ESTADÃO - 17/07
O desmatamento continua sendo o principal tema que afeta o equilíbrio entre desenvolvimento agropecuário e conservação ambiental, mexendo com os humores de todo mundo: agricultores, ambientalistas, agroindústrias, varejistas, governos e consumidores. Na visão do agronegócio, o argumento é que a produção agropecuária utiliza apenas 28% da área total do País e o mundo não pode prescindir do Brasil para se alimentar e vestir.
Dois pontos reforçam esse argumento. O primeiro é que o Brasil teve os maiores ganhos de produtividade total da agricultura do planeta: 3,6% ao ano nas duas últimas décadas. O segundo é que, por causa desse desempenho, o desmatamento na Amazônia caiu mais de 80% nos últimos dez anos: de 2,5 milhões para 457 mil hectares/ano, o menor nível desde que a série foi criada. A alta produtividade, as rígidas leis ambientais e uma governança mais eficiente na fronteira agrícola permitiriam a expansão controlada da produção agrícola brasileira, muito mais eficiente, por exemplo, do que na África e no Sudeste Asiático, hoje.
Na visão dos ambientalistas, o argumento é que o Brasil já desmatou demais no passado recente (o maior nível do planeta) e não seriam necessários novos desmatamentos, que causariam importantes perdas de vegetação e biodiversidade, além de pesadas emissões de CO2. Eles argumentam que existem ao menos 20 milhões de hectares (Mha) de pastagens degradadas aptas a ser convertidas em agricultura, o que tornaria desnecessário qualquer desmatamento adicional.
O desmatamento é permitido pela legislação brasileira e muitos produtores contam com ele para garantir a rentabilidade de suas propriedades, principalmente nas fronteiras agrícolas. Mas será que ele é, de fato, necessário? A resposta não é simples. Estimativas da Plataforma Agro mostram que até 2022 a pressão de crescimento da agricultura será da ordem de 15 Mha adicionais aos atuais 68 Mha cultivados, o que deverá ocorrer principalmente em áreas de pastagens. Ora, nos últimos dez anos a produtividade da pecuária de corte passou de 43 kg para 58 kg de carcaça por ha, liberando 7 Mha para atividades agrícolas, de um total de 177 Mha de pastagens. Se nos próximos dez anos a produtividade passar para 80 kg de carcaça/ha, um número bastante plausível, serão liberados outros 14 Mha. Portanto, claramente há espaço para intensificação das pastagens, principalmente se houver a adoção maciça das técnicas de integração lavoura-pecuária.
Acontece, porém, que o processo de ocupação do território nacional foi marcado por mudanças constantes nas regras do jogo e falta de planejamento. Cidades cresceram em áreas onde jamais se deveria construir. A agricultura avançou sobre áreas sem aptidão agrícola, tanto em termos de solos como de declividade. Basta rodar pelo interior e observar a imensa quantidade de pastos degradados que dominam morros inacessíveis para o cultivo, cheios de cupinzeiros.
Por outro lado, nos Estados mais pobres do País, como Maranhão e Piauí, ainda há grande quantidade chapadões planos e férteis, cobertos por cerrados, onde a única saída efetiva de desenvolvimento regional reside no agro moderno. Moralmente não podemos condenar esses Estados a continuar com o IDH da Namíbia (0,68), quando têm tudo para se tornar um novo Paraná (IDH de 0,82).
Assim, simplesmente "congelar" o uso da terra seria condenar regiões de desenvolvimento tardio a jamais se desenvolverem na área em que têm maior aptidão. Essa política também não trará nenhuma solução para os milhões de hectares de áreas ocupadas sem aptidão agrícola. Portanto, é simplista e equivocada a ideia de que basta intensificar as atuais áreas de pastos degradados para resolver os desafios de produção do Brasil. A realidade é muito mais complexa: boa parte dessas áreas não tem aptidão agrícola alguma e nunca deveria ter sido desmatada, ao mesmo tempo que vastas áreas de solos férteis e planos se encontram sob vegetação de cerrado em regiões muito pobres.
Nasce dessa constatação a interessante ideia de "reordenamento estratégico" do território nacional, buscando obter um balanço de "desmatamento líquido zero", ou seja, zerar a diferença entre o desmatamento de novas áreas com aptidão agrícola e o reflorestamento de áreas já ocupadas sem aptidão agrícola. Essa proposta exige uma rara e inédita visão estratégica de longo prazo de nossos governantes. Claro que os mais puristas dirão, corretamente, que um hectare de área reflorestada vale menos, em termos ecológicos, que um hectare de vegetação nativa. Porém essa solução subótima é muito melhor do que nada fazer, além de marcar o início tardio de um processo de planejamento territorial, depois de 500 anos de desenvolvimento caótico.
Para tanto acredito que seria possível reestruturar vários programas hoje existentes: 1) a eliminação do desmatamento ilegal; 2) a reestruturação do Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono) - a fim de incentivar a recuperação ou o reflorestamento de áreas degradadas - e do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima; 3) a reorientação do Fundo Amazônia e do Programa de Investimentos em Florestas; e 4) a aprovação de leis avançadas sobre pagamento por serviços ambientais e de projetos de redução de emissões por desmatamento e degradação (REDD+), que não excluam a conservação florestal nas fazendas. Recursos internacionais vultosos poderiam ser atraídos nesse contexto.
Da mesma forma que o mapa agropecuário será redesenhado pela nova logística que vem aí, um esforço inédito de zoneamento e planejamento territorial poderia dinamizar a implementação dos projetos agropecuários que o mundo espera do Brasil, otimizando o uso da terra e dos recursos naturais.
quarta-feira, julho 17, 2013
O mundo de Lula - FERNANDO RODRIGUES
FOLHA DE SP - 17/07
BRASÍLIA - Luiz Inácio Lula da Silva escreveu um artigo para o jornal "The New York Times" a respeito da onda de protestos de rua pelo Brasil.
O ex-presidente usa o texto para duas finalidades. Primeiro, faz um autoelogio sobre seu governo e a ampliação da sociedade de consumo. Depois, aponta razões da insatisfação dos brasileiros. Aí, claro, o responsável é um sujeito oculto.
O PT está no comando do país há dez anos e meio, com Lula e Dilma Rousseff. É mérito petista o aumento do mercado consumidor. Mas está nesse mesmo escaninho a responsabilidade pelo que não foi realizado.
"Eles [os manifestantes] querem uma melhoria na qualidade dos serviços públicos", escreve Lula. É verdade. E prossegue: "As preocupações dos jovens não são apenas materiais (...) Acima de tudo, eles demandam instituições políticas que sejam mais limpas e transparentes, sem as distorções do sistema político-eleitoral anacrônico brasileiro, que recentemente se mostrou incapaz de conduzir uma reforma".
Como assim? O "sistema" se mostrou incapaz? De qual sistema Lula está falando? O ex-presidente escreve como se não tivesse se esbaldado por oito anos em abraços com tudo o que ele próprio rejeitara no passado, inclusive xingando em público --como Fernando Collor e José Sarney.
Chega a ser comovente o esforço de Lula para se aproximar dos manifestantes que foram às ruas. Ele prega a renovação dos partidos, inclusive do PT. A proposta é curiosa.
Lula manda no PT. O que foi realizado para modernizar o petismo nos últimos dez anos? Nada, exceto distribuir cargos públicos a filiados.
"Enquanto a sociedade entrou na era digital, a política permaneceu analógica", escreve Lula. Já ele próprio entrou numa era de distanciamento. Até porque, se desejasse, poderia ter ido também à rua dialogar com os indignados durante o mês de junho. Mas o petista prefere escrever artigos para o "New York Times".
BRASÍLIA - Luiz Inácio Lula da Silva escreveu um artigo para o jornal "The New York Times" a respeito da onda de protestos de rua pelo Brasil.
O ex-presidente usa o texto para duas finalidades. Primeiro, faz um autoelogio sobre seu governo e a ampliação da sociedade de consumo. Depois, aponta razões da insatisfação dos brasileiros. Aí, claro, o responsável é um sujeito oculto.
O PT está no comando do país há dez anos e meio, com Lula e Dilma Rousseff. É mérito petista o aumento do mercado consumidor. Mas está nesse mesmo escaninho a responsabilidade pelo que não foi realizado.
"Eles [os manifestantes] querem uma melhoria na qualidade dos serviços públicos", escreve Lula. É verdade. E prossegue: "As preocupações dos jovens não são apenas materiais (...) Acima de tudo, eles demandam instituições políticas que sejam mais limpas e transparentes, sem as distorções do sistema político-eleitoral anacrônico brasileiro, que recentemente se mostrou incapaz de conduzir uma reforma".
Como assim? O "sistema" se mostrou incapaz? De qual sistema Lula está falando? O ex-presidente escreve como se não tivesse se esbaldado por oito anos em abraços com tudo o que ele próprio rejeitara no passado, inclusive xingando em público --como Fernando Collor e José Sarney.
Chega a ser comovente o esforço de Lula para se aproximar dos manifestantes que foram às ruas. Ele prega a renovação dos partidos, inclusive do PT. A proposta é curiosa.
Lula manda no PT. O que foi realizado para modernizar o petismo nos últimos dez anos? Nada, exceto distribuir cargos públicos a filiados.
"Enquanto a sociedade entrou na era digital, a política permaneceu analógica", escreve Lula. Já ele próprio entrou numa era de distanciamento. Até porque, se desejasse, poderia ter ido também à rua dialogar com os indignados durante o mês de junho. Mas o petista prefere escrever artigos para o "New York Times".
Restringindo a aplicação da lei seca - DELMAR PACHECO DA LUZ
ZERO HORA - 17/07
Recente decisão de uma das Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça do RS mereceu reportagem de ZH pelo inusitado: a absolvição do condutor de veículo automotor que dirigia com índice de concentração de álcool no sangue superior ao permitido pela legislação.
O fundamento da decisão foi a exigência, além do índice de concentração de álcool no sangue, ainda, da prova de alteração da capacidade psicomotora do condutor para tipificação do delito.
Esta inovação trazida pelo órgão julgador significaria, na prática, exigir que, de alguma forma, se demonstrasse o perigo (concreto) que o condutor estaria representando na direção do veículo, quando se sabe que o legislador reconhece na embriaguez ao volante um delito de perigo abstrato.
É evidente que esta decisão força uma interpretação para deixar de aplicar a lei penal. Sinceramente, não há surpresa para quem acompanha o que vem acontecendo nestes tempos de louvação à impunidade. O que chama atenção é que ninguém tinha visto a novidade até agora, nenhuma das outras Câmaras Criminais, nem a própria.
Nos deparamos com isso reiteradamente, sob os mais diversos argumentos, que vão do rigor da lei ao descalabro do sistema penitenciário. Foi assim que aqui se inventou a prisão domiciliar para presos do regime semiaberto: colocando-se centenas de apenados nas ruas e a população em pânico.
Aliás, se olharmos com atenção veremos que, mais do que na lei, a impunidade está na interpretação que lhe é dada pelos aplicadores. Veja-se o exemplo do regime inicialmente fechado para os crimes hediondos, estabelecido pela Lei nº 11.464/2007, cuja constitucionalidade foi reconhecida até 2012, quando uma nova decisão do Supremo Tribunal Federal (6 x 5 votos), sendo relator o ministro Dias Toffoli, passou a dizer que a referida lei era inconstitucional e que o crime hediondo, conforme a quantidade da pena aplicada (se inferior a oito anos) podia iniciar o cumprimento em regime semiaberto ou aberto e, inclusive, ser substituída por penas alternativas. A lei é a mesma, a interpretação é que passou a ser outra.
A mesma coisa ocorreu com a pena reduzida do chamado tráfico privilegiado (do réu primário, de bons antecedentes e que não se dedique a atividade criminosa), para cuja pena a lei vedava a substituição por restritiva de direitos. Depois de anos de aplicação, o STF declarou a regra inconstitucional e passou a permitir a substituição.
Tudo sob o argumento da individualização da pena, como se a lei não tivesse diversas outras regras que limitam essa individualização e que ninguém sequer ousaria questionar a constitucionalidade.
Ou seja, não está na lei a impunidade, mas na sua aplicação. Nas inconstitucionalidades "descobertas" anos depois pelos novos ministros e julgadores, com novo viés ideológico.
Parece que o povo, fonte de todo o poder (não importa a forma de investidura, a fonte é sempre a mesma) está precisando fazer barulho em outros endereços. Não pensem que Eles também não ouvem, Eles ouvem, sim.
Recente decisão de uma das Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça do RS mereceu reportagem de ZH pelo inusitado: a absolvição do condutor de veículo automotor que dirigia com índice de concentração de álcool no sangue superior ao permitido pela legislação.
O fundamento da decisão foi a exigência, além do índice de concentração de álcool no sangue, ainda, da prova de alteração da capacidade psicomotora do condutor para tipificação do delito.
Esta inovação trazida pelo órgão julgador significaria, na prática, exigir que, de alguma forma, se demonstrasse o perigo (concreto) que o condutor estaria representando na direção do veículo, quando se sabe que o legislador reconhece na embriaguez ao volante um delito de perigo abstrato.
É evidente que esta decisão força uma interpretação para deixar de aplicar a lei penal. Sinceramente, não há surpresa para quem acompanha o que vem acontecendo nestes tempos de louvação à impunidade. O que chama atenção é que ninguém tinha visto a novidade até agora, nenhuma das outras Câmaras Criminais, nem a própria.
Nos deparamos com isso reiteradamente, sob os mais diversos argumentos, que vão do rigor da lei ao descalabro do sistema penitenciário. Foi assim que aqui se inventou a prisão domiciliar para presos do regime semiaberto: colocando-se centenas de apenados nas ruas e a população em pânico.
Aliás, se olharmos com atenção veremos que, mais do que na lei, a impunidade está na interpretação que lhe é dada pelos aplicadores. Veja-se o exemplo do regime inicialmente fechado para os crimes hediondos, estabelecido pela Lei nº 11.464/2007, cuja constitucionalidade foi reconhecida até 2012, quando uma nova decisão do Supremo Tribunal Federal (6 x 5 votos), sendo relator o ministro Dias Toffoli, passou a dizer que a referida lei era inconstitucional e que o crime hediondo, conforme a quantidade da pena aplicada (se inferior a oito anos) podia iniciar o cumprimento em regime semiaberto ou aberto e, inclusive, ser substituída por penas alternativas. A lei é a mesma, a interpretação é que passou a ser outra.
A mesma coisa ocorreu com a pena reduzida do chamado tráfico privilegiado (do réu primário, de bons antecedentes e que não se dedique a atividade criminosa), para cuja pena a lei vedava a substituição por restritiva de direitos. Depois de anos de aplicação, o STF declarou a regra inconstitucional e passou a permitir a substituição.
Tudo sob o argumento da individualização da pena, como se a lei não tivesse diversas outras regras que limitam essa individualização e que ninguém sequer ousaria questionar a constitucionalidade.
Ou seja, não está na lei a impunidade, mas na sua aplicação. Nas inconstitucionalidades "descobertas" anos depois pelos novos ministros e julgadores, com novo viés ideológico.
Parece que o povo, fonte de todo o poder (não importa a forma de investidura, a fonte é sempre a mesma) está precisando fazer barulho em outros endereços. Não pensem que Eles também não ouvem, Eles ouvem, sim.
A vez do saneamento básico - MARCELO CERQUEIRA
O GLOBO - 17/07
Na iminência do lançamento do novo pacote de investimentos governamentais do Plano Nacional de Saneamento Básico, que prevê a aplicação de R$ 508,5 bilhões entre 2013 e 2033 em projetos de acesso da população a água e esgoto tratados, a indústria brasileira está pronta para fazer acontecer a tão esperada universalização do saneamento básico, tanto em novos projetos, como para renovação dos antigos sistemas que carecem de modernização urgente.
Tudo está preparado para ser realizado da maneira mais favorável possível. A indústria brasileira de PVC - material mais utilizado no Brasil para a produção de tubos e conexões para saneamento, com excelente relação entre resistência, leveza e preço - é hoje a maior da América Latina. Ou seja, além de atender a necessidades sociais e ambientais das mais importantes do País, do ponto de vista de negócios, o Plansab representa enorme potencial de demanda também para as empresas nacionais desse segmento.
A sociedade reconhece a necessidade de avanços na questão do saneamento e, não há mais como se contentar com o fato de que apenas 46% da população do Brasil estejam conectados com redes oficiais de esgoto, e que crianças brasileiras continuem perdendo 18% do aprendizado escolar, comprometendo seu futuro. A necessidade de erradicar doenças comuns a condições de extrema pobreza é uma questão humana e imediata. É responsabilidade de todos somar esforços para garantir gerações mais saudáveis.
A melhor notícia de todas é que com os diversos projetos propostos pelos governos federal e estadual, no PAC e nas parcerias público-privadas que estão surgindo, a realidade brasileira deve, sim, mudar radicalmente em duas décadas. E a indústria tem apostado nisso, com investimentos em inovações que tragam produtividade, confiabilidade e durabilidade.
O otimismo às avessas é explicado pela dimensão dos problemas enfrentados pelo nosso País na área de saneamento e pela expectativa de evolução desses projetos. Hoje, de acordo com dados do Trata Brasil, quase 20% dos brasileiros ainda não têm água tratada, sobretudo nas periferias e zona rural. Tendo isso em vista, a indústria nacional de PVC tem investido fortemente também em capacidade para atender ao mercado nacional. Os números comprovam a confiança da indústria na mudança a caminho.
A produção total de PVC do Brasil no ano passado foi de 746 mil toneladas. Há dois anos, essa produção era de 678 mil toneladas. Ou seja, um aumento de 10% em dois anos. Para 2013, a alta deve ser de 13%. O marco do saneamento deve representar uma alavancagem ainda mais significativa no consumo de PVC.
Considerando o levantamento da Organização Mundial de Saúde, para cada R$ 1 investido em saneamento são gerados R$ 4 de economia na saúde. E para cada R$ 1 milhão investidos em obras de esgotamento sanitário são gerados 30 empregos diretos e 20 indiretos, além dos empregos permanentes quando o sistema entrar em operação. Com um investimento médio de R$ 30 bilhões por ano calcula-se que seriam gerados potencialmente quase 1,5 milhão de novos empregos no mesmo período.
O saldo é totalmente positivo e, entre a disposição do governo e a competência da indústria, surgem os maiores beneficiados com as boas novas próximas: a população, em especial as mais carentes e as que vivem na zona rural. Serão menos 700 mil pessoas internadas e cerca de dois mil óbitos anuais evitados por doenças relacionadas à falta de saneamento básico. É a dignidade dos brasileiros que deve chegar, enfim, às suas casas através dos quilômetros de tubulações de PVC que vão cortar o subsolo do País.
