor elétrico - CLÁUDIO J. D. SALES

O Estado de S. Paulo - 08/06


O Brasil será a sede de uma das maiores conferências do mundo sobre sustentabilidade e crescimento econômico, a Rio+20, que terá como assunto principal um conceito antigo, requentado e controverso: a economia verde.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) define economia verde como aquela que resulta em melhoria do bem-estar humano e da igualdade social, ao mesmo tempo que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica.

Trabalha-se incansavelmente num novo acordo que incorpore o conceito da economia verde, embora exista uma quantidade enorme de acordos já firmados nessa direção. Será que os esforços não deveriam concentrar-se na execução do que já foi definido em conferências anteriores, como, por exemplo, os Objetivos do Milênio?

O relatório Povos Resilientes, Planeta Resiliente: um Futuro Digno de Escolha, publicado pela Organização das Nações Unidas, fez uma avaliação do que já foi alcançado nos Objetivos do Milênio e, embora tenha sido observado um avanço em determinadas áreas, ainda há muita coisa a ser feita.

Na área de energia, por exemplo, estima-se que 1,3 bilhão de pessoas ainda não tenham acesso à eletricidade e outros 2,7 bilhões dependam de madeira ou de algum resíduo para cozinhar. Isso tem graves consequências para a economia dos países e para a saúde das pessoas, além de contribuir para a mudança do clima.

Novas oportunidades abrem-se com o acesso à energia, aos meios modernos de comunicação e à informação. Novas opções de subsistência e poderosos vetores de crescimento econômico.

Para promover o acesso à energia as Nações Unidas estabeleceram a iniciativa Energia Sustentável para Todos. Ela define três metas a serem atingidas até 2030:

Prover acesso universal a serviços modernos de energia;

duplicar a taxa de eficiência energética;

e dobrar a parcela de energia renovável na matriz de energia global.

É crucial que fique claro que o Brasil é líder global em várias dimensões energéticas. O acesso a serviços modernos de energia, como eletricidade e gás liquefeito de petróleo (GLP) para cocção, atende a 98% dos brasileiros. Nosso programa de eficiência energética, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), apenas em 2011 economizou 6,7 bilhões de kWh, o equivalente ao consumo anual de 3,6 milhões de domicílios. A participação da energia renovável na matriz energética brasileira representa 46,6%, porcentual extremamente superior à média mundial de 13,3%.

Em matéria de energia, o Brasil é diferente do restante do mundo e, portanto, as políticas públicas que devem ser implantadas pelos outros países podem não ser as melhores alternativas para o nosso país.

O Brasil precisa crescer economicamente e melhorar a qualidade de vida da população. E para que isso ocorra será necessário ampliar a oferta de energia. Para promover esse crescimento e ampliar a oferta energética de forma sustentável podemos adotar medidas práticas que envolvem o planejamento do setor elétrico, a eficiência energética, o licenciamento ambiental e o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE).

As variáveis sociais e ambientais devem ser incorporadas ao planejamento do setor elétrico e o Zoneamento Ecológico Econômico precisa ser valorizado, discutido previamente com a sociedade e aprovado pelo órgão ambiental, facilitando o diálogo entre as partes interessadas.

Quanto ao licenciamento ambiental, que garante a qualidade ambiental dos projetos de energia, o caminho é o aprimoramento sem "flexibilização".

E para obter eficiência energética o foco deve ser o estímulo permanente aos programas já existentes e à sua ampliação.

O setor elétrico brasileiro vai muito bem no tema da sustentabilidade e o Brasil se posiciona como líder global perante os demais países. Não nos podemos descuidar desse aspecto, mas temos de estar preparados para vencer objetivamente os desafios de crescimento que temos pela frente.

Mensalão e eleições - CAROLINA BAHIA


ZERO HORA - 08/06

O início do julgamento do mensalão em agosto terá inevitável reflexo na largada das campanhas eleitorais. Lideranças petistas já lamentam que o maior escândalo envolvendo o governo Lula volte à tona com força total exatamente na largada oficial da eleição. O temor é que candidatos luladependentes, como Fernando Haddad, sejam convidados a opinar sobre o que ocorreu em 2005, provocando desgastes. Apesar da pressão dos últimos meses, havia ainda quem apostasse que o Supremo deixaria o caso para depois do pleito. Se isso ocorresse, no entanto, a mais alta Corte amargaria descrédito junto à população. A costura do presidente Carlos Ayres Britto com os demais ministros, que aprovaram o apertado calendário, não poderia ter sido mais correta. 

Pulando fora
Às vésperas do depoimento na CPI do encrencado Marconi Perillo, o Senador tucano Álvaro Dias  confessa que tem evitado falar ao telefone com o colega de partido: 
- Sabe como é, com esses celulares censurados... 
Dias estará amanhã em Porto Alegre, ao lado de Yeda Crusius, para um encontro com a juventude tucana. 

Consciência
O ministro Antonio Dias Toffoli ainda não decidiu, mas deveria se considerar impedido de participar do processo do mensalão. Além de ter sido advogado do PT e assessor de José Dirceu, a mulher dele foi advogada de um dos envolvidos. 

Recordar é viver
Se questionado na CPI, o governador Marconi Perillo terá todo o prazer em repetir que antes mesmo de estourar o mensalão, havia alertado o então presidente Lula de que deputados estavam recebendo propostas financeiras para passarem a integrar a base do governo. 

Correndo atrás
Na ânsia de estimular a economia, o governo vai ampliar as ações do Programa Brasil Maior. Na terça-feira, o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) promove reunião para estender a desoneração da folha de pagamento a setores do agronegócio. 

PARA CONFERIR ali adiante Filé
A disputa pela presidência da Embrapa está tão acirrada, que a briga já chegou ao gabinete da presidente Dilma. O mandato de Pedro Arraes termina no dia 7 de julho, mas o PT já faz pressão para ficar com a vaga.

A advocacia nos tribunais superiores - SEBASTIÃO VENTURA PEREIRA DA PAIXÃO JR. *

VALOR ECONÔMICO - 08/05

Atuar nas Cortes Superiores é tarefa invulgar; aqui, os amadores não têm vida fácil. Sem medo de errar, pode-se dizer que o domínio instrumental dos recursos constitucionais é um grande divisor de águas dentro da advocacia litigiosa. Isso decorre não apenas da inerente devolutividade restrita de tais recursos, mas, sobretudo, pelos requisitos procedimentais de admissibilidade que foram sendo desenvolvidos pela jurisprudência dos egrégios Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ). Se, em grau de apelação, há uma maior margem argumentativa e retórica, o acesso aos tribunais superiores, por sua vez, pressupõe um artesanal domínio da técnica processual. E, como muitos dos requisitos de regularidade recursal são frutos da experiência jurisprudencial, é preciso aprender fazendo ou, parafraseando o poeta, é preciso ver-se, vivendo.

Talvez esse seja um dos aspectos mais fascinantes da "teoria" dos recursos constitucionais: é uma teoria prática. Por assim ser, o refinamento técnico dos recursos especial e extraordinário exige um conhecimento maturado pela adversidade de decisões desfavoráveis que forçam o advogado a criar bases profundas de hermenêutica e crítica jurídica, fazendo dos dissabores decisórios um veículo de coloração normativa do preto e branco da regra sobre o papel. Sim, é na densidade do fato litigioso que a norma ganha independência.

Avaliar a legalidade abstrata pode ser útil para o desenvolvimento teórico e doutrinário, mas é a tensão do caso concreto que desvela o sentido dinâmico da norma legal, a partir de elementos construtivos e conformadores de interpretação e aplicação da lei.

O excesso gerou restrições que fulminam a sorte de recursos admissíveis

Nesse contexto, tanto o egrégio STF, quanto o colendo STJ exercem um alto papel no desenvolvimento e consolidação institucional brasileiro. Sabidamente, a função das Cortes Superiores é o de garantir a segurança jurídica no país, evitando-se que a lei seja usada para a satisfação casuística e subjetiva de interesses de ocasião. Esta necessária função de estabilidade normativa ganha relevo em um país continental como o Brasil que, além de culturas e tradições plurais, possui entes estaduais com jurisdições próprias e independentes. Não é de estranhar, portanto, o surgimento de interpretações jurisdicionais divergentes a exigir altas Cortes de Justiça para a unificação e harmonia do direito pátrio.

Tais aspectos contextuais da vida jurídica nacional demonstram, por si só, o quão complexa é a atividade jurisdicional dos Tribunais Superiores. É exatamente por isso que a venturosa escolha dos respectivos ministros deve recair em personalidades dotadas de uma sentimentalidade distinta. Mais do que o profundo conhecimento da lei e da especial capacidade de compreensão dos fatos e valores jurídicos da contenda, é preciso possuir uma visão de nação que construa uma solução justa e adequada aos fins políticos da Constituição. Sobre o ponto, merece destaque o judicioso depoimento do sempre ínclito ministro Paulo Brossard que, com sua habitual acuidade jurídica, bem lembra que "há certas questões em que o juiz tem de considerar as consequências políticas presentes e futuras da decisão que o tribunal vai tomar. Não trata de decidir politicamente. Mas ver que não é apenas este caso, ele fica como precedente. Não pode decidir contra a lei, mas ele tem de considerar todos esses aspectos que são relevantes".

Se do julgador constitucional é imperioso exigir atributos especialíssimos, a regra, até mesmo por questão de simetria, também exige advogados de diferenciada capacitação. No manejo do sistema recursal ou quando da propositura de ações de competência originária dos tribunais, o advogado é um elo entre aquilo que está com aquilo que deveria ser. No âmbito das Cortes Superiores, o digno ofício da advocacia adquire "sutis sinuosidades", impondo ao advogado o transpor de óbices ainda mais específicos: impossibilidade de reexame de fato, vedação de interpretação de cláusula contratual, necessidade de prequestionamento da matéria federal, apresentação de divergência jurisprudencial com demonstração analítica e cotejada do dissenso pretoriano, a partir de acórdão paradigma com similitude fática e jurídica, entre outros aspectos próprios da jurisdição constitucional.