Tudo está preparado para ser realizado da maneira mais favorável possível. A indústria brasileira de PVC - material mais utilizado no Brasil para a produção de tubos e conexões para saneamento, com excelente relação entre resistência, leveza e preço - é hoje a maior da América Latina. Ou seja, além de atender a necessidades sociais e ambientais das mais importantes do País, do ponto de vista de negócios, o Plansab representa enorme potencial de demanda também para as empresas nacionais desse segmento.
A sociedade reconhece a necessidade de avanços na questão do saneamento e, não há mais como se contentar com o fato de que apenas 46% da população do Brasil estejam conectados com redes oficiais de esgoto, e que crianças brasileiras continuem perdendo 18% do aprendizado escolar, comprometendo seu futuro. A necessidade de erradicar doenças comuns a condições de extrema pobreza é uma questão humana e imediata. É responsabilidade de todos somar esforços para garantir gerações mais saudáveis.
A melhor notícia de todas é que com os diversos projetos propostos pelos governos federal e estadual, no PAC e nas parcerias público-privadas que estão surgindo, a realidade brasileira deve, sim, mudar radicalmente em duas décadas. E a indústria tem apostado nisso, com investimentos em inovações que tragam produtividade, confiabilidade e durabilidade.
O otimismo às avessas é explicado pela dimensão dos problemas enfrentados pelo nosso País na área de saneamento e pela expectativa de evolução desses projetos. Hoje, de acordo com dados do Trata Brasil, quase 20% dos brasileiros ainda não têm água tratada, sobretudo nas periferias e zona rural. Tendo isso em vista, a indústria nacional de PVC tem investido fortemente também em capacidade para atender ao mercado nacional. Os números comprovam a confiança da indústria na mudança a caminho.
A produção total de PVC do Brasil no ano passado foi de 746 mil toneladas. Há dois anos, essa produção era de 678 mil toneladas. Ou seja, um aumento de 10% em dois anos. Para 2013, a alta deve ser de 13%. O marco do saneamento deve representar uma alavancagem ainda mais significativa no consumo de PVC.
Considerando o levantamento da Organização Mundial de Saúde, para cada R$ 1 investido em saneamento são gerados R$ 4 de economia na saúde. E para cada R$ 1 milhão investidos em obras de esgotamento sanitário são gerados 30 empregos diretos e 20 indiretos, além dos empregos permanentes quando o sistema entrar em operação. Com um investimento médio de R$ 30 bilhões por ano calcula-se que seriam gerados potencialmente quase 1,5 milhão de novos empregos no mesmo período.
O saldo é totalmente positivo e, entre a disposição do governo e a competência da indústria, surgem os maiores beneficiados com as boas novas próximas: a população, em especial as mais carentes e as que vivem na zona rural. Serão menos 700 mil pessoas internadas e cerca de dois mil óbitos anuais evitados por doenças relacionadas à falta de saneamento básico. É a dignidade dos brasileiros que deve chegar, enfim, às suas casas através dos quilômetros de tubulações de PVC que vão cortar o subsolo do País.
Pesquisas adormecidas - CLÁUDIA COLLUCCI
FOLHA DE SP - 17/07
SÃO PAULO - O gigante acordou nas ruas, mas no campo das pesquisas clínicas parece adormecido. Problemas técnicos e burocráticos na aprovação de projetos continuam afugentando multinacionais e fazendo com que o Brasil só realize 1% dos estudos clínicos do mundo.
Além de abocanhar apenas migalhas dos 50 bilhões de dólares do setor, o país segue como um mero desconhecido para a comunidade científica internacional, conforme revela a Folha hoje.
Por mais bem-intencionada que seja a conexão de centros de pesquisas nacionais a instituições responsáveis por desenhar os testes clínicos, a iniciativa será inútil se persistirem os problemas da Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa).
Só neste ano, 41 estudos clínicos que deveriam ser realizados, não o serão por conta da burocracia, prazos e processos. No mês passado, em audiência com pesquisadores de São Paulo, o coordenador da Conep, Jorge Venâncio, disse que havia 600 projetos à espera de aprovação.
Por insuficiência de pessoal técnico e outros problemas, a comissão só tem condições de avaliar cem projetos por mês. Venâncio promete dobrar a produtividade e zerar a fila de espera até o final do ano. A ver.
É claro que a agilidade deve acompanhar o cumprimento dos princípios éticos previstos no Código de Nuremberg, que norteia as pesquisas com seres humanos desde o julgamento dos crimes cometidos durante a Segunda Guerra Mundial.
Ao longo da história, a falta de segurança nos ensaios clínicos levou a tragédias como a da talidomida, na década de 1960. Prescrita como sedativo e no combate às náuseas da gravidez, a droga provocou defeitos graves na formação de braços e pernas de bebês do mundo todo.
As normas de segurança que regem os estudos clínicos que antecedem uma nova droga devem ser seguidas com rigor. Mas sem delongas que só atravancam a saúde, a ciência e as finanças do país.
SÃO PAULO - O gigante acordou nas ruas, mas no campo das pesquisas clínicas parece adormecido. Problemas técnicos e burocráticos na aprovação de projetos continuam afugentando multinacionais e fazendo com que o Brasil só realize 1% dos estudos clínicos do mundo.
Além de abocanhar apenas migalhas dos 50 bilhões de dólares do setor, o país segue como um mero desconhecido para a comunidade científica internacional, conforme revela a Folha hoje.
Por mais bem-intencionada que seja a conexão de centros de pesquisas nacionais a instituições responsáveis por desenhar os testes clínicos, a iniciativa será inútil se persistirem os problemas da Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa).
Só neste ano, 41 estudos clínicos que deveriam ser realizados, não o serão por conta da burocracia, prazos e processos. No mês passado, em audiência com pesquisadores de São Paulo, o coordenador da Conep, Jorge Venâncio, disse que havia 600 projetos à espera de aprovação.
Por insuficiência de pessoal técnico e outros problemas, a comissão só tem condições de avaliar cem projetos por mês. Venâncio promete dobrar a produtividade e zerar a fila de espera até o final do ano. A ver.
É claro que a agilidade deve acompanhar o cumprimento dos princípios éticos previstos no Código de Nuremberg, que norteia as pesquisas com seres humanos desde o julgamento dos crimes cometidos durante a Segunda Guerra Mundial.
Ao longo da história, a falta de segurança nos ensaios clínicos levou a tragédias como a da talidomida, na década de 1960. Prescrita como sedativo e no combate às náuseas da gravidez, a droga provocou defeitos graves na formação de braços e pernas de bebês do mundo todo.
As normas de segurança que regem os estudos clínicos que antecedem uma nova droga devem ser seguidas com rigor. Mas sem delongas que só atravancam a saúde, a ciência e as finanças do país.
Papel das hidrovias no Brasil é desprezado - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 17/07
Por falta de integração dos diferentes sistemas de transportes no país, o caminhão acaba sendo mais competitivo que todos os outros modais
São conhecidas as comparações que mostram as equivalências entre diferentes modais de transportes. Um trem chega a carregar o mesmo que mais de duas centenas de caminhões e um navio de cabotagem é capaz de substituir mais de 1.200 veículos. A racionalização do sistema de transporte tenderia, então, para uma maior utilização de ferrovias e navegação marítima e fluvial, mas isso não acontece por um fator surpreendente: o modal rodoviário quase sempre é mais competitivo.
Isso porque o caminhão tem mais flexibilidade, e acaba sendo mais ágil, pois permite a entrega porta a porta. As ferrovias brasileiras têm traçado antigo, e a navegação convive com uma burocracia infernal nos portos, até mesmo nos fluviais.
Mas, embora a legislação brasileira não estimule a integração, ela tem ocorrido, na prática, no caso dos granéis, por exemplo. Caminhões fazem o transbordo de grãos, minérios e combustíveis para ferrovias, que, por sua vez chegam a portos fluviais e marítimos, onde a carga é embarcada (ou desembarcada).
Nesta intermodalidade já existem algumas iniciativas de inclusão de hidrovias. Pelo tamanho dos rios brasileiros, elas deveriam ser mais presentes no sistema de transportes. Barcos carregados de soja, levada por caminhões desde o Norte de Mato Grosso, descem o Rio Madeira, a partir de Porto Velho, até o Solimões, no estado do Amazonas, e de lá embarcam em grandes navios graneleiros. A hidrovia Tietê-Paraná, em São Paulo, enfim ganhará mais importância com as barcaças que transportarão etanol ou celulose. Mas o que dizer das demais? O rio Tocantins já poderia ter uma boa hidrovia, se as hidrelétricas construídas ao longo do seu curso contassem com eclusas (por investimento público, ou privado, sob regime de concessão). O Rio Tapajós também é citado como uma hidrovia natural.
É claro que nem sempre essas hidrovias atravessam zonas de produção agropecuária ou industrial. Mas em vários pontos elas podem se integrar aos outros modais de transporte.
Infelizmente, no planejamento recente do sistema de transportes (que prevê a construção de novas ferrovias e terminais portuários) não se cogitou das hidrovias. No passado, havia objeções de ambientalistas a essas “estradas” fluviais devido à necessidade de dragagem para mantê-las navegáveis durante grande parte do ano. Em vários casos, já existem soluções técnicas que podem minimizar esse impacto no meio ambiente.
Ao menos dentro desse quadro negativo, há uma boa notícia. São Paulo se prepara para ter uma primeira hidrovia metropolitana, de mais de 50 quilômetros, nos rios Tietê e Pinheiros para transporte de pequenas cargas, especialmente resíduos e rejeitos. Hidrovias metropolitanas são comuns na Europa (as do Sena, na França, e do Tâmisa, na Inglaterra, são as mais conhecidas). É um exemplo que o Brasil deveria seguir.
Por falta de integração dos diferentes sistemas de transportes no país, o caminhão acaba sendo mais competitivo que todos os outros modais
São conhecidas as comparações que mostram as equivalências entre diferentes modais de transportes. Um trem chega a carregar o mesmo que mais de duas centenas de caminhões e um navio de cabotagem é capaz de substituir mais de 1.200 veículos. A racionalização do sistema de transporte tenderia, então, para uma maior utilização de ferrovias e navegação marítima e fluvial, mas isso não acontece por um fator surpreendente: o modal rodoviário quase sempre é mais competitivo.
Isso porque o caminhão tem mais flexibilidade, e acaba sendo mais ágil, pois permite a entrega porta a porta. As ferrovias brasileiras têm traçado antigo, e a navegação convive com uma burocracia infernal nos portos, até mesmo nos fluviais.
Mas, embora a legislação brasileira não estimule a integração, ela tem ocorrido, na prática, no caso dos granéis, por exemplo. Caminhões fazem o transbordo de grãos, minérios e combustíveis para ferrovias, que, por sua vez chegam a portos fluviais e marítimos, onde a carga é embarcada (ou desembarcada).
Nesta intermodalidade já existem algumas iniciativas de inclusão de hidrovias. Pelo tamanho dos rios brasileiros, elas deveriam ser mais presentes no sistema de transportes. Barcos carregados de soja, levada por caminhões desde o Norte de Mato Grosso, descem o Rio Madeira, a partir de Porto Velho, até o Solimões, no estado do Amazonas, e de lá embarcam em grandes navios graneleiros. A hidrovia Tietê-Paraná, em São Paulo, enfim ganhará mais importância com as barcaças que transportarão etanol ou celulose. Mas o que dizer das demais? O rio Tocantins já poderia ter uma boa hidrovia, se as hidrelétricas construídas ao longo do seu curso contassem com eclusas (por investimento público, ou privado, sob regime de concessão). O Rio Tapajós também é citado como uma hidrovia natural.
É claro que nem sempre essas hidrovias atravessam zonas de produção agropecuária ou industrial. Mas em vários pontos elas podem se integrar aos outros modais de transporte.
Infelizmente, no planejamento recente do sistema de transportes (que prevê a construção de novas ferrovias e terminais portuários) não se cogitou das hidrovias. No passado, havia objeções de ambientalistas a essas “estradas” fluviais devido à necessidade de dragagem para mantê-las navegáveis durante grande parte do ano. Em vários casos, já existem soluções técnicas que podem minimizar esse impacto no meio ambiente.
Ao menos dentro desse quadro negativo, há uma boa notícia. São Paulo se prepara para ter uma primeira hidrovia metropolitana, de mais de 50 quilômetros, nos rios Tietê e Pinheiros para transporte de pequenas cargas, especialmente resíduos e rejeitos. Hidrovias metropolitanas são comuns na Europa (as do Sena, na França, e do Tâmisa, na Inglaterra, são as mais conhecidas). É um exemplo que o Brasil deveria seguir.
A crise maior é de confiança - EDITORIAL O ESTADÃO
O ESTADO DE S. PAULO - 17/07
O governo terá de cuidar com urgência de dois problemas, se quiser comandar uma reativação econômica puxada pelo investimento. Precisará restabelecer a confiança de empresários e consumidores, fortemente reduzida depois de mais um semestre de inflação alta, baixo crescimento e muita incompetência na maior parte da administração pública.
A onda nacional de mau humor, confirmada por uma série de sondagens, como a nova pesquisa CNT/ MDA, está refletida na sensível piora de avaliação do governo e da presidente Dilma Rousseff. O outro grande problema é a baixa eficiência do próprio setor público, incapaz de cumprir a maior parte de suas promessas e, de modo especial, de destravar e pôr em movimento os programas e projetos indispensáveis a uma retomada firme do crescimento.
Se a presidente e sua equipe exibirem mais seriedade e competência do que mostraram até agora, poderão mais facilmente fixar um rumo para a economia nacional e influenciar de forma positiva as expectativas dos agentes particulares. Nada conseguirão, no entanto, com mais bravatas e tentativas de enfeitar um cenário muito feio.
Três sondagens divulgadas ontem evidenciaram de novo a crise de confiança no governo e nas perspectivas da economia. Em apenas um mês, de junho para julho, a avaliação positiva da administração federal caiu de 54,2% para 31,3%, segundo a pesquisa CNT/MDA. No mesmo período, a expectativa de melhora da situação do emprego diminuiu de 39,6% para 32% e a de piora quase dobrou, passando de 11,5% para 20,4%. A esperança de aumento da renda mensal encolheu de 35,8% para 29,6%.
Outra pesquisa importante, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostrou uma nova queda do Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei). Com a redução de 54,8 para 49,9 pontos, o indicador chegou em julho ao nível mais baixo desde abril de 2009, quando o País ainda experimentava os efeitos da recessão iniciada no fim do ano anterior. O Icei varia de zero a 100 e valores acima de 50 indicam empresários confiantes.
Houve piora tanto da avaliação das condições atuais da economia e da empresa, comparadas com as dos seis meses anteriores, quanto da expectativa para os seis meses seguintes.
O indicador de confiança diminuiu nos três grandes segmentos industriais, mais acentuadamente no setor de transformação do que na construção e na mineração.
O quadro é perfeitamente compatível com a piora dos indicadores de produção e de emprego divulgados nas últimas semanas por entidades oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e por associações privadas. Também ontem a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) apresentou os dados de emprego do mês passado.
O nível caiu 0,23% de maio para junho, descontados os fatores sazonais, e ficou 1,05% abaixo do registrado um ano antes. No primeiro semestre, o índice foi 2,31% superior ao de um ano antes, graças, em grande parte, à expectativa de reativação dos negócios. Mas antes de junho essa expectativa já começou a se esvair.
O resultado do semestre reflete o panorama da economia em 2013, com uma atividade industrial "aquém das expectativas", comentou o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini. Quanto à estimativa para os meses seguintes, acrescentou, é "nada alvissareira".
Até agora, a presidente e sua equipe se mostraram preocupadas principalmente com os efeitos eleitorais da piora de sua imagem. Todas as suas respostas, até agora, foram obviamente orientadas por uma visão de marketing de campanha. Nada foi feito para motivar a recuperação da confiança na evolução da economia e, de modo especial, na gestão econômica do governo a partir deste semestre.
Ao contrário: os anúncios mais notáveis, nesse campo, foram de mais truques para maquiar as contas públicas. Como reavivar a confiança dos cidadãos, se nem o governo pode acreditar no próprio discurso?
A onda nacional de mau humor, confirmada por uma série de sondagens, como a nova pesquisa CNT/ MDA, está refletida na sensível piora de avaliação do governo e da presidente Dilma Rousseff. O outro grande problema é a baixa eficiência do próprio setor público, incapaz de cumprir a maior parte de suas promessas e, de modo especial, de destravar e pôr em movimento os programas e projetos indispensáveis a uma retomada firme do crescimento.
Se a presidente e sua equipe exibirem mais seriedade e competência do que mostraram até agora, poderão mais facilmente fixar um rumo para a economia nacional e influenciar de forma positiva as expectativas dos agentes particulares. Nada conseguirão, no entanto, com mais bravatas e tentativas de enfeitar um cenário muito feio.
Três sondagens divulgadas ontem evidenciaram de novo a crise de confiança no governo e nas perspectivas da economia. Em apenas um mês, de junho para julho, a avaliação positiva da administração federal caiu de 54,2% para 31,3%, segundo a pesquisa CNT/MDA. No mesmo período, a expectativa de melhora da situação do emprego diminuiu de 39,6% para 32% e a de piora quase dobrou, passando de 11,5% para 20,4%. A esperança de aumento da renda mensal encolheu de 35,8% para 29,6%.
Outra pesquisa importante, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostrou uma nova queda do Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei). Com a redução de 54,8 para 49,9 pontos, o indicador chegou em julho ao nível mais baixo desde abril de 2009, quando o País ainda experimentava os efeitos da recessão iniciada no fim do ano anterior. O Icei varia de zero a 100 e valores acima de 50 indicam empresários confiantes.
Houve piora tanto da avaliação das condições atuais da economia e da empresa, comparadas com as dos seis meses anteriores, quanto da expectativa para os seis meses seguintes.
O indicador de confiança diminuiu nos três grandes segmentos industriais, mais acentuadamente no setor de transformação do que na construção e na mineração.
O quadro é perfeitamente compatível com a piora dos indicadores de produção e de emprego divulgados nas últimas semanas por entidades oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e por associações privadas. Também ontem a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) apresentou os dados de emprego do mês passado.
O nível caiu 0,23% de maio para junho, descontados os fatores sazonais, e ficou 1,05% abaixo do registrado um ano antes. No primeiro semestre, o índice foi 2,31% superior ao de um ano antes, graças, em grande parte, à expectativa de reativação dos negócios. Mas antes de junho essa expectativa já começou a se esvair.