Com o restabelecimento do regime das liberdades, era natural que a abertura gerasse alguns excessos, inclusive, de natureza processual. Nesse contexto, o advento da súmula vinculante e o instituto da repercussão geral são expressões vivas de uma reação contra o exercício ilegítimo da prerrogativa recursal.

Enfim, o excesso acabou por gerar restrições que, não raro, fulminam a sorte de recursos potencialmente admissíveis. Felizmente, na advocacia, as imperfeições decisórias são janelas de oportunidade que, quando bem trabalhadas, abrem as portas das Cortes Superiores. E, uma vez abertas, a opacidade do injusto real ganha uma chance de receber os límpidos tons do idealismo de justiça.

*Advogado, especialista em direito do Estado e em previdência privada

Abertura do cofre - SONIA RACY


O ESTADÃO - 08/06

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que tem inúmeros documentos sobre as condições dos prisioneiros no auge da repressão no Brasil, vai abrir seus arquivos secretos de 1966 a 1975. Serão revelados relatórios da entidade que indicam, por exemplo, o motivo da prisão, se o detido passava fome ou se havia tortura. Porém, preservará o nome dos envolvidos.

Programado para acontecer em 2015, é um prato cheio para estudiosos do tema.

Cara nova
O tradicional colégio judaico Bialik passará por repaginação. A partir do segundo semestre, terá novo nome: Escola Antonieta e Leon Feffer – Alef. E funcionará dentro das dependências do clube A Hebraica.

A ideia da nova denominação partiu da própria família Feffer, que se comprometeu a fazer investimentos na escola.

Cara nova 2
Segundo o presidente do colégio, Alexandre Ostrowiecki, a parceria com o clube é o casamento perfeito, pois beneficiará os alunos, que poderão usufruir do espaço para suas atividades extracurriculares.

Contemporâneo
Está sendo preparada licitação do restaurante panorâmico no último andar do MAC-USP, no Ibirapuera. A concorrência deve acontecer no segundo semestre. O aluguel pago pela concessionária será usado para ajudar a manter o museu.

Balança
Trombone Shorty, atração do BMW Jazz Festival – no Via Funchal, neste fim de semana –, vai quebrar a dieta.

Saradíssimo, o americano de 26 anos pediu à produção do evento apenas pratos regionais brasileiros – da feijoada ao bobó de camarão.

Herança
A Globo cogita antecipar a substituição de Galvão Bueno como locutor oficial da Copa de 2014. Pelo que se apurou, a direção da emissora anda preocupada com sua constante rouquidão durante as transmissões.

Possíveis candidatos? Cléber Machado, Milton Leite e Luiz Roberto.

Poliglota
Diário da Queda, de Michel Laub, vai ser publicado na França, pela editora Buchet/Chastel. O livro já foi vendido para Inglaterra (Vintage), Alemanha (Klett-Cotta) e Espanha (Mondadori).

Poucos e bons
Camila Alves e Matthew McConaughey são discretíssimos. Poucos sabem que eles se casarão, dia 9, no Texas. Em cerimônia para 40 convidados.

Mão na massa
A Coca-Cola Brasil enviará 22 altos executivos para Londres. Entre as missões, puxar caixas e abastecer geladeiras nas instalações olímpicas.

Objetivo é prepará-los para a Copa de 2014 e os Jogos de 2016.

Expectativa
Enquanto o filme de Walter Salles não estreia, turistas em Paris podem conferir o rolo de papel de 36 metros no qual Jack Kerouac escreveu On The Road.

Estará em exposição, até 19 de agosto, no Museu de Cartas e Manuscritos da Cidade Luz.

COMENDO A VIZINHA


Outra intervenção? - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 08/06

O PSB do governador do Ceará, Cid Gomes, e o PMDB do deputado Eunício Oliveira querem que o PT nacional faça em Fortaleza o mesmo que em Recife: intervenha na decisão dos petistas locais por um nome de consenso. PSB e PMDB não concordam com a indicação de Elmano de Freitas pela prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT). "Se ela quer fazer um nome e um projeto, ela que carregue o nome e o projeto", reagiu Eunício.

Enquadrados, pero no mucho
O PSDB pediu ao senador Alvaro Dias (PR) e ao deputado Fernando Francischini (PR) que baixem um pouco o tom na CPI a depoentes relacionados ao governo de Goiás, e que mantenham esta linha especialmente na próxima terça-feira, quando o governador Marconi Perillo falará à comissão. O partido quer evitar ao máximo expor a gestão tucana ao fogo amigo. Os dois prometeram atender em parte ao partido, mas avisaram que não deixarão de fazer perguntas e apontar eventuais contradições durante os depoimentos. "Não vou fazer papel de advogado de acusação, mas não posso deixar de questionar se perceber contradições. Há limite", afirmou Dias.

CACHORRO LOUCO. Um dos réus do processo do mensalão, o presidente nacional do PTB e ex-deputado Roberto Jefferson achou boa a data do começo do julgamento, marcada pelo STF para o início de agosto. "Já está na hora de mudar o disco, pois a culpa de tudo o que acontece no Brasil é do mensalão." Quanto ao mês escolhido, brincou: "É piada pronta. Agosto é conhecido como o mês do cachorro louco. Que assim seja".