O resultado do semestre reflete o panorama da economia em 2013, com uma atividade industrial "aquém das expectativas", comentou o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini. Quanto à estimativa para os meses seguintes, acrescentou, é "nada alvissareira".
Até agora, a presidente e sua equipe se mostraram preocupadas principalmente com os efeitos eleitorais da piora de sua imagem. Todas as suas respostas, até agora, foram obviamente orientadas por uma visão de marketing de campanha. Nada foi feito para motivar a recuperação da confiança na evolução da economia e, de modo especial, na gestão econômica do governo a partir deste semestre.
Ao contrário: os anúncios mais notáveis, nesse campo, foram de mais truques para maquiar as contas públicas. Como reavivar a confiança dos cidadãos, se nem o governo pode acreditar no próprio discurso?
Família de equívocos - EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP - 17/07
Polícia Federal conclui que onda de boatos sobre programa social do governo não teve origem criminosa; Caixa ainda deve explicações
Após 55 dias de investigação, a Polícia Federal esclareceu que não foram cometidos crimes na onda de boatos sobre o fim do Bolsa Família em maio. Reiteradas mentiras das autoridades envolvidas, porém, contribuem para que permaneçam obscuras as explicações sobre os acontecimentos.
Ontem, esta Folha revelou que a Caixa Econômica contrariou norma federal ao antecipar a distribuição dos benefícios sem autorização do Ministério do Desenvolvimento Social. A pasta é a principal responsável pelo Bolsa Família e única instituição apta a alterar o calendário de pagamentos.
Isso não havia ficado claro. Dois meses atrás, o presidente do banco público, Jorge Hereda, afirmou, de forma esquiva, que o procedimento "foi comunicado" ao ministério. Era, agora se sabe, uma artimanha: a lei é clara ao dispor que a antecipação dos pagamentos precisa ser aprovada pela pasta, e não apenas informada a ela.
Esse não foi o único episódio no qual a direção da Caixa faltou com a lisura que se espera de autoridades públicas. Revelou-se falsa a primeira versão do banco para a confusão verificada em maio.
Entre os dias 18 e 20 daquele mês, uma multidão correu às agências da Caixa em 13 Estados para sacar o dinheiro do Bolsa Família. Temia-se que o benefício se extinguisse em breve. Houve tumulto e depredação de unidades do banco.
A direção da Caixa então declarou que havia antecipado o pagamento justamente para evitar que o alvoroço aumentasse.
Reportagem desta Folha mostrou, no entanto, que a versão oficial não se sustentava: no dia 17 de maio --antes de os tumultos ganharem força no país--, uma beneficiária do programa na região metropolitana de Fortaleza já havia recebido o pagamento antecipado.
Ela não estava sozinha. Os R$ 2 bilhões em benefícios foram depositados de uma só vez nas contas das 13,8 milhões de famílias atendidas pelo Bolsa Família. Normalmente, a liberação ocorre de forma escalonada ao longo de dez dias. Foi essa mudança súbita, e sem aviso, um dos principais fermentos para toda a confusão, segundo apuração da Polícia Federal.
Ou seja, os boatos surgiram de forma espontânea, e não sob a liderança de alguém "criminoso" e "desumano". Desmentiu-se, assim, a afirmação da presidente Dilma Rousseff, cujo governo, não sem alguma dose de oportunismo político, tratou de imputar à oposição a responsabilidade pelo ocorrido.
Faria melhor a presidente se cobrasse conduta mais transparente de seus subordinados. Seu silêncio diante da trapalhada ainda mal esclarecida faz crer que aumentou a tolerância do governo com os próprios erros.
Polícia Federal conclui que onda de boatos sobre programa social do governo não teve origem criminosa; Caixa ainda deve explicações
Após 55 dias de investigação, a Polícia Federal esclareceu que não foram cometidos crimes na onda de boatos sobre o fim do Bolsa Família em maio. Reiteradas mentiras das autoridades envolvidas, porém, contribuem para que permaneçam obscuras as explicações sobre os acontecimentos.
Ontem, esta Folha revelou que a Caixa Econômica contrariou norma federal ao antecipar a distribuição dos benefícios sem autorização do Ministério do Desenvolvimento Social. A pasta é a principal responsável pelo Bolsa Família e única instituição apta a alterar o calendário de pagamentos.
Isso não havia ficado claro. Dois meses atrás, o presidente do banco público, Jorge Hereda, afirmou, de forma esquiva, que o procedimento "foi comunicado" ao ministério. Era, agora se sabe, uma artimanha: a lei é clara ao dispor que a antecipação dos pagamentos precisa ser aprovada pela pasta, e não apenas informada a ela.
Esse não foi o único episódio no qual a direção da Caixa faltou com a lisura que se espera de autoridades públicas. Revelou-se falsa a primeira versão do banco para a confusão verificada em maio.
Entre os dias 18 e 20 daquele mês, uma multidão correu às agências da Caixa em 13 Estados para sacar o dinheiro do Bolsa Família. Temia-se que o benefício se extinguisse em breve. Houve tumulto e depredação de unidades do banco.
A direção da Caixa então declarou que havia antecipado o pagamento justamente para evitar que o alvoroço aumentasse.
Reportagem desta Folha mostrou, no entanto, que a versão oficial não se sustentava: no dia 17 de maio --antes de os tumultos ganharem força no país--, uma beneficiária do programa na região metropolitana de Fortaleza já havia recebido o pagamento antecipado.
Ela não estava sozinha. Os R$ 2 bilhões em benefícios foram depositados de uma só vez nas contas das 13,8 milhões de famílias atendidas pelo Bolsa Família. Normalmente, a liberação ocorre de forma escalonada ao longo de dez dias. Foi essa mudança súbita, e sem aviso, um dos principais fermentos para toda a confusão, segundo apuração da Polícia Federal.
Ou seja, os boatos surgiram de forma espontânea, e não sob a liderança de alguém "criminoso" e "desumano". Desmentiu-se, assim, a afirmação da presidente Dilma Rousseff, cujo governo, não sem alguma dose de oportunismo político, tratou de imputar à oposição a responsabilidade pelo ocorrido.
Faria melhor a presidente se cobrasse conduta mais transparente de seus subordinados. Seu silêncio diante da trapalhada ainda mal esclarecida faz crer que aumentou a tolerância do governo com os próprios erros.
Qualidade exige investimentos em tecnologia - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE
CORREIO BRAZILIENSE - 17/07
Em palestra recente, o vice-presidente da General Motors do Brasil, Marcos Munhoz, repassou conceito que merece ser reproduzido: "Tecnologias que permitam produtos mais sustentáveis são tão importantes quanto a responsabilidade corporativa e a economia de recursos nas fábricas". O executivo, que falou sobre gestão global e tendências futuras nos negócios atuais, apresentou os resultados de pesquisa que avaliou o cenário de 2 mil empresas em 22 países, com a presença de uma centena de brasileiras. Para ele, o Brasil está no caminho certo, mas ainda há muito o que melhorar.
Na avaliação dele, organizações com lideranças executivas que gerenciam diretamente o processo de qualidade são 30% mais propensas a ver a questão como atividade de melhoria contínua, em comparação com a média das demais. O entendimento do conceito de qualidade foi diverso entre as pessoas pesquisadas, sendo que, para a maioria das corporações, esse item é atividade de evolução constante. Aliás, o tema qualidade esteve na pauta dos protestos ocorridos recentemente no país - principalmente quanto aos serviços de saúde, educação e transporte. Contudo, para que haja gestão nesse âmbito, seja no setor privado, seja no público, é preciso conhecimento.
A tecnologia hoje é fundamental nas organizações de grande porte. É inegável que as inovações tecnológicas introduzidas nas organizações aumentaram a produtividade - pelas melhorias que incorporam aos processos produtivos ou pela racionalização da mão de obra. No mundo atual, as organizações são avaliadas a todo momento pelos consumidores, fazendo-se necessário que se qualifiquem tecnologicamente para oferecer ferramentas propícias aos funcionários na realização das tarefas. Dessa forma, tecnologia e qualidade são inseparáveis em qualquer empresa comprometida com um mercado cada vez mais exigente.
Não há dúvida de que a sustentabilidade empresarial pode ser oportunidade de novos negócios para as empresas, gerando receitas e contribuindo para a perenidade dos negócios. Portanto, o recado dado pelo vice-presidente da GM pede mudança de paradigma das organizações. Isso passa por repaginação dos modelos de produção e de consumo, que pode ser traduzida como sustentabilidade empresarial.
A proposição inova e desafia organizações e administradores a respeito da necessidade de conciliar os interesses econômicos com os ambientais e sociais, o que inevitavelmente resultará em bom retorno financeiro. Produzir com sustentabilidade, em harmonia com a sociedade, significa ir além da produção de riqueza material. Esse é, insofismavelmente, o maior desafio do empresariado neste século.
Na avaliação dele, organizações com lideranças executivas que gerenciam diretamente o processo de qualidade são 30% mais propensas a ver a questão como atividade de melhoria contínua, em comparação com a média das demais. O entendimento do conceito de qualidade foi diverso entre as pessoas pesquisadas, sendo que, para a maioria das corporações, esse item é atividade de evolução constante. Aliás, o tema qualidade esteve na pauta dos protestos ocorridos recentemente no país - principalmente quanto aos serviços de saúde, educação e transporte. Contudo, para que haja gestão nesse âmbito, seja no setor privado, seja no público, é preciso conhecimento.
A tecnologia hoje é fundamental nas organizações de grande porte. É inegável que as inovações tecnológicas introduzidas nas organizações aumentaram a produtividade - pelas melhorias que incorporam aos processos produtivos ou pela racionalização da mão de obra. No mundo atual, as organizações são avaliadas a todo momento pelos consumidores, fazendo-se necessário que se qualifiquem tecnologicamente para oferecer ferramentas propícias aos funcionários na realização das tarefas. Dessa forma, tecnologia e qualidade são inseparáveis em qualquer empresa comprometida com um mercado cada vez mais exigente.
Não há dúvida de que a sustentabilidade empresarial pode ser oportunidade de novos negócios para as empresas, gerando receitas e contribuindo para a perenidade dos negócios. Portanto, o recado dado pelo vice-presidente da GM pede mudança de paradigma das organizações. Isso passa por repaginação dos modelos de produção e de consumo, que pode ser traduzida como sustentabilidade empresarial.
A proposição inova e desafia organizações e administradores a respeito da necessidade de conciliar os interesses econômicos com os ambientais e sociais, o que inevitavelmente resultará em bom retorno financeiro. Produzir com sustentabilidade, em harmonia com a sociedade, significa ir além da produção de riqueza material. Esse é, insofismavelmente, o maior desafio do empresariado neste século.
COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
“Enquanto a sociedade entrou na era digital, a política permanece analógica”
Ex-presidente Lula, que defende a renovação do PT em artigo no jornal New York Times
STF: MINISTROS JÁ ESPERAM FIM DO FORO PRIVILEGIADO
Após terem condenado políticos às celas no julgamento do mensalão, ministros do Supremo Tribunal Federal consideram “inevitável” o fim do foro privilegiado, que submete processos envolvendo autoridades ao crivo da Suprema Corte. A medida mandaria à primeira instância cerca de 166 ações penais e 513 inquéritos,que esperam apreciação no STF, ajudando acusados a empurrar ainda mais o julgamento com a barriga.
RUMO À PRESCRIÇÃO
Advogados comemoraram na última reunião da OAB o possível fim do foro privilegiado, o que só aumentará a gama de recursos protelatórios.
OLHA A MANOBRA
Assim como os mensaleiros, o deputado Natan Donadon – condenado à prisão – fez de tudo para transferir seu processo à primeira instância.
RECORDAR É VIVER
O processo do ex-senador Luiz Estevão, condenado a 31 anos prisão, se arrasta desde 2002, quando iniciou julgamento na primeira instância.
AÍ TEM COISA
Para prefeito Paulo Piau, “é no mínimo suspeito” o parecer da Agência Nacional de Petróleo que inviabiliza produção de amônia em Uberaba.
AVIÃO ‘RETIDO’ DE AMORIM VIRA PIADA COM BOLÍVIA
A emenda foi pior que o soneto na “consertação” do vexame impingido ao ministro Celso Amorim (Defesa) no aeroporto em La Paz, na Bolívia, no fim de 2012, como revelou no domingo (14) o www.diariodopoder.com.br: o ministro admitiu em nota oficial ontem que seu avião foi “vistoriado” no fim de 2011. O governo do maluquete Evo Morales nega ambas as violações da soberania brasileira com a sinceridade bolivariana habitual, mas prometeu investigar.
DE JOELHOS
Ministros bolivianos correram a afirmar que “a Bolívia respeita tratados internacionais”, mas a nota do ministro Amorim confirma a humilhação.
EXPLICAÇÕES
A oposição boliviana pediu explicação oficial à chancelaria de seu país sobre o episódio, que teve grande destaque na imprensa local ontem.
AUDÁCIA COCALEIRA
Cães farejadores entraram no jato da FAB procurando o senador de oposição Roger Pinto, asilado há mais de ano na embaixada do Brasil.
SERVIRÃO DE EXEMPLO
O PT avisou à base aliada que punirá os seis petistas que votaram contra o governo Dilma na Lei dos Royalties. Além de serem excluídos da relatoria de projetos até o fim do ano, Fátima Bezerra (CE), Erika Kokay (DF) e Eudes Xavier (CE) perderão cargo de vice-líder da sigla.
SELEÇÃO
A agência de propaganda Calia/Y2, que já tinha um craque do marketing político, Elsinho Mouco, agora se reforça com um craque da publicidade. José Badaró é o novo vice-presidente em Brasília, onde atenderá, dentre outras contas, ao Ministério da Saúde.
SANTA ENCRENCA
O Planalto está preocupado com o encontro de Dilma com o papa Francisco, segunda (22), no Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro, onde manifestantes vão protestar contra o governador Sérgio Cabral. A “blindagem” será de guerra, mas não ostensiva que constranja o papa.
CANSEI
O esperado relatório de voos da FAB mostrou céu de brigadeiro contra espiões dos EUA ao general Elito (Segurança Institucional): às 13h de sexta (12), ele embarcava no jatinho para casa em Salvador (BA).
CARDÁPIO GORDO
O vice-presidente Michel Temer parece ter cansado do cardápio: reservou R$ 4,3 mil para treinar oito cozinheiros na preparação de receitas diet e light no Palácio do Jaburu, afirma o Contas Abertas.
NA MIRA DO CRIME
A Justiça de SP oficiou o Ministério Público para apurar suposta fraude da OAS, sucessora da enrolada Bancoop, contra idosa de 80 anos, analfabeta, apresentando nova escritura do imóvel quitado por ela.
PESOU A MÃO
O Palácio do Planalto mandou adiar a votação do projeto que destina royalties do petróleo para a Educação e a Saúde após ser informado de que a traição no PMDB duplicaria, e no PT, triplicaria. Deputados reclamam que o governo chegou a ameaçar de expulsão petistas contrários à proposta.
SONHO OLÍMPICO
Recordista brasileira em salto a distância, a paratleta Marivalva de Almeida, 35, andou pela primeira vez em 15 anos, com a prótese da perna esquerda implantada pela equipe da Loma Linda University, na Califórnia (EUA). Ela quer disputar a Olimpíada de 2016 sem muletas.
PENSANDO BEM...
...agora expostos na FAB, os doidos por jatinho devem estar cobiçando os “drones” invisíveis.
PODER SEM PUDOR
O SONO DO TÉDIO
Eleita prefeita de São Paulo, Luiza Erundina foi a uma reunião com o prefeito Jânio Quadros, que logo caiu num sono profundo. A reunião durou duas horas, todos sussurrando para não incomodar Jânio. Sem jeito, Erundina não sabia o que fazer: despedia-se do prefeito? Ia embora? O secretário de Negócios Jurídicos, Cláudio Lembo, cutucou o dorminhoco:
- Presidente, já terminamos.
Jânio acordou, já com olhos arregalados, ajeitando-se na cadeira:
- Sim? E o que decidiram por mim? Onde assino?
Ex-presidente Lula, que defende a renovação do PT em artigo no jornal New York Times
STF: MINISTROS JÁ ESPERAM FIM DO FORO PRIVILEGIADO
Após terem condenado políticos às celas no julgamento do mensalão, ministros do Supremo Tribunal Federal consideram “inevitável” o fim do foro privilegiado, que submete processos envolvendo autoridades ao crivo da Suprema Corte. A medida mandaria à primeira instância cerca de 166 ações penais e 513 inquéritos,que esperam apreciação no STF, ajudando acusados a empurrar ainda mais o julgamento com a barriga.
RUMO À PRESCRIÇÃO
Advogados comemoraram na última reunião da OAB o possível fim do foro privilegiado, o que só aumentará a gama de recursos protelatórios.
OLHA A MANOBRA
Assim como os mensaleiros, o deputado Natan Donadon – condenado à prisão – fez de tudo para transferir seu processo à primeira instância.
RECORDAR É VIVER
O processo do ex-senador Luiz Estevão, condenado a 31 anos prisão, se arrasta desde 2002, quando iniciou julgamento na primeira instância.
AÍ TEM COISA
Para prefeito Paulo Piau, “é no mínimo suspeito” o parecer da Agência Nacional de Petróleo que inviabiliza produção de amônia em Uberaba.
AVIÃO ‘RETIDO’ DE AMORIM VIRA PIADA COM BOLÍVIA
A emenda foi pior que o soneto na “consertação” do vexame impingido ao ministro Celso Amorim (Defesa) no aeroporto em La Paz, na Bolívia, no fim de 2012, como revelou no domingo (14) o www.diariodopoder.com.br: o ministro admitiu em nota oficial ontem que seu avião foi “vistoriado” no fim de 2011. O governo do maluquete Evo Morales nega ambas as violações da soberania brasileira com a sinceridade bolivariana habitual, mas prometeu investigar.
DE JOELHOS
Ministros bolivianos correram a afirmar que “a Bolívia respeita tratados internacionais”, mas a nota do ministro Amorim confirma a humilhação.
EXPLICAÇÕES
A oposição boliviana pediu explicação oficial à chancelaria de seu país sobre o episódio, que teve grande destaque na imprensa local ontem.
AUDÁCIA COCALEIRA
Cães farejadores entraram no jato da FAB procurando o senador de oposição Roger Pinto, asilado há mais de ano na embaixada do Brasil.