Compulsória
O ministro Cezar Peluso completará 70 anos em 3 de setembro, pouco mais de um mês depois do início do julgamento do mensalão. Ou antecipará o voto ou será substituído pela presidente Dilma no meio do processo.

Olho clínico
A CPI do Caso Cachoeira ganhará reforço de um auditor designado pela Receita Federal para auxiliar os deputados e senadores na análise dos documentos provenientes de quebra de sigilos bancário e fiscal.

MP do contrabando
A MP-559, que será votada semana que vem na Câmara dos Deputados, tem 36 emendas. A maioria não tem relação com o tema original: autorização à Eletrobras para adquirir participação na Celg. Entre os contrabandos estão o uso do Regime Diferenciado de Contratações em obras do PAC e a conversão de dívidas das universidades em bolsas de estudo. Como as votações estão paradas, tudo o que interessa ao governo e está numa MP que "caduca" passa para a próxima da fila.

Ligação
O PSOL está analisando, na CPI do Caso Cachoeira, elos do Banco Cruzeiro do Sul com a Delta e empresas laranjas do contraventor. O cruzamento parte do financiamento das campanhas aos comitês dos partidos e aos candidatos.

Generosidade
O Cruzeiro do Sul, que sofreu intervenção, doou R$ 5 milhões nas últimas três eleições. Em 2010, deu R$ 200 mil a Sérgio Cabral (PMDB); R$ 400 mil ao deputado Julio Lopes (PP); e R$ 1,3 milhão a Indio da Costa (DEM), vice na chapa de Serra (PSDB).

DEFESA: A dois meses do julgamento do STF, Delúbio Soares fará segunda-feira palestra em Morrinhos (GO) sobre participação no escândalo.

O MINISTRO Luiz Fux (STF) será o relator do mandado de segurança contra a MP do Código Florestal enviado à Câmara pela presidente Dilma.

GELADEIRA: Depois de perder o cargo de secretário especial do Ministério da Educação na gestão Aloizio Mercadante, o ex-deputado Carlos Abicalil foi vetado para o Conselho Nacional de Educação.

Da comédia à tragédia - NELSON MOTTA


O Estado de S.Paulo - 08/06


Ninguém se lembra mais, mas em 2006 a Grécia lançava uma contabilidade inovadora de suas contas públicas que provocava espanto e riso, mas já era uma indicação do estilo que a levaria à sua futura tragédia. Na época, foi só uma alegria para os cronistas que vivem atrás de um assunto bizarro para comentar. Eu mesmo me diverti muito tentando divertir os leitores:

"Chega de hipocrisia. Vamos seguir o exemplo da Grécia, berço da democracia e da comédia, que por amor à verdade e aos números - e para entrar na União Europeia e na zona do euro - decidiu incluir oficialmente o contrabando, a prostituição, as propinas, a pirataria, o tráfico de drogas, a lavagem de dinheiro, o mercado negro e o caixa 2 na estimativa do seu Produto Interno Bruto, que é o conjunto de todas as riquezas produzidas pelo país no ano. Afinal, dinheiro é dinheiro, por que as dracmas do PIB precisariam de bons antecedentes?

Se essas riquezas foram produzidas legal ou ilegalmente era um detalhe que não anularia o fato econômico. Essa montanha de dinheiro, ainda que sujo, foi produzida, existe realmente, entrou na roda da atividade econômica, comprou bens, pagou salários e serviços, e acabou até pagando impostos indiretamente. Os gregos acreditam que com esses critérios realistas e filosoficamente cínicos o PIB do país pode aumentar nominalmente em 10%."

Era uma piada pronta e também um gancho irresistível para imaginar a sua aplicação no Brasil, com nossos volumes estonteantes de dinheiro sujo em circulação. O PIB daria um salto espetacular, ninguém mais se alarmaria com o tamanho da dívida pública em relação a ele. Os cálculos de renda per capita teriam que ser refeitos e os programas sociais redirecionados. Esse "pibão sem preconceitos" poderia permitir um afrouxamento da política fiscal e um aumento dos gastos públicos, e até nos elevar a quinta economia do mundo.

Em cinco anos o que era comédia virou tragédia. Gastando mais do que arrecadava, devendo mais do que podia pagar, maquiando contas, mentindo aos credores, a Grécia quebrou. E a conta está sendo rachada com o mundo inteiro.

Mãos que eu afaguei - FERNANDA TORRES


FOLHA DE SP - 08/06

O poder vicia. No vício, perde a inocência. E, se todos têm culpa, ninguém é culpado.

Marluci enrolava meus bobes no camarim da televisão, quando comentou que o depoimento do Demóstenes no Conselho de Ética, em curso naquela tarde, lhe parecia convincente.

A simpatia da cabeleireira escorreu pelo ralo junto com o Nextel do senador pago por Cachoeira. Já ao anoitecer, ela havia recuperado a sua habitual indignação.