SERVIRÃO DE EXEMPLO
O PT avisou à base aliada que punirá os seis petistas que votaram contra o governo Dilma na Lei dos Royalties. Além de serem excluídos da relatoria de projetos até o fim do ano, Fátima Bezerra (CE), Erika Kokay (DF) e Eudes Xavier (CE) perderão cargo de vice-líder da sigla.
SELEÇÃO
A agência de propaganda Calia/Y2, que já tinha um craque do marketing político, Elsinho Mouco, agora se reforça com um craque da publicidade. José Badaró é o novo vice-presidente em Brasília, onde atenderá, dentre outras contas, ao Ministério da Saúde.
SANTA ENCRENCA
O Planalto está preocupado com o encontro de Dilma com o papa Francisco, segunda (22), no Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro, onde manifestantes vão protestar contra o governador Sérgio Cabral. A “blindagem” será de guerra, mas não ostensiva que constranja o papa.
CANSEI
O esperado relatório de voos da FAB mostrou céu de brigadeiro contra espiões dos EUA ao general Elito (Segurança Institucional): às 13h de sexta (12), ele embarcava no jatinho para casa em Salvador (BA).
CARDÁPIO GORDO
O vice-presidente Michel Temer parece ter cansado do cardápio: reservou R$ 4,3 mil para treinar oito cozinheiros na preparação de receitas diet e light no Palácio do Jaburu, afirma o Contas Abertas.
NA MIRA DO CRIME
A Justiça de SP oficiou o Ministério Público para apurar suposta fraude da OAS, sucessora da enrolada Bancoop, contra idosa de 80 anos, analfabeta, apresentando nova escritura do imóvel quitado por ela.
PESOU A MÃO
O Palácio do Planalto mandou adiar a votação do projeto que destina royalties do petróleo para a Educação e a Saúde após ser informado de que a traição no PMDB duplicaria, e no PT, triplicaria. Deputados reclamam que o governo chegou a ameaçar de expulsão petistas contrários à proposta.
SONHO OLÍMPICO
Recordista brasileira em salto a distância, a paratleta Marivalva de Almeida, 35, andou pela primeira vez em 15 anos, com a prótese da perna esquerda implantada pela equipe da Loma Linda University, na Califórnia (EUA). Ela quer disputar a Olimpíada de 2016 sem muletas.
PENSANDO BEM...
...agora expostos na FAB, os doidos por jatinho devem estar cobiçando os “drones” invisíveis.
PODER SEM PUDOR
O SONO DO TÉDIO
Eleita prefeita de São Paulo, Luiza Erundina foi a uma reunião com o prefeito Jânio Quadros, que logo caiu num sono profundo. A reunião durou duas horas, todos sussurrando para não incomodar Jânio. Sem jeito, Erundina não sabia o que fazer: despedia-se do prefeito? Ia embora? O secretário de Negócios Jurídicos, Cláudio Lembo, cutucou o dorminhoco:
- Presidente, já terminamos.
Jânio acordou, já com olhos arregalados, ajeitando-se na cadeira:
- Sim? E o que decidiram por mim? Onde assino?
QUARTA NOS JORNAIS
- Globo: Francisco em Copacabana – Rio terá dois ‘réveillons’ na semana que vem
- Folha: Ameaça de protestos deve mudar rota do papa no país
- Estadão: Abin avança que protesto é ameaça na visita do papa
- Correio: Fazenda de gado no DF virou aeroporto
- Valor: Os fundos que driblaram a queda da bolsa no semestre
- Estado de Minas: Uma chance para a Pampulha
- Jornal do Commercio: O Recife contra o crime
- Zero Hora: Transparência – O mapa dos cargos em comissão da Assembleia
- Brasil Econômico: Economia em baixa leva empresas ao mercado de energia
terça-feira, julho 16, 2013
Brasil nas ruas - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 16/07
Sábado, na Fundição Progresso, na Lapa, os vocalistas das bandas Paralamas do Sucesso, Biquini Cavadão e Plebe Rude encerraram a noite com a música “Que país é este”, numa alusão às manifestações de rua.
Trata-se daquele hino de Renato Russo, escrito em 1978, com um trecho que diz assim: “Nas favelas, no Senado/ Sujeira pra todo lado.”
Quanto vale o show
Não é fácil a tarefa do Credit Suisse, que cuida da venda da IMX, empresa de eventos de Eike Sempre Ele Batista, dona de metade do Rock in Rio e dos direitos sobre o Cirque du Soleil no Brasil.
Uma das interessadas no negócio, estimado em R$ 500 milhões, a CSM, foi vetada pelo sócio estrangeiro de Eike, a IMG.
Gato por lebre
Aliás, Eike Batista estuda processar o geólogo Paulo Mendonça.
Ele foi demitido em agosto do ano passado do comando da OGX depois que a empresa anunciou a redução das metas de produção em até 75%.
A conferir.
Chatô, o rei do Brasil
A divisão da herança de Assis Chateaubriand, 45 anos após sua morte, ficou ainda mais enrolada depois que, em 2011, apareceu outro suposto filho do empresário, Nilton Gomes.
Thereza Acunha Bandeira de Mello Alkmin, um dos três filhos reconhecidos por Chateaubriand, questiona na Justiça o valor cobrado por uma perita, R$ 145 mil, para atuar no caso.
É que...
Segundo a filha de Chatô, a perita exige o aluguel de um jato para fazer o exame grafotécnico em Alagoas, onde foram expedidos os documentos pessoais de Nilton.
Primavera na Igreja
O teólogo Leonardo Boff, que enfrentou no passado a censura do Vaticano, é outro que parece encantado com o Papa Francisco.
Hoje ele lança o livro “Francisco de Assis e Francisco de Roma: uma nova primavera na Igreja?”
Segue...
Boff diz que Francisco de Assis sentiu um chamado para reconstruir a Igreja que estava em ruínas:
— Já o Papa Francisco tem a missão de reconstruir também a Igreja, arruinada pelos escândalos da pedofilia dos padres, e até de cardeais, e os crimes financeiros do Banco do Vaticano. E o faz com simplicidade e pobreza pessoal.
Menos peregrinos
Outro sinal de que a Jornada Mundial da Juventude Rio 2013 deve receber menos peregrinos do que o previsto.
A Semana Missionária em São Paulo, que antecede a JMJ, começa hoje com cerca de dez mil participantes. A previsão inicial era de 30 mil.
PIB do Papa
A grife esportiva Liga Retrô pôs à venda a camisa do time do coração do Papa Francisco, o San Lorenzo.
Dez milhões
Os livros “Ágape”, a versão infantil “Agapinho” e “Kairós”, do padre Marcelo Rossi, venderam, juntos, dez milhões de exemplares no Brasil e no exterior.
Templo é dinheiro
A 22ª Câmara Cível do Rio condenou a Associação Brasileira da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e a Construtora Comercial São Paulo a pagarem R$ 346.671,57 à loja Art Sebas Materiais de Construção Ltda.
É que, em nome da igreja, a empreiteira adquiriu material para a construção de um templo suntuoso de mais de mil metros quadrados em Petrópolis. Na hora de pagar, a conta ficou sem dono.
Queda da Bastilha
Funcionários brasileiros do Consulado da França no Rio vão fazer greve hoje.
Em carta ao ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, reclamam do reajuste de salários de apenas 3,32%.
Além disso, protestam por ganharem menos do que os franceses que trabalham aqui.
Abuso de autoridade
Uma cena comum no Campo de Santana, no Rio: toda vez que um carro sai da garagem do TCE, um segurança fica no meio da rua, põe um cone e paralisa o trânsito para que o veículo possa passar.
Aconteceu ontem, para a saída de um Peugeot preto, às 13h10m. E o carro nem tinha placa branca.
Mãos à obra
Vinte peregrinos da França, dos Estados Unidos e da Colômbia vão participar de um mutirão de limpeza no Chapéu Mangueira e na Babilônia, favelas pacificadas no Leme.
O lixo recolhido vai render desconto na conta de luz para uma creche do lugar.
Trata-se daquele hino de Renato Russo, escrito em 1978, com um trecho que diz assim: “Nas favelas, no Senado/ Sujeira pra todo lado.”
Quanto vale o show
Não é fácil a tarefa do Credit Suisse, que cuida da venda da IMX, empresa de eventos de Eike Sempre Ele Batista, dona de metade do Rock in Rio e dos direitos sobre o Cirque du Soleil no Brasil.
Uma das interessadas no negócio, estimado em R$ 500 milhões, a CSM, foi vetada pelo sócio estrangeiro de Eike, a IMG.
Gato por lebre
Aliás, Eike Batista estuda processar o geólogo Paulo Mendonça.
Ele foi demitido em agosto do ano passado do comando da OGX depois que a empresa anunciou a redução das metas de produção em até 75%.
A conferir.
Chatô, o rei do Brasil
A divisão da herança de Assis Chateaubriand, 45 anos após sua morte, ficou ainda mais enrolada depois que, em 2011, apareceu outro suposto filho do empresário, Nilton Gomes.
Thereza Acunha Bandeira de Mello Alkmin, um dos três filhos reconhecidos por Chateaubriand, questiona na Justiça o valor cobrado por uma perita, R$ 145 mil, para atuar no caso.
É que...
Segundo a filha de Chatô, a perita exige o aluguel de um jato para fazer o exame grafotécnico em Alagoas, onde foram expedidos os documentos pessoais de Nilton.
Primavera na Igreja
O teólogo Leonardo Boff, que enfrentou no passado a censura do Vaticano, é outro que parece encantado com o Papa Francisco.
Hoje ele lança o livro “Francisco de Assis e Francisco de Roma: uma nova primavera na Igreja?”
Segue...
Boff diz que Francisco de Assis sentiu um chamado para reconstruir a Igreja que estava em ruínas:
— Já o Papa Francisco tem a missão de reconstruir também a Igreja, arruinada pelos escândalos da pedofilia dos padres, e até de cardeais, e os crimes financeiros do Banco do Vaticano. E o faz com simplicidade e pobreza pessoal.
Menos peregrinos
Outro sinal de que a Jornada Mundial da Juventude Rio 2013 deve receber menos peregrinos do que o previsto.
A Semana Missionária em São Paulo, que antecede a JMJ, começa hoje com cerca de dez mil participantes. A previsão inicial era de 30 mil.
PIB do Papa
A grife esportiva Liga Retrô pôs à venda a camisa do time do coração do Papa Francisco, o San Lorenzo.
Dez milhões
Os livros “Ágape”, a versão infantil “Agapinho” e “Kairós”, do padre Marcelo Rossi, venderam, juntos, dez milhões de exemplares no Brasil e no exterior.
Templo é dinheiro
A 22ª Câmara Cível do Rio condenou a Associação Brasileira da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e a Construtora Comercial São Paulo a pagarem R$ 346.671,57 à loja Art Sebas Materiais de Construção Ltda.
É que, em nome da igreja, a empreiteira adquiriu material para a construção de um templo suntuoso de mais de mil metros quadrados em Petrópolis. Na hora de pagar, a conta ficou sem dono.
Queda da Bastilha
Funcionários brasileiros do Consulado da França no Rio vão fazer greve hoje.
Em carta ao ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, reclamam do reajuste de salários de apenas 3,32%.
Além disso, protestam por ganharem menos do que os franceses que trabalham aqui.
Abuso de autoridade
Uma cena comum no Campo de Santana, no Rio: toda vez que um carro sai da garagem do TCE, um segurança fica no meio da rua, põe um cone e paralisa o trânsito para que o veículo possa passar.
Aconteceu ontem, para a saída de um Peugeot preto, às 13h10m. E o carro nem tinha placa branca.
Mãos à obra
Vinte peregrinos da França, dos Estados Unidos e da Colômbia vão participar de um mutirão de limpeza no Chapéu Mangueira e na Babilônia, favelas pacificadas no Leme.
O lixo recolhido vai render desconto na conta de luz para uma creche do lugar.
Tutela e emancipação - ROSELY SAYÃO
FOLHA DE SP - 16/07
Confiar no filho adolescente é ignorar o fato de que ele ainda não é adulto; é preciso, portanto, vigiá-lo
Conversei com um adolescente de 16 anos acompanhado de sua mãe e ambos estavam chateados um com o outro. O garoto disse à mãe que no final de semana iria dormir na casa de um amigo. Na madrugada, ela foi acordada por um telefonema de um hospital, pois o filho lá se encontrava em observação.
Quem tem filhos imagina o estado em que essa mãe ficou até chegar ao hospital. Ela só sossegou depois de ver o filho e constatar que, de fato, além de um hematoma no braço, ele nada tinha.
O garoto e seu colega decidiram ir até uma balada. No retorno, foram de carona com um amigo que estava com eles e sofreram um acidente leve, que provocou mais danos no carro do que nos quatro jovens que estavam dentro. Que sorte! Bem, aí começou a discussão entre mãe e filho.
Ela, que disse sempre ter confiado no filho, sentiu-se traída pelo fato de ele ter feito algo que não havia sido previamente lhe informado. O segundo ponto que a mãe não aceitou foi o fato de o filho ter visto o colega tomar bebida alcoólica e, mesmo assim, ter aceitado a carona dele.
Essa mãe, assim como muitas outras que têm filhos adolescentes, acreditava que podia confiar nele. Não, ninguém pode confiar que o filho adolescente irá sempre agir da maneira que os pais o ensinaram e esperam que ele faça. Por quê?
Porque os adolescentes estão ainda em processo de desenvolvimento da maturidade e da autonomia que terão na vida adulta. Eles costumam ser impulsivos, nem sempre avaliam os riscos que correm e olham muito mais para o que lhes interessa. No geral, eles focam tanto o olhar no que buscam que acabam por perder a perspectiva que lhes permitiria ver além, ou seja, o contexto que os cerca nesse momento. É especialmente por tais motivos que muitos deles fazem coisas das quais se arrependem posteriormente.
E esse era o estado do garoto com quem conversei: de completo arrependimento. Ele disse que iria mesmo, como planejado, dormir na casa do amigo, mas eles foram convidados por outros amigos para uma balada e decidiram ir.
Disse também que viu o colega que ofereceu carona beber, mas achou que havia sido uma pequena quantidade e, além disso, pensou que economizaria uma boa grana do táxi.
O garoto tem toda a pinta de ser um bom menino, mas não achou nada demais o que aconteceu. Seu arrependimento era apenas um: o de ter aceitado carona de um colega que bebera. Por causa disso, não se conformava com o grau de braveza da mãe, e lembrou que em outra ocasião ela já havia dado autorização para que ele fosse ao local da balada em que havia estado.
A partir desse ponto, os dois achavam que não havia mais diálogo entre eles. Mas dialogaram muito bem com as ideias um do outro. Sempre que há diálogo --coisa rara-- entre pais e filhos, há conflito de ideias. Não é conversando que a gente se desentende? Diálogo não é estratégia de persuasão.
O exemplo dessa mãe com seu filho nos dá algumas pistas. A primeira: confiar no filho adolescente é ignorar que ele ainda não é adulto. É preciso, portanto, tutelar os filhos, mesmo que a distância e com muita discrição. Segunda: os filhos precisam saber que alguns pontos de sua relação com os pais são inegociáveis. Informar sempre aos pais onde estão é uma delas, importante para adolescentes e seus pais.
Moral da história: não dá para emancipar filhos adolescentes se eles ainda não estão prontos para isso.
Confiar no filho adolescente é ignorar o fato de que ele ainda não é adulto; é preciso, portanto, vigiá-lo
Conversei com um adolescente de 16 anos acompanhado de sua mãe e ambos estavam chateados um com o outro. O garoto disse à mãe que no final de semana iria dormir na casa de um amigo. Na madrugada, ela foi acordada por um telefonema de um hospital, pois o filho lá se encontrava em observação.
Quem tem filhos imagina o estado em que essa mãe ficou até chegar ao hospital. Ela só sossegou depois de ver o filho e constatar que, de fato, além de um hematoma no braço, ele nada tinha.
O garoto e seu colega decidiram ir até uma balada. No retorno, foram de carona com um amigo que estava com eles e sofreram um acidente leve, que provocou mais danos no carro do que nos quatro jovens que estavam dentro. Que sorte! Bem, aí começou a discussão entre mãe e filho.
Ela, que disse sempre ter confiado no filho, sentiu-se traída pelo fato de ele ter feito algo que não havia sido previamente lhe informado. O segundo ponto que a mãe não aceitou foi o fato de o filho ter visto o colega tomar bebida alcoólica e, mesmo assim, ter aceitado a carona dele.
Essa mãe, assim como muitas outras que têm filhos adolescentes, acreditava que podia confiar nele. Não, ninguém pode confiar que o filho adolescente irá sempre agir da maneira que os pais o ensinaram e esperam que ele faça. Por quê?
Porque os adolescentes estão ainda em processo de desenvolvimento da maturidade e da autonomia que terão na vida adulta. Eles costumam ser impulsivos, nem sempre avaliam os riscos que correm e olham muito mais para o que lhes interessa. No geral, eles focam tanto o olhar no que buscam que acabam por perder a perspectiva que lhes permitiria ver além, ou seja, o contexto que os cerca nesse momento. É especialmente por tais motivos que muitos deles fazem coisas das quais se arrependem posteriormente.
E esse era o estado do garoto com quem conversei: de completo arrependimento. Ele disse que iria mesmo, como planejado, dormir na casa do amigo, mas eles foram convidados por outros amigos para uma balada e decidiram ir.
Disse também que viu o colega que ofereceu carona beber, mas achou que havia sido uma pequena quantidade e, além disso, pensou que economizaria uma boa grana do táxi.
O garoto tem toda a pinta de ser um bom menino, mas não achou nada demais o que aconteceu. Seu arrependimento era apenas um: o de ter aceitado carona de um colega que bebera. Por causa disso, não se conformava com o grau de braveza da mãe, e lembrou que em outra ocasião ela já havia dado autorização para que ele fosse ao local da balada em que havia estado.
A partir desse ponto, os dois achavam que não havia mais diálogo entre eles. Mas dialogaram muito bem com as ideias um do outro. Sempre que há diálogo --coisa rara-- entre pais e filhos, há conflito de ideias. Não é conversando que a gente se desentende? Diálogo não é estratégia de persuasão.
O exemplo dessa mãe com seu filho nos dá algumas pistas. A primeira: confiar no filho adolescente é ignorar que ele ainda não é adulto. É preciso, portanto, tutelar os filhos, mesmo que a distância e com muita discrição. Segunda: os filhos precisam saber que alguns pontos de sua relação com os pais são inegociáveis. Informar sempre aos pais onde estão é uma delas, importante para adolescentes e seus pais.
Moral da história: não dá para emancipar filhos adolescentes se eles ainda não estão prontos para isso.
No divã de Lucian Freud - JOÃO PEREIRA COUTINHO
FOLHA DE SP - 16/07
Freud reinventou a arte figurativa porque procurou fixar na tela os estados de espírito do mundo
O MASP tem exposição de Lucian Freud até 13 de outubro. Inveja dos paulistanos. E boas memórias.
Devo ter almoçado com Lucian Freud, neto de Sigmund, meia dúzia de vezes na vida. Almoçar no mesmo espaço, entenda-se, não na mesma mesa. Acontecia no Wolseley, um restaurante londrino em Piccadilly, que piorou drasticamente nos últimos tempos. Mas divago.
Freud almoçava quase sempre sozinho --figura pequena, escanzelada, a lembrar Samuel Beckett nas fotos de Cartier-Bresson-- e, sempre que o via, pensava: vou puxar conversa. Como estudante de história da arte, achava que tinha um bom álibi. Nunca tive coragem e Freud morreu em 2011.
Um dos maiores pintores do nosso tempo? Assino embaixo. E, se não posso ir a São Paulo ver a exposição, pelo menos leio sobre o bicho.
A melhor introdução à obra de Freud foi escrita por Martin Gayford em livro singular: "Man with a Blue Scarf: On Sitting for a Portrait by Lucian Freud".
Gayford, crítico de arte, foi modelo durante um ano e meio para dois retratos do mestre. Escreveu um diário a respeito, embora fosse mais correto dizer "um retrato a respeito". Enquanto Freud o pintava (com tintas), Gayford pintava Freud (com palavras).
Encontramos de tudo. As paixões de Freud em arte e literatura (anote: Ingres, Ticiano, Henry James, Thomas Hardy). Os ódios sulfúricos (Leonardo, Rafael e, sobretudo, Dante Gabriel Rossetti, "o mais próximo que a pintura chegou do mau hálito").
E, sobre política, a velha máxima anarquista: "Nunca devemos votar em ninguém que não conhecemos pessoalmente". Touché.
Depois, os hábitos de trabalho: intransigência na pontualidade dos modelos; esforço físico descomunal (aos 80, Freud pintava de pé, durante horas e horas); composição lenta; resultados dúbios. Era frequente Freud abandonar um retrato depois de meses de trabalho. Martin Gayford pergunta, repetidas vezes, nas páginas do diário: será que isso vai acontecer comigo?
Não aconteceu: no final da odisseia, o retrato lá está. E, quando o modelo se confronta com ele, há uma estranheza inicial que se dissolve no reconhecimento essencial. Aquele não sou eu. Aquele só posso ser eu.
Eis o fundamental da arte de Freud. Críticos preguiçosos dirão que Freud, tal como o seu amigo Francis Bacon, prolonga a lição de Van Gogh: a realidade não existe; o que existe é a carga dramática, e pessoalíssima, com que eu represento a realidade.
Errado. Isso pode ser válido para Bacon. Não é válido para Freud. "Imaginação é ver as coisas como elas realmente são", dizia ele. Tradução: Freud só reinventou a arte figurativa não porque plasmou no mundo os seus estados de espírito, mas porque procurou fixar na tela os estados de espírito do mundo.
Por isso era recorrente a sensação paradoxal de estranheza e reconhecimento quando os modelos viam o produto final. Martin Gayford explica o mistério: porque nós nunca sabemos como somos realmente.
Isso pode soar estranho, sobretudo quando vivemos saturados na orgia fotográfica e narcísica de nós próprios. O problema é que, em filmes, fotos ou ao espelho, nós estamos continuamente a fingir, a representar, a recriar.
E quando não estamos, o filme, a foto ou o reflexo apenas nos devolvem uma ínfima parcela do que somos: a imagem naquele momento, com aquele ânimo, naquela fase do nosso envelhecimento.
Tal não acontece nos retratos de Freud. Durante horas, durante meses, o modelo deita-se no divã do pintor. E este vai perscrutando todas as expressões, todos os momentos de serenidade, inquietude, alegria, cansaço, tristeza. É a totalidade do que somos que interessa nos retratos de Freud, não a nossa fugaz impermanência.
Não admira que o momento mais angustiante do processo aconteça na finalização do quadro. Gayford, uma vez mais, explica: em literatura, um final mediano pode não ser mortal; o leitor já conviveu, página após página, com as flutuações inevitáveis da "loucura da arte" de que falava Henry James.
Mas, no quadro, não há página após página. A forma como o pintor finaliza a obra representa a única página que leremos.
E, no retrato de Martin Gayford, é uma página feita de ironia, melancolia --e com um toque de loucura. "Faz sentido", escreve o próprio sobre o próprio.
Freud reinventou a arte figurativa porque procurou fixar na tela os estados de espírito do mundo
O MASP tem exposição de Lucian Freud até 13 de outubro. Inveja dos paulistanos. E boas memórias.
Devo ter almoçado com Lucian Freud, neto de Sigmund, meia dúzia de vezes na vida. Almoçar no mesmo espaço, entenda-se, não na mesma mesa. Acontecia no Wolseley, um restaurante londrino em Piccadilly, que piorou drasticamente nos últimos tempos. Mas divago.
Freud almoçava quase sempre sozinho --figura pequena, escanzelada, a lembrar Samuel Beckett nas fotos de Cartier-Bresson-- e, sempre que o via, pensava: vou puxar conversa. Como estudante de história da arte, achava que tinha um bom álibi. Nunca tive coragem e Freud morreu em 2011.
Um dos maiores pintores do nosso tempo? Assino embaixo. E, se não posso ir a São Paulo ver a exposição, pelo menos leio sobre o bicho.
A melhor introdução à obra de Freud foi escrita por Martin Gayford em livro singular: "Man with a Blue Scarf: On Sitting for a Portrait by Lucian Freud".
Gayford, crítico de arte, foi modelo durante um ano e meio para dois retratos do mestre. Escreveu um diário a respeito, embora fosse mais correto dizer "um retrato a respeito". Enquanto Freud o pintava (com tintas), Gayford pintava Freud (com palavras).
Encontramos de tudo. As paixões de Freud em arte e literatura (anote: Ingres, Ticiano, Henry James, Thomas Hardy). Os ódios sulfúricos (Leonardo, Rafael e, sobretudo, Dante Gabriel Rossetti, "o mais próximo que a pintura chegou do mau hálito").
E, sobre política, a velha máxima anarquista: "Nunca devemos votar em ninguém que não conhecemos pessoalmente". Touché.
Depois, os hábitos de trabalho: intransigência na pontualidade dos modelos; esforço físico descomunal (aos 80, Freud pintava de pé, durante horas e horas); composição lenta; resultados dúbios. Era frequente Freud abandonar um retrato depois de meses de trabalho. Martin Gayford pergunta, repetidas vezes, nas páginas do diário: será que isso vai acontecer comigo?
Não aconteceu: no final da odisseia, o retrato lá está. E, quando o modelo se confronta com ele, há uma estranheza inicial que se dissolve no reconhecimento essencial. Aquele não sou eu. Aquele só posso ser eu.
Eis o fundamental da arte de Freud. Críticos preguiçosos dirão que Freud, tal como o seu amigo Francis Bacon, prolonga a lição de Van Gogh: a realidade não existe; o que existe é a carga dramática, e pessoalíssima, com que eu represento a realidade.
Errado. Isso pode ser válido para Bacon. Não é válido para Freud. "Imaginação é ver as coisas como elas realmente são", dizia ele. Tradução: Freud só reinventou a arte figurativa não porque plasmou no mundo os seus estados de espírito, mas porque procurou fixar na tela os estados de espírito do mundo.
Por isso era recorrente a sensação paradoxal de estranheza e reconhecimento quando os modelos viam o produto final. Martin Gayford explica o mistério: porque nós nunca sabemos como somos realmente.
Isso pode soar estranho, sobretudo quando vivemos saturados na orgia fotográfica e narcísica de nós próprios. O problema é que, em filmes, fotos ou ao espelho, nós estamos continuamente a fingir, a representar, a recriar.
E quando não estamos, o filme, a foto ou o reflexo apenas nos devolvem uma ínfima parcela do que somos: a imagem naquele momento, com aquele ânimo, naquela fase do nosso envelhecimento.
Tal não acontece nos retratos de Freud. Durante horas, durante meses, o modelo deita-se no divã do pintor. E este vai perscrutando todas as expressões, todos os momentos de serenidade, inquietude, alegria, cansaço, tristeza. É a totalidade do que somos que interessa nos retratos de Freud, não a nossa fugaz impermanência.
Não admira que o momento mais angustiante do processo aconteça na finalização do quadro. Gayford, uma vez mais, explica: em literatura, um final mediano pode não ser mortal; o leitor já conviveu, página após página, com as flutuações inevitáveis da "loucura da arte" de que falava Henry James.
Mas, no quadro, não há página após página. A forma como o pintor finaliza a obra representa a única página que leremos.
E, no retrato de Martin Gayford, é uma página feita de ironia, melancolia --e com um toque de loucura. "Faz sentido", escreve o próprio sobre o próprio.
Infidelidade e crime - GLÁUCIO SOARES
CORREIO BRAZILIENSE - 16/07
Há países em que a infidelidade é ilegal e outros em que não é. Onde é ilegal, a punição pode variar desde multa simbólica até a morte. O fato de que, em vários países, a lei seja aplicada somente contra as mulheres levou muitas organizações nacionais e internacionais a se oporem a essa definição e a lutarem pela descriminalização. Pior ainda, o processo legal é muito viciado e mulheres estupradas podem chegar a ser apedrejadas até a morte sob a acusação de infidelidade.
Não obstante, até em países ocidentais há muitos exemplos de punição para a infidelidade. Em muitos, está nas leis, que não são aplicadas ou são aplicadas sem rigor. Nos estados americanos de Carolina do Sul e Carolina do Norte é uma disposição legal que pode ser ativada; até mesmo em estados progressistas, como New Hampshire, os conservadores conseguiram impedir a retirada da infidelidade da lista dos crimes legalmente definidos.
Não definir a infidelidade como legalmente um crime não garante exime de sanções legais e sociais as pessoas infiéis. Em muitos países, é razão para o divórcio; além do que, as traições afetam a divisão da propriedade, a custódia dos filhos, os direitos de visita e o pagamento ou não de pensões e muito mais.
Embora as traições estejam presentes em muitos livros, novelas, noticiários, no cinema, rádio, televisão e, mais recentemente, na internet, sabe-se pouco a respeito delas. As traições não significam a mesma coisa em diferentes países, culturas, classes, grupos de idade, sexos e outras variáveis, embora haja alguma semelhança.
Em 1998, Widmer, Treas e Newcomb analisaram dados de 24 países, concluindo que há uma rejeição generalizada à infidelidade. Alguns países são menos tolerantes; outros, como a Rússia, a Bulgária e a República Tcheca, são mais. Na Rússia, o adultério é mais um problema social do que tema moral. Em 1998, 40% dos russos afirmaram que o adultério nunca é um erro ou raramente é um erro, em contraste com 6% dos americanos. O gênero também surgiu como variável muito relevante.
O tipo da infidelidade e as razões para ela variam com o gênero de quem trai. Glass e Wright, em 1985, demonstraram que os homens definem sua infidelidade como mais baseada em sexo; e as mulheres, como mais baseada em emoções e sentimentos. Recentemente, Allen e colegas, assim como Atkins, Yi, Baucom, e Christensen, documentaram que a infidelidade feminina está intimamente associada à insatisfação com o casamento, muito mais do que a masculina. Muitos homens são infiéis sem estarem insatisfeitos com o casamento. A única fonte de insatisfação na qual os homens que traem superam as mulheres é especificamente sexual.
A infidelidade pode ser mais comum do que parece. Após a relação, matrimonial ou não, o tema perde relevância, o medo das sanções desaparece e maior percentagem revela que foram infiéis. Janus e Janus descobriram que 40% das pessoas divorciadas tinham traído o cônjuge pelo menos uma vez. É uma percentagem alta.
A pressão social contra a infidelidade leva a contradições: Amato e Rogers, analisando as estatísticas do Instituto Turco de Estatística, chegaram à conclusão de que em apenas 1% dos divórcios os cônjuges admitiram que a infidelidade foi a razão. A infidelidade pode ser um estigma, particularmente se é a mulher quem trai. Não é o tipo de informação da qual os turcos querem deixar um registro permanente.
Porém, esses dados colidem com os de um survey (Turkstat, Family Structure Research, 2006), que revela que a infidelidade dos homens era vista como razão suficiente para o divórcio por 58% dos homens e 61% das mulheres. O peso do gênero de quem trai aparece em outra pergunta, que revela que a infidelidade da esposa é vista como razão para o divórcio por 92% dos homens e 87% das mulheres. Tomando essas informações ao pé da letra, a infidelidade é vista como razão suficiente pela maioria da população turca, particularmente se a infidelidade for da esposa ou companheira.
Portanto, a infidelidade é uma área complexa. Essa complexidade se multiplica muitas vezes quando tratamos das suas consequências. Mas esse é um assunto para um livro.
Não obstante, até em países ocidentais há muitos exemplos de punição para a infidelidade. Em muitos, está nas leis, que não são aplicadas ou são aplicadas sem rigor. Nos estados americanos de Carolina do Sul e Carolina do Norte é uma disposição legal que pode ser ativada; até mesmo em estados progressistas, como New Hampshire, os conservadores conseguiram impedir a retirada da infidelidade da lista dos crimes legalmente definidos.
Não definir a infidelidade como legalmente um crime não garante exime de sanções legais e sociais as pessoas infiéis. Em muitos países, é razão para o divórcio; além do que, as traições afetam a divisão da propriedade, a custódia dos filhos, os direitos de visita e o pagamento ou não de pensões e muito mais.
Embora as traições estejam presentes em muitos livros, novelas, noticiários, no cinema, rádio, televisão e, mais recentemente, na internet, sabe-se pouco a respeito delas. As traições não significam a mesma coisa em diferentes países, culturas, classes, grupos de idade, sexos e outras variáveis, embora haja alguma semelhança.
Em 1998, Widmer, Treas e Newcomb analisaram dados de 24 países, concluindo que há uma rejeição generalizada à infidelidade. Alguns países são menos tolerantes; outros, como a Rússia, a Bulgária e a República Tcheca, são mais. Na Rússia, o adultério é mais um problema social do que tema moral. Em 1998, 40% dos russos afirmaram que o adultério nunca é um erro ou raramente é um erro, em contraste com 6% dos americanos. O gênero também surgiu como variável muito relevante.
O tipo da infidelidade e as razões para ela variam com o gênero de quem trai. Glass e Wright, em 1985, demonstraram que os homens definem sua infidelidade como mais baseada em sexo; e as mulheres, como mais baseada em emoções e sentimentos. Recentemente, Allen e colegas, assim como Atkins, Yi, Baucom, e Christensen, documentaram que a infidelidade feminina está intimamente associada à insatisfação com o casamento, muito mais do que a masculina. Muitos homens são infiéis sem estarem insatisfeitos com o casamento. A única fonte de insatisfação na qual os homens que traem superam as mulheres é especificamente sexual.
A infidelidade pode ser mais comum do que parece. Após a relação, matrimonial ou não, o tema perde relevância, o medo das sanções desaparece e maior percentagem revela que foram infiéis. Janus e Janus descobriram que 40% das pessoas divorciadas tinham traído o cônjuge pelo menos uma vez. É uma percentagem alta.
A pressão social contra a infidelidade leva a contradições: Amato e Rogers, analisando as estatísticas do Instituto Turco de Estatística, chegaram à conclusão de que em apenas 1% dos divórcios os cônjuges admitiram que a infidelidade foi a razão. A infidelidade pode ser um estigma, particularmente se é a mulher quem trai. Não é o tipo de informação da qual os turcos querem deixar um registro permanente.
Porém, esses dados colidem com os de um survey (Turkstat, Family Structure Research, 2006), que revela que a infidelidade dos homens era vista como razão suficiente para o divórcio por 58% dos homens e 61% das mulheres. O peso do gênero de quem trai aparece em outra pergunta, que revela que a infidelidade da esposa é vista como razão para o divórcio por 92% dos homens e 87% das mulheres. Tomando essas informações ao pé da letra, a infidelidade é vista como razão suficiente pela maioria da população turca, particularmente se a infidelidade for da esposa ou companheira.
Portanto, a infidelidade é uma área complexa. Essa complexidade se multiplica muitas vezes quando tratamos das suas consequências. Mas esse é um assunto para um livro.
Granjão! Ganso, Pato e Galo! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 16/07
'Convidados atiravam bolinhos em manifestantes à la Maria Antonieta e notas de R$ 20 à la Silvio Santos!'
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República.
Direto do País da Piada Pronta: "Traficantes do Rio exigem novos traficantes com ficha limpa". Rarará. Claro! Evidente!
E o tuiteiro Oberdan Lima quer saber se o Obama já sabe a idade da Glória Maria. Sabe, existem coisas que só o Obama sabe. O Obama sabe a idade da Glória Maria, mas não cabe na internet. Rarará! Acho que nem ela se lembra mais!
E já tem gente usando o Obama no lugar do Google! E volto a perguntar pro Obama: "O Lula sabia?". Rarará!
E o meu São Paulo? Tá cruel ser bambi, viu! Perdeu pro Vitória! São Paulo e Vitória são duas palavras que não combinam!
E o site Futirinhas revela que na última vez em que o São Paulo ganhou:
1) 20 centavos eram apenas 20 centavos. Os 20 centavos mais caros da história do Brasil.
2) Ninguém imaginava que o Weidman iria nocautear o Anderson Silva.
3) O Corey do "Glee" ainda estava vivo e dando uns catas na Lea Michele.
4) E a Dilma ainda estava com 83% de popularidade.
Parece que já se passaram dois séculos! Rarará!
E o nosso futebol tá com problemas de granja, um problema avícola: o Pato tá desastrado como um ganso e o Ganso tá mais lento que um pato. E o Galo comeu o Gambá! Tomara que tenha uma indigestão. Rarará! O Brasileirão virou um Granjão! Quak Quak e Cocoricó! É mole? É mole, mas sobe!
E as manifestações? Protesto! Babado no Copa! Teve manifestação até em uma festa de casamento no Copacabana Palace! No casamento da neta do Jacob Barata, o Rei do Ônibus!
O Jacob Barata oferece passagem mais barata: a passagem é mais barata dentro do ônibus. Rarará.
E os manifestantes gritavam: "Eu paguei essa festa, quero o meu bem-casado". Aí um convidado jogou um cinzeiro na cabeça de um manifestante. O brasileiro é cordial.