Eu também, em frente à TV naquela manhã, fui tomada por um sentimento involuntário de compaixão. "Pelo menos ele está falando!", pensei. O emudecimento na CPI do dia seguinte, a exemplo do Nextel, destruiu a longa defesa da véspera. Mas quem, no lugar dele, cometeria o desatino de abrir a boca?

A máquina eleitoral é um leviatã voltado para os próprios interesses que opera na ilegalidade. A política corrompe ao mesmo tempo que produz desenvolvimento e riqueza. Se não para todos, pelo menos para os que sobrevivem nela.

O poder vicia. No vício, perde a inocência. E, se todos têm culpa, ninguém é culpado.

Há sete anos, quando as denúncias do mensalão espocavam nas primeiras páginas dos jornais, fui almoçar com um amigo em um restaurante extinto do Leblon. Já pagando a conta, percebi que na única mesa ocupada, bem na saída do salão, estava sentado José Dirceu.

Roberto Jefferson entoando vingança, o próprio Dirceu, no documentário "Entreatos", declarando possuir um cofre cheio de filmes bem intencionados que poderiam arruinar a reputação dos que concordaram em aparecer neles, a careca do Valério, Delúbio dopado, Lula, o PT e o PSDB, a Telecom e o Opportunity; sem falar na Casa Civil, no movimento estudantil, na guerrilha, nas plásticas e na clandestinidade mantida até diante da mulher; 50 anos de história me contemplavam em meio às mesas vazias, bem na passagem de quem queria chegar à porta.

Catei a bolsa e sai batida, eu não o conhecia, não era agora que iria me apresentar. Receei que parecesse que eu estava lhe virando a cara. Eu não me sentia pior e nem melhor do que Dirceu, certamente menos audaciosa. Ele me provocava a consciência incômoda do quanto ignoro as regras do jogo político e de como vivo à beira, e à mercê, da corda bamba dos que orbitam o trono.

Anos depois desta tarde, em um forró da Flora e do Gil, durante uma conversa com o meu parente sardo, Sérgio Mamberti, levantei os olhos e dei de cara com um homem cujo nome não me vinha à cabeça. "Oi, Ferrrnanda", ele disse, com um sotaque carregado do interior paulista. José Dirceu! Era uma de suas primeiras aparições sociais depois de uma longa reclusão pós-escândalo.

A mesma paralisia do Leblon, a força gravitacional em torno daquela entidade, somada à culpa de não ter me dirigido a ele no longínquo almoço carioca, agravaram a falta de jeito. Levantei uma mão e acenei com um sorriso tímido, de longe.

O desconforto por ter sido incapaz de encarar José Dirceu pela segunda vez me perseguiu por toda a festa. O medo de que ele houvesse notado as dúvidas insolúveis que me invadem na sua presença.

Muitos o desprezam, outros o consideram a encarnação do exu capeta, alguns alegam que todos agem igual; corre a lenda de que, nos tempos de gato incendiário, Dirceu fazia amor sobre a bandeira nacional.

É impossível se manter indiferente diante de uma reputação suicida como a dele.

Como nos insuperáveis romances do século 19, a vilania e o heroísmo se misturam de forma explosiva em José Dirceu. Para além do bem e do mal.

No fim do arrasta-pé, sentada mais uma vez ao lado de Mamberti, senti, pelas costas, um vulto se despedir dos demais. Me virei, era Dirceu. Ele pousou a mão nos meus ombros e eu, com o desejo culposo de reparar o mal-estar dos últimos encontros, segurei sua mão num movimento inconsciente e a beijei.

Uma fração de segundo após o ato, descolei os lábios da pele morena e olhei para os lados, aterrorizada com a ideia de ter sido pega por um fotógrafo em um momento tão íntimo e complexo da minha madureza atormentada.

É como tão bem resumiu a esposa de Cachoeira: "Isso é uma coisa que poderia acontecer com qualquer um".

Modos de usar - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 08/06


Anunciado o calendário do julgamento no STF, estrategistas de José Serra e Fernando Haddad calibram a "dosagem" de mensalão na campanha paulistana. Tucanos enxergam na superexposição de petistas no banco dos réus trunfo para neutralizar a retórica do "novo", abraçada pelo pré-candidato da sigla.

Pretendem associá-lo ao que chamam de "velho PT", para anular a ação de João Santana, que vai apresentá-lo como expoente de uma geração dissociada de escândalos no partido. Haddadistas temem mesmo é que eventuais condenações abalem o estado de espírito de Lula, cuja energia é vital para a decolagem do afilhado.

Rito sumário Quem analisou o cronograma anunciado pelo STF avalia que os prazos descritos estão muito apertados, sem margem para esperadas preliminares e questões de ordem por parte dos advogados dos 37 réus.

Guizo Ricardo Lewandowski foi comunicado antes da reunião administrativa sobre a definição de datas combinada pelo presidente, Carlos Ayres Britto, e pelo relator, Joaquim Barbosa. Respondeu o mesmo que divulgou depois: que entregaria o voto revisor ainda este mês.

Deixa pra lá Marconi Perillo, que chegou a pensar em vincular sua implicação na CPI do Cachoeira ao fato de ter dito que alertara Lula sobre o mensalão, tem sido aconselhado a não misturar os dois assuntos em seu depoimento, na terça-feira.