Ou, como disse a Hildegard Angel: "Convidados atiravam bolinhos em manifestantes à la Maria Antonieta e notas de R$ 20 à la Silvio Santos!". O brasileiro é cordial! O protesto andou: da Copa pro Copa! Rarará. Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
'Convidados atiravam bolinhos em manifestantes à la Maria Antonieta e notas de R$ 20 à la Silvio Santos!'
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República.
Direto do País da Piada Pronta: "Traficantes do Rio exigem novos traficantes com ficha limpa". Rarará. Claro! Evidente!
E o tuiteiro Oberdan Lima quer saber se o Obama já sabe a idade da Glória Maria. Sabe, existem coisas que só o Obama sabe. O Obama sabe a idade da Glória Maria, mas não cabe na internet. Rarará! Acho que nem ela se lembra mais!
E já tem gente usando o Obama no lugar do Google! E volto a perguntar pro Obama: "O Lula sabia?". Rarará!
E o meu São Paulo? Tá cruel ser bambi, viu! Perdeu pro Vitória! São Paulo e Vitória são duas palavras que não combinam!
E o site Futirinhas revela que na última vez em que o São Paulo ganhou:
1) 20 centavos eram apenas 20 centavos. Os 20 centavos mais caros da história do Brasil.
2) Ninguém imaginava que o Weidman iria nocautear o Anderson Silva.
3) O Corey do "Glee" ainda estava vivo e dando uns catas na Lea Michele.
4) E a Dilma ainda estava com 83% de popularidade.
Parece que já se passaram dois séculos! Rarará!
E o nosso futebol tá com problemas de granja, um problema avícola: o Pato tá desastrado como um ganso e o Ganso tá mais lento que um pato. E o Galo comeu o Gambá! Tomara que tenha uma indigestão. Rarará! O Brasileirão virou um Granjão! Quak Quak e Cocoricó! É mole? É mole, mas sobe!
E as manifestações? Protesto! Babado no Copa! Teve manifestação até em uma festa de casamento no Copacabana Palace! No casamento da neta do Jacob Barata, o Rei do Ônibus!
O Jacob Barata oferece passagem mais barata: a passagem é mais barata dentro do ônibus. Rarará.
E os manifestantes gritavam: "Eu paguei essa festa, quero o meu bem-casado". Aí um convidado jogou um cinzeiro na cabeça de um manifestante. O brasileiro é cordial.
Ou, como disse a Hildegard Angel: "Convidados atiravam bolinhos em manifestantes à la Maria Antonieta e notas de R$ 20 à la Silvio Santos!". O brasileiro é cordial! O protesto andou: da Copa pro Copa! Rarará. Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Porta arrombada - TEREZA CRUVINEL
Correio Braziliense - 16/07
Porta arrombada, cadeado nela. Muitas vezes já é tarde, mas, no caso da espionagem americana, ainda há tempo, e é urgente
O Brasil negligenciou por décadas a questão da segurança cibernética e agora, revelada a arapongagem internacional que, além da privacidade dos cidadãos, pode ter alcançado informações estratégicas do Estado brasileiro, vem a correria para lacrar a porta arrombada. E, como nossos sistemas atuais são tão precários que não permitiram, até agora, sequer a identificação do que pode ter sido violado, o discurso altaneiro do governo não ultrapassou ainda a fronteira da retórica. Os Estados Unidos apresentaram esclarecimentos insuficientes, reclamou ontem o chanceler Antonio Patriota. O embaixador americano Thomas Shannon, por sua vez, disse ao presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que não tem autorização de seu governo para comparecer ao Senado brasileiro.
Os Estados Unidos continuarão agindo como se nada tivesse acontecido enquanto o Brasil não souber exatamente do quê reclamar, apresentando provas de violação. Mais promissor é o depoimento de hoje, na mesma comissão, do jornalista Glenn Greenwald, do jornal britânico The Guardian, que revelou as práticas americanas que alcançaram vários países, inclusive o Brasil. Suas revelações decorreram de entrevista com Edward Snowden, o funcionário terceirizado da CIA que detonou o esquema.
Para o governo brasileiro, o caso pode ter a utilidade doméstica de dividir a agenda anterior, dominada por assuntos negativos, com os protestos de junho e a deterioração das relações entre o governo e a base de sustentação parlamentar. A atitude pouco civilizada de países europeus para com o presidente boliviano Evo Morales, negando pouso a seu avião por suspeitar que Snowden estivesse a bordo, propiciou aos países do Mercosul a reação concertada de sexta-feira passada.
Agora, entretanto, além dos protestos e cobranças, indiscutivelmente necessários, o governo brasileiro precisa oferecer duas respostas internas: informar com precisão se houve mesmo violações, de que natureza e em que áreas, e apresentar as medidas que serão tomadas, a curto, médio e longo prazos, para que deixemos de ser um país tão vulnerável.
Uma das maiores preocupações tem sido, compreensivelmente, com a segurança dos dados militares estratégicos. O Ministério da Defesa fez consultas a todos os comandos sobre a existência de sinais e indícios de violação, e as respostas foram todas negativas. Isso não quer dizer, naturalmente, que elas não tenham acontecido.
Para cuidar do assunto, a presidente Dilma instituiu um grupo de trabalho composto pelos ministérios de Relações Exteriores, Defesa, Ciência e Tecnologia, Justiça, Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e Comunicações. Por ora, foram divulgadas apenas duas medidas, que virão com pelo menos 20 anos de atraso, segundo especialistas. Uma, a implantação de cabo submarino entre o Brasil e a Europa, dispensando a passagem de dados por bases de retransmissão americanas. Outra, o lançamento de um satélite geoestacionário nacional, de natureza estatal. Mas isso, só para 2016. Hoje, o trânsito de informações militares ocupa a chamada banda X no satélite Star One, da Embratel. No furor privatista dos anos 1990, a empresa foi arrematada pelo grupo mexicano Telmex, levando junto os satélites que ela operava desde o regime militar. Hoje, parece inacreditável que tal entreguismo tenha ocorrido sem que os brasileiros tenham protestado. Diferentemente fez a Argentina, que tem os próprios satélites e até uma empresa, a Arsat, para geri-los. O Congresso, antes de sair em recesso branco, talvez consiga aprovar o marco civil da internet, que fechará algumas frestas.
Porta arrombada, cadeado nela. Muitas vezes já é tarde, mas, nesse caso, ainda há tempo. E não se fale em falta de inteligência nacional sobre o assunto. Já em 2009, no artigo "Segurança cibernética: o desafio da nova sociedade da informação", Claudia Canongia e Raphael Mandarino Júnior faziam advertências sobre nossa vulnerabilidade, relatando o que faziam outros países para se defenderem.
Recesso, ai que alívio!
Mesmo sem aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO, o Congresso entrará em recesso, chamado branco porque não será oficial. Para o governo da presidente Dilma Rousseff, será um alívio. Ela, que gosta de dizer que não decide com a faca no pescoço, poderá fazer os ajustes essenciais para reaprumar o governo, depois da trepidação de junho. O ministro Marcelo Crivella, da Pesca, que esteve ontem com ela, disse não ter ouvido nada que faça pensar em reforma ministerial. Mas nenhum político experiente acha que Dilma poderá prescindir da reordenação do governo para superar a conjuntura instalada pelos protestos de junho e os conflitos com os aliados, que já existiam, mas se agudizaram.
Se ela acolher as críticas ao gigantismo da máquina governamental reduzindo ministérios, isso pode ter efeitos salutares sobre a economia, não pelo volume de recursos poupados, mas pelo sinal de compromisso com o ajuste fiscal. Faltarão, no entanto, pastas para contemplar todos os partidos aliados, e algumas políticas públicas serão afetadas. Se acabar com as secretarias da Mulher, da Igualdade Racial ou dos Direitos Humanos, por exemplo, a economia será de palitos, e o sinal para alguns segmentos sociais à esquerda será muito negativo.
Sem Lula
Recompor o ministério quando se governa com muitos partidos não é mesmo fácil. E, desta vez, Dilma não deve contar com o aconselhamento do ex-presidente Lula na montagem. Ele tem dito a amigos que ela precisará estar inteiramente à vontade para fazer as mudanças. Depois, dizem os amigos por conta própria, muitos dos ministros que ele recomendou ela demitiu. Alguns na tal faxina ética, outros por idiossincrasias que poderiam ter sido contornadas, como o ex-titular da Defesa Nelson Jobim.
Porta arrombada, cadeado nela. Muitas vezes já é tarde, mas, no caso da espionagem americana, ainda há tempo, e é urgente
O Brasil negligenciou por décadas a questão da segurança cibernética e agora, revelada a arapongagem internacional que, além da privacidade dos cidadãos, pode ter alcançado informações estratégicas do Estado brasileiro, vem a correria para lacrar a porta arrombada. E, como nossos sistemas atuais são tão precários que não permitiram, até agora, sequer a identificação do que pode ter sido violado, o discurso altaneiro do governo não ultrapassou ainda a fronteira da retórica. Os Estados Unidos apresentaram esclarecimentos insuficientes, reclamou ontem o chanceler Antonio Patriota. O embaixador americano Thomas Shannon, por sua vez, disse ao presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que não tem autorização de seu governo para comparecer ao Senado brasileiro.
Os Estados Unidos continuarão agindo como se nada tivesse acontecido enquanto o Brasil não souber exatamente do quê reclamar, apresentando provas de violação. Mais promissor é o depoimento de hoje, na mesma comissão, do jornalista Glenn Greenwald, do jornal britânico The Guardian, que revelou as práticas americanas que alcançaram vários países, inclusive o Brasil. Suas revelações decorreram de entrevista com Edward Snowden, o funcionário terceirizado da CIA que detonou o esquema.
Para o governo brasileiro, o caso pode ter a utilidade doméstica de dividir a agenda anterior, dominada por assuntos negativos, com os protestos de junho e a deterioração das relações entre o governo e a base de sustentação parlamentar. A atitude pouco civilizada de países europeus para com o presidente boliviano Evo Morales, negando pouso a seu avião por suspeitar que Snowden estivesse a bordo, propiciou aos países do Mercosul a reação concertada de sexta-feira passada.
Agora, entretanto, além dos protestos e cobranças, indiscutivelmente necessários, o governo brasileiro precisa oferecer duas respostas internas: informar com precisão se houve mesmo violações, de que natureza e em que áreas, e apresentar as medidas que serão tomadas, a curto, médio e longo prazos, para que deixemos de ser um país tão vulnerável.
Uma das maiores preocupações tem sido, compreensivelmente, com a segurança dos dados militares estratégicos. O Ministério da Defesa fez consultas a todos os comandos sobre a existência de sinais e indícios de violação, e as respostas foram todas negativas. Isso não quer dizer, naturalmente, que elas não tenham acontecido.
Para cuidar do assunto, a presidente Dilma instituiu um grupo de trabalho composto pelos ministérios de Relações Exteriores, Defesa, Ciência e Tecnologia, Justiça, Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e Comunicações. Por ora, foram divulgadas apenas duas medidas, que virão com pelo menos 20 anos de atraso, segundo especialistas. Uma, a implantação de cabo submarino entre o Brasil e a Europa, dispensando a passagem de dados por bases de retransmissão americanas. Outra, o lançamento de um satélite geoestacionário nacional, de natureza estatal. Mas isso, só para 2016. Hoje, o trânsito de informações militares ocupa a chamada banda X no satélite Star One, da Embratel. No furor privatista dos anos 1990, a empresa foi arrematada pelo grupo mexicano Telmex, levando junto os satélites que ela operava desde o regime militar. Hoje, parece inacreditável que tal entreguismo tenha ocorrido sem que os brasileiros tenham protestado. Diferentemente fez a Argentina, que tem os próprios satélites e até uma empresa, a Arsat, para geri-los. O Congresso, antes de sair em recesso branco, talvez consiga aprovar o marco civil da internet, que fechará algumas frestas.
Porta arrombada, cadeado nela. Muitas vezes já é tarde, mas, nesse caso, ainda há tempo. E não se fale em falta de inteligência nacional sobre o assunto. Já em 2009, no artigo "Segurança cibernética: o desafio da nova sociedade da informação", Claudia Canongia e Raphael Mandarino Júnior faziam advertências sobre nossa vulnerabilidade, relatando o que faziam outros países para se defenderem.
Recesso, ai que alívio!
Mesmo sem aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO, o Congresso entrará em recesso, chamado branco porque não será oficial. Para o governo da presidente Dilma Rousseff, será um alívio. Ela, que gosta de dizer que não decide com a faca no pescoço, poderá fazer os ajustes essenciais para reaprumar o governo, depois da trepidação de junho. O ministro Marcelo Crivella, da Pesca, que esteve ontem com ela, disse não ter ouvido nada que faça pensar em reforma ministerial. Mas nenhum político experiente acha que Dilma poderá prescindir da reordenação do governo para superar a conjuntura instalada pelos protestos de junho e os conflitos com os aliados, que já existiam, mas se agudizaram.
Se ela acolher as críticas ao gigantismo da máquina governamental reduzindo ministérios, isso pode ter efeitos salutares sobre a economia, não pelo volume de recursos poupados, mas pelo sinal de compromisso com o ajuste fiscal. Faltarão, no entanto, pastas para contemplar todos os partidos aliados, e algumas políticas públicas serão afetadas. Se acabar com as secretarias da Mulher, da Igualdade Racial ou dos Direitos Humanos, por exemplo, a economia será de palitos, e o sinal para alguns segmentos sociais à esquerda será muito negativo.
Sem Lula
Recompor o ministério quando se governa com muitos partidos não é mesmo fácil. E, desta vez, Dilma não deve contar com o aconselhamento do ex-presidente Lula na montagem. Ele tem dito a amigos que ela precisará estar inteiramente à vontade para fazer as mudanças. Depois, dizem os amigos por conta própria, muitos dos ministros que ele recomendou ela demitiu. Alguns na tal faxina ética, outros por idiossincrasias que poderiam ter sido contornadas, como o ex-titular da Defesa Nelson Jobim.
Mais médicos ou menos indecências - MIGUEL SROUGI
FOLHA DE SP - 16/07
Os estágios no SUS terão início em 2021. Quantos corpos sucumbirão até lá, vítimas da ventura sempre prometida e nunca concretizada?
Não vale mais a pena discutir a vinda de médicos estrangeiros. Proposta falaciosa, destinada ao fracasso. O governo percebeu a indecência e descartou os médicos cubanos. Deu-se conta de que eles aqui atuariam em regime de escravidão, como bem demonstrou Flávia Marrero, da Folha.
Tampouco vale a pena discorrer sobre os médicos portugueses e espanhóis. Criados com padrão de vida inatingível para a maioria dos brasileiros, nunca se adaptariam aos rincões abandonados e carentes da nação. Teriam que praticar em condições desprovidas de dignidade e sem chance de propiciar vida honrada para si e seus familiares.
Ademais, dificilmente receberíamos profissionais competentes, prósperos em seus países. Sem um exame de competência, para cá viriam muitos médicos desqualificados, desconfio que até alguns insanos ou foragidos.
Modificando radicalmente o seu discurso, o governo fez novo anúncio: curso de medicina de oito anos, dois deles dedicados ao trabalho no SUS. Simpatizei inicialmente com a ideia, menos desvairada do que trazer médicos estrangeiros, mais justa com a sociedade, que custeia a formação dos médicos da nação.
Ressabiado com os recentes disparates oficiais, debrucei-me em reflexões e terminei desconsolado. Esse estágio coercitivo é compatível com a prerrogativa de liberdade, direito inegociável da existência humana? Será que estagiários inexperientes conseguirão atuar num sistema público devastado pelo descaso e pelos malfeitos e assumir a responsabilidade de resgatar seres para a vida?
Instrutores e professores qualificados aceitarão migrar com suas famílias para os grotões remotos do país, amparando os estagiários? É justo obrigar um médico a estudar 12 ou 13 anos (curso: oito anos, residência: quatro a cinco anos) para poder exercer sua profissão e dar suporte à sua vida e da sua família?
O programa começará em 2015 e os estagiários iniciarão sua prática no SUS em 2021. Quantos corpos desassistidos sucumbirão até lá, vítimas da ventura sempre prometida e nunca concretizada?
Além dessas imperfeições na nova proposta, incomodaram-me a completa falta de discussão com os seus protagonistas e o ardor incontido com que ela foi apresentada. Fez-se crer que toda a indecência na saúde deve-se à falta de médicos. Um embuste, já que a Organização Mundial de Saúde recomenda como padrão assistencial ideal 1 médico para cada 1.000 habitantes e no Brasil essa relação atual é de 1,76/1.000 habitantes.
A realidade é que a saúde da nação está subjugada a um sistema governamental insensível, que vetou em 2011 lei que destinava 10% do Orçamento da União a essa área --a Argentina aplica mais de 20% ao ano em saúde.
Esse é um dos motivos --não a falta de médicos-- pelos quais existem 1.200 pacientes aguardando internação para cirurgia no setor de Urologia do Hospital das Clínicas de São Paulo, cerca de 200 deles com câncer e 140 crianças. O mesmo motivo impede outros hospitais públicos de cumprirem a sua missão. Quando um paciente é operado de apendicite, essas instituições gastam cerca de R$ 3.900 e são ressarcidas pelo SUS com R$ 414,62!
Senhora presidente, mais um clamor, respeitoso. Assuma a determinação política de priorizar recursos para as áreas sociais. Atue na saúde com competência e sensatez, não com respostas transloucadas aos gritos indignados da nação. Para que os brasileiros possam vislumbrar o alvorecer com esperança.
E combata com arrojo o grupo de ímprobos e incompetentes instalados no teu entorno. Sem esquecer o arcebispo Desmond Tutu: "Se ficarmos neutros numa situação de injustiça, teremos escolhido o lado do opressor".
Os estágios no SUS terão início em 2021. Quantos corpos sucumbirão até lá, vítimas da ventura sempre prometida e nunca concretizada?
Não vale mais a pena discutir a vinda de médicos estrangeiros. Proposta falaciosa, destinada ao fracasso. O governo percebeu a indecência e descartou os médicos cubanos. Deu-se conta de que eles aqui atuariam em regime de escravidão, como bem demonstrou Flávia Marrero, da Folha.
Tampouco vale a pena discorrer sobre os médicos portugueses e espanhóis. Criados com padrão de vida inatingível para a maioria dos brasileiros, nunca se adaptariam aos rincões abandonados e carentes da nação. Teriam que praticar em condições desprovidas de dignidade e sem chance de propiciar vida honrada para si e seus familiares.
Ademais, dificilmente receberíamos profissionais competentes, prósperos em seus países. Sem um exame de competência, para cá viriam muitos médicos desqualificados, desconfio que até alguns insanos ou foragidos.
Modificando radicalmente o seu discurso, o governo fez novo anúncio: curso de medicina de oito anos, dois deles dedicados ao trabalho no SUS. Simpatizei inicialmente com a ideia, menos desvairada do que trazer médicos estrangeiros, mais justa com a sociedade, que custeia a formação dos médicos da nação.
Ressabiado com os recentes disparates oficiais, debrucei-me em reflexões e terminei desconsolado. Esse estágio coercitivo é compatível com a prerrogativa de liberdade, direito inegociável da existência humana? Será que estagiários inexperientes conseguirão atuar num sistema público devastado pelo descaso e pelos malfeitos e assumir a responsabilidade de resgatar seres para a vida?
Instrutores e professores qualificados aceitarão migrar com suas famílias para os grotões remotos do país, amparando os estagiários? É justo obrigar um médico a estudar 12 ou 13 anos (curso: oito anos, residência: quatro a cinco anos) para poder exercer sua profissão e dar suporte à sua vida e da sua família?
O programa começará em 2015 e os estagiários iniciarão sua prática no SUS em 2021. Quantos corpos desassistidos sucumbirão até lá, vítimas da ventura sempre prometida e nunca concretizada?
Além dessas imperfeições na nova proposta, incomodaram-me a completa falta de discussão com os seus protagonistas e o ardor incontido com que ela foi apresentada. Fez-se crer que toda a indecência na saúde deve-se à falta de médicos. Um embuste, já que a Organização Mundial de Saúde recomenda como padrão assistencial ideal 1 médico para cada 1.000 habitantes e no Brasil essa relação atual é de 1,76/1.000 habitantes.
A realidade é que a saúde da nação está subjugada a um sistema governamental insensível, que vetou em 2011 lei que destinava 10% do Orçamento da União a essa área --a Argentina aplica mais de 20% ao ano em saúde.
Esse é um dos motivos --não a falta de médicos-- pelos quais existem 1.200 pacientes aguardando internação para cirurgia no setor de Urologia do Hospital das Clínicas de São Paulo, cerca de 200 deles com câncer e 140 crianças. O mesmo motivo impede outros hospitais públicos de cumprirem a sua missão. Quando um paciente é operado de apendicite, essas instituições gastam cerca de R$ 3.900 e são ressarcidas pelo SUS com R$ 414,62!
Senhora presidente, mais um clamor, respeitoso. Assuma a determinação política de priorizar recursos para as áreas sociais. Atue na saúde com competência e sensatez, não com respostas transloucadas aos gritos indignados da nação. Para que os brasileiros possam vislumbrar o alvorecer com esperança.
E combata com arrojo o grupo de ímprobos e incompetentes instalados no teu entorno. Sem esquecer o arcebispo Desmond Tutu: "Se ficarmos neutros numa situação de injustiça, teremos escolhido o lado do opressor".
PAULO, O FILME - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 16/07
A vida do economista Paulo de Tarso Venceslau dá um filme --e ele está sendo feito. Há algumas semanas, o ex-petista está dando entrevistas para o cineasta Alain Fresnot. O material pode virar um longa ou uma série. Os dois tratam o projeto com a máxima discrição.
LADO DE FORA
Nos anos de chumbo, Venceslau participou do célebre sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, ao lado de Fernando Gabeira e do ex-ministro Franklin Martins. Foi preso e torturado. Nos anos 80, fundou o PT. Rompeu com a legenda ao revelar um suposto esquema de corrupção que envolvia prefeituras do partido. Acabou expulso.
MAIS MÉDICOS
O Hospital Israelita Albert Einstein vai entrar com processo junto ao Ministério da Educação para criar um curso de graduação em medicina. Segundo Claudio Lottenberg, presidente da instituição, a proposta será apresentada até o fim do ano. "Transformar grandes estruturas médicas em faculdade é uma forma de contribuir para diminuir o déficit de profissionais no país."
É previsto também o aumento do número de residentes, de 70 para 100.
MAIS MÉDICOS 2
Sobre o projeto do governo de trazer estrangeiros caso as vagas no interior do país não sejam preenchidas por brasileiros, Lottenberg se diz "contra a industrialização da vinda de médicos de centros de formação duvidosa, como Cuba". Oftalmologista, ele critica uma das especialidades cubanas, o tratamento da retinose pigmentar, com "injeções que nunca demonstraram sua eficácia".
MENORES NA FRENTE
A Rede pedirá até o fim da semana o registro de seus primeiros nove diretórios estaduais --chamados de colegiados pelos seguidores de Marina Silva. O processo começa pelos Estados menores, onde há a certificação do mínimo de assinaturas necessárias para a fundação --casos do Acre (onde nasceu a ex-senadora), Piauí, Amapá, Roraima e Distrito Federal.
MENORES 2
Além da questão numérica, a Rede avalia que é mais fácil obter consenso para formar as executivas em Estados pequenos. "Os grupos são mais homogêneos", diz Bazileu Margarido, um dos coordenadores do partido.
MIMESE
Três voluntários que coletam assinaturas para a criação da Rede comentavam em encontro no sábado, em SP, que fila "é o melhor lugar" para conseguir apoios. "Em lotérica, então, é uma maravilha. Você fala para um e mais dois ouvem", afirmou uma mobilizadora. "Se três pessoas assinam, a quarta fica com vergonha de não assinar. Mas, se três recusam, depois é dureza convencer a quarta", disse outro.
FINA ESTAMPA
Romero Britto foi homenageado com almoço, anteontem, na casa do empresário João Doria Jr. Estavam presentes o governador Geraldo Alckmin, o presidente do Citibank no Brasil, Hélio Magalhães, com a mulher, Sílvia, e o presidente da Novartis no Brasil, Adib Jacob, com a mulher, Sandra. Também foram cumprimentar o brasileiro o presidente do Albert Einstein, Claudio Lottenberg, e o ex-senador Paulo Octávio, com a filha Catarina.
VIDA REAL
Duas pessoas são internadas por dia com diagnóstico de lúpus no Estado de São Paulo, segundo levantamento da secretaria estadual de Saúde com base em dados do SUS do ano passado. Foram 637 internações no período. A doença autoimune, que afeta a personagem Paulinha (Klara Castanho) na novela "Amor à Vida", da Globo, não tem causa conhecida nem cura.
BONECA FLORIDA
Romero Britto (foto acima) fechou parceira com a Mattel para fabricar uma linha de roupas e acessórios para a boneca Barbie, com seus famosos desenhos coloridos.
O artista plástico brasileiro faturou US$ 50 milhões em 2012 com licenciamento de produtos de decoração e presentes, em parceria com a canadense Giftcraft.
FESTA NA FLORESTA
A atriz Giselle Itié, o humorista Evandro Santo e a modelo Catarina Garcia foram à festa e show de lançamento do CD "Estados Alterados", de Rodrigo Pitta, na última sexta-feira, na casa de shows HSBC Brasil, em São Paulo.
CURTO-CIRCUITO
Após sete meses no Rio, o musical infantojuvenil "Tudo por um Pop Star" estreia em SP em 2 de agosto, no teatro Folha.
O estilista Fabrizio Allur faz desfile para mostrar coleção sua, hoje, às 20h, na Casa Cor, no Jockey Club.
A festa Clube da Anitta, com a cantora carioca, movimenta hoje o Royal Club, na Vila Olímpia.
A Casa da Mulher, para pacientes com câncer, será aberta hoje, no Pacaembu.
O Theatro Municipal de SP recebe inscrições de cantores líricos profissionais até 31 de agosto. Audições em setembro.
O economista Marcos Lisboa, ex-vice-presidente do Itaú, dá hoje aula magna na pós-graduação do Insper, na Vila Olímpia.
O livro "O Diabo Loiro", biografia do ex-jogador de basquete Wlamir Marques escrita por Auri Malveira, será lançado hoje, às 19h, na Livraria Cultura do shopping Bourbon.
A vida do economista Paulo de Tarso Venceslau dá um filme --e ele está sendo feito. Há algumas semanas, o ex-petista está dando entrevistas para o cineasta Alain Fresnot. O material pode virar um longa ou uma série. Os dois tratam o projeto com a máxima discrição.
LADO DE FORA
Nos anos de chumbo, Venceslau participou do célebre sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, ao lado de Fernando Gabeira e do ex-ministro Franklin Martins. Foi preso e torturado. Nos anos 80, fundou o PT. Rompeu com a legenda ao revelar um suposto esquema de corrupção que envolvia prefeituras do partido. Acabou expulso.
MAIS MÉDICOS
O Hospital Israelita Albert Einstein vai entrar com processo junto ao Ministério da Educação para criar um curso de graduação em medicina. Segundo Claudio Lottenberg, presidente da instituição, a proposta será apresentada até o fim do ano. "Transformar grandes estruturas médicas em faculdade é uma forma de contribuir para diminuir o déficit de profissionais no país."
É previsto também o aumento do número de residentes, de 70 para 100.
MAIS MÉDICOS 2
Sobre o projeto do governo de trazer estrangeiros caso as vagas no interior do país não sejam preenchidas por brasileiros, Lottenberg se diz "contra a industrialização da vinda de médicos de centros de formação duvidosa, como Cuba". Oftalmologista, ele critica uma das especialidades cubanas, o tratamento da retinose pigmentar, com "injeções que nunca demonstraram sua eficácia".
MENORES NA FRENTE
A Rede pedirá até o fim da semana o registro de seus primeiros nove diretórios estaduais --chamados de colegiados pelos seguidores de Marina Silva. O processo começa pelos Estados menores, onde há a certificação do mínimo de assinaturas necessárias para a fundação --casos do Acre (onde nasceu a ex-senadora), Piauí, Amapá, Roraima e Distrito Federal.
MENORES 2
Além da questão numérica, a Rede avalia que é mais fácil obter consenso para formar as executivas em Estados pequenos. "Os grupos são mais homogêneos", diz Bazileu Margarido, um dos coordenadores do partido.
MIMESE
Três voluntários que coletam assinaturas para a criação da Rede comentavam em encontro no sábado, em SP, que fila "é o melhor lugar" para conseguir apoios. "Em lotérica, então, é uma maravilha. Você fala para um e mais dois ouvem", afirmou uma mobilizadora. "Se três pessoas assinam, a quarta fica com vergonha de não assinar. Mas, se três recusam, depois é dureza convencer a quarta", disse outro.
FINA ESTAMPA
Romero Britto foi homenageado com almoço, anteontem, na casa do empresário João Doria Jr. Estavam presentes o governador Geraldo Alckmin, o presidente do Citibank no Brasil, Hélio Magalhães, com a mulher, Sílvia, e o presidente da Novartis no Brasil, Adib Jacob, com a mulher, Sandra. Também foram cumprimentar o brasileiro o presidente do Albert Einstein, Claudio Lottenberg, e o ex-senador Paulo Octávio, com a filha Catarina.
VIDA REAL
Duas pessoas são internadas por dia com diagnóstico de lúpus no Estado de São Paulo, segundo levantamento da secretaria estadual de Saúde com base em dados do SUS do ano passado. Foram 637 internações no período. A doença autoimune, que afeta a personagem Paulinha (Klara Castanho) na novela "Amor à Vida", da Globo, não tem causa conhecida nem cura.
BONECA FLORIDA
Romero Britto (foto acima) fechou parceira com a Mattel para fabricar uma linha de roupas e acessórios para a boneca Barbie, com seus famosos desenhos coloridos.
O artista plástico brasileiro faturou US$ 50 milhões em 2012 com licenciamento de produtos de decoração e presentes, em parceria com a canadense Giftcraft.
FESTA NA FLORESTA
A atriz Giselle Itié, o humorista Evandro Santo e a modelo Catarina Garcia foram à festa e show de lançamento do CD "Estados Alterados", de Rodrigo Pitta, na última sexta-feira, na casa de shows HSBC Brasil, em São Paulo.
CURTO-CIRCUITO
Após sete meses no Rio, o musical infantojuvenil "Tudo por um Pop Star" estreia em SP em 2 de agosto, no teatro Folha.
O estilista Fabrizio Allur faz desfile para mostrar coleção sua, hoje, às 20h, na Casa Cor, no Jockey Club.
A festa Clube da Anitta, com a cantora carioca, movimenta hoje o Royal Club, na Vila Olímpia.
A Casa da Mulher, para pacientes com câncer, será aberta hoje, no Pacaembu.
O Theatro Municipal de SP recebe inscrições de cantores líricos profissionais até 31 de agosto. Audições em setembro.
O economista Marcos Lisboa, ex-vice-presidente do Itaú, dá hoje aula magna na pós-graduação do Insper, na Vila Olímpia.
O livro "O Diabo Loiro", biografia do ex-jogador de basquete Wlamir Marques escrita por Auri Malveira, será lançado hoje, às 19h, na Livraria Cultura do shopping Bourbon.
Fase de gangorra - LUIZ GARCIA
O GLOBO - 16/07
O Senado votou na semana passada uma questão de visível importância: o destino dos candidatos ao mandato sem votos — ou seja, os suplentes. Derrubou uma prerrogativa, digamos assim, caseira: ou seja, o direito de senadores escolherem parentes como suplentes. E também reduziu de dois para um o número de suplentes de cada senador. Foi um golpe severo no nepotismo — um caso típico e obviamente contrário ao interesse público —, uma ressurreição, em plano mais modesto, do antigo direito dos reis de serem sucedidos pelos filhos. O que — nem é preciso lembrar — não faz sentido em regimes democráticos, que têm como ponto de partida o direito da sociedade de escolher seus representantes pelo voto popular.
Os senadores decidiram corretamente. Mas, como não é raro, fizeram uma concessão bastante discutível: mantiveram o suposto direito dos suplentes de herdar os mandatos até o fim, em caso de vacância definitiva. Derrubaram com isso a decisão anterior de mantê-los no cargo apenas até as próximas eleições — o que poderia significar menos de um ano.
Ou seja: transformaram os suplentes em herdeiros de um mandato que não conquistaram nas urnas em vez de simples substitutos eventuais e provisórios. O que é precisamente o que significa a expressão “suplente”.
Deve-se reconhecer que o Senado não vive, digamos assim, os seus melhores dias — que já teve, não poucas vezes, na defesa do regime democrático que vivemos hoje. Há mais dois exemplos: na semana passada, mais uma vez foi adiada — e não pela primeira vez — a proposta de emenda constitucional que elimina o foro privilegiado para deputados e senadores, e também foi suspensa a instalação do grupo de trabalho que discutirá a reforma política, pelo motivo menor de que dois petistas disputam a coordenação do trabalho.
A decisão sobre os suplentes merece óbvios aplausos. Mas eles não nos deixam esquecer que o índice de eficiência do órgão mais importante do Legislativo está, nestes dias, abaixo do nível que o país merece e precisa. Na mais generosa hipótese, está numa fase de gangorra: com altos e baixos
O Senado votou na semana passada uma questão de visível importância: o destino dos candidatos ao mandato sem votos — ou seja, os suplentes. Derrubou uma prerrogativa, digamos assim, caseira: ou seja, o direito de senadores escolherem parentes como suplentes. E também reduziu de dois para um o número de suplentes de cada senador. Foi um golpe severo no nepotismo — um caso típico e obviamente contrário ao interesse público —, uma ressurreição, em plano mais modesto, do antigo direito dos reis de serem sucedidos pelos filhos. O que — nem é preciso lembrar — não faz sentido em regimes democráticos, que têm como ponto de partida o direito da sociedade de escolher seus representantes pelo voto popular.
Os senadores decidiram corretamente. Mas, como não é raro, fizeram uma concessão bastante discutível: mantiveram o suposto direito dos suplentes de herdar os mandatos até o fim, em caso de vacância definitiva. Derrubaram com isso a decisão anterior de mantê-los no cargo apenas até as próximas eleições — o que poderia significar menos de um ano.
Ou seja: transformaram os suplentes em herdeiros de um mandato que não conquistaram nas urnas em vez de simples substitutos eventuais e provisórios. O que é precisamente o que significa a expressão “suplente”.
Deve-se reconhecer que o Senado não vive, digamos assim, os seus melhores dias — que já teve, não poucas vezes, na defesa do regime democrático que vivemos hoje. Há mais dois exemplos: na semana passada, mais uma vez foi adiada — e não pela primeira vez — a proposta de emenda constitucional que elimina o foro privilegiado para deputados e senadores, e também foi suspensa a instalação do grupo de trabalho que discutirá a reforma política, pelo motivo menor de que dois petistas disputam a coordenação do trabalho.
A decisão sobre os suplentes merece óbvios aplausos. Mas eles não nos deixam esquecer que o índice de eficiência do órgão mais importante do Legislativo está, nestes dias, abaixo do nível que o país merece e precisa. Na mais generosa hipótese, está numa fase de gangorra: com altos e baixos
Parque de diversões - LUIZ CARLOS AZEDO
CORREIO BRAZILIENSE - 16/07
A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) divulga hoje uma pesquisa velha, realizada entre 1º e 5 de junho, antes dos protestos que ainda tomam conta do país. Não conseguiu detectar grande oscilação na popularidade da presidente Dilma Rousseff. A queda registrada foi na margem de erro, de 75,7%, em junho de 2013, para 73,7% julho.
O levantamento serve, porém, para se ter uma ideia da velocidade da queda. Segundo o Instituto Datafolha, de março até o fim do mês passado, a popularidade da presidente Dilma Rousseff caiu 27 pontos: de 65% (ótimo ou bom) para 57%, no começo de junho, e 30% no fim do mês. Marqueteiros como João Santana — assessor da presidente —, porém, não costumam se apavorar com esse tipo de oscilação nas pesquisas. Veem a gestão pública como uma espécie de parque de diversões, com um grande cassino na saída, por onde passam com as burras cheias de dinheiro, ou dezenas de contas a pagar.
A aposta de Santana é de que, em dezembro, Dilma estará de novo no topo das pesquisas. Levantamentos reservados que fez para o Palácio do Planalto mostrariam que a presidente estancou a própria queda com suas recentes iniciativas. A oscilação, assim, seria uma espécie de roda-gigante. Já a oposição imagina que é descida de uma montanha-russa, que terminaria como uma espécie de trem fantasma.
Royalties
A Câmara dos Deputados deve continuar hoje a votação do projeto que destina os royalties do petróleo para ações de educação e saúde, que muita dor de cabeça vem dando ao Palácio do Planalto. Na semana passada, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), suspendeu a votação para evitar um desastre. A principal polêmica diz respeito às verbas do Fundo Social. O governo defende a aplicação obrigatória de 50% dos rendimentos do fundo para as duas áreas prioritárias.