Ensaio geral O governador de Goiás tem insistido em cobrar apoio de seu partido, mas o PSDB deve aguardar pelo desempenho de Perillo na CPI para decidir se desembarca ou não de sua defesa.

Meu presidente Horas depois de criticar o legado de FHC na Educação, anteontem, Fernando Haddad encontrou o ex-presidente no casamento de David Safra, filho do banqueiro Joseph Safra. Sem afetar constrangimento, levantou-se e foi ao encontro do tucano, cumprimentando-o com reverência.

Quem avisa... Um antigo conhecedor de Marta Suplicy dá um conselho ao QG haddadista: não deveriam insistir em chamar a senadora para eventos da campanha antes da TV. Vai ser um desaforo atrás do outro.

Em casa A despeito da saída de Márcio França e Rodrigo Garcia do governo, Geraldo Alckmin diz a aliados que PSB e DEM seguem integrados ao seu projeto de reeleição em 2014. Cláudio Valverde (Turismo) e Nelson Baeta (Desenvolvimento Social) são de estrita confiança dos ex-titulares e mantêm a cota das siglas no Bandeirantes.

Nonna! A disputa entre Luiz Marinho (PT) e Alex Manente (PPS) pela Prefeitura de São Bernardo foi parar no cartório. O petista divulgou ter conseguido o apoio da avó paterna do rival. Manente publicou na internet certidão com os nomes de seus ancestrais mostrando que a apoiadora do prefeito era "falsa".

Oitavo elemento Com sete pré-candidatos a vice de Márcio Lacerda (PSB), o PT de Belo Horizonte vive hoje a expectativa do ingresso de novo postulante ao posto: o ex-ministro Patrus Ananias. Sua inscrição teria de ser referendada pela direção municipal, já que o prazo expirou.

Melhor de 3 Despontam como favoritos na votação prevista para domingo o deputado federal Miguel Corrêa e os ex-secretários Murilo Valadares e Gustavo Fortini. Mesmo rompido com Lacerda, o atual vice, Roberto Carvalho, terá papel decisivo, pois controla ala expressiva dos delegados petistas.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio

"Se algum ministro pedisse vista seria um louco. O preço que pagaria seria alto demais. Este é um tema que vem sendo refletido por todos há muito tempo, já."

DO MINISTRO MARCO AURÉLIO MELLO, do Supremo Tribunal Federal, ao considerar remota a hipótese de algum dos 11 membros da corte pedir novo adiamento do julgamento do mensalão, para análise, após seu início.

contraponto

Do Oiapoque ao Chuí

Durante sessão na qual se discutia a infraestrutura da região Norte, em maio, o deputado Henrique Oliveira (PR-AM) narrava sua trajetória. Depois de contar ter nascido em Santa Catarina e morado no Rio Grande do Sul e em Pernambuco, Minas Gerais e Amazonas, foi interrompido pelo colega Onofre Santo Agostini (PSD-SC):

-Eu até poderia chamá-lo de Henrique "Cigano", sendo tantos os lugares por onde já passou.

Oliveira, sem jeito, respondeu:

-É que sempre trabalhei pela integração nacional!

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 08/06

Turista brasileiro substitui argentino em Foz do Iguaçu

No Parque Nacional do Iguaçu, o fluxo de turistas da Argentina, país de maior origem de visitantes estrangeiros, começou a perder força.

Apesar de uma leve alta, o número se mantém pouco acima de 200 mil ao ano desde 2009. Os brasileiros passaram de 1 milhão em 2011, ante menos de 800 mil em 2008, segundo dados do instituto Poloiguassu, especializado na região.

"O fluxo argentino perdeu força devido ao câmbio desfavorável", diz Fernanda Fedrigo, do instituto.

No Hotel das Cataratas, que fica dentro do parque, os brasileiros correspondiam a 5% dos hóspedes em 2007, quando o grupo Orient-Express assumiu o controle. Hoje, são 20%, segundo o gerente Celso Valle.

"A escolha das cataratas como uma das sete maravilhas naturais do mundo refletiu no mercado nacional."

A expectativa da empresa é que os brasileiros sejam responsáveis por 27% das reservas até o final do ano.

O público interno é mais interessante para os hotéis que o estrangeiro, pois fica hospedado por três noites, em média. Os turistas de fora costumam permanecer por duas noites, segundo Valle.

No hotel Bourbon, os brasileiros já representam metade dos clientes. Os argentinos ocupam o quarto lugar entre os estrangeiros. A cidade deve receber até o fim do ano 1.900 novos leitos -hoje são 22 mil, segundo o Sindhotéis (sindicato do setor da cidade).

Dilma fará com custo da energia o que fez com juros, diz Alcoa

A presidente Dilma Rousseff está decidida a reduzir o custo da energia no Brasil assim como fez com os juros.

A afirmação é do presidente da Alcoa para a América Latina e Caribe, Franklin Feder, que esteve na terça-feira passada com a presidente, em companhia do CEO mundial, Klaus Kleinfeld.