Corre atrás
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha (foto), que comprou a maior briga na saúde pública do país desde as campanhas de vacinação dos tempos de Oswaldo Cruz, começou a correr atrás do prejuízo. Procura os deputados da base para pedir a aprovação da medida provisória do Programa Mais Médicos, muito questionado por esses profissionais de saúde.
Cinema
Com apenas quatro meses de vigência da Lei da TV Paga, em 2012, a exibição de conteúdo nacional dobrou em comparação com o ano anterior, segundo a Agência Nacional de Cinema (Ancine). Na avaliação do senador Walter Pinheiro (foto), do PT-BA, o resultado é consequência da obrigação de produções brasileiras na programação. “Com a ampliação desse mercado para as produtoras nacionais, vamos contribuindo para a que for independente, e abrimos novos espaços para a cultura brasileira.” Em 14 canais de tevê paga, a programação nacional somou 2.006 horas
Gastos
Os gastos do governo subiram 6,6% acima da inflação, no primeiro semestre, e atingiram R$ 1 trilhão
Monitoramento
O jornalista do The Guardian Glenn Greenwald deve prestar esclarecimentos hoje na Comissão de Relações Exteriores do Senado sobre o monitoramento de dados da internet no Brasil, pelas agências de espionagem dos Estados Unidos. Foi ele quem entrevistou o ex-técnico da CIA Edward Snowden, em Cingapura, e revelou o esquema norte-americano no Brasil. Uma das estações de espionagem teria funcionado em Brasília, pelo menos, até 2002.
Cartório rodoviário
O governo suspendeu o processo de licitação das linhas de ônibus interestaduais. A intenção do Ministério dos Transportes e da Casa Civil é permitir que elas explorem o serviço por um regime de autorizações, como ocorre no setor aéreo.
Corte
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, tentam chegar à meta de R$ 15 bilhões de corte no Orçamento da União. É quanto o governo precisa economizar para atingir a meta de superavit primário de R$ 110,9 bilhões, equivalente a 2,30% do PIB. O problema é que o mercado cansou de maquiagem nas contas públicas e começa questionar os números oficiais.
Casa
Gastos com o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida aumentaram em 25,3%. Dos R$ 90,2 bilhões disponíveis para investir, apenas R$ 19 bilhões haviam cumprido, até junho, a primeira etapa do processo de gastos, o empenho, que consiste em reservar a verba para pagar um contrato específico.
Leão
A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara vota hoje o redirecionamento do projeto de lei que reformula a tabela do Imposto de Renda de Pessoa Física, proposto pelo Sindifisco. O PL, em vez de ser “de iniciativa popular”, exige 1,5 milhão de assinaturas para ser protocolado. Será tratado como proposta “com apoio popular”, cujas assinaturas podem ser recolhidas enquanto tramita. O encontro serve também para fechar o apoio dos deputados ao PL e sua negociação com o governo. O projeto é parte da campanha Imposto Justo, do Sindifisco.
Copom
O mercado aguarda a divulgação, pelo Banco Central, de ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu, por unanimidade, aumentar de 8% para 8,5% a taxa básica de juros (Selic). Será na quinta-feira.
O levantamento serve, porém, para se ter uma ideia da velocidade da queda. Segundo o Instituto Datafolha, de março até o fim do mês passado, a popularidade da presidente Dilma Rousseff caiu 27 pontos: de 65% (ótimo ou bom) para 57%, no começo de junho, e 30% no fim do mês. Marqueteiros como João Santana — assessor da presidente —, porém, não costumam se apavorar com esse tipo de oscilação nas pesquisas. Veem a gestão pública como uma espécie de parque de diversões, com um grande cassino na saída, por onde passam com as burras cheias de dinheiro, ou dezenas de contas a pagar.
A aposta de Santana é de que, em dezembro, Dilma estará de novo no topo das pesquisas. Levantamentos reservados que fez para o Palácio do Planalto mostrariam que a presidente estancou a própria queda com suas recentes iniciativas. A oscilação, assim, seria uma espécie de roda-gigante. Já a oposição imagina que é descida de uma montanha-russa, que terminaria como uma espécie de trem fantasma.
Royalties
A Câmara dos Deputados deve continuar hoje a votação do projeto que destina os royalties do petróleo para ações de educação e saúde, que muita dor de cabeça vem dando ao Palácio do Planalto. Na semana passada, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), suspendeu a votação para evitar um desastre. A principal polêmica diz respeito às verbas do Fundo Social. O governo defende a aplicação obrigatória de 50% dos rendimentos do fundo para as duas áreas prioritárias.
Corre atrás
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha (foto), que comprou a maior briga na saúde pública do país desde as campanhas de vacinação dos tempos de Oswaldo Cruz, começou a correr atrás do prejuízo. Procura os deputados da base para pedir a aprovação da medida provisória do Programa Mais Médicos, muito questionado por esses profissionais de saúde.
Cinema
Com apenas quatro meses de vigência da Lei da TV Paga, em 2012, a exibição de conteúdo nacional dobrou em comparação com o ano anterior, segundo a Agência Nacional de Cinema (Ancine). Na avaliação do senador Walter Pinheiro (foto), do PT-BA, o resultado é consequência da obrigação de produções brasileiras na programação. “Com a ampliação desse mercado para as produtoras nacionais, vamos contribuindo para a que for independente, e abrimos novos espaços para a cultura brasileira.” Em 14 canais de tevê paga, a programação nacional somou 2.006 horas
Gastos
Os gastos do governo subiram 6,6% acima da inflação, no primeiro semestre, e atingiram R$ 1 trilhão
Monitoramento
O jornalista do The Guardian Glenn Greenwald deve prestar esclarecimentos hoje na Comissão de Relações Exteriores do Senado sobre o monitoramento de dados da internet no Brasil, pelas agências de espionagem dos Estados Unidos. Foi ele quem entrevistou o ex-técnico da CIA Edward Snowden, em Cingapura, e revelou o esquema norte-americano no Brasil. Uma das estações de espionagem teria funcionado em Brasília, pelo menos, até 2002.
Cartório rodoviário
O governo suspendeu o processo de licitação das linhas de ônibus interestaduais. A intenção do Ministério dos Transportes e da Casa Civil é permitir que elas explorem o serviço por um regime de autorizações, como ocorre no setor aéreo.
Corte
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, tentam chegar à meta de R$ 15 bilhões de corte no Orçamento da União. É quanto o governo precisa economizar para atingir a meta de superavit primário de R$ 110,9 bilhões, equivalente a 2,30% do PIB. O problema é que o mercado cansou de maquiagem nas contas públicas e começa questionar os números oficiais.
Casa
Gastos com o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida aumentaram em 25,3%. Dos R$ 90,2 bilhões disponíveis para investir, apenas R$ 19 bilhões haviam cumprido, até junho, a primeira etapa do processo de gastos, o empenho, que consiste em reservar a verba para pagar um contrato específico.
Leão
A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara vota hoje o redirecionamento do projeto de lei que reformula a tabela do Imposto de Renda de Pessoa Física, proposto pelo Sindifisco. O PL, em vez de ser “de iniciativa popular”, exige 1,5 milhão de assinaturas para ser protocolado. Será tratado como proposta “com apoio popular”, cujas assinaturas podem ser recolhidas enquanto tramita. O encontro serve também para fechar o apoio dos deputados ao PL e sua negociação com o governo. O projeto é parte da campanha Imposto Justo, do Sindifisco.
Copom
O mercado aguarda a divulgação, pelo Banco Central, de ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu, por unanimidade, aumentar de 8% para 8,5% a taxa básica de juros (Selic). Será na quinta-feira.
Ciência e Tecnolocia - mais, melhor e mais rápido - GLAUCO ARBIX E JOÃO DE NEGRI
ESTADÃO - 16/07
Não há caminho fácil nem atalhos para o desenvolvimento dos países. As nações que avançaram ao longo da História deram especial atenção às pessoas, à sua educação e à ciência e tecnologia (C&T). Investir em gente, na geração de conhecimento e em tecnologia é o que torna uma nação mais rica. Essa pode ser a síntese do Fórum de Debates sobre Inovação que o Estadão e a Finep organizaram com expressivas lideranças empresariais.
Se ainda há muito a fazer, é flagrante que o Brasil ingressou em novo patamar a partir do momento em que milhões foram incluídos num movimento virtuoso de crescimento econômico com inclusão. Ao mesmo tempo, essa alteração na pirâmide social pressiona as políticas públicas em todos os níveis. Superar a visão de curto prazo e perceber essas mudanças como o legado mais benigno dos últimos dez anos, apesar da turbulência, é a única via para equacionar os problemas históricos do nosso desenvolvimento. A começar pela superação radical do padrão de investimento em educação e C&T, tanto em volume quanto em qualidade. Quanto melhor a produção científica, maior for a capacidade inovadora das empresas e mais qualificada nossa população, maiores serão as chances de renovação e evolução da estrutura social brasileira.
O programa Ciência sem Fronteiras abriu as portas para um choque de conhecimento ao dar chance a milhares de jovens de se conectarem com os mais avançados centros de conhecimento. Avançar hoje nesse domínio significa sintonizar o esforço externo com um Ciência em Nossas Fronteiras. Assim como a presidenta Dilma Rousseff implementou um plano abrangente para impulsionar a inovação - o Inova Empresa -, é urgente a preparação de um Inova Ciência, programa capaz de atrair cérebros do exterior, completar a infraestrutura científica nacionalmente, dotar o País de grandes e novos centros de pesquisa e dar oportunidade a milhões de estudantes e pesquisadores para gerar a C&T de que tanto precisamos.
Só um plano com prioridades claras será capaz de superar a pulverização atual do investimento e estimular toda uma nova geração de pesquisadores e cientistas. Um plano que em uma geração coloque o País na fronteira do conhecimento em energia e sistemas ambientais, biotecnologia, inteligência artificial e robótica, nanotecnologia e manufatura digital, redes e sistemas de computação, medicina e neurociências e aeroespacial. Em torno desses campos de pesquisa é possível constituir plataformas críticas para uma mudança estrutural da nossa ciência capaz de alimentar e ser alimentada por uma economia e um ambiente inovador, de que tanto necessitamos.
Ao lançar o Plano Inova Empresa, com investimentos de R$ 32 bilhões, o governo federal deixou clara a relevância da inovação como instrumento essencial para elevar a produtividade e a competitividade da economia. O plano articula ministérios e agências e favorece a mobilização de competências e recursos. Tem foco e concentra suas ações nos segmentos críticos de tecnologia; prevê a integração de instrumentos como crédito, subvenção, não reembolsável e equity, hoje similares às melhores práticas internacionais; estabelece uma porta única de entrada nos programas prioritários; e descentraliza as ações de crédito e subvenção para melhorar a qualidade do atendimento a milhares de empresas de pequeno porte.
Há demanda? Não há dúvida. Mesmo com o ritmo mais lento da economia, projetos relevantes continuam chegando à Finep e ao BNDES. Os programas Inova (petróleo, saúde, aeroespacial, defesa, agro, etanol, fármacos), além de introduzirem a competição pelo crédito, avançam para o apoio às estratégias das empresas, ampliando o foco, hoje restrito a projetos. Esse arranjo está na raiz da elevação da qualidade das propostas apresentadas.
Os resultados preliminares do programa Inova Fármacos, com demanda três vezes superior à dotação inicial (R$ 1,3 bilhão), mostram o avanço da inovação empresarial com base na articulação público-privada. Na realidade, os arranjos montados entre empresas, institutos de pesquisa e Finep, coordenados pelo Ministério da Saúde e com base no uso do poder de compra do Estado, fazem do Inova Fármacos o programa de política tecnológica mais avançado das últimas décadas. Biofármacos, vacinas, hemoderivados, soros e toxinas serão produzidos com alta tecnologia para atender à população e combater flagelos como câncer, diabetes e artrites, entre outros; ao mesmo tempo, o programa contribuirá para a construção de uma autêntica indústria nacional de fármacos, avançada e de alta tecnologia.
O Inova Empresa, coordenado pelo MCTI, já mudou o patamar e o padrão de apoio à inovação tecnológica no Brasil. A sintonia de agenda é apenas a parte mais visível de uma longa evolução que atingiu empresas e governos nos últimos anos.
A presidenta Dilma inovou ao atacar com êxito o problema crônico dos juros altos e o custo da energia. Mostrou determinação ao apoiar as empresas que buscam reestruturar-se para melhor competir. E decisão para exigir das agências públicas um esforço pelo aumento da qualidade dos serviços e desburocratização de suas atividades. A Finep está entre as primeiras a aceitar esse desafio e iniciou com força sua reinvenção. Ainda neste mês a Finep enquadrará, em até 30 dias, todo projeto de crédito para inovação que as empresas solicitarem. Em 30 dias as empresas saberão as condições de juros, prazos e cobertura para decidirem se assinam ou não um contrato com a Finep.
Temos orgulho de participar do esforço pela renovação das instituições públicas. É o que nos dá força para sugerir e incentivar a preparação de um casamento indissolúvel entre a sociedade brasileira e a educação, ciência, tecnologia e inovação.
Não há caminho fácil nem atalhos para o desenvolvimento dos países. As nações que avançaram ao longo da História deram especial atenção às pessoas, à sua educação e à ciência e tecnologia (C&T). Investir em gente, na geração de conhecimento e em tecnologia é o que torna uma nação mais rica. Essa pode ser a síntese do Fórum de Debates sobre Inovação que o Estadão e a Finep organizaram com expressivas lideranças empresariais.
Se ainda há muito a fazer, é flagrante que o Brasil ingressou em novo patamar a partir do momento em que milhões foram incluídos num movimento virtuoso de crescimento econômico com inclusão. Ao mesmo tempo, essa alteração na pirâmide social pressiona as políticas públicas em todos os níveis. Superar a visão de curto prazo e perceber essas mudanças como o legado mais benigno dos últimos dez anos, apesar da turbulência, é a única via para equacionar os problemas históricos do nosso desenvolvimento. A começar pela superação radical do padrão de investimento em educação e C&T, tanto em volume quanto em qualidade. Quanto melhor a produção científica, maior for a capacidade inovadora das empresas e mais qualificada nossa população, maiores serão as chances de renovação e evolução da estrutura social brasileira.
O programa Ciência sem Fronteiras abriu as portas para um choque de conhecimento ao dar chance a milhares de jovens de se conectarem com os mais avançados centros de conhecimento. Avançar hoje nesse domínio significa sintonizar o esforço externo com um Ciência em Nossas Fronteiras. Assim como a presidenta Dilma Rousseff implementou um plano abrangente para impulsionar a inovação - o Inova Empresa -, é urgente a preparação de um Inova Ciência, programa capaz de atrair cérebros do exterior, completar a infraestrutura científica nacionalmente, dotar o País de grandes e novos centros de pesquisa e dar oportunidade a milhões de estudantes e pesquisadores para gerar a C&T de que tanto precisamos.
Só um plano com prioridades claras será capaz de superar a pulverização atual do investimento e estimular toda uma nova geração de pesquisadores e cientistas. Um plano que em uma geração coloque o País na fronteira do conhecimento em energia e sistemas ambientais, biotecnologia, inteligência artificial e robótica, nanotecnologia e manufatura digital, redes e sistemas de computação, medicina e neurociências e aeroespacial. Em torno desses campos de pesquisa é possível constituir plataformas críticas para uma mudança estrutural da nossa ciência capaz de alimentar e ser alimentada por uma economia e um ambiente inovador, de que tanto necessitamos.
Ao lançar o Plano Inova Empresa, com investimentos de R$ 32 bilhões, o governo federal deixou clara a relevância da inovação como instrumento essencial para elevar a produtividade e a competitividade da economia. O plano articula ministérios e agências e favorece a mobilização de competências e recursos. Tem foco e concentra suas ações nos segmentos críticos de tecnologia; prevê a integração de instrumentos como crédito, subvenção, não reembolsável e equity, hoje similares às melhores práticas internacionais; estabelece uma porta única de entrada nos programas prioritários; e descentraliza as ações de crédito e subvenção para melhorar a qualidade do atendimento a milhares de empresas de pequeno porte.
Há demanda? Não há dúvida. Mesmo com o ritmo mais lento da economia, projetos relevantes continuam chegando à Finep e ao BNDES. Os programas Inova (petróleo, saúde, aeroespacial, defesa, agro, etanol, fármacos), além de introduzirem a competição pelo crédito, avançam para o apoio às estratégias das empresas, ampliando o foco, hoje restrito a projetos. Esse arranjo está na raiz da elevação da qualidade das propostas apresentadas.
Os resultados preliminares do programa Inova Fármacos, com demanda três vezes superior à dotação inicial (R$ 1,3 bilhão), mostram o avanço da inovação empresarial com base na articulação público-privada. Na realidade, os arranjos montados entre empresas, institutos de pesquisa e Finep, coordenados pelo Ministério da Saúde e com base no uso do poder de compra do Estado, fazem do Inova Fármacos o programa de política tecnológica mais avançado das últimas décadas. Biofármacos, vacinas, hemoderivados, soros e toxinas serão produzidos com alta tecnologia para atender à população e combater flagelos como câncer, diabetes e artrites, entre outros; ao mesmo tempo, o programa contribuirá para a construção de uma autêntica indústria nacional de fármacos, avançada e de alta tecnologia.
O Inova Empresa, coordenado pelo MCTI, já mudou o patamar e o padrão de apoio à inovação tecnológica no Brasil. A sintonia de agenda é apenas a parte mais visível de uma longa evolução que atingiu empresas e governos nos últimos anos.
A presidenta Dilma inovou ao atacar com êxito o problema crônico dos juros altos e o custo da energia. Mostrou determinação ao apoiar as empresas que buscam reestruturar-se para melhor competir. E decisão para exigir das agências públicas um esforço pelo aumento da qualidade dos serviços e desburocratização de suas atividades. A Finep está entre as primeiras a aceitar esse desafio e iniciou com força sua reinvenção. Ainda neste mês a Finep enquadrará, em até 30 dias, todo projeto de crédito para inovação que as empresas solicitarem. Em 30 dias as empresas saberão as condições de juros, prazos e cobertura para decidirem se assinam ou não um contrato com a Finep.
Temos orgulho de participar do esforço pela renovação das instituições públicas. É o que nos dá força para sugerir e incentivar a preparação de um casamento indissolúvel entre a sociedade brasileira e a educação, ciência, tecnologia e inovação.
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