A presidente não disse que medidas serão adotadas nem deu prazo para viabilizar o corte do preço da energia.

Não serão para 2013 ou 2014, afirmou o executivo.

Feder, porém, disse que os executivos saíram da reunião "confortáveis por ser a presidente Dilma que é".

"É raro um país ter uma presidente como ela. Já atuou no setor e conhece cada detalhe." A presidente disse também que não basta o corte de tributos federais e que governos estaduais também devem fazer a sua parte.

A multinacional americana por ora não vai cortar linhas de produção de alumínio no Brasil, como já fez em outros países.

Novos investimentos no país, como uma fábrica em Pernambuco ou em outro Estado, também entraram na pauta de reunião com a presidente, da qual participaram o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

Os executivos da Alcoa mencionaram ainda o interesse em ir além da produção de alumínio no país.

"Mostramos à presidente que também podemos fabricar aqui outros produtos, como sistemas de fixação de aeronaves, além de peças para o setor de óleo e gás."

Experiência e altas taxas são obstáculos para novos médicos

Depois de tanto tempo de estudo, taxas e obrigatoriedade de cerca de cinco anos de experiência dificultam o credenciamento de médicos em planos de saúde no país.

A Unimed, que é uma cooperativa, cobra até R$ 50 mil para a entrada de profissionais. O valor varia conforme a região do país.

"O problema é que os médicos estão concentrados no Sul e no Sudeste, onde o custo de filiação é mais elevado", afirma o presidente da Unimed do Brasil, Eudes Aquino.

O credenciamento depende da abertura de vagas, o que nem sempre acontece.

"Defendemos o credenciamento universal para que cada um escolha seu médico. Há um bloqueio para a entrada de novos profissionais", diz Otelo Shino Jr., do Simesp (sindicato da categoria de SP).

"Apesar do custo, a vantagem das cooperativas é que o médico sofre menos pressão pela não realização de exames", acrescenta.

Planos de saúde, como Amil e SulAmérica, não costumam cobrar taxa de filiação, mas exigem ao menos cinco anos de experiência e título de especialização.

FORÇA NA ENTREGA DAS COMPRAS

Com o aumento das vendas, empresas de material de construção, móveis e decoração investem no setor de logística para acelerar a entrega das compras.

Até o final de 2012, a Leroy Merlin abrirá dois depósitos que atuarão como plataformas regionais de São Paulo e Rio de Janeiro, segundo o diretor-geral da empresa no Brasil, Alain Ryckeboer.

"Crescemos, em média, 25% ao ano no país, então precisamos investir nesse segmento de maneira contínua", diz Ryckeboer.

A Tok Stok, por sua vez, acaba de aumentar em 18% o quadro de funcionários da área de entregas.

A rede de lojas também encomendou a compra de 30 novos caminhões.

"O segmento é o calcanhar de Aquiles para uma empresa do nosso segmento", diz Leopoldo Duarte, gerente de logística da companhia.

COM QUE ROUPA

EXECUTIVA MOLHADA

Peças em veludo molhado, que estão presentes nas coleções de moda estreladas,

cabem em ambientes corporativos?

Estilistas e profissionais da moda dizem que sim.

"Poucas vezes as executivas têm a chance de usar um 'must-have' [tem de ter] da estação no seu dia a dia. Com o veludo, elas podem", afirma Gabriela Monteiro de Barros, da Daslu Cidade Jardim.

Ela aconselha combinar blazer de veludo com calça ou saia do mesmo material.

Esperança Dabbur, da Fillity, também incluiu o tecido em sua coleção de inverno.

"São peças mais casuais, que podem ser usadas com um casaco de lã."

O tecido chegou também às bolsas, como a da Gucci, e à forração de sapatos, da coleção da Osklen.

Vinganças - LUIZ GARCIA

O GLOBO - 08/06
O voto secreto é, como todo mundo sabe, uma invenção preciosa e indispensável do sistema democrático. Ele permite ao cidadão manifestar sua opinião e sua vontade sem medo de retaliação de ocupantes do poder, que podem ser mandados para casa pelos verdadeiros titulares desse mesmo poder.
Acontece que, no sistema político brasileiro (e em muitos outros), além dos cidadãos eleitores, os membros do Poder Legislativo têm o privilégio do voto secreto em alguns casos. Por exemplo, na confirmação de pessoas escolhidas pelo Executivo para cargos importantes. Ou na decisão sobre vetos presidenciais. Só há uma explicação para isso: a necessidade de proteger Senadores e deputados de alguma forma de retaliação por parte do governo.
Na prática, pode ser uma proteção necessária. Mas o voto secreto no Congresso não deixa de reduzir a informação que o eleitor tem o direito de receber sobre o comportamento de quem ele escolheu para tomar decisões em seu nome. No momento. está para ser votada no Senado uma proposta que cancela o direito ao voto secreto na decisão sobre a perda do mandato por políticos que deixaram de merecê-lo. Não será fácil: serão necessários os votos de 49 Senadores (dois terços do total).
O mais importante, pelo menos no momento, é o fato de que a mudança, se passar também pela Câmara dos Deputados, vai estrear a tempo de ser aplicada num processo cabeludo: o de cassação do Senador Demóstenes Torres, acusado de ligações indevidas com o famoso bicheiro Carlinhos Cachoeira.
No caso de Demóstenes, o voto a descoberto, se já estiver valendo, poderá limpar ou sujar a ficha de muitos políticos. Evidentemente, os Senadores contrários ao voto aberto juram por todos os santos que sua posição é questão de princípio. Pode até ser verdade, em alguns casos - e ninguém tem o direito de ser ingênuo - é bem possível que não seja, em muitos outros.
O Senador que é relator do caso de Demóstenes, Humberto Costa, fez uma proposta aparentemente razoável. O voto secreto seria mantido apenas para manter o parlamentar a salvo de retaliações do Executivo ou do Judiciário (juro que nunca me passou pela cabeça que esses dois poderes são capazes disso). Em outros casos, como o julgamento de colegas do Legislativo, a votação teria de ser, por assim dizer, de peito aberto.
Pode ser uma solução - e também uma espécie de reconhecimento que governos e tribunais são capazes de feios atos de vingança contra indefesos Senadores e deputados.

O que há de errado com o investimento? - ROGÉRIO L. FURQUIM WERNECK


O Estado de S.Paulo - 08/06


Afinal, caiu a ficha. Esfumou-se, em Brasília, o discurso mistificador de que, com os sucessivos estímulos à demanda dos últimos meses, o PIB poderia crescer 4,5% em 2012. Custou, mas o governo por fim percebeu que o crescimento da economia brasileira neste ano poderá ser ainda menor do que os pífios 2,7% do ano passado. Em meio a indisfarçável clima de alarme, pautado por reuniões de emergência, exortações à equipe econômica e promessas de proezas no esforço de "levantamento do PIB", parece ter sido aberta nova e ruidosa temporada de ativismo a esmo na condução da política econômica.

O choque de realidade foi a divulgação pelo IBGE dos dados da evolução do nível de atividade no primeiro trimestre, que apontam para a inevitabilidade de um crescimento medíocre este ano, mesmo que a economia mostre recuperação razoavelmente vigorosa no segundo semestre. O que mais chama a atenção é a queda de 1,8% no investimento agregado em relação ao trimestre anterior.

É bem verdade que a crescente incerteza sobre o desempenho da economia mundial vem trazendo forte desestímulo a decisões de investimento. Os inquietantes desdobramentos da crise europeia têm sido a fonte mais óbvia de apreensão. Mas também têm causado preocupação os sinais pouco convincentes de recuperação nos EUA e as dúvidas sobre a real extensão da desaceleração do crescimento econômico na Ásia.

Não é surpreendente, portanto, que a incerteza que emana do quadro externo tenha afetado, em alguma medida, o decantado "espírito animal" dos investidores privados, tornando-os bem menos arrebatados do que o governo esperava. Mas o que merece atenção não é isso. O que intriga é que, nesse quadro tão pouco propício ao florescimento do investimento privado, o governo se mostre incapaz de pelo menos assegurar condições adequadas para que o investimento público e das empresas estatais cumpra papel minimamente compensatório. Na verdade, os dados mais recentes indicam que o investimento público federal continua em queda. Caiu de 2010 para 2011. E voltou a cair de 2011 para 2012. Bem ao contrário do que o governo anunciou que ocorreria.

O que houve não foi falta de recursos, mas mera incapacidade de fazer o investimento acontecer. Além de ter sido afetado pelas notórias dificuldades gerenciais que têm entravado o avanço do PAC, o desempenho do investimento público tem sofrido as consequências do desmantelamento das cadeias de comando que o governo federal se viu obrigado a promover em vários ministérios, para conter os danos dos sucessivos escândalos de corrupção que pipocaram ao longo do ano passado. E, agora, quando justamente estava empenhado em reconstituir essas cadeias de comando, o governo se deparou com os efeitos um tanto paralisantes da CPI do caso Cachoeira-Delta. Não só na esfera federal, mas também nos Estados e municípios, o suspense acerca dos desdobramentos da CPI vem incutindo cautela redobrada na gestão de programas de investimento público. Nesse quadro de tantas dificuldades para fazer o investimento público acontecer, é totalmente fantasiosa a ideia de que, da noite para o dia, o governo será capaz de acionar novos programas de investimento para levar adiante uma política fiscal contracíclica.

Restam os investimentos das empresas estatais. E, entre eles, o gigantesco programa de investimento da Petrobrás, em boa parte voltado para o pré-sal e pouco sensível às mudanças de humores que vêm inibindo o investimento privado. Seria ótimo se, a essa altura, os esforços de investimento no pré-sal - tanto da Petrobrás como de empresas privadas - estivessem avançando desimpedidos e a pleno vapor. Mas, infelizmente, não é bem isso que está acontecendo. Como já mencionado várias vezes neste espaço, o avanço do investimento no pré-sal vem sendo seriamente entravado por uma política estapafúrdia de exigência de porcentuais exorbitantes de conteúdo nacional nos equipamentos utilizados. Já é hora de o País entender que, com tal política, está dando um retumbante tiro no próprio pé.